Museu da Pessoa

Do bar e da EMS

autoria: Museu da Pessoa personagem: José Piovezan

P/1 – Bom dia. Eu primeiro gostaria de agradecer de você ter aceitado o convite, ter vindo aqui pra essa entrevista.

R – Bom dia. Foi um prazer. Muito obrigado por ter recordado. (risos)

P/1 – E aí agora pra gente começar de fato, eu queria que você falasse pra gente o seu nome completo, o lugar que você nasceu e a data do seu nascimento.

R – Meu nome é José Piovezan. Eu nasci na cidade de Fernando Prestes, dia 12 de Agosto de 1952.

P/1 – Fala o nome dos seus pais pra gente, seu Zé.

R – Meu pai é um nome meio difícil. É Boanezio Piovezan e a minha mãe é Sublime Sofia Piovezan. Que nome lindo heim, Sublime.

P/1 – Conta pra gente um pouquinho do que o senhor sabe da origem da família, da onde que eles vieram, se eles já eram de Fernando Prestes.

R – O meu avô paterno veio da Itália com poucos anos de idade, eu não lembro ao certo, mas ele veio muito jovem da Itália, da cidade de Triestro, da Itália e ele ficou já em Monte Alto, que Fernando Prestes pertencia a uma cidade que chamava Monte Alto. E aí depois que foi emancipado, mas aí ele constituiu família lá. Minha avó já era da vila lá, de Fernando Prestes. Depois ele constituiu família lá e já teve sítio e aí teve vários filhos. Teve nove homens e duas mulheres, mas infelizmente hoje só tem um tio vivo. Família já tá acabando.

P/1 – E qual que era a atividade dos seus pais?

R – Meus pais, no começo, eles trabalhavam num sítio, tinham um pequeno sítio que meu avô constituiu, com a ajuda dos filhos, constituiu uma fazenda e aí cada um ficou com um pedaço de terra e fazia sua própria lavoura pra vender pra fora e aí depois o meu pai e minha mãe compraram um bar na cidadezinha de Fernando Prestes, quando eu mudei pra lá com seis anos de idade. E aí eu fiquei com o apelido de Zé do Bar porque tinha muito Zé na cidade, uma cidade pequena, cinco mil habitantes, e aí ficou esse apelido e até hoje tá no Brasil aí.

P/1 – Então conta pra gente, você tem irmãos?

R – Tenho, tenho um irmão que veio, na época, pra São Paulo, quando ele se formou também em Santa Adélia, uma cidadezinha onde que eu me formei também pra professor primário. E ele se formou e veio pra São Paulo e de lá ele começou trabalhar numa firma, trabalhou numa firma só, se aposentou e retornou pra Fernando Prestes. Tá lá até hoje curtindo a aposentadoria dele lá. Só que a aposentaria dele é boa porque é do governo, então tá numa boa lá em Fernando Prestes. Tá ele, a esposa, dois filhos e eu tô aqui em Hortolândia.

P/1 – E o senhor é mais velho ou mais novo?

R – Eu sou mais novo seis, quase sete anos. Ele se chama Antônio Piovezan.

P/1 – E seu Zé, conta pra gente como é que foi a infância em Fernando Prestes. Quer dizer, até antes de ir pra lá, o que o senhor se lembra da infância?

R – Ah, minha infância foi muito boa. Tinha uns amigos lá, inclusive, o Luis Borgonovi, que hoje e o presidente da EMS. Teve o Conca também, que trabalhou na EMS, hoje Deus que o tenha, ele faleceu, amigão lá de Fernando Prestes. E teve vários amigos lá que trabalharam na EMS, mas a infância foi muito legal. Pescar, caçar, nadar com os amigos lá. Foi muito bom. Eu ia arrumar as namoradinhas na outra cidade, em Santa Adélia, foi bom demais.

P/1 – Conta pra gente um pouquinho de como era a cidade de Fernando Prestes, dessa sua meninice, seis anos, do bar.

R – Fernando Prestes, aí quando meu pai comprou o bar, que eu tinha seis anos de idade, fiquei lá e com uns oito, nove, dez anos comecei ajudar ele. Com uns oito anos, mais ou menos, já ajudava um pouco lá a servir sorvete, as pingas e aí foi agradável, sabe? Foi muito bom, meu pai ficou com o bar durante lá 19 anos e a gente sempre estudando, foi crescendo e ajudando ele também ele e minha mãe, e aí até que eu vim pra São Bernardo do Campo, na EMS e lá em Fernando Prestes, durante essa época minha lá, com os amigos lá, a gente fazia muita coisa. Jogava bola, fazia de tudo lá um pouco. Uma cidadezinha pequena, gostosa demais, é uma cidadezinha de um quilômetro, uma cidadezinha de primeira assim. Você engata a primeira, já sai na outra ponta já. (risos) É muito bom lá.

P/1 – E o que o senhor se lembra de quando começou a estudar? E ir pra escola como é que era essa escola?

R – Era gostoso, eu sempre gostei de ir pra escola e sempre fui, não tanto aplicado, mas sempre gostava de participar das coisas que fazia, dos trabalhos. Foi muito bom. Aí fiquei e fiz a escola, primário, depois o ginasial em Fernando Prestes e aí só que lá não tinha uma escola mais acima. A gente ia pra Santa Adélia, que foi a maioria das pessoas que estudava e que morava em Fernando Prestes, fez: foi pra Santa Adélia ou Taquaritinga. Taquaritinga tinha outras escolas, em Santa Adélia também já tinha escola normal, então a maioria foi pra lá. Aí me formei lá. Com 18 anos, tava formado e aí foi isso daí.

P/1 – E como foi estudar longe? Como era? Ve você ficou lá em Santa Adélia ou era perto, que dava pra ir e voltar?

