Museu da Pessoa – Conte sua história
Histórias de Esperança – 29 anos do Projeto Criança Esperança
Depoimento de Alexandra Pereira de Jesus
Entrevistada por Eliete Pereira
Osasco, 10/03/2015
Realização Museu da Pessoa
Entrevista HECE_HV050
Transcrito por Ana Carolina Ruiz
P/1 – Alexand...Continuar leitura
Museu da Pessoa – Conte sua história
Histórias de Esperança – 29 anos do Projeto Criança Esperança
Depoimento de Alexandra Pereira de Jesus
Entrevistada por Eliete Pereira
Osasco, 10/03/2015
Realização Museu da Pessoa
Entrevista HECE_HV050
Transcrito por Ana Carolina Ruiz
P/1 – Alexandra, bom dia.
R – Bom dia.
P/1 – Alexandra, qual o seu nome completo?
R – Alexandra Pereira de Jesus.
P/1 – Você nasceu onde e qual a data de nascimento?
R – Eu nasci na cidade de São Paulo, no dia 7 de dezembro de 1995.
P/1 – Alexandra, qual o nome completo dos seus pais?
R – Minha mãe se chama Silvia Helena Pereira de Oliveira Silva e o meu pai se chama Almir Silva de Jesus.
P/1 – O que os seus pais fazem ou faziam, trabalham?
R – A minha mãe é diarista e o meu pai trabalha como segurança numa danceteria.
P/1 – Como são seus pais, Alexandra? Como você podia descrevê-los?
R – O meu pai na verdade eu não cresci com ele. Eu fui criada pela minha mãe e pelo meu padrasto. Eu tenho uma boa relação com ele, sim, mas não somos muito próximos. Agora a minha mãe, minha mãe é uma excelente pessoa. Ela é maravilhosa.
P/1 – Alexandra, o seu padrasto qual o nome dele?
R – É Josiel.
P/1 – E como é o seu padrasto?
R – Ah, ele é fantástico. Ele me criou desde os dois anos de idade, está comigo até hoje, ele é um cara sensacional, não tenho o que reclamar dele.
P/1 – O que ele faz, o seu padrasto?
R – Ele é caminhoneiro. Ele trabalha na empresa Votorantim.
P/1 – E você tem irmãos?
R – Tenho uma irmã por parte de mãe, que ela também faz parte do projeto, a propósito, ela está na aula de violino.
P/1 – Qual o nome dela?
R – Maria Isabel. E tenho um irmão e uma irmã por parte de pai, que o meu irmão já é casado, a propósito, eu sou tia, e tenho uma irmãzinha de quatro anos.
P/1 – E você tem contato com os seus irmãos por parte de pai?
R – Tenho com o meu irmão. A minha irmãzinha não porque ela foi pro Ceará com a mãe dela e não tenho muito contato. Agora, com o meu irmão sim, nós somos bem próximos.
P/1 – Alexandra, você nasceu em São Paulo, mas a gente está aqui em Osasco. A sua família sempre morou no mesmo lugar aqui em Osasco?
R – Sim.
P/1 – E como foi a sua infância?
R – Foi uma infância bem divertida. Não tenho o que reclamar. Minha mãe sempre fez o possível pra me dar o que eu precisava, às vezes não podia me dar o que eu queria, mas ela não deixava faltar nada que eu precisava. Eu sempre fui uma pessoa que tive bastante contato com a minha família, nós somos muito próximos, eu e os meus primos, os meus tios, com a minha avó, que infelizmente não está mais comigo. Mas nós sempre tivemos uma boa ligação entre família e com amigos também, sempre fui uma pessoa muito aberta para os meus amigos, nós sempre brincávamos no bairro lá na rua.
P/1 – O que vocês brincavam?
R – Queimada, aquele rouba bandeira, esconde-esconde, pega ladrão, de bicicleta. Nossa, era muito divertido! Às vezes a gente até virava de sexta pra sábado até as quatro jogando vôlei na rua. Até saiam uns pais dos meus amigos pra brincar com a gente, era muito bom.
P/1 – Sério isso? De madrugada?
R – De madrugada. Acho que naquele... Acho não, com certeza. Naquele tempo não era tão perigoso como está hoje. Nós tínhamos a liberdade de andar na rua até tarde. Não muito tarde, mas se fosse necessário a gente poderia sair de casa um pouquinho mais tarde porque não tinha perigo. Tanto que a gente brincava na rua até quatro horas da manhã.
P/1 – E vocês brincavam com os primos, com a família, ou com os colegas, amigos ali da rua, da quadra?
R – Com quem viesse brincar com a gente. Sempre era com os amigos da rua, mas vinham os primos, vinham... Às vezes acho que por conta do barulho que nós fazíamos na rua os pais do pessoal que estava ali, morava ali por perto, vinham também brincar. Nossa, tinha mãe de amiga minha que vinha jogar vôlei com a gente. Era muito divertido.
P/1 – Alexandra, sua família, os seus pais, você estava falando da sua avó também, eles são daqui de São Paulo, de Osasco ou não?
R – Não. A minha família por parte de mãe são todos de Maceió. Minha mãe nasceu em Batalha.
P/1 – E você conhece Maceió?
R – Não. Mas eu tenho vontade de ir lá.
P/1 – E a família do seu pai?
R – Do meu pai, meu pai nasceu na Bahia. Também tenho muita vontade de ir lá.
P/1 – E a família do seu padrasto?
