resumo

Do pai, que morreu assassinado antes mesmo dele nascer, Santiagua sequer menciona o nome. Da mãe, que viu sair de cena praticamente sem se despedir, quando tinha seis anos e meio, guardou a lembrança de um início: o início de seu infortúnio, seu sofrimento. Daquele episódio guardou, também, a certeza de que Deus não é justo nem misericordioso. Tornou-se filho órfão de mãe e de Deus. A maldade da família - irmãos apenas no sobrenome, mas não no coração - o marcou profundamente. E o impeliu a lançar-se no mundo, talvez em busca de uma explicação, talvez para fugir das desgraças. Foi sem rumo, sem senso, sem limites. Ingressou na calada da noite, talvez tentando completar a tarefa mal sucedida de três vezes que buscou a morte. Na noite, no vício, no pecado, na desorientação, na rua e nos albergues, nos hospitais e na solidão, vive a amargura de ser alguém em decomposição, em processo de destruição, em inegável exclusão. Curiosamente, Eronides Santiagua, em seu relato sofrido, alterna uma postura cidadã com pensamentos destrutivos e deixa transparecer sintomas de insanidade, certamente já reflexo de prolongada convivência com álcool e drogas. E, nesse depoimento sem meias palavras e sem pudor, ele não fala apenas de si, mas das muitas facetas de uma vida desperdiçada e desconstruída. Ele dá voz à pessoa que o destino açoitou; ao indivíduo já sem perspectivas; ao ser que não fez escolhas, foi topando tudo e deixou levar-se ao simplesmente nada. Infelizmente, existem muitos Santiagua neste mundo, gente que deixa, atrás de si, a desintegração e nenhuma construção. Ainda assim, é a estória de uma existência.

história

Eu nasci em Sorocaba, interior de São Paulo, no dia 27 de outubro de 1971. Cinquenta dias antes, meu pai havia sido assassinado em Guarulhos. Com seis anos e meio de idade eu vi minha mãe morrer. Bem na minha frente. Do coração, aos 36 anos. Posso dizer que não tive infância. Eu me criei, do j...Continuar leitura



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