R – Não, era pertinho a cidade, Fernando Prestes era pertinho, que ia por estrada de terra ainda, era 14, 15 quilômetros mais ou menos da cidade de Fernando Prestes e aí a gente ia, tinha o ônibus que a gente chamava de canarinho. Era um ônibus que levava o pessoal de Fernando Prestes pra lá, sabe, que era amarelo, né, a gente chamava de canarinho. E às vezes, quando chovia, era difícil pra chegar em Santa Adélia. Aí tinha que colocar corrente nos pneus do ônibus pra ver se ele conseguia subir lá, que era muita subida, subida e descida, e quando chovia era um desastre. Aí tinha que fazer isso daí. O senhor Abel que era o dono do ônibus, quando não dava pra ir de ônibus, pegava, tinhas umas kombis lá também, a gente ia de Kombi, mas foi muito bom. Em Santa Adélia, eu fiquei três anos, estudei três anos na escola normal lá em Santa Adélia, também fiz muito amigo lá, foi muito legal lá, uma cidadezinha um pouco maior que Fernando Prestes, mas foi muito bom.

P/1 – E quais eram as suas atividades de juventude pela cidade? Então nessa época que ia pra Santa Adélia estudar, o que o senhor fazia depois da aula? Aos finais de semana?

R – Lá não tinha muita coisa pra fazer porque era uma cidadezinha pequena. Às vezes, tinha o clube lá, a gente ia jogar ping pong lá. A maioria a gente ficava nadando por lá, naqueles rios que tinham lá, sabe? Tinha um rio que corta a cidade Fernando Prestes, chama Rio Mendes, e aí a gente ficava nadando lá, eu, o Borgonovi, o Zé Mendes, que é irmão do Conca, um monte de pessoal, os amigos lá, sabe? Aí a gente ficava nadando lá. Tinha uma pocinha lá que chamava poça da morte. A gente ia lá, mas não morreu ninguém lá, só chamaram o nome só, era mais fundo, então a gente ia lá. Ia caçar rã também, ia pescar, era muito bom. Jogava uns baralhinho, tudo na base da amizade, sabe? Pegava, tinha um barzinho lá perto também do bar do meu pai, que meu pai fechava, a gente ia pro barzinho, fazia uma galinhada. A gente pegava e adquiria o frango dos amigos, sabe? Aí chamava os amigos pra ir lá comer o frango e falava: “Ó, tem um frango lá no poleiro, vê se tá bom pra fazer a galinhada”. Só que o frango era dele, a gente que convidava ele também. “Ah não, pelo amor de Deus, esse daí não, esse daí é meu. Deixa que eu pego outro então”. Ai a gente fazia e era gostoso. Foi uma infância muito legal, muito bacana.

P/1 – E como é que foi a decisão de sair de lá e ir prá São Bernardo? Como que o senhor escolheu lá? Por que São Bernardo?

R – Então, eu trabalhei um ano em São Paulo, que o meu irmão veio antes de mim, veio três anos antes de mim. Aí ele estava em São Paulo, no bairro do Imirim, e aí o meu pai ajudou ele, na época comprou uma casa, e aí ficamos lá, o meu irmão, eu e mais uns amigos lá de Fernando Prestes também que vieram pra São Paulo, na época, se aventurar. Só que eu fiquei um ano só lá, em 1971 eu fiquei lá em São Paulo e aí depois eu voltei pra Catanduva, uma cidade perto de Fernando Prestes também, que lá tinha uma cidadezinha maior e aí eu trabalhei mais três meses lá numa companhia de café solúvel, e aí depois eu saí que eu trabalhava a 50 graus abaixo de zero, eu falei: “Ah, eu não vou virar pinguim aqui, então chega”, fiquei três meses e foi muito ainda. E aí eu tava num belo dia nós tava fazendo uma galinhada num riozinho lá perto de Fernando Prestes, aí chegou o Bornogovi. Ele já trabalhava na EMS, lá em São Bernardo do Campo, aí ele chegou lá num feriado, a gente tava lá no rio fazendo uma galinhada, ele falou: “Ô Zé, vamos trabalhar comigo lá em São Bernardo?”, falei: “Ah, hoje não dá, vamos comer uma galinhada, depois a gente fala nisso”. E foi o que aconteceu, foi por intermédio do Luis que eu fiquei na EMS 40 anos.

P/1 – Então, antes da gente falar da EMS, da sua entrada, conta pra gente quais foram suas primeiras impressões de São Paulo, essas suas primeiras atividades com o seu irmão, essa experiência de estar fora de casa.

R – Não foi fácil não, essa experiência de sair de Fernando Prestes, uma cidadezinha pacata, pra enfrentar aquele São Paulo não foi fácil no começo não. E o emprego também, era muito, ganhava pouco, às vezes tinha que ir a pé do Imirim até lá no centro, era uma caminhada longa, sabe? E não pagava direito, aí fui desanimando, aí fiquei trabalhando numa outra firma lá durante 21 dias, aí falei: “Ah, não dá mais não, chega”. Aí voltei pra Fernando Prestes, porque São Paulo vou te falar, é difícil lá viu, é difícil. Pra mim, no começo, foi muito difícil. A gente era muito apegado lá em Fernando Prestes, mas depois. Aí tendo um amigo que nem o Borgonovi, aí melhorou o negócio.

P/1 – E como é que foi a ida pra São Bernardo? Já com o Luis com a possibilidade de trabalho na EMS?

R – É,
Fui eu e um amigo meu lá de Fernando Prestes. Aí nós pegamos, aí



P/1 – Eu queria voltar lá naquele seu primeiro ano, das notas fiscais e esse primeiro contato com a EMS. Como eram emitidas essas notas? Notas de quê? Conta um pouquinho como que era o espaço lá também, pra gente que não conheceu essa época lá, né?

R – O espaço lá era... o escritório até que era


P/1 – O que o senhor se lembra de ter visto quando começou, quando viu a produção, viu qual que era o processo de se fazer medicamentos?