R – Em Pernambuco.
P/1 – Pernambuco. E você sabe a história da sua família, como que eles chegaram até aqui?
R – Eu sei um pouco pelo que minha mãe me conta, que foi uma vida muito difícil pra eles lá e aí minha mãe veio pra cá pra ver se conseguia um emprego, uma coisa melhor. Aí depois, ela veio na frente, depois os outros vieram atrás quando ela conseguiu um emprego, conseguiu um lugar pra morar, aí ela pediu pra eles virem e eles vieram pra cá, aí vieram todos.
P/1 – E também a sua avó?
R – E minha avó junto com o meu avô também.
P/1 – Com o seu avô. E quais as memórias que você tem da sua avó, do seu avô, da sua família quando você era pequena?
R – O meu avô sempre era um cara muito divertido. Ele chegava em casa, praticamente ele saía todo dia e ele chegava em casa todo dia com uma rapadura. Isso é o que eu me lembro do meu avô. Ele chegava com rapadura e sempre parava pra conversar comigo, pra brincar comigo, pra fazer a gente rir. Meu avô era sensacional. Ele tinha os defeitos dele, claro, mas ele era um cara fantástico, eu não tenho o que reclamar do meu avô. A minha avó eu a perdi recentemente, fez dois anos agora em fevereiro e minha avó é uma pessoa que também eu não tenho o que reclamar. Ela foi uma pessoa fantástica na minha vida, fez um papel muito importante. É uma pessoa que sempre acreditou em mim, em tudo que eu falava pra ela, ela sempre me dava apoio, falava: “Não, filha, vai lá que você consegue” (emocionada). Então não tem nem como eu falar da minha mãe e não se emocionar, porque a minha avó é uma pessoa fantástica e muito do que eu sou hoje também eu devo a ela. Porque quando às vezes eu não acreditei que eu iria conseguir alguma coisa ela falava: “Não, você consegue, sim. Você é uma pessoa esforçada, você se dedica, você é uma pessoa responsável, então vai que você consegue tudo que você quer”.
P/1 – Alexandra, a sua avó cuidava de vocês?
R – Cuidava.
P/1 – Sua mãe ia trabalhar e ela ficava com vocês?
R – Ficava. Eu estudava meio período na pré-escola e ela que me acordava, que me colocava pra tomar banho, penteava, até os meus cabelos ela penteava, arrumava-me pra ir pra escola e me levava até a porta da escola. Quando eu comecei a estudar de tarde que eu saía às seis e 20, seis e meia da escola, ela ia me buscar na escola e não era longe, sabe? Era na rua de baixo da minha casa, só que a gente chegava a minha avó estava lá, precisava de alguma coisa a minha avó estava lá. Se fosse pra defender, não mexia com os netos dela que você conhecia quem era a dona Nena, como a chamavam.
P/1 – Ela era brava?
R – Ela era, quando mexiam com os dela. Mas ela era um amor de pessoa. Todos que a conheciam falam isso, que não tem uma pessoa igual a ela, ela é uma pessoa insubstituível.
P/1 – O que você aprendeu com a sua avó, Alexandra?
R – Eu aprendi que eu consigo, sim, alcançar tudo que eu quiser, isso depende de mim. Que eu não tenho que ouvir o que os outros falam pra mim. Teve até uma coisa que aconteceu comigo, eu sempre fui muito apaixonada pela dança, eu amo dança, arte, me atrai. Uma vez eu lembro que eu estava assistindo Barbie e as 12 Bailarinas com a minha prima, aí eu falei: “Um dia eu vou dançar também balé”. Minha prima olhou pra minha cara e falou: “Você acha que você vai dançar balé? Você não vai dançar balé, a sua mãe não tem condição de pagar uma aula pra você fazer balé”. E realmente minha mãe não tinha, só que era uma coisa que eu sempre quis na minha vida, foi dançar balé. Eu fiquei muito chateada naquele momento que ela falou isso, fiquei muito chateada e minha avó viu, percebeu, veio e me falou: “Se você quiser você consegue. Se você quiser você consegue sim. Talvez não agora, mas quem sabe daqui uns dias, uns meses você consegue sim”. E eu consegui. Consegui graças ao apoio dela. Ela me apoiou bastante, ela sempre me incentivou e sempre quando eu vou enfrentar alguma coisa, vou fazer alguma coisa que eu paro e penso: “Será que eu consigo?”. Aí eu escuto a minha avó falando: “Você consegue sim”.
P/1 – Legal. Alexandra, como era a sua relação com a irmã quando vocês eram pequenas e com os irmãos, mesmo esses irmãos por parte de pai?
R – Com o meu irmão eu não tive muito contato, eu fui ter contato com ele quando eu tinha uns 14, 15 anos. A minha irmã por parte de mãe foi tranquilo, tem aquelas brigas de irmãs, normal.
P/1 – E você é a mais velha?
R – Eu sou a mais velha. Mas é uma boa relação. Às vezes a gente se desentende ali, mas dá pra levar.
P/1 – Quantos anos que ela tem hoje?
R – Ela fez 14 agora em janeiro.
P/1 – Alexandra, como que era a escola? Você lembra de alguns momentos marcantes da escola?
R – Lembro. Era muito legal. Às vezes eu tinha até preguiça. Quem não tem? Mas era uma coisa muito divertida. Eu sempre me dediquei muito aos meus estudos, era uma coisa que quando minha mãe chegava na reunião de pais os professores falavam: “Eu não tenho o que reclamar da Alexandra. O único problema dela é que ela fala demais e ela acaba desconcentrando às vezes os colegas dela. O que ela tem que fazer ela faz, mas quando ela acaba ela fala que é uma beleza”.
