IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Valdemar Panunto. Eu nasci em 5 de novembro de1953, aqui na cidade de Paulínia. IMAGENS DA PETROBRAS A Petrobras começou a ser construída aqui em meados de 1969. Eu morava próximo, ali onde hoje está instalado o Clube dos Empregados, o CEP. Na época eu...Continuar leitura
IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Valdemar Panunto. Eu nasci em 5 de novembro de1953, aqui na cidade de Paulínia.
IMAGENS DA PETROBRAS A Petrobras começou a ser construída aqui em meados de 1969. Eu morava próximo, ali onde hoje está instalado o Clube dos Empregados, o CEP. Na época eu tinha 15 anos de idade, e senti até um pouco de ciúmes da região, porque quando a Petrobras começou a ser instalada, a gente foi proibido de entrar na área e eu era acostumado a caçar passarinho, pescar na lagoa de Pedro Guerra. E encheram de cerca e vigilantes armados. A gente nunca tinha visto um movimento daquele. A gente não conseguia mais entrar em lugar nenhum aqui.
TRABALHO E eu fiquei perambulando pelas periferias, trabalhando na agricultura com meu pai, e não queria saber de Petrobras de jeito nenhum. Mas à medida que foram passando os anos, as coisas foram ficando mais difíceis para a gente da região e uma das opções seria trabalhar na indústria. Eu tentei várias vezes entrar em outros lugares, mas como trabalhava na agricultura, apesar de já ter cursado o ginásio, feito um ano de contabilidade, todo mundo exigia experiência, você não tinha carteira assinada e acabava ficando difícil. Eu tinha uma certa raiva, o culpado de tudo isso que estava acontecendo aqui era a Petrobras.
INGRESSO NA PETROBRAS Mas daí começou a sair concurso. Prestava concurso para operador, tentava outra coisa e não passava e por fim, acabei fazendo esse concurso para auxiliar de serviços gerais. Fui muito bem na prova. Eu estava trabalhando numa empresa distribuidora. Falta de experiência, a gente não sabe como funcionavam as coisas. Fui pedir a demissão, falei: “Vou ser chamado daqui uns dias.” Não era bem assim. Fiquei um ano e meio no cadastro de reserva.
Dia 9 de janeiro, comecei a trabalhar de auxiliar de serviços gerais na área de almoxarifado. E apesar do salário ser pouco, a gente tinha uma assistência médica boa. E refeição, nunca tinha comido tão bem na minha vida.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Dois meses depois que eu estava trabalhando, saiu um concurso para auxiliar e eu passei nesse concurso. Um ano depois passei para auxiliar de suprimento, dois anos depois saiu uma oportunidade de transferência para a bacia de Campos. Eu peguei e embarquei nessa, achei que bacia de Campos seria melhor e realmente foi. Estava aprendendo muita coisa lá, mas na época eu era recém-casado e a minha esposa não se dava com maresia, um pouco de falta de família, estava grávida da primeira filha. Então, eu achei por bem trabalhar embarcado. Trouxe-a para o Rio e ficamos morando com o meu sogro uns tempos. Trabalhei lá um ano e quatro meses embarcado na plataforma de Namorado I. Em 1983 fui transferido de volta para a Replan. Em 1996 passei para assistente técnico de suprimento, cargo em que eu estou até hoje. Eu trabalho na coordenação de recebimento, conferência, estocagem e atendimento aos clientes.
AVALIAÇÃO Trabalhar na Petrobras, para mim, que venho de família pobre, foi uma grande alavanca da minha vida. Tudo o que tenho, eu construí graças ao emprego que tenho na Petrobras. Consegui um bom relacionamento com os colegas como um todo.
Construí minha família, estudei minhas filhas, hoje já quase que não dependem mais de mim. A Petrobras oferece oportunidades, e a gente tem que lutar muito para alcançar essas oportunidades. Quem trabalha aqui tem que procurar o que realmente quer fazer e entender bem. Me dediquei bastante, sempre tentei fazer cada vez melhor.
CULTURA PETROBRAS Os fatos que marcaram para o lado negativo, foram os acidentes que aconteceram na Reduc e no Paraná, e em São Paulo. E também o afundamento da P-36; eu estava de férias, fiquei muito triste. Eu queria estar lá para ajudar a levantar de volta. Das coisas boas foram muitas. Uma foi a minha carreira, que eu não esperava assim, dentro do setor que eu trabalhava, cheguei praticamente no topo. Uma coisa que me marcou bastante foi quando nós ganhamos aquele prêmio de qualidade. Que foi dado nos Estados Unidos. Nós fomos premiados em tecnologia de águas profundas duas vezes.
PROCEDIMENTOS DE TRABALHO Quando fui para a bacia de Campos, fui trabalhar em área de compras e depois quando cheguei na plataforma, trabalhava na área de logística. Lá aprendi muito coisa com os colegas, porque tem a solidariedade em termos de trabalho. A gente descia muito em rebocador, naquela cestinha para ver material, subia e engatava carga. O que assustava é quando fazia teste num poço, porque o barulho era muito intenso. Na época de vendaval, a gente passava muito sufoco, porque não enxergava nada que estava ocorrendo em volta. A água virava uma fumaça só, e as viagens de helicóptero que eram meio apreensivas. Tentamos uma vez viajar de barco, mas passamos muito mal, e o nosso grupo acabou desistindo. Mas tinha essa opção, quem quisesse barco podia viajar. Mas o que marcava bastante a gente é quando fazia um teste num poço e dava sinais de óleo. Já começava a dar sinais de colocar em produção, e o pessoal ficava naquela euforia: “Vamos fazer o teste amanhã, vai ser positivo.” Você via a alegria do pessoal que estava envolvido. Cada dia era uma coisa muito diferente, muito marcante, muito gostosa de trabalhar. Apesar de você ter que ficar longe da família os 14 dias.
RELAÇÕES DE TRABALHO A relação entre o sindicato e a Petrobras está melhorando. O sindicato vem se atualizando. É uma entidade que acho que tem que ter para representar, defender os interesses dos trabalhadores e, por outro lado, entender os interesses da empresa.
MEMÓRIA PETROBRAS Essa iniciativa e a parceria do sindicato com a Petrobras, para contar a história da empresa através do depoimento dos seus empregados, eu acho um sinal de amadurecimento, tanto do sindicato quanto da empresa perante. Acho que esta relação tem que ser sadia para ser o bem de todos, dos empregados, da empresa. É muito importante a integração dos dois, para evitar esses conflitos às vezes até bobos, que acabam resultando em nada. Acho que é muito importante isso aí.Recolher