Nossa história começa, há 73 anos atrás quando nasce na região de Apiaí, na zona rural, o pequeno Samuel. Filho de uma família numerosa e humilde cresceu e foi educado de maneira muito rígida. Seus pais eram muito bravos e quando ele e seus irmãos aprontavam, sabiam pelo olhar de seus pais ...Continuar leitura
Nossa história começa, há 73 anos atrás quando nasce na região de Apiaí, na zona rural, o pequeno Samuel. Filho de uma família numerosa e humilde cresceu e foi educado de maneira muito rígida. Seus pais eram muito bravos e quando ele e seus irmãos aprontavam, sabiam pelo olhar de seus pais se iriam apanhar ou não. E quando isso acontecia, o castigo normalmente vinha com um rabo de tatu (chicote), que doía muito e às vezes machucava. Esse chicote ficava sempre dependurado atrás da porta e muitas vezes mal entravam em casa e já sentiam as pernas arderem, mas naquela época isso era considerado normal, pois a maioria dos pais não conversava com os filhos como hoje. Apesar de apanhar quase sempre, teve uma infância feliz. Ajudava os pais na roça e quando sobrava tempo brincava com seus irmãos. Naquela época não existia muitos brinquedos como hoje, por isso sempre inventavam as brincadeiras, como subir em árvores, construir carrinhos com madeira, enfim não deixavam de brincar usando a criatividade. Seu Samuel lembra-se de um brinquedo que teve e era o seu favorito, é claro porque não tinham outros, e era um pião. Então por isso quando pensa em sua infância vem logo em sua mente a época em que era craque em soltar pião. Em sua fase escolar, também lembra que ao mesmo tempo era divertido e ruim, pois apesar de ter estudado até a 2ª série, em uma escola onde hoje é a Câmara Municipal de Vereadores de nossa cidade, os professores e a diretora eram muito severos e castigavam seus alunos sempre que eles achassem que era necessária, sua matéria favorita era matemática. Contou-nos um fato que marcou muito sua vida escolar, que foi quando ele e seus colegas resolveram matar aula, fugindo da escola pelo muro, e para surpresa de todos justo na hora em que pulavam o muro a diretora estava chegando à escola e foram pegos na “cena do crime”. Foi um desespero, foram levados à diretoria, ouviram um sermão daqueles e foram castigados, levando reguadas nas mãos. E não era uma régua qualquer, era de madeira e grossa, o que deixou suas mãos inchadas e vermelha. Isso ele nunca vai esquecer Nos contou também que além de serem castigados com reguadas, às vezes ficavam ajoelhados em milho, ou levavam puxões de orelha, principalmente de uma professora que era muito brava, mas é melhor não citar seu nome. Vai que alguém é parente, não é mesmo? Melhor guardarmos segredo desse nome e ainda bem que hoje as escolas são diferentes. O tempo passou seu Samuel cresceu, trabalhou em muitos lugares e em diversos serviços. Seu doce preferido é a rapadura, e seu melhor amigo é Jesus Cristo. Casou-se, teve onze filhos e hoje tem muitos netos e já é bisavô. Com o tempo recebeu o apelido de Samuca e gosta de ser chamado assim pelos amigos. Depois de trabalhar em várias coisas, resolveu mudar de profissão e decidiu ser vendedor. Lembra-se que decidiu ir vender pipoca com seu carrinho em uma festa tradicional da região, porque precisava melhorar sua renda, pois sua família era grande. Gostou muito desse trabalho, porque ao mesmo tempo em que trabalhava, podia conversar com as pessoas e conhecia outras diferentes. Desde então, em toda festa que acontecia na cidade e redondezas, ele estava lá, com seu carrinho e disposição. Por tratar bem seus clientes e gostar de crianças, seu negócio expandiu e passou a vender churros também, que fez bastante sucesso nas festas. Com essa atividade diversificada para a região (churros) conseguiu mais clientes ainda e contratou um ajudante para as festas mais movimentadas. Nos disse que o segredo de seu trabalho é ser educado, sorridente e tratar todos os clientes com educação. Hoje seu Samuel dedica-se a uma barraca fixa, em um bairro da cidade, porque há um ano, precisou fazer uma cirurgia no coração e não tem a mesma agilidade de antes. Mas quando acontece uma festa de aniversário e ele é contratado, ele vai com muita satisfação, pois gosta muito desses ambientes festivos. Seu Samuel, ou samuca, porque já o conhecemos bem, é uma pessoa simples e sonha apenas ter bastante saúde para continuar trabalhando e um dia conseguir um sítio para passar algum tempo descansando e relembrando a época, de sua infância, quando corria, andava a cavalo, soltava pião, brincava e brigava com os irmãos. Enfim época de uma vida simples, mas com muita felicidade.
Depoente – Samuel CamargoRecolher