P/1 – Alexandra, você se lembra de algum professor ou professora que te marcou quando você era pequena?
R – Eu me lembro de uma professora... Na verdade eu não lembro o nome dela, eu lembro que é com Z o nome dela, não lembro exatamente o nome dela. Ela era minha professora de português. Teve essa loira e uma ruiva, que foi quando eu estava na quinta, sexta série, que eram professoras de português, lembro que uma se chamava Elisângela. Principalmente essa Elisângela vinha muito na minha, não sei por que, mas ela ficava muito no meu pé e tudo que eu tinha que fazer, às vezes eu não queria fazer nada, queria ficar quieta, mas ela não, vinha, sempre incentivava, eu aprendi muito com ela. Os meus últimos professores de ensino médio também. Uma professora de matemática que quando eu comecei realmente a gostar de matemática foi quando eu tive aula com essa professora que foi a professora Maria Aparecida. Era uma professora fantástica, ela ensina muito bem, não tem um que não consiga aprender com ela. Ela realmente é uma fantástica professora. Tem outros professores, professor Alan que foi meu professor de história, um cara sem igual. Nossa! Foram vários professores que marcaram.
P/1 – Você se lembra de alguma situação, Alexandra, que te marcou na escola? Alguma memória, alguma história.
R – Fora os passeios que tinha na escola pra parque de diversão, teve um acontecimento que eu nunca vou esquecer quando inventaram o correio do amor na escola. Nossa, eu morria de medo daquilo acontecer comigo, eu achava constrangedor. Todo mundo achava superlegal, o pessoal recebendo recadinho, eu não, eu ficava morrendo de medo de isso acontecer comigo. Tinha um rapaz na escola, um amigo meu que ele sabia que eu tinha medo então ele falou que ia mandar pra mim. Nossa, eu passei o intervalo inteiro no banheiro. Eu não saí, esse dia eu nunca vou esquecer, eu não saí do banheiro porque ele ainda olhava pra minha cara, ficava me procurando, aí quando ele me avistou na porta do banheiro, ele olhou o papelzinho, eu falei: “Não faz isso, nunca mais eu olho na tua cara”. Aí ele falou: “Vou fazer”. Ele sentou ainda na mesa, começou a escrever e foi lá entregar. Nossa, eu fiquei acho que uma semana no intervalo dentro do banheiro.
P/1 – E como que era esse correio do amor? Como funcionava?
R – Era igual quando tem festa junina, sabe? Aquele correio elegante que eles mandam a cartinha pra pessoa, só que do que mandar a cartinha, você anotava no papelzinho e levava pro pessoal do grêmio e eles falavam, entendeu, pra escola inteira ouvir.
P/1 – Ah, eles falavam no microfone...
R – No microfone e a escola inteira ouvia. Eu falava: “Eu não quero que isso aconteça comigo”.
P/1 – Mas o seu recado que o seu amigo ia mandar pra você foi anunciado no microfone?
R – Não. Eu pedi pra ele não anunciar, mas eu não saberia como ia me comportar se aquilo acontecesse.
P/1 – Ele só te ameaçou então?
R – É. Só ameaçou. Não fez, não.
P/1 – Alexandra, e como que era a sua casa quando você era pequena? Você sempre morou no mesmo lugar?
R – Eu morei, quando minha mãe veio pra cá, em uma casa onde morava eu, minha mãe, minha irmã, que era recém-nascida, meu padrasto. Aí tinha a minha vó, meu avô, morava ainda mais um tio meu... Mais um tio meu nessa casa, um tio ou dois, não lembro. Era uma casa bem grande, mas ela era dividida, sabe, pra todos. Não era... Era uma casa, mas tinha umas partes, umas paredes que eram com madeira pra poder comportar todos que estavam ali, toda a família que morava ali. Aí eu lembro que um dos meus tios saiu, foi pra uma casa, um barraco que tinha a umas cinco casas depois da minha avó e ele construiu um barraco ali. Só que quando ele separou da minha tia ele voltou pra casa da minha avó e aí minha mãe fez uma troca com ele, ela foi morar no barraco com a gente e ele foi morar com a minha avó.
P/1 – Aí foi você, a sua irmã e o seu padrasto?
R – Isso. E a minha mãe.
P/1 – E como que era morar lá?
R – Era bom. Pelo menos nós tínhamos onde dormir, mas às vezes era preocupante quando tinha chuva muito forte, às vezes entrava água em casa. Tinha uma parte que era a parte do meu quarto e o banheiro que embaixo era um barranco. Eu lembro que teve uma chuva muito forte e o barranco cedeu, então o banheiro caiu.
P/1 – Isso foi o que, de dia ou a noite?
R – Não. Isso foi à tarde, acho que era umas cinco e 20, por aí, quando eu cheguei do projeto que eu lembro que eu vim pro projeto e vim pra cá. Quando eu cheguei em casa com a minha mãe a chuva começou a ficar muito forte, aí a gente viu uma rachadura no banheiro aí uma água começou a subir. Subiu água aí o barranco começou a descer, não ficou mais nivelado e ele desceu, cedeu.
P/1 – E foi levando o banheiro também?