R – Ah,



P/1 – Aí a mudança, a proposta de mudança pra Santo André. Você tinha também acabado de chegar, de se mudar. Como é que foi isso pro senhor?

R – Aí no caso, lá em São Bernardo, assim que nós chegamos lá em São Bernardo, já tinha o porteiro lá que já encaminhou a gente pra ficar na casa dele. Falou: “Ó, vocês vão ficar lá em casa”, falei: “Poxa, ainda bem que já arrumamos um lugar pra dormir”. E aí depois nós mudamos pra Santo André, e aí tinha o marido da dona Helena Sanchez, que é tia do Carlinhos, do Carlos Sanchez, ela morava em Santo André e aí tinha uma pensão de uma senhora lá que chamava Presentina. Era uma senhora muito bacana, nordestina, e aí fomos lá, conversamos. Nessa época, nós já estávamos em quatro pessoas morando lá em São Bernardo, mas aí conversamos com a dona Presentina, e ficamos lá na pensão dela durante muito tempo. Mas foi legal pra caramba, uma trajetória muito linda minha lá.

P/1 – E conta como era essa pensão.

R – Ah, era bom demais (riso). Lá a gente, pra você ver, a gente recebia, pagava a dona Presentina, daí uns três, quatro dias, pegava e chegava lá e falava: “Dona Pré” - a gente chamava ela de Pré, né, falava: “Ô Pré, não tem um dinheirinho pra emprestar não?”. A gente nunca deu o cano, sabe, mas era isso daí, sabe? E tinha os filhos dela lá, muito bacana, a gente fez uma amizade muito legal com eles lá também. Inclusive um amigo meu lá de Fernando Prestes também que já faleceu, que a gente chamava ele de Isa, é Luiz Fernando, ele acabou casando com a filha da dona da pensão. Eles eram muito bacanas.

P/1 – E como era Santo André quando o senhor chegou lá? A cidade.

R – Santo André tava começando a crescer também. Já era grande Santo André, porque do ABC, mas pelos bairros lá, já começando mais a crescer. Que nem aqui em Hortolândia hoje. Hortolândia também tá crescendo demais. Era mesma coisa lá em Santo André, aqueles bairros lá, fora do centro, começou a crescer também. E aí começou mais trânsito, mais gente, aí o negócio crescendo direto.

P/1 – E como é que foi a mudança de trabalho, começar a trabalhar lá em Santo André com os produtos, com a expedição? O que que tinha de atividade, o que tinha de coisa pra fazer?

R – Então, o faturamento continuou lá em Santo André, saiu de São Bernardo e continuou em Santo André, porque aí já ficava o depósito e faturamento lá e daí carregava os caminhões. E aí já teve mais caminhões, aí começou a crescer demais a EMS, então às vezes ficava e dobrava a noite lá, tinha muito serviço, sabe? E sempre entrando gente pra trabalhar e cada vez crescendo mais e a EMS, na época, já tava pensando em adquirir um outro galpão, porque aquele lá já tava se tornando pequeno. E aí foi que quando teve a época que tava mudando pra cá, porque aí já durante o período do seu Emiliano, que o seu Emiliano tava vivo, tal, que tava lá em Santo André, continuou lá. Aí começou a levantar uns pallets, porta pallet, pra dar mais espaço e mais pra cima, então ficou mais acessível lá. Aí depois que veio pra cá, a fábrica veio pra cá, veio tudo pra cá, ficou a fábrica em São Bernardo do Campo, mas de lá de Santo André, a expedição veio tudo pra cá, que é aqui do lado. É muito grande aí dentro também, pra comportar os medicamentos aí também, não é fácil não. Então foi isso daí.

P/1 – Quais os medicamentos que se produzia na época que o senhor começou a trabalhar lá, o senhor se lembra?

R – Nossa, tinha muito. Quer ver?


P/1 – E qual que era a sua atividade lá? Então o que o senhor fazia? Acompanhava os caminhões, os carregamentos, como é que era?

R – É, tinha uma...
.

P/1 – E pra onde que iam esses caminhões que começavam a chegar lá?

R – Começou com uma distribuidora no Paraná, era do Juarez. Ficou um tempão lá o Juarez, no Paraná. Tinha Rio de Janeiro no começo. Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais também, que teve um distribuidor lá, muito antigo também. E no Nordeste, depois que foi implantando, mas o mais mesmo era Paraná, tinha em Vitória do Espírito Santo também, distribuidor antigo também, um dos mais antigos. E tinha interior de São Paulo também, que era em Araçatuba, na Eurofarma, do Valdir, tá até hoje. E os caminhões faziam todas essas entregas, e as peruas que faziam entrega na capital, no ABC, fazia todo esse trajeto.

P/1 – E como eram feitos os contatos com as farmácias, com os pontos de recebimento dos remédios?

R – Tinham os vendedores que eles e iam em farmácia. Só vendedor na época, em São Paulo, capital, ABC, era só vendedor na época. Depois que foi tendo distribuidoras no caso, porque em São Paulo sempre foi vendedor direto, venda direto pra farmácia. E aí no ABC, depois aí criou, teve uma distribuidora começou também, já tinha lá na época, a Ética, e aí começou a distribuir medicamento da EMS também. Era tudo vendedor. Vendedor fazia os pedidos, chegava lá pra nós, separava e mandava. Os motoristas que iam entregar tudo.

P/1 – E como que era o seu contato com o senhor Emiliano? O senhor encontrava com ele? Como é que era?

R – Ah, ele ia praticamente umas duas, três vezes por semana, ele ia pra Santo André. Ele era meio bravo, mas uma pessoa muito bacana. A gente tinha muita amizade também. Muito bacana, eu gostava dele. O pessoal gostava dele. Ele era meio rigoroso nas coisas, sabe? Tem que fazer porque tem que fazer e tem que fazer e aí... Mas ele sempre deu oportunidades também pra pessoa, ele era muito legal, foi bom.

