Nestes últimos dias andei remexendo minha memória e futucando em lembranças que podem ser bem doces dependendo de como são vistas. E é assim que me lembro de tia Rosa, uma mulata generosa no sorriso e na formas, que sempre que eu via estava gargalhando como se a vida fosse uma grande farra. A...Continuar leitura
Nestes últimos dias andei remexendo minha memória e futucando em lembranças que podem ser bem doces dependendo de como são vistas.
E é assim que me lembro de tia Rosa, uma mulata generosa no sorriso e na formas, que sempre que eu via estava gargalhando como se a vida fosse uma grande farra.
A minha mente de criança não conseguia entender porque sempre se falava dela a boca miúda e seus
imensos e inúmeros desaparecimentos. Também não entendia o enfurecimento de minha mãe com a sua presença e o porquê de meu avô se afastar se esquivando de conversas mais intensas com a Tia Rosa.
O que me deixa encantada em Tia Rosa era a importância que a mesma me dava: para se ter ideia, até o nome do seu filho mais velho foi escolhido por mim, no auge dos meus 07 anos de idade, toda orgulhosa disse a ela “ O nome dele é Paulo José!” e assim foi. Outro também que nunca mais vi é o Paulo. Pois bem, minha tia, no meu aniversário de seis anos, me deu de presente um boneco, o Pluto; uma réplica do personagem homônimo . Os meios em que ela trouxe o dito para mim não vem ao caso, mas minha mãe suspeita até hoje da procedência do famigerado. Toda vez que tinha oportunidade, minha tia fazia uma pergunta muito da matusquela:
- Telinha, quem é a mãe do pluto?
- Ora tia…
Eu me botava a pensar e fazia as ligações que uma criança da minha idade faria: A mãe do gato é a gata,a do rato a rata… Então respondia
- O Pluto é filho da Pluta….
Então ela ria gostosamente da minha ingenuidade ou do trocadilho infeliz, não sei. Só sei que eu ficava esperando ela me perguntar só pra vê-la sorrir novamente. Eu cresci, o Pluto continua do jeitinho que ele é, porém minha tia eu não vi mais. Gostaria de dizer a ela que o Pluto tem mais irmãos que ela imagina…Que hoje entendo muitas coisas e que agradeço por, mesmo sem querer, dar atenção a alguém que se julgava pequenina e invisível. Tia, também quero ter o riso aberto como escudo como jeito de enfrentar as adversidades.Recolher