R – Foi. Ficou a parte do vaso sanitário, a parte do box, do chuveiro cedeu, ela desceu. Ainda nós... Aí minha mãe trabalhou e comprou alguns materiais pra refazer, mas depois teve outro desmoronamento e aí foi bem complicado.
P/1 – Como vocês fizeram então?
R – Na verdade nós... A Celina, a gestora do projeto, ela ficou sabendo o que aconteceu, então ela conversou com a equipe de trabalho daqui, com os mantenedores da ONG e passou o que estava acontecendo, porque realmente era uma situação de risco e não tinha o que fazer. Então eles fizeram uma reunião e aí nós fomos surpreendidos, eles fizeram a nossa casa. Eles reconstruíram a minha casa. O barraco que tinha eles fizeram uma casa. Teve projeto, arquiteto, engenheiro, foi toda uma preparação e onde eu moro até hoje, acho que faz uns dois anos, por aí, três.
P/1 – Legal. Como que foi esse processo de reconstrução? Demorou muito pra eles construírem? Vocês tiveram que sair, depois morar em outro lugar?
R – Sim.
P/1 – Como que foi? Eles derrubaram o barraco e construíram uma casa de alvenaria?
R – É. Nós precisávamos sair de dentro de casa.
P/1 – Vocês foram pra onde?
R – Nós fomos morar na rua de cima, na rua da minha escola na casa da minha líder da igreja. Ela tinha uma casa, só que ela tinha outras casas que ela alugava, então ela cedeu uma casa pra gente ficar durante o processo da construção. Acho que nós ficamos lá uns oito meses. Acho que foi esse tempo.
P/1 – Você lembra quando vocês mudaram, entraram na casa nova?
R – Ah, lembro.
P/1 – Descreve pra gente como foi.
R – Eu acompanhei a construção e ficava cada dia mais ansiosa, falei: “Nossa”. Acho que uma coisa que eu pensava que só iria acontecer quando eu começasse a trabalhar, porque minha mãe tinha contas pra pagar, tinha que colocar alimento dentro de casa e outras coisas e não tinha muito dinheiro pra ela guardar, pra ela realmente construir. Seria uma coisa que não iria acontecer naquele momento. Acho que depois de talvez uns cinco anos que ela conseguiria guardar algum dinheiro pra começar. Então eu ficava pensando: “Nossa, quando eu começar a trabalhar a primeira coisa que eu vou fazer é isso, eu vou guardar dinheiro pra construir uma casa pra mim e pra minha família porque não é legal”. Não me envergonhava de onde eu morava, jamais, mas era desconfortável às vezes pra dormir, quando tinha chuva, nossa, era desconfortável, minha mãe às vezes não dormia. Então quando eu pude entrar na minha casa, ela pronta, foi uma sensação que eu acho que nem consigo descrever. Você parar e falar: “Nossa, agora eu vou conseguir dormir sem me preocupar com a chuva, sem me preocupar com vento, sem me preocupar com qualquer coisa”. É sensacional.
P/1 – E como é a sua casa hoje?
R – A minha casa é uma casa muito agradável. Ela lembra muito um apartamento, que ela é bem pequena, bem aconchegante, lembra muito um apartamento, mas é a minha casa. É muito bom estar ali.
P/1 – Quantos quartos tem?
R – Nós temos dois quartos, que é o meu quarto e o quarto da minha mãe, eu durmo com a minha irmã. Nós temos a sala, a cozinha, o banheiro e uma lavanderia.
P/1 – E a cozinha?
R – É a cozinha.
P/1 – Aqui é a lavanderia?
R – É. Tem a lavanderia, a cozinha, o quarto, o banheiro, quarto e a sala.
P/1 – Vocês ajudaram na construção no sentido lá de estar ou na obra ou também com materiais ou não?
R – Não.
P/1 – Foi tudo...
R – Nós não tivemos nenhum investimento financeiro. Foi tudo dado a nós mesmo. Até o armário da cozinha, eles nos deram o armário da cozinha e uma mesa. Nós tivemos algumas complicações na hora da construção, alguns empecilhos com vizinhos que não queriam deixar que o caminhão de materiais entrasse.
P/1 – Por quê?
R – Não sei por que, mas foi uma coisa que chateou muito a minha mãe. Eu via que ela ficava muito chateada, então às vezes ela tinha que sair de lá de cima onde a gente estava pra descer a minha rua pra conversar com o pessoal. Um dos motivos que eles jogavam é porque se o caminhão de cimento entrar aqui é muito grande, muito pesado, pode ceder a rua, pode trincar, pode... Sempre tinha alguma desculpa. Mas, graças a Deus, deu tudo certo.
P/1 – Que bom. Alexandra, você estava comentando aqui que vocês conseguiram construir a casa a partir das pessoas daqui, né? Que foram até lá, a Celina. Conta pra gente um pouco como que você teve contato com essa instituição.
R – Eu conheci o centro social através de uma amiga minha que foi uma das primeiras a participar do projeto. Eu lembro que às vezes alguns dias da semana ela sumia de tarde, nós estudávamos de manhã e à tarde ela sumia. Eu não sabia pra onde ela ia. Eu lembro que uma vez eu fui na casa dela à tarde, ela já tinha chegado, e eu perguntei, falei: “Drica, onde você tava que você passou a tarde inteira fora, eu fiquei em casa sem fazer nada?”. Ela: “Então, Alê, eu estou participando do centro social, é uma ONG que tem ali embaixo na Rua São Bento. É muito legal, tem várias atividades, curso e tem uma coisa que você vai gostar muito.” “O que?” “Lá eles têm aula de balé”. Eu falei: “Ah, não. Eu preciso...”. O meu maior interesse na verdade em participar da ONG foi por conta da aula de balé. Então eu vim com a minha mãe e ela conseguiu me inscrever no projeto e eu comecei a participar. Quando eu entrei aqui a professora de balé saiu. Ai, que frustração, porque minha mãe não tinha condição de pagar uma aula pra mim e eu sempre fui apaixonada por dança, por balé, como eu disse, e quando eu entrei foi o ano que a professora de balé saiu.
