IDENTIFICAÇÃO Meu nome completo é Hélio Fernando de Paula. Eu nasci em Descalvado, no estado de São Paulo, em 16 de dezembro de 1952. INGRESSO NA PETROBRAS Eu estava fazendo o quarto ano de Engenharia Química, na Escola de Engenharia Mauá, em São Paulo, quando surgiu a oportunid...Continuar leitura
IDENTIFICAÇÃO Meu nome completo é Hélio Fernando de Paula. Eu nasci em Descalvado, no estado de São Paulo, em 16 de dezembro de 1952.
INGRESSO NA PETROBRAS Eu estava fazendo o quarto ano de Engenharia Química, na Escola de Engenharia Mauá, em São Paulo, quando surgiu a oportunidade. A Petrobras visitou a escola, fazendo a divulgação de um concurso, um primeiro curso para formandos. Entraríamos fazendo curso da Petrobras simultaneamente com o quinto ano na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A minha turma foi a primeira turma que fez essa modalidade. Entramos como estagiários na Petrobras no quinto ano de engenharia. E fizemos os dois cursos, a complementação do curso de Engenharia Química conjuntamente com o curso de Especialização em Processamento de Petróleo.
IMAGENS DA PETROBRAS Era uma oportunidade de emprego. Era uma empresa reconhecida, uma ótima empresa. Você está completando a faculdade, já começa a pensar num emprego. E a gente sabia que era uma empresa que realmente daria muitas oportunidades, conforme aconteceu. Todos engenheiros fazem algum curso de especialização. Tem engenheiro de processamento de petróleo, engenheiro de equipamentos, analista sistemas, em todas essas áreas tem um curso prévio de especialização. E era um curso completo e complexo. A cada três meses tinha os exames e se você não tivesse a suficiência mínima, era cortado do curso. Seria muito complicado continuar morar no Rio e completar o quinto ano sem a bolsa da Petrobras. Estudávamos dia e noite para não ter este risco. Nós morávamos em quatro pessoas na Ilha do Governador, os quatro fazendo o curso da Petrobras.
RELAÇÕES DE TRABALHO Fui admitido como empregado da Petrobras no dia 19 de fevereiro de 1976. Vim trabalhar na unidade da Replan. Chegamos em dois engenheiros. O chefe interino de divisão de operação, falou: “Hélio, você vai para o craqueamento catalítico. Silvestre você vai para a área de transferência e estocagem.”
Como a unidade de craqueamento catalítico estava em parada programada, ele determinou que eu me apresentasse e procurasse o operador Vicente Roberto para ele me mostrar a unidade. O Vicente me levou para conhecer o conversor do FCC. Um equipamento extremamente complexo, enorme, esquisito. E ele me colocou lá dentro e me engatinhar dentro deste equipamento, que é cheio de equipamentos internos.
PROCEDIMENTOS DE TRABALHO A parada programada acontece porque essas unidades de processo são extremamente complexas. A cada três anos, você faz uma parada programada para fazer a manutenção dos equipamentos. Normalmente pára 30, 40 dias. Entrei numa parada desse tipo. Foi até bom, porque já comecei a conhecer os equipamentos por dentro desde o primeiro momento. Eu passei 18 anos no craqueamento catalítico. Eu ainda guardo no coração esta área de processo, que é um processo complexo. Craqueamento catalítico vem do verbo em inglês crack, que significa quebrar. Você pega moléculas do petróleo de baixo valor comercial, moléculas grandes, e quebra estas moléculas em moléculas menores, que são mais valiosas. É um processo que utiliza muito de temperatura e catalisador, que é um produto que ativa as reações. Você transforma principalmente em gasolina e o chamado gás de cozinha, que nós chamamos de gás liqüefeito de petróleo, o GLP.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Os momentos marcantes e gratificantes foram aqueles que marcaram a evolução da minha carreira. Por exemplo, em 1985, com a aposentadoria do chefe do setor de operações de craqueamento catalítico, fui guindado a chefe de setor desse craqueamento.
A gente chamava, na época, pela sigla de Secra. Depois em setembro de 1991 fui guindado a chefe de divisão, na época a gente chamava de planta de craqueamento. E depois fui passando para outros níveis gerenciais. Tive diversas atividades, atribuições e responsabilidades na refinaria.
CULTURA PETROBRAS Vou contar um caso interessante com o operador Vicente Roberto Gelasque. O Vicente, já faleceu, infelizmente Todo mundo que é mais antigo na refinaria conheceu o Vicentão. Era meio grandão, bigodudo. Talvez as histórias mais engraçadas da refinaria se relacionem com o Vicente.
No início da década de 80, eu estava interinamente chefiando o setor. E o Vicente era operador-chefe de grupo. E estava sempre reclamando comigo que a cadeira estava muito estragada, estava puída. Até que eu falei: “Está bom, Vicentão: vai no prédio administrativo e pega uma cadeira boa para você.” Na segunda-feira, entrou o superintendente-geral dizendo: “Sumiu a minha cadeira” E eu falei: “Filho de uma mãe” Fui correndo para a área e lá estava o Vicentão, sentado naquela poltrona imensa. E falei: “Mas Vicente, você pegou a cadeira do superintendente” “Mas você não falou para eu ir e pegar a melhor cadeira que tinha, peguei a do superintendente.” Eu fiquei pensando o que ia fazer. Tudo bem, acho que o melhor é ficar quieto. O superintendente vai muito pouco na área mesmo, nunca vai descobrir o que aconteceu. O bicho não era mole não Acho que dá para escrever um livro em relação ao Vicente. Ele é de uma era mais romântica da Petrobras. Ele iniciou em Cubatão, acho que em 1956, aposentou-se em 1986. Era uma pessoa que gostava da vida, bem-humorado. E eu queria até aproveitar esta oportunidade e reverenciar o Vicentão.
MEMÓRIA PETROBRAS Este projeto de resgatar a história da Petrobras através de seus trabalhadores eu acho que é um momento de resgate. Passa um filme da sua vida na sua cabeça. Você fica com vontade de contar quase toda a sua história.Recolher