Museu da Pessoa

Compartilhando valores

autoria: Museu da Pessoa personagem: João Dornellas

P/1 – João, obrigada pela sua presença em nome do Museu da Pessoa e do Programa Nestlé Nutrir, da Nestlé. Pra gente deixar registrado, o seu nome completo, data e local de nascimento, por favor.

R – Meu nome é João Dornellas, eu nasci em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 1965, dia oito de julho. Tinha que falar ano também que nasceu ou não? (risos).

P/1 – (risos) Conta um pouquinho desse sobrenome “Dornellas”, de onde vem. Tem história de imigração aí?

R – Então, Dornellas é uma família. Eu sempre falo que a minha família é originária de Minas Gerais, porque a história da chegada desse sobrenome ao Brasil vem de muito longa data. De fato, até existe um pouco de dúvida se ele veio da Espanha, do antigo Reino de Aragão, que hoje é uma província, mas também tem muitos Dornellas em Portugal. Então eu prefiro falar que a minha família veio de Minas, originariamente ela é mineira de pai e mãe. Por haver nascido em Minas Gerais, em Juiz de Fora, eu entrei na Nestlé numa fábrica que naquele momento operava na cidade de Barra Mansa, no estado do Rio de Janeiro. Era uma fábrica que tinha fabricação de leite em pó, de iogurte, Petit Suisse, de sobremesa. E eu entrei lá muito jovem, na Nestlé, naquela fábrica. É isso?

P/1 – Não, você contou um pouquinho da tua história, que é de Minas.

R – Mas eu me perdi. Que na verdade, eu podia contar isso tudo outra vez, porque eu comecei a contar da minha família e tal, mas você não perguntou da Nestlé?

P/1 – Não, mas é isso. Fique à vontade. É isso mesmo.

R – Como você tinha me falado que depois ia perguntar, eu já entrei na resposta (risos).

P/1 – Seus pais são de Juiz de Fora também?

R – Os meus são nascidos em cidades próximas a Juiz de Fora. Minha mãe nasceu numa cidade que se chama Rio Novo, que tem um carnaval muito famoso, inclusive, um bloco do Zé Pereira, que é patrimônio da humanidade de Minas Gerais, tombado pelo Instituto Cultural Artístico de Minas Gerais. E meu pai é de outra cidade, próxima a Rio Novo, que se chama Rio Pomba. E os dois migraram pra Juiz de Fora durante a adolescência deles junto com as famílias e aí se estabeleceram. E aí então eu nasci aí eu estudei e [...]

P/1 – Você se encaminhou na tua educação, você já foi pra alguma área? Exatas, humanas, você já tinha algum gosto assim?

R – Não, na verdade eu comecei a trabalhar na Nestlé, inclusive, por causa da minha formação técnica. Eu comecei na área técnica. E depois de já estar trabalhando na Nestlé, eu entrei muito jovem ainda, eu decidi fazer mais uma carreira e estudei Administração também.

Mas, de fato, assim, eu trabalhei muitos anos na empresa, inclusive na área técnica mesmo, em fábricas no Brasil, no México e fiz uma carreira de quase 20 anos na área técnica. E nessa área corporativa de recursos humanos também tive o prazer de trabalhar em comunicação corporativa, juntando as duas áreas, mais de dez anos.

P/1 – Você falou que entrou muito cedo na Nestlé, por que ela apareceu tão cedo na tua vida? Conta pra gente um pouquinho.

R – Eu acho que a Nestlé aparece cedo na vida de todo mundo. A Nestlé faz parte do nosso crescimento, do crescimento da população brasileira, de maneira geral. Ela tá presente no Brasil já há 93 anos. E um dado impressionante sobre a Nestlé, realmente é impressionante, é a penetração nos produtos Nestlé nos lares brasileiros, 99%. Isso significa dizer que em 99% dos lares brasileiros, pelo menos um produto Nestlé tá presente. Isso é uma marca realmente impressionante, quase que inacreditável. Então a presença da Nestlé no mercado brasileiro é muito forte, a presença da marca na vida das pessoas é muito forte.

P/1 – Que produto você lembra?

R – Chocolate. Quando eu era criança, eu sempre me ligava, sempre relacionava a Nestlé a produtos de chocolate, lembro bem disso. “Chokito”, “Prestígio” eram produtos assim que realmente era um sonho de consumo pra toda criança quando eu era moleque lá em Minas Gerais. Mas, de fato, a Nestlé entrou na minha vida muito cedo porque existia uma fábrica importante no estado do Rio de Janeiro, na cidade de Barra Mansa, que é próxima, relativamente próxima a Juiz de Fora, acho que menos de 200 quilômetros. E naquele momento então a Nestlé estava contratando algumas pessoas e solicitou à escola onde eu estudava em Juiz de Fora, a indicação de alguns alunos e eu tava me formando, e me entrevistei, fui selecionado, aí começou essa longa história, já que tem mais de 30 anos.

P/1 – Como você ficou sabendo?

R – Quando eu falo que eu comecei novo é porque de fato realmente tenho já 30 anos de Nestlé, e as pessoas às vezes me perguntam: “Mas você começou muito novo”. De fato, eu tinha 19 anos quando eu entrei na Nestlé, nessa cidade de Barra Mansa.

P/1 – Você lembra a data que você entrou?