P/1 – E aí? O que você fez?
R – Eu fiquei muito chateada, mas eu continuei no projeto. Eu não queria, eu falei: “Não, é muito difícil conseguir, então como eu consegui eu vou aproveitar”. Tinha outros cursos, tinha curso de fotografia, era muito legal e entrou uma professora de dança, ela não dava balé, mas ela dava dança e dança me atrai. Então eu continuei o projeto e fiquei até participar do Programa Jovem Aprendiz que eles têm aqui e fui a primeira da turma a ser contratada. Trabalho até hoje na empresa que eu fui contratada, que eu trabalho na mantenedora da ONG. Agora em abril vai fazer três anos.
P/1 – E você trabalha fazendo o que lá? Alexandra, você estava contando, eu perguntei pra você antes que serviço que você fez quando foi contratada depois que fez o Projeto Jovem Aprendiz.
R – Eu comecei trabalhando na secretaria da igreja fazendo as rotinas de escritório diárias como formulários, atendia telefone. Hoje eu trabalho como auxiliar administrativa. Ainda faço algumas tarefas que eu fazia de começo, mas faço outras também.
P/1 – Agora a gente vai voltar um pouquinho, Alexandra, quando você chegou aqui que você tinha quantos anos mais ou menos?
R – Doze.
P/1 – Doze anos? Quais cursos que você fez? Você lembra? Além de dança...
R – Eu lembro que eu fiz aula de percussão, fotografia, lembro também que tinha curso de marketing, marketing pessoal. Fiz inglês também, mas isso depois no projeto. Eu não lembro muito dos cursos.
P/1 – Desde a época quando você entrou aqui, depois você não deixou de fazer os cursos?
R – Não. Eu entrei aqui no projeto que ficam as crianças de sete a 12 anos, se eu não me engano, que tem parceria com o Criança Esperança, tinha outros cursos que era o de dança, percussão, fotografia que teve um tempo. Tinha informática, esportes. Eram muito legais, eu me divertia muito.
P/1 – E esse programa que teve apoio do Criança Esperança, você conhecia o projeto Criança Esperança? Alexandra, você tava falando dos...
P/2 – Se ela conhecia o Criança Esperança.
P/1 – Isso, se você conhecia o Criança Esperança.
R – Eu conhecia pelo que eu via na televisão. O que passava na verdade. Eu conhecia mais quando entrou no projeto, pude ter certeza do que eles faziam, que eles ajudavam mesmo. Nós temos o apoio do Criança Esperança, através deles creio eu que conseguiu aumentar o alcance de outras crianças, porque nós tínhamos um limite, eles tinham um limite aqui de quantas crianças poderia ter e expandiu o projeto. Foi uma parceria muito bacana.
P/1 – Alexandra, qual o projeto que o Criança Esperança apoiou aqui da instituição que você participou?
R – O apoio do Criança Esperança nos projetos se eu não me engano foi na parte do projeto dos sete aos 12, que era com os cursos, a parte de artes, de esportes. Se eu não me engano esse foi o apoio do projeto.
P/1 – O apoio que o Criança Esperança deu a esses projetos que você participou foram projetos que você tinha acabado de entrar na instituição ou não, foi um projeto que foi apoiado depois que você já participava aqui dos cursos?
R – Foi um projeto apoiado depois que eu entrei.
P/1 – Então, você observou que houve alguma transformação desse apoio? Mudou aqui um pouco a instituição?
R – Eu acho que ficou um pouco mais forte, um pouco mais... Acho que pelo apoio do Criança Esperança nós conseguimos ser um pouco mais vistos como uma ONG séria, que realmente tem um trabalho com as pessoas, os moradores do bairro. Acho que depois disso deu um up nas parcerias com outras empresas que apoiavam, que davam suporte.
P/1 – E você sabe, além desse apoio que foi recebido por esse projeto, que o Criança Esperança deu, tiveram outros projetos que você saiba que teve apoio do Criança Esperança?
R – Eu acho que todos os projetos que eles tiveram aqui, durante a parceria do Criança Esperança, acho que todos eles foram apoiados por eles. Foi um grande apoio, um grande incentivo que eles deram.
P/1 – Fez diferença na sua vida esse apoio?
R – Fez. Ter a oportunidade... Esse apoio deu a oportunidade não só pra mim, mas pra outras pessoas também a poderem participar desse projeto. E esse projeto com certeza mudou muitas vidas, como mudou a minha.
P/1 – Aí você falou que você participou quando você tinha aí...
R – Doze.
P/1 – Doze anos. E depois você continuou com outros projetos, você lembra que foram importantes pra você?
R – Os projetos que eu participei... Tinha os cursos que eles preparavam pro mercado de trabalho. Eles faziam palestras pra gente sobre trabalho, sobre como se comportar numa entrevista, sobre o seu marketing, marketing pessoal. Foi muito bom, ajudou muito, creio que também ajudou muitas pessoas, amigos meus também que trabalham hoje através do projeto. Foi uma grande ajuda pra nós.