P/1 – E como é que foi acompanhar esse processo em Santo André? Ver chegando mais caminhões, até a aquisição do espaço.

R – Então, tava sendo difícil, porque aí começou a pegar caminhão de terceiro também, sabe? Que a EMS não tava dando conta e aí começou a pegar caminhão de terceiros, porque aí foi crescendo e as distribuidoras também vai abrindo mais distribuidoras no Brasil. E aí precisou começar pegar caminhões de terceiro pra fazer as entregas e até hoje faz isso. Quando começou mesmo engrenar as distribuidoras foi meio difícil porque teve que contratar muitos motoristas, caminhões de terceiros. Foi difícil, mas demos conta.

P/1 – E o que que tinha de dificuldade? Qual que era o perigo, os riscos, não sei.

R – É... risco, risco sempre teve em tudo, negócio de transporte e tal, ainda mais medicamento, na época sei lá, um troço que dava dinheiro, que aí tinha remédio caro pra caramba, né? E aí, negócio de roubo, sempre tava sujeito, mas alguns roubos teve, mas não foi de deixar a EMS em apuros não.

P/1 – E o processo da volta pra São Bernardo, depois de 20 anos em Santo André, voltar pra São Bernardo, o que foi que o senhor viu de diferença lá, se tinha alguma.

R – Diferença também, eu já tinha até contato com os distribuidores, na época, quando eu tava em Santo André, tinha muito contato com os distribuidores, então pra voltar lá, pra trabalhar em vendas, também era comunicar por telefone, né, os distribuidores era por telefone. Agora farmácia era venda direta. Tinha os vendedores que iam direto nas farmácias e com os distribuidores era por telefone, batia um papo, sempre querendo encaixar um pouquinho mais de medicamento na distribuidora. Aí, de acordo com o que comprava, dava um pouquinho mais de desconto. Então tinha toda essa transa aí, mas só que quando veio de lá pra cá, aí ficou mais difícil pra mim, mas até aí então São Bernardo, que eu já era casado, então ficava mais difícil. Mas lá em São Bernardo, tudo amigo também, então conhecia todo mundo, então foi legal, não foi difícil não.

P/1 – E como que foi mudar de função? Então aí ficar à frente das vendas, entrando em contato com as pessoas, fazendo as negociações.

R – Quem mais fazia negociação era o Conca, o Luis Borgonovi, eu ficava mais só batendo um papo com os distribuidores, pedindo pra eles receber mercadoria às vezes num sábado, num fim de semana, porque tinha várias entregas pra ser feita. Então era aquele contato mais assim, mas vendas mesmo era difícil de eu fazer, era mais o Borgonovi e o Conca. Mas eu de vez em quando dava umas empurradinha também nos remédios pra eles “Ah, compra um pouco mais que tá devagar. Não compensa a viagem não”. Aí pela amizade, sabe, graças a Deus deixei muita amizade, muito legal distribuidor.

P/1 – Tinha alguma área ou algum distribuidor que cuidava de uma região que era mais chato assim, ou mais o pior de se conversar?

R – Ah, tinha (risos). Tinha, mas é complicado falar. Tinha, mas a gente sempre dava a volta por cima, a gente conseguia. Tinha uns que era mais difícil, tinha outros que era mais maleável, mas são todos bacanas. No fim chegava num acordo, sabe?

P/1 – E pra onde mais que ia o remédio, o produto da EMS? Qual que era o lugar que mais comprava ou que mais distribuía?

R –


P/1 – E como que foi pro senhor, a chegada do computador? Sempre acostumado a fazer as notas na máquina, as conferências de forma mais manual, não sei. Como que foi essa mudança, a chegada da implementação tecnológica, esse processo de implantação?

R – No começo foi meio complicado pra entender a máquina, mas devagar... Tinha um pessoal que tava dando umas aulas pra gente. Teve uma época que a EMS quando começou mesmo, a EMS comprou vários computadores e tinha um pessoal lá que ia pra dar umas aulas pra gente, e devagar a gente foi pegando. Mas a mudança de uma máquina de escrever de teclado, pra um computador foi muito grande. Em Santo André, começou com a Lenita, parente do Carlos Sanchez, prima, a Lenita que começou a fazer. Depois as notas fiscais eram tudo por computador, mas era aquela coisa gigantesca, aqueles computador grande. Era tudo aqueles negócio de furinho e aí devagar foi entrando os novos e foi mudando aí. A EMS foi seguindo e hoje tá tudo... Praticamente até pra fazer o remédio tá tudo mecanizado. O crescimento foi muito bom.

P/1 – E como que foi pros funcionários a mudança de gestão? O falecimento do seu Emiliano e a chegada do Carlos. O que que aconteceu nesse momento? Como que tava a EMS?

R – Depois do falecimento do seu Emiliano, aí tava o Carlos, aí que demorou acho que um ano ou dois pra começar a comandar mesmo. E aí no caso ficou o Luis Borgonovi que é o nosso presidente aí hoje. O Luis entende de tudo também, ele começou cedo lá, ele deve estar com uns 43 anos de EMS agora. Então ele entende de tudo, desde a produção ele entendia até... tudo, praticamente. Então Borgonovi no começo, começou dar uma força pro Carlos Sanchez, mas ai o Carlos sempre firme nas questões dele, foi indo, foi indo e hoje tá esse império aí. Hoje tem uma potência ai.

P/1 – E como que tava a EMS nesse período aí, meados dos anos 80.

R – A EMS tava crescendo e tava sentindo também porque o crescimento foi até um pouco rápido. Aí devagar foi indo, se adaptando, mas foi isso que aconteceu.


P/1 – E como que foi o convite pro senhor, da mudança pra cá?