R – Dois de janeiro de 84. Cumpri agora exatamente 30 anos. E foi uma experiência bastante interessante, porque foi como sair de casa, deixar a casa dos pais e ir morar em outra cidade, morar em outro estado, ainda bastante jovem, mas não troco por nada essa experiência, realmente a gente cresce muito.

P/1 – Você é filho único?

R – Não. Pelo contrário, eu sou filho de uma família de seis. Somos seis irmãos no total. Então seis irmãos: três e três. De fato, assim, eu posso dizer que essa experiência de haver saído tão cedo de casa, ela interfere bastante na formação, ajuda a completar a formação da gente como ser humano, como pessoa. E, de fato, haver entrado na Nestlé, pra mim foi muito importante. Eu falo sempre que eu entrei na Nestlé na minha juventude ainda, quando eu estava me terminando de formar como pessoa, como ser humano como homem. E a Nestlé é uma empresa que tem valores muito sólidos e isso tudo ajuda realmente na formação da gente.

P/1 – Mas você pensava nisso: “Ah, a Nestlé tem valores, vai me ajudar”? Você lembra?

R – Você sabe que de fato, quando a gente conta essas histórias, algumas pessoas podem ouvir e falar: “Ah, imagina”. Mas eu preciso falar pra você o seguinte, quando eu estudava e estudava alimentos, eu tinha interesse em trabalhar somente na Nestlé. Quando eu pensava assim: “Onde eu vou trabalhar depois que eu me formar?”, eu pensava na Nestlé. Logicamente já estudava leites e a Nestlé é uma empresa que também tem uma presença muito marcante no mercado de leites brasileiros. Quando você fala em leite, eu acho que a marca Ninho realmente é top of mind pra todos os brasileiros, “Molico”, “Leite Moça”. Então realmente eu colocava, eu tinha na minha cabeça um desejo muito grande de vir a trabalhar na Nestlé. E nesse momento então houve essa necessidade por parte da empresa, a empresa estava procurando candidatos, eu me candidatei e fui selecionado, e aí estamos. Mas pensava sim. Pensava sim. É interessante, por isso que eu te falo, é só a gente mesmo, que viveu a história, que pode afirmar ou reafirmar. Mas eu pensava na Nestlé, não pensava em outra empresa enquanto eu era estudante. E, de fato, a Nestlé, ela chama atenção não só pelas marcas, mas principalmente, eu acho que como consumidor brasileiro, eu acho que chama a atenção também o respeito que a Nestlé tem pelos consumidores, eu acho que isso é perceptível desde que a gente é bem criança ainda. E, de fato, depois de ter entrado na Nestlé, eu vim saber que a Nestlé foi a primeira empresa no Brasil a ter um serviço de atendimento ao consumidor. Primeira de todas, não no ramo da alimentação. Primeira empresa instalada no Brasil que já tinha um serviço de atendimento ao consumidor antes de qualquer outra pensar em fazer isso. Então de fato é uma empresa que respeita muito o consumidor. E a gente percebe isso através dos produtos, através dos próprios comerciais. Os comerciais da Nestlé sempre foram comerciais muito positivos, que de uma maneira ou de outra também transmitia valores. E, respondendo a sua pergunta, eu acho que sim, eu pensava sim na Nestlé como essa grande empresa e acho que o tempo só veio depois corroborar tudo aquilo que eu pensava não me equivoquei de maneira alguma.

P/1 – Daí você disse que entrou como técnico.

R – Sim.

P/1 – O que exatamente você fazia logo que você entrou?

R – Então, eu entrei no setor de fabricação nessa fábrica de Barra Mansa, na área de refrigerados, que são produtos: iogurtes Petit Suisse, “Chambinho”, sobremesas, “Chandelle”. Tivemos várias sobremesas, naquela época havia um muito gostoso, que era o “Chamour”, que era o queijo com goiabada, era o famoso Romeu e Julieta, e a propaganda tinha propaganda mesmo desse produto Romeu e Julieta. E eu trabalhava no setor de fabricação. Eu era encarregado de um setor de fabricação nessa fábrica de Barra Mansa.

P/1 – Saiu de lá, foi pra outros lugares?