P/1 – Alexandra, você comentou antes pra mim que você está fazendo um curso técnico, né?
R – Isso.
P/1 – Conta um pouco essa história, por que você escolheu esse curso? Você terminou o ensino médio e depois você optou por fazer esse curso.
R – Eu sempre me via atraída por decoração de interiores e por construção. Eu acho fantástico. Aí eu conheci essa escola onde eu estudo hoje, que eles têm o curso e eu fiz a prova e passei. Hoje eu faço Design de Interiores.
P/1 – Há quanto tempo você cursa?
R – Vai fazer dois anos. Há um ano e meio, na verdade. Agora em julho faz um ano e meio.
P/1 – Qual é a duração do curso?
R – Dois.
P/1 – Dois anos? Você pensa em fazer faculdade, Alexandra?
R – Sim. Eu quero muito fazer faculdade. Eu estava pensando em fazer Arquitetura, mas eu acho que eu vou fazer Engenharia Civil.
P/1 – Alexandra, agora eu vou voltar um pouco do tempo que você estudava, você é muito nova ainda. E os primeiros namorados?
R – Primeiro namorado?
P/1 – Você lembra?
R – Só tive dois.
P/1 – Ah é? Então fala o seu primeiro namorado como você conheceu.
R – O conheci na escola, ele era um grande amigo meu. Mas foi um namorinho de escola, de oitava série. Foi isso. Foi legal, ele era um cara muito legal, muito bacana.
P/1 – E o segundo namorado?
R – Eu o conheci no... Na verdade já o conhecia também, ele era um amigo meu e nós tivemos um relacionamento por dez meses, se eu não me engano. Ele é um cara bacana, eu tenho contato com ele.
P/1 – Mas vocês terminaram, vocês não estão mais juntos?
R – Não.
P/1 – Você está namorando agora?
R – Não.
P/1 – Alexandra, você vê uma diferença em você depois que você entrou e teve contato com essa instituição?
R – Sim. Depois que eu tive contato com a instituição, depois que eu comecei a participar eu percebi que eu me desenvolvi muito através dos cursos, de tudo que eu aprendi aqui. Pelo curso que eu tive aqui no Jovem Aprendiz eu comecei a escrever melhor. Já gostava muito de escrever, mas depois que eu comecei a participar de alguns cursos aqui que estavam dentro do projeto, do Jovem Aprendiz, através de uma professora que ela é muito culta, eu comecei a escrever melhor, falar melhor. A minha postura como pessoa, comecei a entender melhor como devo traçar os meus caminhos, como devo criar caminhos pra alcançar o que eu preciso, o que eu quero, o que eu desejo. Eu tive aula também com um coach que foi fornecido do projeto também daqui do centro social e foi uma experiência muito bacana, eu me desenvolvi muito depois que eu participei do projeto, praticamente a minha vida inteira que eu passei aqui. Eu aprendi muita coisa, tem uma grande bagagem que eu adquiri no decorrer dos meus dias participando do projeto.
P/1 – Agora, voltando um pouquinho, Alexandra, o que você aprendeu com esses cursos que foram apoiados, o projeto que foi apoiado pelo Criança Esperança?
R – Deixa-me lembrar. Faz tanto tempo.
P/1 – Mas o que te marcou? Se você tem alguma lembrança dessa época que tenha ficado ainda em você.
R – Acho que o que ficou em mim além de toda a credibilidade e apoio que eles nos deram, também foi a parte de... Espera aí, deixa-me lembrar. Acho que foi a oportunidade de estar e participar de todos os projetos. Acho que todas as atividades que nós tivemos aqui foram de extrema importância, tanto como eu disse que ele apoiava também a questão da arte, da dança, onde eu sou completamente atraída, apaixonada, eu fiz apresentação de balé clássico na festa de encerramento do centro social que teve aqui de dez anos. Foi a primeira apresentação de balé que eu fiz, então depois disso foi como se me desse um incentivo maior pra eu continuar. Então depois dessa aula de dança que eu tive eu continuei, eu falei: “Eu consegui. Eu posso ir além”. Então eu continuei buscando mais conhecimento em dança e pude participar de uma companhia gospel de dança que tinha aqui em Osasco. Foi uma coisa que me marcou muito porque eu vi que me deu um impulso pra eu ir pra o que eu queria.
P/1 – Você falou que quando você entrou aqui a primeira vez você queria fazer o curso de balé a professora saiu, né? E depois entrou logo em seguida uma professora de dança, então você pode... Depois você teve aula de balé aqui?
R – Quando essa professora de dança saiu foi no ano que eu entrei. Então eles a substituíram por outra professora, só que ela não dava clássico, ela dava aula de dança. Então aprendi dança, outros ritmos, outros estilos de dança e eu lembro que depois disso, no primeiro ano que eu entrei, no segundo ano quando foi no final do ano eles fazem uma festa de encerramento do projeto com as crianças onde tem apresentação das modalidades que eles aprendem aqui, de dança e de percussão. Eu lembro que a professora que dava aula, a Dani, ela veio e quis fazer diferente o ano, ela queria fazer apresentações de balé clássico não só com as crianças pequenas, mas também com as grandes, então foi quando eu: “Chegou minha vez”. Aí uma amiga minha que teve aula com ela disse pra ela, falou: “Olha, ela entrou no projeto porque você dava aula, só que quando você saiu não tinha mais, mas ela ficou e ela quer participar”. Então quando ela selecionou algumas garotas pra participar da apresentação de balé clássico na festa de encerramento ela também me selecionou. Então nós tivemos uma aula de balé antes da apresentação, nós tínhamos alguns meses ensaiando praquilo. Certo que eu ficava em casa às vezes já buscando algumas coisas, alguns conhecimentos sobre balé, mas quando eu cheguei aqui que eu comecei a ter essas aulas pra apresentação foi uma satisfação pessoal, sabe? Uma sensação de eu consegui o que eu queria.