R – Tinha um pessoal lá que inclusive ma época tinha motorista lá que tinha 20, 30 anos de EMS também e o Carlos convidou, ele foi lá no depósito em Santo André, aí ele falou: “Ó gente, é o seguinte, nós estamos mudando lá pra Hortolândia, o convite tá feito pra vocês. No começo, a gente pode dar uma força lá pra vocês”. Inclusive nós ficamos morando numa casinha aqui atrás que ele pagou, na época, até a gente se ajeitar e tal, a firma pagou. E aí nós pegamos e conseguimos uma casa aí. Foi legal também sabe, por causa dos amigos. Agora, pra mim, no caso deixar, eu tinha me separado da minha esposa, e eu tava com uma outra que já tava grávida, que a filha que eu tive com ela, já faz 17 anos já e pra mim, na época, essa mudança foi meio duro por causa disso também, sabe? É que tinha os amigos, a gente alugou uma casa aí, ficava em sete homens numa casa. Quem chegava primeiro, já ia queimando o alho e a cebola lá e lavava roupa, cada um se virava. Tinha que fazer, né, porque não tinha alguém pra ficar lá. Às vezes tinha uma senhora que morava quase em frente a casa lá, que ela pegava pra ajudar ela também, aí ela perguntava se não tinha roupa pra lavar e aí muitos davam roupa pra lavar. Ah, eu chegava em casa, já começava a lavar eu mesmo. Desde a época do meu irmão lá em São Paulo, a gente que se virava, porque só morava homem lá também. Seis homens a gente morava em São Paulo, na casa dele, então desde aquela época a gente já fazia tudo isso. Falei :”Ah vá, pra mim não precisa”. Mas foi mais difícil por causa disso, da esposa que tava grávida. Então aí depois falei: “Vamos ver, eu vou me ajeitar lá primeiro, aí depois eu trago a família toda”, né, porque ela tinha três filhos na época também, do casamento anterior dela. Aí depois que deu tudo certo e começou a engrenar aqui, aí aluguei um apartamento aqui em Hortolândia mesmo e aí trouxe o bando pra cá. Aí veio lá logo um monte já. A minha esposa e mais três filhos, e mais uma na barriga. Mas foi muito legal depois. Aí começou, ai ficou legal porque aí já tava tudo junto, né?

P/1 – E como que era Hortolândia quando o senhor chegou?

R – Ah, Hortolândia há praticamente 15 anos não tinha muita coisa por aqui não. Tinha esse bar aqui, que era da firma. Aqui pra baixo tinha umas... Até hoje tem umas casinhas aí, pra lá onde o Carlos tem agora tá fazendo os prédios aí pra baixo da lagoa também. Era tudo mato. Tinha uma chacrinha só que era da Nanci, da irmã do Carlos Sanchez, que morava um motorista lá também, a família, eles moravam lá e tomavam conta, daí moravam lá de graça, mas ele fez várias coisas lá, o motorista. E foi só isso daí.

P/1 – E aqui, a EMS, como é que tava o espaço?

R – Aqui o espaço era pequeno. Só tinha pro lado de lá, na outra portaria lá, tinha a fábrica de algodão e tinha a parte da expedição, no caso, que já tava pra cá, que ele fez o prédio primeiro foi da expedição. Aí a gente trabalhava, o escritório também era lá em cima, trabalhava lá e pra cá não tinha praticamente nada. Só tinha a casa aqui, essa daqui, que o senhor Emiliano quando vinha pra cá tinha a piscina do lado, nadamos várias vezes aí, fazia churrasco aqui com o senhor Emiliano (riso) e pra frente aqui não tinha nada. Esses prédios aqui não tinha. Tinha nada aqui, o Carlinhos começou já a fazer de tudo aí e hoje tá esse monte de prédio aí e tá crescendo mais. E vai longe ainda.

P/1 – E quais foram as suas atividades aqui? Continuaram as mesmas? O que mudou?

R – Não, a mesma coisa, que aí depois eu fiquei praticamente um ano aqui, trabalhando em vendas, mas aí o Conca, que era o meu chefe, ficou em São Bernardo, o Borgonovi também ficou em São Bernardo, aí depois acho que de uns dois anos que veio todo mundo pra cá, que aí veio o pessoal todo pra cá. Mas eu fiquei um ano mais ou menos aqui, um ano ou dois anos, mais ou menos, sozinho aqui, em vendas, mas sempre comunicando e aí que depois começou a vim o povão todo.

P/1 – E como é que era o depósito aqui, a área de armazenagem dos remédios fabricados?

R – Então, vinha de São Bernardo.


P/1 – E nessa época mais recente o que que tinha de remédio? De fabricação assim, o senhor se lembra o que mais saía?

R – Tinha o Gerovital, sai até hoje. O Machadinho lá em Fortaleza vende barbaridade de Gerovital. É o carro chefe hoje, o Gerovital e tinha o que? Doricin continuava vendendo também, Predimicin também. Teve mais o que? Ah, teve vários, teve vários remédios, de cabeça assim eu não lembro muito não. Com 60 anos a cabeça vai ficando fraca.

P/1 – E o Gerovital faz o que? É um remédio pra que?

R – Gerovital é pra stress, pra impotência sexual, ele tem um medicamento com várias vitaminas, muito bom. O Machadinho lá vende direto lá na Pague Menos, que a Pague Menos é lá de Fortaleza a Pague Menos e ele vende lá pra Pague Menos, é a que vende mais Gerovital hoje no Brasil. E tinha outros medicamentos aí que vende também. O Predimicin continua vendendo. Tem o Dasc, ah, tem um monte aí. Sai de tudo aí, o que fabricar sai, o que fabricar vende.

P/1 – E quais eram os desafios do seu trabalho?

R – Olha,


P/1 – E nesses anos todos trabalhando em vendas, o que o senhor percebeu que mudou? De repente nas estradas, na logística, pro medicamento chegar mais longe.