R – De lá, eu passei por vários outros lugares. Eu trabalhei na fábrica de Porto Ferreira, mas aí é outra tecnologia, são fórmulas infantis. Depois São Paulo, aqui no escritório central, já trabalhando como especialista de fabricação, ligado a Nescau Prontinho. Naquela época, a Nestlé ainda nem tinha uma fábrica de Nescau Prontinho, a gente fazia um sistema de co-packing com uma empresa que estava instalada em São João da Boa Vista. Então eu era especialista de fabricação tanto de refrigerados como de tecnologia UHT [Ultra Hight Temperature]. Depois eu migrei, fui para o México, assumi a chefia de produção de uma fábrica, depois assumi a gerência dessa fábrica, fiquei por lá quase oito anos e voltei ao Brasil pra assumir outra fábrica, que tava localizada em Araras, outra tecnologia, aí é Nescafé, Nescau. Ainda refrigerados também faziam parte desse complexo, desse complexo industrial. Então, de fato, passei por várias fábricas, várias tecnologias. E depois, em 2000... Início do ano de 2004, 2005, eu fui convidado a vir pra sede e assumir outra função. Assumir outra função ligada a recursos humanos então, como gerenciamento de recursos humanos. Em 2008, eu assumi também a área de comunicação corporativa, junto com recursos humanos, tive o prazer de ser presidente da Fundação Nestlé Brasil durante seis anos, que rege todos os programas de responsabilidade social corporativa, que na Nestlé, todos os programas de responsabilidade pra nós são programas de criação de valor compartilhado. E, de fato, eu acho que essa expressão, ela traduz mesmo muito a maneira como a Nestlé pensa e atua não só no Brasil, mas em vários lugares, pra não dizer em todos os lugares onde a Nestlé está presente. A Nestlé acredita que só vale a pena fazer negócio quando toda a cadeia ligada a esse negócio pode, vamos dizer assim, pode também se beneficiar desse próprio negócio da Nestlé. Quando eu falo da cadeia inteira, a gente começa falando do produtor rural. Por exemplo, a Nestlé é uma grande compradora de leite, no Brasil somos os maiores compradores de leite, um volume de leite muito importante para o mercado brasileiro. Somos os maiores compradores de açúcar, somos grandes compradores de cacau, de café. E assim também no mundo inteiro, dependendo dos produtos-chave pra aquele país, pra aquele mercado, a Nestlé sempre é uma das grandes compradoras, portanto, desenvolver o produtor rural, transmitir tecnologia, transferir tecnologia, desenvolver tecnologia também pra poder transferir a esse produtor, começando nessa cadeia desde lá do campo, depois passando pelas fábricas, passando pelo nosso colaborador, pelos nossos funcionários, que no Brasil estamos cerca de 22 mil, varia um pouquinho pra cima, pra baixo, mas próximo a 22 mil. E passando das fábricas para os supermercados e pra casa dos consumidores. A Nestlé realmente acredita que só vale à pena fazer negócio quando toda essa cadeia se beneficie. Que se beneficie de alguma maneira. O produtor, por exemplo, por receber tecnologia, por ser bem remunerado pelo seu produto, o colaborador também por ser reconhecido como um elo, um dos elos mais importantes dessa cadeia completa. Olha, até chegar à casa do consumidor, que se beneficia em receber a qualidade do produto, a nutrição que esse produto leva pra sua família. Então realmente é uma maneira muito legal, muito bonita mesmo essa de criação de valor compartilhado. A Nestlé acredita nisso e isso faz parte do DNA da Nestlé. E quando a gente fala de DNA, é muito interessante dizer o seguinte, quando Henri Nestlé criou a Nestlé, o primeiro produto foi a Farinha Láctea, ele criou pensando realmente em ajudar a combater um problema de desnutrição que era frequente. Não vamos dizer “frequente”, mas era existente na Europa nos idos de 1860, 65, quando a Nestlé foi criada. A Nestlé foi criada em 1866. Estamos próximos a comemorar 150 anos de existência. Mas o interessante é que quando o Henri Nestlé criou o seu primeiro produto, ele criou pra ajudar realmente as mães que tinham algum problema pra manter os seus filhos alimentados, nutridos através do aleitamento materno, e isso era uma opção. E a Nestlé sempre acredita que o aleitamento materno é fundamental e é o primeiro produto, a gente não abre mão de pensar assim, mas já existia, inclusive, um mercado legítimo naquela época. E esse produto foi muito importante porque chegou a salvar vidas. Começou salvando vidas e daí foi rapidamente reconhecido. E por ser rapidamente reconhecido, a Nestlé cresceu e onde se tornou a maior empresa de nutrição, de saúde, de bem-estar do mundo.

P/1 – E tem a ver com o Projeto Programa Nutrir.

R – Tudo a ver.

P/1 – Esse valor dela tem a ver com o Programa Nutrir. Em 99, você lembra onde você estava?

R – Eu estava em Porto Ferreira quando o Programa Nutrir foi criado. Eu tava na fábrica de Porto Ferreira. E lembro até do lançamento do Programa Nutrir na fábrica de Porto Ferreira, porque foi um momento que me emocionou muito, me marcou muito. O corporativo, naquele momento, que tinha essa área de comunicação corporativa, que tinha responsabilidade pela Fundação Nestlé Brasil, naquele momento fez um trabalho muito legal com o Chitãozinho e Xororó, que estavam naquele momento no topo da sua carreira, imagino. Eles são famosos até hoje, mas naquele momento realmente eles explodiam em todas as rádios do Brasil. E a Nestlé fez um trabalho muito legal com eles no lançamento e foi muito emocionante, realmente, o depoimento de várias pessoas que participaram do lançamento. E isso fez com que muitas pessoas, que quase todo mundo que teve acesso ao lançamento dentro da Nestlé realmente a se enamorar, se apaixonar pelo programa. A Nestlé sempre teve programas desde que eu entrei na Nestlé, há 30 anos, sempre teve programas de ação social nas cidades onde ela estava presente, nas cidades onde havia as fábricas. Mas em 99, decidiram direcionar todos os recursos ao Programa Nutrir e foi realmente marcante. Eu lembro então, eu trabalhava na unidade da fábrica de Porto Ferreira, interior de São Paulo.

P/1 – E como foi receber isso, as pessoas de lá da fábrica também? Você lembra como foi?