P/1 – E você continuou na dança fazendo cursos?
R – Na companhia que eu participo lá nós temos um professor, ele é formado em balé, em jazz, e ele dá continuidade. Então eu adquiri algumas coisas aqui e como é uma coisa que eu gosto e não vai sair de mim isso, é uma paixão eterna, então eu levei sim, continuei levando e desde então eu nunca parei de dançar.
P/1 – Você nunca parou de dançar porque você entrou nessa companhia?
R – Isso.
P/1 – Conta um pouco essa história como que você conheceu essa companhia.
R – Eu conheci essa companhia de dança, uma vez eu fui a uma igreja e eu vi o líder daquela companhia dançando, fazendo apresentação. Eu falei: “Nossa, que legal. Um dia eu quero dançar também”. Só que eu não conhecia, não conhecia a companhia, não conhecia nome nem nada. Aí eu lembro que uma vez eu vi um vídeo dessa companhia, aí eu falei: “Olha, é o rapaz que estava dançando”. Então eu entrei em contato com ele e falei: “Eu adorei a apresentação de vocês, vocês são fantásticos”. Aí ele perguntou pra mim se eu queria fazer... Perguntou se eu dançava, eu falei: “Eu danço um pouco, eu tenho pouco conhecimento de dança, muito pouco mesmo, mas eu gosto muito”. Aí ele falou: “Você quer fazer um teste pra participar da companhia?”. Eu falei: “Quero, como funciona?”. Ele falou: “Você fica um mês observando, participando dos ensaios pra ver se você se adapta, se é isso mesmo que você quer”. Porque às vezes a pessoa quer alguma coisa, mas quando começa a fazer fala: “Não é isso mesmo que eu quero”. Eu falei: “Não, está bom. Eu vou”. Aí eu fui e participei dos ensaios, eles tinham uma apresentação pra um congresso de crianças que era muito importante, eles perguntaram se eu queria participar da coreografia. Eu falei: “Eu quero”. Aí desde então eu continuei participando dessa...
P/1 – Dessa companhia.
R – Isso. Nós tivemos um congresso de dança no final do ano passado em novembro onde eu participei, eu fiz um duo com um dos bailarinos da companhia que é um dos professores. Eu tive um desenvolvimento muito grande depois que eu entrei na companhia, foi um up mesmo nessa minha área que eu tanto queria e falaram que eu não ia conseguir.
P/1 – A quanto tempo você tá na companhia e qual o nome da companhia?
R – Ela se chama Companhia Getsêmani. Ela fez três anos, eu estou praticamente há uns dois, um ano e meio, dois anos, por aí.
P/1 – E os espetáculos que vocês fazem são espetáculos ali voltados pra algum cunho religioso ou é aberto?
R – Nós fazemos na parte do religioso. Nós somos uma companhia cristã. São vários bailarinos de várias igrejas e nós nos reunimos pra montar coreografia, nós recebemos convite pra ministrar em outras igrejas e é muito bacana.
P/1 – Alexandra, você sempre teve uma ligação religiosa, a sua família?
R – A minha família, a grande maioria dela sempre foram todos católicos. Então eu ia na igreja católica às vezes com minha avó, com a minha madrinha, eu fui batizada na igreja católica. Eu ia, mas não curtia muito, mas eu ia. Aí teve um tempo que eu parei de ir. Então eles não têm aquela tipo: “Você tem que ir”. Não. Eles são bem abertos, você faz o que você quiser, quem tem que tomar as suas decisões é você. Então não foi muito influenciada. Eu fui levada na igreja católica. Eu lembro que eu conheci uma... Eu estava sentada perto da minha casa quando eu era criança, eu acho que eu tinha uns oito anos, e uma moça passou me chamando pra ir numa igreja e era uma igreja evangélica e eu fui. Eu tinha uns oito anos, depois disso eu comecei a frequentar a igreja evangélica, nessa igreja eu acho que eu fiquei um ano mais ou menos, depois saí dela e a mesma amiga que me apresentou o projeto do social, ela me apresentou também uma igreja que ela ia. Então a partir daí eu comecei a ir pra essa igreja com ela.
P/1 – Qual o nome da igreja?
R – É o Templo de Deus.
P/1 – Quando você fala o projeto social, qual o nome aqui dessa instituição? Como ela é conhecida?
R – Ela é conhecida como Centro Social Carisma. O nome é Associação Cristã de Osasco, mas ela é conhecida como Centro Social Carisma.
P/1 – Centro Social Carisma.
R – É. É meio que um apelidinho que a gente fala o social.
P/1 – Ela também é mantida por uma igreja, não é?
R – Isso.
P/1 – Você frequenta essa igreja?
R – Hoje frequento. Eu gosto muito, é muito bacana, que é a que fica do outro lado da rua.