R – Olha, o que mudou, porque agora tem lá em Indaiatuba acho que tá, a carga é feito tudo lá em Indaiatuba, porque aqui já tava o espaço pequeno. Então tá tudo lá em Indaiatuba. E segundo os motoristas, tá mais complicado fazer as entregas porque hoje em dia tem muito roubo. Inclusive aqui nessa rota de Campinas aqui, nesses lados aqui, o que roubam de medicamento não tá escrito. Então esse lado tá difícil. Às vezes pega e segue o caminhão, principalmente no Nordeste que as estradas estão piores, aí é complicado, tem que parar no posto certo pra não dar complicação, não ser roubado. É difícil, mas fazer o que? É a vida de cada profissional aí, então tem que se arriscar.

P/1 – E a gente sabe que um dos momentos de grande avanço da EMS, foi a chegada, dos genéricos, né? Como é que foi todo esse lançamento de medicamentos pra sua área? Pra área de vendas e explicar o que era o genérico?

R – Aí no começo foi meio complicado, mas depois o pessoal foi se acostumando com o genérico, porque no fim é a mesma coisa, não muda nada praticamente. E leva o nome do sal, mas no começo foi meio difícil, até o pessoal... Porque sempre tem aqueles que falam que não vai dar certo, tal e aquele negócio todo. No fim dá tudo certo. É o que aconteceu, deu tudo certo, continuou vendendo o que vendia antes e o genérico também. Vende bem os dois, continua vendendo. Quer dizer, já diminuiu um pouco o de antes, mas não diminuiu tanto também não, pouquinha coisa. Porque por causa do genérico, então já viu. A farmácia vai comprando, vai se acostumando com aquele lá. Tem farmácia que compra mais genérico do que o original, antigo. Isso é a mudança.

P/1 – E o senhor tinha que explicar o que era o genérico pros...

R – Ah, eles já tinham os próprios pessoal de marketing que eles pegavam e iam nas distribuidoras, no começo, pra passar tudo os folhetos, tudo o que a EMS fez pra passar pra todos os distribuidores. Eles fizeram muito disso. Então tinha o pessoal já especializado que ia em todo lugar, todas as distribuidoras do Brasil, inclusive pras farmácias também os vendedores direto também, tiveram reuniões. Já tinha um pessoal que já ia pra focar isso daí.

P/1 – E como que foi pro senhor acompanhar todo esse crescimento da EMS?

R – Pra mim foi ótimo porque sei lá, é que nem eu, entrei com 20 anos de idade lá, e passa cinco, dez, 15, 20, 40 anos, então pra mim, é uma satisfação ver a EMS crescendo porque no final todo sustento meu foi a EMS que me deu. Tudo o que eu tenho foi a EMS que me deu. Apesar de não ter muita coisa (risos) foi a EMS, porque a família era grande, né? Tinha uma filha do primeiro casamento, então mais três do segundo casamento da minha esposa e mais uma agora, são cinco, né, então quer dizer, a molecada pequena. Hoje tão tudo trabalhando, graças a Deus, mas era complicado no começo, mas deu pra... Pior vai ser agora, aposentadoria não ganha nada, né? Na EMS ganhei muito, agora... mas a gente dá um jeito. Qualquer coisa vou vender pipoca no cinema, arrumo emprego no cinema. Meu pai começou com o bar e vendendo pipoca no cinema e fez várias casas lá em Fernando Prestes. Vou começar a vender que nem meu pai. Se diverte e não precisa ir todo dia também.

P/1 – E pra quem trabalhou em vendas e acompanhando a distribuição dos remédios, como é que é ver que hoje os remédios da EMS chegam em outros países, saber que entrega muito mais longe?

R – Ah, é muito bom isso porque do jeito que o Carlos tá fazendo aí, ele tem uma visão muito grande, ele viaja muito pra outros países, então ele tem uma visão muito grande disso daí, de medicação.
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P/1 – E como que é o relacionamento do Carlos com a EMS, com os funcionários assim? Você chegou a ter contato com ele também?

R – Não, tive mais contato antes, quando a EMS tava, não tão do jeito que tá hoje, porque hoje praticamente ele não tem nem tempo, tem muita reunião, mas antes quando tava aqui no começo, ele passava na sala de vendas, tal, ele ia lá, cumprimentava, batia um papo com a gente lá. Ele sempre foi legal, sempre, teve muita discussão com o Carlos. Ele é bacana. É que ele é hiperativo, ele quer, tem que ser do jeito dele e tá certo ele porque senão não teria isso. E foi legal umas convivências assim. Agora ultimamente não porque esse negócio de reunião, viaja muito, a gente não tem muito contato. Mas é uma pessoa legal.

P/1 – E como eram estabelecidas as metas pras vendas?

R – Ah, tinha o diretor de vendas que fazia reuniões com o Carlos Sanchez e aí todo mês tinha uma meta a ser cumprida. Depois passava o ano, tem que ser um pouco mais. Aí os diretores que faziam as reuniões com o patrão pra definir.

P/1 – E como que o senhor fazia pra atingir essa meta? Como que era a sensação de ultrapassar?

R – Ah era bom demais, fazia de tudo aí pra conseguir atingir a meta. Aí era um conjunto todo, o pessoal todo. A gente ligava pra distribuidora, ligava pros vendedores pra, vai fulano lá ver se chega algum, porque tem várias redes de farmácia também, vê se consegue fazer alguma coisa. Daí já ficava o pessoal todo porque não era um só, não era o diretor, não era o presidente, eles queriam, certo? A gente tinha que se unir pra atingir aquilo lá, pra ficar todo mundo numa boa.

P/1 – E como era formada essa equipe de vendas? Como é que tava, porque quando o senhor começou a contar, o senhor contou daquele escritório lá em São Bernardo com umas oito pessoas, então como é que tava quando veio pra cá, que a equipe, o grupo...

R – É, então, que nem no caso agora, que nem eu trabalhei aqui na EMS Marcas e aí virou o grupo EMS, porque tem o Legrand, a EMS Sigma Farma, tem a... Qual que é o outro?

P/1 – Germed?