R – Eu lembro bastante, porque foi assim, eu era gerente industrial da unidade e o nosso desafio realmente era chamar as pessoas a participar desse programa, convencer as pessoas de que era realmente uma excelente oportunidade de contribuir, contribuir com o Brasil, contribuir com os mais necessitados, os menos favorecidos economicamente, contribuir com a sociedade brasileira, finalmente. Eu acho, pessoalmente, eu acho que o ser humano tem vontade de contribuir. Eu acredito que o ser humano, de modo geral, tem o bem dentro de si e gostaria de poder fazer o bem, e nem sempre sabe como. Então o Programa Nutrir foi uma excelente opção que a gente estava dando mesmo para as pessoas que queriam contribuir com uma causa muito justa, muito nobre, e principalmente com a certeza de que a contribuição que cada um de nós fizesse seria muito bem aplicada. Como eu te falei, eu tive a chance, a oportunidade e honra, ao mesmo tempo, de ter sido presidente da Fundação Nestlé Brasil e é maravilhoso. Eu acho que o Programa Nutrir realmente tem ajudado a transformar vidas, tem ajudado a transformar pessoas, tem ajudado a formar pessoas ao longo desses 15 anos. E é legal. É legal saber que a gente fez parte, a gente faz parte dessas. Ainda que seja como uma sementinha, mas fez parte dessa história inteira de tanta bondade, eu diria através do Programa Nutrir. E é legal falar que é bondade no sentido de fazer o bem mesmo, de fazer o bem para as pessoas. Não estou falando no sentido de filantropia, não. Eu to falando no sentido de fazer o bem sem nenhum outro interesse. Então eu acho que isso realmente é muito legal. E desde o início então o nosso desafio, como eu te falava, lá na unidade de Porto Ferreira era arrebanhar o maior número de pessoas a participar desse programa. Mas eu lembro que a aceitação foi muito alta. A aceitação realmente foi muito alta e as pessoas aderiram ao programa de maneira muito forte na nossa unidade também, assim como foi em várias outras unidades, em várias outras fábricas da Nestlé Brasil.

P/1 – Você lembra como atuou lá? Você chegou a ser voluntário nesse momento?

R – Claro. Claro. Não só em Porto Ferreira, mas também em Araras, na outra unidade que eu fui logo depois de Porto Ferreira, também era voluntário e a gente participava de folias culinárias, participava de vários eventos junto às instituições que eram escolhidas, que foram escolhidas, e que eram, de certa maneira, beneficiadas pelo programa naquele momento.

P/1 – Folia culinária que vocês faziam. E com qual era o parceiro, você lembra?

R – Sim. A gente sempre buscou instituições que realmente demonstravam necessidade. E além de demonstrar necessidade, eram instituições voltadas à faixa etária que a gente buscava no Nutrir, que são exatamente crianças até 14 anos de idade e que, de certa maneira, eu preciso te falar, que independente da instituição que a gente trabalhava em Araras, ou Porto Ferreira, em várias outras unidades aqui em São Paulo também, essa escolha é muito importante. Essa escolha é muito importante porque nessa idade, quando a gente tá falando dessa idade da infância mesmo, é onde todos os hábitos de vida estão sendo formados. E ao falar de hábitos de vida, quando você fala de nutrição, quando você fala de nutrir realmente, a gente tá falando realmente de desenvolver hábitos de nutrição, desenvolver conhecimentos de nutrição. E não era só folia culinária. A folia culinária é o momento que a gente se reúne com a família das pessoas, das crianças, as mães, todos os nossos voluntários, e aí vamos trabalhar receitas que já foram desenvolvidas por nutricionistas, mostrando como aproveitar melhor o alimento natural que ela tem disponível em casa, mas também e principalmente passando muita educação, realmente, sobre nutrição. O Brasil é um país que enfrenta e vai enfrentar com certeza nos próximos anos o nicho da obesidade. Hoje, quando a gente olha pra população adulta do Brasil, já próximo a 50% das pessoas têm sobrepeso. Esse é um dos grandes problemas da humanidade. Esse é um dos grandes problemas também que o Brasil já está enfrentando e vai enfrentar mais. E é um problema realmente de saúde pública. E toda essa educação, ela tem que começar na infância. Então eu digo que o Programa Nutrir foi muito feliz ao trabalhar com crianças, porque desde 99 está trabalhando com crianças que estavam na faixa até dos 14 anos, porque aí é onde você cria hábitos positivos, hábitos muito saudáveis. É muito triste quando você olha pra realidade brasileira no sentido de quando a gente fala de nutrição, você vê que nós temos os dois extremos: você tem pessoas com obesidade e pessoas muito mal nutridas também, e geralmente as duas estão muito casadas. Geralmente as duas estão muito casadas. Eu não sou nutricionista, mas acho que de maneira geral todos nós já vimos na televisão, já vimos nos jornais, já vimos nas revistas todas as indicações falando de equilíbrio, de uma dieta equilibrada, de uma dieta forte em verduras, legumes e frutas. E esse desequilíbrio pode causar os dois extremos da balança. Quando não, os dois juntos, obesidade aliada, inclusive, a uma má nutrição. E o Nutrir foi criado com esse propósito de combater a desnutrição e a má nutrição na infância. Em crianças, naquele momento, desde aquele primeiro momento em crianças de classes menos favorecidas economicamente, que me parece que foi muito acertado. Foi muito acertado, muito justo, porque muitas vezes são essas classes que têm menos acesso à informação, menos acesso à educação sobre nutrição. E é muito legal, quando você me perguntava sobre ser voluntário. É muito legal nessas folias culinárias, porque a gente está participando junto com os nutricionistas, junto com os pais, as mães das crianças, e a gente acaba aprendendo muito também. A gente acaba aprendendo muito também no sentido de que as pessoas que estão falando, estão transmitindo conhecimento, são pessoas que realmente sabem e pessoas que têm muita bagagem pra transmitir. A Nestlé sempre primou por isso. Desde o início do Nutrir, a gente trabalhou com parceiros que realmente têm muita facilidade de transmissão de conhecimento, além do que, têm muito conhecimento pra ser transmitido.