P/1 – Agora, a sua família, você falou que vem de uma família católica, mas e a sua mãe, a sua irmã, os seus irmãos também por parte de pai, eles participam de alguma igreja evangélica?
R – O meu irmão participa da Renascer. A minha irmã participa do Templo de Deus. A minha mãe continua na igreja católica.
P/1 – Alexandra, quais são as coisas hoje pra você mais importantes na sua vida?
R – As coisas mais importantes da minha vida? Primeiramente Deus, que sempre tem me dado força, minha família, a minha mãe, os meus estudos, o meu trabalho. São umas coisas muito importantes que eu tenho. Não que outras, os meus amigos, não sejam, mas minha família, buscar a minha paz espiritual, o meu interior, estar com um bom relacionamento com Deus, com a minha família, com os meus amigos e estar focada nos meus estudos, isso é o mais importante pra mim agora.
P/1 – Alexandra, a gente está chegando ao final da entrevista, antes da gente terminar eu queria que você me dissesse se você tem alguma história daqui, desse espaço que você já frequenta há tanto tempo, que você teve aí essa sua formação, contribuiu aí pra você conhecer a dança, ao mesmo tempo também contribuiu pra sua formação profissional. Se você tem alguma história, algum momento marcante aqui nesse espaço.
R – Eu sempre falo que o Centro Social foi a base de tudo. Ele foi o trampolim pra pegar impulso e alcançar o que eu queria. Eu acho que não tem um momento, eu acho que toda a trajetória foi marcante, por todo apoio que eles nos deram, por toda credibilidade que eles nos deram, por tudo.
Sempre: “Você está precisando de alguma coisa? Aconteceu alguma coisa com você? Está tudo bem na sua casa?”. Eles sempre se importaram com a gente, não só se nós estamos no projeto, se nós estamos aqui, se nós participamos das atividades, mas também o que acontece com a gente fora daqui. Eles sempre foram muito de se preocupar, de saber se está passando alguma necessidade dentro de casa, como que está o seu relacionamento com a sua mãe, como você está na escola, isso também era muito importante. Então acho que toda a trajetória, todo o meu caminho que eu tive até hoje aqui no Centro Social que ainda não houve um rompimento, eu ainda me sinto muito ligada a este lugar, acho que todo esse momento foi importante, todo esse momento foi impactante, foi incentivador pra eu continuar. Antes de tudo eles acreditaram em mim, deram apoio, então isso pra mim é muito gratificante e não tem como esquecer.
P/1 – Tá certo. E você hoje tem sonhos?
R – Tenho. Tenho muitos sonhos.
P/1 – Quais são os seus sonhos?
R – Eu tenho um sonho de entrar na faculdade. Acho que isso é um sonho normal de todo adolescente, de todo jovem. Concluir os meus estudos, ter uma boa colocação no mercado de trabalho. Eu sei que eu consigo. Eu tenho também sonhos de sair do Brasil, ir pro exterior, pra fora, conhecer outros lugares. Eu sei que o meu dia está chegando e eu vou conquistar tudo aquilo que eu quero e realizar todos os meus sonhos.
P/1 – Tá certo. Alexandra, você gostaria de acrescentar algo que eu não tenha te perguntado, que seja importante sobre você, sobre a sua história?
R – Acho que não.
P/1 – Você não tem filhos?
R – Não.
P/1 – Você pensa em ter filhos, família?
R – Sim. Agora não, né? Mas tenho sim. Acho que muitas pessoas têm o sonho de ter uma família. Eu tenho de casar, de ter filho, a minha casa. Mas tudo tem o seu tempo. Então no tempo certo vai se concretizar.
P/1 – Tá certo. Alexandra, o que você sentiu contando a sua história?
R – Eu senti que eu posso, que através da minha história, do que eu contei, do que eu expus aqui, outras pessoas poderão conhecer o projeto, talvez não conheçam, vão conhecer o projeto e talvez se interessem em participar. Eu sei que se participar elas serão, sim, muito ajudadas, serão muito apoiadas e talvez outras empresas ou alguma coisa do tipo possa se achegar ao projeto e apoiar, porque é um projeto realmente muito sério, ele realmente ajuda pessoas e ele realmente transforma vidas. Eu sou prova disso. Realmente tive outra... Fui realmente transformada depois que eu conheci o projeto, realmente mudei muito, obtive muito conhecimento e eu sei que como aconteceu comigo pode acontecer com outras pessoas, outras vidas podem ser alcançadas e outras vidas podem ser ajudadas através desse projeto.
P/1 – Agora só pra gente encerrar, Alexandra, eu queria que você dissesse o que significa um apoio de um projeto como o Criança Esperança pra você que teve aí acesso a um projeto que foi beneficiado.
R – O projeto Criança Esperança, o apoio que ele deu, essa ONG, foi de extrema importância, extrema importância. Através desse projeto outras empresas puderam se achegar e nos apoiar também, onde conseguiu alcançar mais pessoas, conseguiu dar continuidade do projeto, manter algumas coisas, alguns custos do projeto, que com certeza tem. Então essa parceria do Criança Esperança com o projeto do centro social foi de extrema importância, foi realmente um apoio fantástico que realmente mudou vidas. Eu sei que ainda vai continuar mudando.
P/1 – Tá certo. Bom, Alexandra, nós em nome do Museu da Pessoa agradecemos a sua entrevista. Obrigada.
R – Obrigada.
FINAL DA ENTREVISTARecolher