R – Germed e acho que é só (risos). Tanta coisa que aí eu fiquei na EMS Marcas e aí tem o pessoal aqui que é o Luiz Fernando, o Paulinho, a Patrícia, a Marjorie que tava também, agora entrou outra no lugar dela. Tem mais dois rapazes. Aqui dentro tem umas sete pessoas e tem o pessoal de fora, os vendedores, que aí faz reuniões e no final do mês eles vêm pra cá também, trabalha aqui dentro, que tem o espaço aqui dentro. E vem os gerentes também das distribuidoras, dos gerentes nossos aqui da EMS, que cada um tem um. Divide o Brasil em quatro, então cada um faz uma parte de gerência. E aí eles vem aqui final de mês também pra... Os faturamentos saem tudo por aqui, as vendas saem tudo por aqui. Aí eles pegam e se comunicam também, com os distribuidores, a equipe toda aí. Várias gentes, várias pessoas.

P/1 – E quando o senhor falou que cuidava da EMS Marcas, é ela que cuidava dessas outras empresas também? Germed...

R – É, Legrand, Germed, era tudo junto. Depois que foi dividido, aí ficou que nem o Legrand. O Legrand inclusive não tá mais aqui, o Legrand tá em Campinas, Germed tá em Campinas, um prédio lá em Campinas, no centro lá, então saiu. Aqui ficou a EMS e a Sigma Farma. Aliás, eu nem sei se a Sigma tá pra sair, eu nem sei porque já faz um ano e pouco que eu to fora, sabe? Então não sei muito se tá aqui ainda ou não. Então tem tudo isso daí, mas antes era tudo EMS que cuidava. Por isso que agora virou EMS Marcas. Daí mudou, EMS Marcas, Legrand, Germed, Sigma Farma. Tinha também a... foi vendida a de cotonete lá, a... fazia algodão, foi vendida pra outra firma, Cremer, se eu não me engano.

P/1 – E como é que foi pro senhor esse momento de parar de trabalhar? O senhor falou que faz um ano, como é que foi?

R – Pra mim foi, porque eles dão quando faz 60 anos de idade, eles pegam e dão uma regalia aí. Se você quiser continuar, você continua. Se você quiser parar com 60 anos de idade, eles te dão aí alguma coisinha a mais pra parar. Aí eu peguei e falei: “Quer saber, acho que eu vou parar. Vou parar, depois qualquer coisa eu invento alguma coisa aí e continuo. Vou dar umas pescadas agora, dar uns passeios”, mas foi meio difícil assim, é difícil, porque muito tempo. A gente fica, sente saudade do pessoal e tudo. Vou entrando aí, o pessoal já fica: “Aí Zé do bar”, com muito conhecimento, muito amigo. Fica difícil, mas fazer o que, falei: “Vamos que tá na hora, vamos dar uma paradinha”. Aí eu fiz uma cirurgia aqui também do estomago, diverticulite, e aí deu problema e tive que fazer de hérnia também. Falei: “Ah, quer saber? Vou ficar em casa, numa boa”, não posso fazer nada por enquanto, por causa dessas hérnia danada aí, pós cirúrgica, né, mexeu muito por dentro, mas aí de vez em quando eu venho aqui, sabe? De vez em quando, bate uma saudade, venho dar um pulo por aqui pra ver os amigos aí.

P/1 – E o que que o senhor sente quando vem fazer essas visitas e ver o pessoal e o movimento?

R – Ah, gostoso, mas eles enchem o saco, eles brincam: “Ô Zé, voltou?”, falei: “Voltei pra ver vocês, não pra trabalhar, só pra dar uma olhadinha aqui como é que tá o povo aqui”, eles falam: “Mas vem de vez em quando aí”. O Luiz Fernando que a gente conviveu mais tempo, o Luiz Fernando, o Paulinho de vendas da EMS Marcas, com a Paty. A Paty quando tava chegando ali embaixo aqui na recepção, a Paty do andar de cima já gritando lá: “Ô Zé, não vai vim aqui não?”, “Daqui a pouco. Eu vou fazer um capítulo da novela, depois eu venho aqui. Vou gravar um capítulo da novela, depois eu venho aqui”, ela falou: “Tá bom então”. Pessoal muito bacana. A gente deixa muita amizade. Então fica difícil, mas é válido.

P/1 – E voltando assim pra sua vida pessoal, o senhor falou dos seus dois casamentos. Conta um pouquinho do primeiro, do nascimento da sua primeira filha, então quem era a sua primeira esposa, o nome da sua filha.