P/1 – Lá em Porto Ferreira ou Araras, você se lembra de algum caso marcante logo no começo do programa, que você viu alguma transformação?

R – Em Porto Ferreira, a gente trabalhava com uma comunidade muito carente. Em Araras, a gente trabalhava já com instituições um pouco mais existentes há muito tempo, as irmãs de caridade que tinham as crianças, que elas cuidam lá até hoje. Eu acho que tem vários casos marcantes, mas pessoalmente, um ponto que me toca, que me faz lembrar muito de uma situação que nós vivemos, ao estarmos em Araras, nós tínhamos uma criança que nós trabalhávamos junto com ela no Centro de Distribuição de Cordeirópolis. E essa criança foi ajudada, ela foi beneficiada pelo Nutrir, cresceu se formou, hoje trabalha na Nestlé e ela é uma das maiores defensoras, obviamente, do Nutrir, é voluntária. E é uma história muito legal, muito bonita, porque a gente, como eu dizia no início, o Nutrir existe e desde o início da sua existência, desde 15 anos, vem ajudando a transformar vidas. Então esse é um bom exemplo. Esse é um bom exemplo de uma colaboradora nossa, que hoje tá no CD de Cordeirópolis, trabalha precisamente no setor de recursos humanos em Cordeirópolis e que foi uma das beneficiadas do Programa Nutrir. Acho que essa é uma história que todas as pessoas sentem prazer em poder falar que fazem parte desse rol de histórias do Nutrir. Existem várias, mas essa, particularmente, eu acho que chama muita atenção.

P/1 – Quando você vira presidente da fundação? Em que momento é isso?

R – Isso foi no ano de 2007. 2007 até 2013, eu fui presidente da Fundação Nestlé Brasil. E aí nós trabalhamos tanto o Programa Nutrir, como o Programa Cuidar e o Programa Saber também. Esses três programas estão ligados exatamente aos conceitos que a Nestlé tem de Criação de Valor Compartilhado. Como eu te falava o nosso conceito de criação de valor compartilhado, ele tem três pilares e são precisamente a água, o desenvolvimento rural e a nutrição. São negócios que estão ligados diretamente ao negócio da Nestlé. Criação de Valor Compartilhado não é filantropia, é um negócio, negócio que realmente toda a cadeia deveria se beneficiar. Quando eu falo de negócio, por exemplo, desenvolvimento rural, a Nestlé precisa desenvolver o meio rural, precisa transferir tecnologia ao meio rural. Então a gente trabalha e estuda muito isso também pra poder levar ao produtor rural. Água, água é o problema, digamos assim, é o nicho mais urgente que o planeta tem. A água, se ela não for bem cuidada, nós vamos ter realmente um problema de falta de água no planeta antes da falta de petróleo, que era tão temida. Eu lembro quando eu era criança, quando falavam que o petróleo ia acabar um dia, a gente ficava imaginando: “Poxa, como eu vou fazer pra me movimentar daqui até o centro?”. As tecnologias já foram estudadas, foram desenvolvidas, mas a água não é assim. A água não é assim e é um recurso findável e a gente precisa trabalhar muito. A agricultura, outra vez a agricultura, usa muita água. Então de uma maneira muito responsável, água e desenvolvimento rural são dois pilares desse processo de criação de valor compartilhado. E o outro é exatamente nutrição, que é o negócio da Nestlé, levar nutrição a todos os consumidores, presentes em todo mundo.

P/1 – Teu ponto de vista mudou antes de ser presidente da fundação, que você tinha que estar mais próximo, você cuidava já do Nutrir, de antes de cuidar do Nutrir e agora cuidando da Nutrir?

R – Eu acho que são ângulos bem diferentes, porque quando você está trabalhando como voluntário ou arrebanhando pessoas pra essa causa, você tem muito mais esse contato humano e você pode desfrutar de uma maneira diferente. Quando você tá no corporativo, a responsabilidade é bem diferente, porque a gente tem a responsabilidade de estimular esses “arrebanhadores” de pessoas. Então realmente são motivações bastante diferentes. Mas eu digo que os dois propósitos são muito bem entendidos na Nestlé, tanto as pessoas que trabalham na fundação, como as pessoas que estão no centro de distribuição, nas fábricas, aqui mesmo na sede, que são os nossos voluntários, os coordenadores, são pessoas que entendem o propósito daquela sua participação, são propósitos diferentes, mas o fim é o mesmo. Então o ângulo, realmente, a maneira de olhar é diferente, mas a finalidade é a mesma e é muito bom participar, independente de qual posição você tá ocupando, qual a sua função nesse processo completo.

P/1 – Você conseguia ser voluntário? Tinha um tempinho na presidência?

R – Ah, a gente se arruma. A gente se ajeita. Eu sempre digo que tempo é questão de preferência. Então se a gente ficar só reclamando que não tem tempo, ninguém acha que tem tempo realmente. Todos os colegas, todos os familiares que a gente conversa acha que gostariam que o dia tivesse 26 horas. Mas, de fato, eu acho mesmo, eu to convencido que tempo é uma questão de preferência. Se você realmente sabe que existe essa limitação, tem que priorizar. Tem que priorizar e dar foco nessa prioridade. Priorizar é difícil, não é fácil, não. Falando é muito mais fácil do que realmente vivendo no dia a dia. Porque toda vez que você escolhe algo, você tá renunciando a outras coisas. E é mais difícil renunciar do que escolher, porque quando você renuncia você abre mão de coisas que também te dariam prazer, também você gostaria de fazer. Mas ao saber que existe esse recurso que é limitado, que é o tempo, tem que priorizar mesmo, tem que buscar a maneira realmente que você possa agregar mais valor pra pessoas, pra sua vida, que te dê mais vontade, que te dê mais prazer. E eu acho que ajudar os outros, ajudar as outras pessoas é algo que traz muito sentido. Traz um sentido interno pra grande maioria das pessoas. E é esse sentido interno que move as pessoas a participarem e, portanto, há encontrarem esse tempo.

P/1 – Eu queria entender só como você saiu dessa prática de fábrica, e foi pra área social da empresa. Você consegue dar uma resumida?

R – Assim, área social, eu diria o seguinte, recursos humanos é uma área que faz parte da estratégia da companhia, que faz parte do crescimento da companhia. Quando a gente fala de pessoas, dentro da qualquer empresa, se você realmente não formar pessoas e não desenvolver as pessoas, não recrutar boas pessoas pra garantir o futuro da companhia, os negócios não existirão sem essas pessoas. Então assim, eu tenho um lado social, realmente, que você falou que é o lado de estar com seres humanos, de trabalhar com seres humanos, mas isso tá diretamente ligado aos negócios, aos produtos, às marcas, não tem outra maneira, não é dissociável. Eu acho que a experiência de ter trabalhado em operações, de ter trabalhado em áreas diferentes da companhia, ter vivido a Nestlé no campo, no dia-a-dia, isso ajudou bastante, ajudou bastante a trazer uma visão do outro lado, não só da necessidade da pessoa, mas da necessidade que os negócios têm dessas pessoas. Então poder casar as duas necessidades, do negócio e das pessoas, é muito legal, é algo que realmente dá muito prazer. Muito interessante.

P/1 – É porque também você foi o presidente da fundação, que daí mexia mais com projeto social também, né?

R – Aí sim.

P/1 – Como foi isso na sua vida assim? Por que apareceu a fundação na sua vida?

R – Porque eu tinha responsabilidade também completa por comunicação corporativa. E dentro de comunicação corporativa, na estrutura de comunicação corporativa da Nestlé estão todos os programas de criação de valor compartilhado. E todos os programas no Brasil são geridos pela Fundação Nestlé Brasil. Então, de fato, foi algo assim que me trouxe a oportunidade outra vez de me dedicar de maneira diferente, como eu te falava, sob outro ângulo, mas me dedicar a essa parte social também de modo muito legal. Então recursos humanos, por um lado, que a gente tá falando de pessoas, tá falando de pessoas para o negócio mesmo, e realmente comunicação corporativa, fundação, com essa visão um pouco mais social, realmente foram oportunidades muito grandes que eu digo assim, que a vida me deu. É muito legal. Realmente foram momentos muito interessantes.

P/1 – Conta alguns marcos desse momento da presidência da fundação, que teve o Programa Nutrir. Teve a expansão do programa, foi um modelo pra fora. Tem algum outro marco que você considere importante nesse momento?