R – Eu casei com a Miriam, aí eu tive uma filha, hoje ela tem 29 anos e inclusive ela morou aqui em Hortolândia. Ela tinha oito anos de idade quando eu me separei e aí eu continuei morando lá em São Paulo, mas em divisão com Santo André, onde a minha esposa morava, num apartamento perto. Inclusive comprei lá de um amigo nosso que tava saindo, tava mudando, aí eu comprei o apartamento dele e aí fiquei lá durante uns seis, sete anos mais ou menos e aí minha filha tinha oito anos na época, ainda lembro até hoje. Ela falou: “Pai, então eu vou ter duas mães e dois pais agora?”, eu falei: “Não filha, não é bem isso. O pai continua sendo eu e a mãe é a Miriam, né?”, ela falou: “Ah, tá bom então”. Ela se dá bem com o padrasto, ela casou outra vez, a Miriam. Já tem um filho também. Daí se dá bem com o padrasto, eu também me dou bem com eles lá. De vez em quando a gente ia lá pra...É que faz tempo que eu não vou pra lá pra Santo André. De vez em quando, eu ia lá, ia na casa deles, tomar umas cachaça lá com ele. Muito gente fina também. E aí a Pamela, que é do primeiro casamento, depois ela veio, ela passou na Unicamp [Universidade Estadual de Campinas, passou na USP [Universidade de São Paulo], na Unicamp, falei: “Eh, puxou o pai, heim?”, ela dá risada, fala: “Ah, tá bom” (risos). Aí ela ficou comigo aqui. Ela ficou uns tempos lá perto da USP, como é que chama o bairro lá na USP? Na USP não, na Unicamp? Barão Geraldo. Aí ficou lá no Barão Geraldo lá com mais três amigas Aí eu comprei lá uma geladeira, uns negócio lá pra ajeitar a casinha dela. Mas aí uma foi saindo, era do Rio de Janeiro, outra era de Minas Gerais, aí foram saindo. Ela falou: “Ah pai, acho que não vai dar pra ficar sozinha lá não”, falei: “Vem pra casa. Vem pra Hortolândia então. Tem a casinha no fundo aí, a gente ajeita aí”. Aí ela pegou e veio, aí ficou um tempo. Agora graças a Deus tá tudo bem, tá em São Paulo lá na USP e ela se formou em física. Ficou nove meses na Alemanha e tal, estudo também, sabe? Aí ela vai pra vários países, porque ela trabalha na USP, ela e o marido dela agora, trabalham os dois na USP, e os dois se formaram aqui na Unicamp, os dois. Os dois são físicos e aí ela trabalha em São Paulo na USP, mas é pra Marinha do Brasil. Então vira e mexe vai pra França, vai pra Itália, vai pra vários países aí fora. E eles estão bem, graças a Deus. E agora no segundo casamento tem uma, tem três filhos da minha esposa, do primeiro casamento dela e tem um que é Gabriela, que tem 13 anos hoje. Graças a Deus tá indo no mesmo caminho da irmã, “Quero passar na Unicamp”, “Deus te ouça”, eu falei, “Tem que estudar pra isso”. Mas graças a Deus tá indo bem, uma menina muito bacana, sabe? Tenho orgulho deles, de todos eles, inclusive dos dela também, muito respeitador, muito bacana. A gente se dá muito bem. Legal.

P/1 – E qual que é o nome dessa segunda esposa?

R – Eliana.

P/1 – E como o senhor a conheceu?

R – Eu... olha como é o destino. (riso) A minha primeira esposa, a Miriam, depois que eu comprei o apartamento, ela falou: “Ô Zé, tem uma amiga que ela faz limpeza em casa e ela inclusive tá fazendo aqui na minha. Você não quer que ela limpe o seu apartamento?”, falei: “Ah, pra mim é uma boa.” Aí no fim ela apresentou a Eliana, que foi lá pra limpar o apartamento pra mim e no fim juntamos lá deu certo, tamos há 17 anos juntos. Por intermédio da minha primeira esposa. (risos). Ela falou: “Caramba”, ainda a Miriam falou, “Puxa vida, fui te dar uma mulher agora pra você casar outra vez?”, eu falei: “Então obrigado. Valeu a pena.” Legal, foi muito bom. A gente tem uma amizade muito legal, sabe? Não tem problema nenhum.

P/1 – E fora assim pescar, que o senhor já falou, qual que é a atividade que o senhor gosta de fazer?


R – Olha, nesse ano que eu tô aqui cheio de corte aqui na barriga, não dá pra fazer nada ultimamente, mas eu dou umas caminhadas, eu gosto de dar umas caminhadas também. Aí eu comprei, com o acerto que eu fiz aqui, eu comprei um apartamento lá na Praia Grande, no litoral, e aí às vezes a gente vai pra lá. Eu comprei pra alugar também pra temporada, pra ajudar no orçamento senão o INSS não dá não e aí a gente vai pra lá de vez em quando, faz aquelas caminhadas na praia, fica lá vendo os caras pescar. Porque eu falei: “Já pensou se eu jogar a vara lá e pegar um grande? Vou ter que soltar porque eu não posso fazer força”. E por enquanto é isso aí, só pra dar umas caminhadas. Tem várias pracinhas aí agora pra idade, pra terceira idade, fazer exercício, de vez em quando, a gente não força muito. Gosto de fazer isso também. E pescar né, pescar também é gostoso, sempre gostei, desde quando morava em Fernando Prestes, lá a gente ia lá pescar com meu pai, meus tios, a gente sempre gostou. Pantanal, virgem Maria, muitas vezes no Pantanal. Bom demais.

P/1 – E pra gente ir encerrando, a gente tá fazendo essa entrevista com o projeto de 50 anos da EMS, né? E desses 50 anos, tem 40 de contribuição do senhor. O que isso significa?

R – Ah pra mim significa que
Mas aí eu tinha isso já na cuca: “Depois dos 60 eu vou dar uma descansada”, e aí foi o que aconteceu.

P/1 – E quais foram seus aprendizados aqui, durante todos esses anos trabalhados?

R – Aprendizado?
.

P/1 – E o que fez o senhor seguir os 40 anos aqui, continuar sempre na EMS?

R – Ah, foi o que eu falei, porque eu sempre gostei de trabalhar na EMS, sempre gostei. Falei: “Ah, eu só saio daqui se mandar embora mesmo”, mas não aconteceu, graças a Deus, e cada vez mais a gente ia gostando, criando amizade. Isso é muito importante, pegar novos conhecimentos, legal, muito bom.

P/1 – E qual que é o seu maior sonho? O que que o senhor ainda quer?

R – Ah, sei lá, que tudo encaminhe do jeito que tá encaminhando pra mim, tal, tá bom. É que nem eu te falei, aposentadoria não dá, então eu vou ver se eu faço alguma outra coisa por fora aí, pra ver se ajuda no crescimento da filha também que tá com 13 anos. Depois vem faculdade e tal, aí é complicado o negócio. Mas eu tô satisfeito, graças a Deus. Vamos ver se dá pra trabalhar mais um pouquinho depois, eu vou continuar um pouquinho.

P/1 – Tá certo. Então seu Zé, a gente, em nome da EMS e do Museu da Pessoa, agradece a sua entrevista.

R – Muito obrigado, eu que agradeço. Um abraço a todos.