R – Eu acho que, outra vez, Monique, existem várias. Mas pra citar um, eu diria que a Nestlé Brasil, através da fundação, nós fizemos um projeto que acho que esse pra vida inteira eu vou me recordar dele. É um projeto que foi no interior da Bahia, no município de Pintadas, no distrito de Coração de Jesus, bem no semiárido baiano e realmente é uma região que sofre muito com a seca, é uma região onde a presença de chuva dura três a quatro meses por ano e depois é seca, seca, bastante seca mesmo. Nós temos aí nessa região também capitação de leite. Então levar um pouco mais de tecnologia, levar um pouco mais de possibilidade do nosso produtor de leite se desenvolver e produzir mais leite sempre foi um desafio pra nós. E esse projeto que eu to falando que marcou muito, de modo muito pessoal, de modo realmente inesquecível dentro da fundação, foi um projeto que nós levamos a possibilidade de essas pessoas acumularem a água durante o ano, com construção mesmo de cisternas e de cacimbas também para o gado poder tomar água e poder se alimentar durante o ano. Lá na região de Pintadas, como eu te falava, a chuva é muito escassa, e quando ela vem, vem muito forte. Então um projeto muito simples. Quando eu falo de tecnologia, não é nada de outro mundo. Um projeto muito simples de captação da água da chuva que cai sobre os telhados das casas através de canaletas e armazenamento em cisternas, que permitiriam essas pessoas usarem a água durante o ano inteiro. E quando nós fomos entregar as primeiras cisternas lá, realmente assim, algo muito diferente, algo assim que o depoimento dos próprios proprietários das terras que foram beneficiados pela construção das cisternas e das cacimbas, de um modo assim muito interessante eles diziam: “Olha, faz tanto tempo que a gente espera que alguém olhe por nós, e a Nestlé veio olhar por nós aqui”. Então isso aí é algo que não tem preço. E me lembro de um depoimento de um senhor que é produtor de leite também, que ele dizia: “Pra nós, o milagre caiu direto do céu, não teve nem intermediários. Ele já chegou aqui na nossa terra”. E realmente, de fato, pra eles que vivem nessa situação de escassez de água, realmente é um milagre a possibilidade de ter água acumulada o ano inteiro. Quando eu falava que a água é um bem assim que realmente a gente precisa acordar para o cuidado com ela, de fato a gente que tá nas cidades grandes e não tem dificuldade, abre a torneira e tem água o ano inteiro, não dá esse valor. E quando a gente tá muito próximo a essa situação onde as pessoas têm que buscar água vários quilômetros de distância pra cuidar da sua família, pra cuidar do seu gado, e de repente ele tem a possibilidade de ter no seu quintal, na sua terra ali, uma cisterna que vai lhe render a possibilidade de ter água o ano inteiro, faz toda a diferença. Outra vez foi o Programa Nutrir modificando vidas. E nesse programa, quando eu te falo que ele realmente me marcou muito positivamente, é porque nesse programa a gente conseguiu trabalhar com água, desenvolvimento rural, nutrição, os três pilares ao mesmo tempo.

P/1 – Os três juntos.

R – Ao mesmo tempo. A gente recebeu até um reconhecimento do nosso gerenciamento da Zona Américas da Nestlé como sendo talvez o único programa no mundo que tinha, tomara que já existam outros, porque a gente vê o que os colegas estão fazendo, copia, melhora um pouco. Tomara que já estejam fazendo algo parecido também, ou algo até melhorado em várias outras regiões do mundo. Mas foi muito gratificante poder trabalhar os três pilares nesse projeto e ver na cara das pessoas, no sorriso das pessoas, a diferença que faz uma empresa que encara a responsabilidade social corporativa de um modo diferente, um modo realmente como criação de valor compartilhado.

P/1 – João, a gente tem mais um tempinho, eu vou fazer mais três perguntas mais reflexivas pra irmos finalizando, e a primeira vai nesse sentido que você tá falando. Onde tá a inovação do Nutrir dentro da Nestlé? Onde você acha que inovou?

R – Inovou no sentido de...

P/1 – De conceito mesmo. Eu acho que você acabou de falar, foram os três pilares juntos, né? Onde o Programa Nutrir conseguiu inovar dentro do mercado brasileiro, vamos dizer assim?

R – Eu acho que o Programa Nutrir, ele já é inovador desde a sua criação, da sua concepção, em 99, porque ele, diferente de outros projetos que a gente mesmo tinha que nós ajudávamos creches, comprando mobiliário. A Nestlé sempre fez isso nas unidades, nas cidades onde tava presente. O Programa Nutrir, ele é inovador no sentido de que tem um foco muito interessante em nutrição. E ele foi muito inovador, porque quando ele foi criado, em 99, nem se falava no Brasil do problema de obesidade que a gente falou algum tempo atrás. Então essa visão realmente de que a nutrição correta seria cada vez mais importante para o ser humano, ela pra mim é uma inovação grande. E hoje o programa expandiu nesses 15 anos, ele tá presente em prefeituras, em escolas municipais. Na Paraíba, por exemplo, nós tivemos um apoio muito grande da Universidade Federal da Paraíba, que trabalhou com a gente durante um tempo. E nós cobrimos vários municípios do nordeste. Então ele é inovador no sentido das parcerias, inovador no sentido de realmente buscar levar esse conhecimento a um público amplo, levar conhecimento às famílias, levar conhecimento às mães e principalmente levar esse conhecimento às crianças também. Isso foi feito de diferentes maneiras. Na fábrica de Caçapava, por exemplo, com uma creche criou-se uma horta onde as crianças cuidam, as crianças entendem, as crianças cuidam dessa horta. E é muito legal porque, eles fazem um intercâmbio, por exemplo, de alface. Tem muita alface, muita couve, muita verdura lá, mas não tem carne. Então eles fazem realmente um intercâmbio com mercados da cidade e esse intercâmbio permite que a creche se alimente do próprio trabalho dessa moçada. Então ele é inovador em vários sentidos. Mas eu acho que a grande sacada do Nutrir, a grande visão inovadora realmente de antecipação foi exatamente no sentido de pensar que a nutrição cada vez seria mais importante como a nutrição correta, a nutrição equilibrada, cada vez mais importante na nossa vida.

P/1 – E o futuro da Nutrir, você lança algum desafio pra esse futuro dele?

R – O futuro tá em boas mãos. O futuro, realmente nós temos gente muito dedicada ao Nutrir, tanto nas unidades, como na nossa Fundação Nestlé Brasil. Então eu digo assim, a gente tá sempre repensando o Nutrir. Nesses 15 anos, muita coisa aconteceu, muitos projetos interessantes, eu acabei de citar um, mas tem vários outros: Casa do Zezinho, projetos criados em comunidades muito carentes, por exemplo, em Recife, teríamos vários que a gente poderia contar, mas o mais interessante, as pessoas que trabalham com o Nutrir estão sempre se desafiando. E por isso que eu falo o futuro realmente tá em boas mãos, tá em mãos de pessoas que querem inovar, querem criar e fazer algo muito diferente. O fim de ano de 2013, por exemplo, todo o trabalho que foi feito em comunidades aqui no estado de São Paulo, na cidade de São Paulo, em comunidades carentes na zona leste, realmente outra vez foi mais uma prova da inovação que o Nutrir é capaz de fazer.

P/1 – E qual a importância desses 15 anos do programa para o Brasil?

R – Em 15 anos, o Nutrir tocou muita gente. Nós rapidamente, se Deus quiser, vamos atingir a marca de dois milhões de crianças já atingidas pelo Nutrir, isso com o trabalho de todos os voluntários, com o trabalho do nosso pessoal aqui da fundação. Mas tocou a vida de muita gente e, principalmente, levou conhecimento pra muitas pessoas. Levou conhecimento que ajudou a transformar vidas. Então acho que 15 anos, tomara esses 15 vão ser muito poucos em comparação ao que o Nutrir ainda vai ser capaz de entregar, ser capaz de fazer, mas são 15 anos que já fizeram a diferença na vida de muita gente. Nós estamos falando aqui de algo próximo a dois milhões de crianças, isso não é pouco. Isso não é pouco. E, de fato, assim, o país nosso é muito grande e nós temos diversos problemas, são problemas que todo mundo sabe, e não dá pra gente abraçar todos os problemas também de uma só vez. Quando eu te falo que a grande sacada do Nutrir foi se focar em nutrição realmente e pensar que a nutrição correta, a nutrição equilibrada é muito importante, imagina que dois milhões de crianças o que não é pouco. Porque são multiplicadores. Quando você tem realmente as folias culinárias, por exemplo, onde têm mães, pais, parentes, avós, tios, que participam junto com a gente, você imagina o poder de multiplicação que isso tem. A metodologia, ela é muito simples, muito fácil de ser compreendida. São sementinhas plantadas nas pessoas e que muito facilmente podem ser multiplicadas. Então eu não tenho dúvidas de falar: em 15 anos, o Nutrir realmente nesse tempo fez a diferença na vida de muita gente.

P/1 – É uma pena a gente estarmos finalizando, teve pouco tempo, eu acho que você mais um monte de coisa pra contar. Mas como a gente tá tratando de um projeto de memória, que vai ficar registrado isso pra história aqui na Nestlé, tem mais alguma coisa que você gostaria de contar, que eu não perguntei, mas que você veio pensando nisso talvez?

R – Sabe Monique, na verdade eu gostaria de aproveitar esse momento mais do que pra contar. Eu acho que esse programa vai ser depois visto por muitas pessoas, e mais do que contar alguma história a mais, eu acho que esse é um momento pra gente convidar as pessoas a participarem. A todos os colaboradores que ainda por uma razão ou por outra, tempo, o que for não participam ainda, que sejam muito bem-vindos e que se unam a essa causa, porque fazer a diferença na vida das pessoas faz a diferença na nossa própria vida.

P/1 – Você ainda é um chamador de voluntários?

R – Sem dúvida. Eu acho que vou ser até a morte. Eu acho que é algo que faz falta no nosso planeta. As pessoas, nós todos nascemos em famílias diferentes, eu nasci numa família muito simples, muito humilde, e graças a Deus tivemos pessoas que nos ajudaram em diversos momentos. E acho que isso é muito importante mesmo, dentro da nossa convivência no planeta, que existam pessoas que queiram ajudar os outros, ajudar de diversas maneiras. Ajudar de diversas maneiras. O Papa Francisco, e aqui eu não estou fazendo apologia a nenhuma religião, eu mesmo não sou católico, mas o Papa Francisco tem uma frase que circula nas redes sociais, que acho que é fantástica. Ele disse que “pelo menos sorria uma vez por dia pra alguma pessoa que você encontre na rua, porque pode ser esse sorriso, talvez, o único presente que ele receba”, algo assim, mais ou menos. Eu acho muito bonito, porque, de fato, o que demonstra é que a gente sempre tem como ajudar. A gente sempre tem como dividir o que a gente tem com o planeta, com as pessoas que habitamos esse planeta. Então tomara que até a morte eu seja realmente um buscador de outras pessoas que queiram contribuir com o Nutrir e com qualquer outro programa social que tenha a envergadura que o Nutrir tem.

P/1 – João, muito obrigada.

R – Legal. Obrigado.

P/1 – Em nome do Museu da Pessoa, da Nestlé. Parabéns pela sua história. Muito obrigada por aceitar.

R – Imagina. Obrigado. Foi um prazer realmente poder estar com vocês esses poucos momentos aqui. De fato, essa é uma história muito legal, uma história muito bonita, daria pra gente falar muito tempo. É algo que realmente eu tenho muito prazer em falar, mas o tempo é limitador mesmo. Mas obrigado. Obrigado. Foi um prazer estar aqui.

P/1 – Obrigada.

R – Valeu.