IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Pedro Benedito Santana, eu nasci em São Luís do Paraitinga, em 30 de junho de 1951. INGRESSO NA PETROBRAS Ingressei na Petrobras em 9 de setembro de 1974. Fiz o concurso, o curso de formação de operador e vim ingressar aqui mesmo na Refinaria de Paulínia...Continuar leitura
IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Pedro Benedito Santana, eu nasci em São Luís do Paraitinga, em 30 de junho de 1951.
INGRESSO NA PETROBRAS Ingressei na Petrobras em 9 de setembro de 1974. Fiz o concurso, o curso de formação de operador e vim ingressar aqui mesmo na Refinaria de Paulínia.
TRABALHO Antes de ser petroleiro, eu era soldado da Polícia Militar. Na época, era uma coisa muito dura, acho que a época mais dura da ditadura. Eu estava neste contexto que não me agradava. Prestei o concurso por causa disso.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL A Refinaria de São José dos Campos estava em fase de construção e eles estavam começando a preparar pessoas para operar a refinaria. O projeto atrasou cinco anos, e todo o pessoal estava concursado, fazendo treinamento, e nós fomos alocados aqui na Refinaria de Paulínia. Eu trabalhei aqui durante cinco anos, depois fui para São José dos Campos, perto da
minha cidade natal.
PROCEDIMENTOS DE TRABALHO O que mais me marcou foi a primeira vez de parada de unidade, que entrei dentro de uma torre. A gente via os equipamentos operando, as torres cheias, então teve uma parada de unidade para manutenção. E toda a unidade é liberada, a gente tem acesso ao interior daqueles equipamentos. Eu olhei
para dentro de um equipamento, entrei dentro, imaginei aquilo cheio de petróleo, cheio de gases, gás subindo e descendo, fazendo todo o trajeto. A coisa realmente é bonita. Quem conhece uma unidade operacional sabe o volume de produto que passa. E a gente nunca tinha visto aquilo, era um mundo totalmente diferente.
MIGRAÇÃO Quando eu mudei para Taubaté, que era uma cidade grande, o que mais mudou foi a convivência com as pessoas. Eu era solteiro na época e passei a conviver aqui com os amigos. Nós viemos da Refinaria de São José dos Campos, que estava em montagem, cerca de 60 pessoas. Montamos algumas repúblicas e eu fui para uma delas.
SEGURANÇA DO TRABALHO A Petrobras trabalha com um produto que têm um potencial de risco grande, então as pessoas precisam estar bem treinadas para alguma emergência. Então, existe uma sistemática de treinamento, de exercícios simulados. As pessoas bolam o cenário, e tocam o alarme avisando que começou o treinamento. A equipe que está aqui dentro corre para dar um combate simulado a este treinamento. Antes de me colocarem em situação de perigo simulado, eu fui muito bem treinado. Conhecia muitos equipamentos, estava muito bem preparado. Passei a fazer parte do esquema de brigada. Brigadistas são os primeiros a combater a emergência. Tem todo um esquema montado: a gente sabe para onde ir, sabe qual equipamento que tem que utilizar e tudo mais. O brigadista e o operador são os responsáveis pelo combate imediato à emergência. Este pessoal é muito preparado para reduzir o impacto de toda emergência.
Lembro-me que na refinaria teve um problema com uma bomba. Esta bomba tem um equipamento que se chama selo que não deixa o produto que está sendo bombeado vazar para a atmosfera. Uma bomba dessa trabalha numa alta temperatura e bombeando produtos altamente inflamáveis. Então, teve um selo que se rompeu,
pegou fogo, mas o pessoal atuou, apagou. Então, este primeiro combate rápido evita que a emergência se alastre.
SINDICATO UNIFICADO DE SÃO
PAULO – REGIONAL CAMPINAS Eu fui sindicalizado; hoje estou aposentado, mas ao longo da minha carreira fui sócio durante um determinado tempo. Na minha época era muito dura, foi em plena ditadura de 1974. Depois, os movimentos vieram amadurecendo, mas eu já havia me desligado do sindicato.
APOSENTADORIA Operador, por ser uma profissão que tem uma certa periculosidade, é submetido a algumas leis especiais, como aposentadoria especial. Então me aposentei com 44 anos. Houve uma proposta de mudança de lei que poderia tomar este direito da gente. Não me aposentei porque não gostava do meu trabalho, aposentei-me com muito pesar, eu adorava o meu trabalho.
RELAÇÕES DE TRABALHO Eu fiz um curso de jornalismo e voltei a trabalhar. Tenho uma empresa de comunicação, participei de uma licitação aqui e ganhei.
Possivelmente eu seja um dos poucos jornalistas especializados em petróleo do Brasil. A linguagem da Petrobras é extremamente técnica e o jornalista comum encontra algumas dificuldades. Eu já tenho esse meu passado que possibilita escrever coisas boas sobre a empresa que eu gosto.
Tinha algum texto técnico que precisava ser escrito, as pessoas da área de comunicação me procuravam. Tinha uma visita técnica que precisava ser atendida, eles me procuravam. De uma certa forma eu já colaborava na área de comunicação.
EDUCAÇÂO Quando entrei na Petrobras não tinha faculdade, senti que era necessário fazer até para dar exemplo para minha filha. Comecei a fazer faculdade e escolhi Jornalismo quase que naturalmente. Mesmo sendo técnico, eu já tinha uma certa queda para a área de comunicação.
IMAGENS DA PETROBRAS Eu comecei aqui em 1974 saí em 1979 e voltei em 2000. Foram 21 anos sem nunca ter mais entrado aqui na refinaria. Então, quando entrei pela primeira vez, foi uma enorme emoção. A Petrobras é uma empresa que a gente não esquece com facilidade.
PROCEDIMENTOS DE TRABALHO Hoje na área de comunicação eu faço o jornal da Replan. Tem algum evento, eu faço a cobertura, entrevisto, às vezes fotografo. Nós temos uma
fotógrafa também. Procuro sempre opinar e colaborar com o pessoal dentro daquele espírito de fazer o melhor pela companhia..
CULTURA PETROBRAS Na época em que fiz a faculdade eu trabalhava no turno. Era complicado, porque às vezes eu tinha que ir para a faculdade e trabalhar à noite, ou faltava na faculdade ou fazia algumas trocas. No trabalho eu nunca faltei. O dia em que a minha
filha nasceu, por exemplo, eu vi que estava tudo bem na minha casa, vim trabalhar no outro dia. Chegou uma hora que precisei dividir um ano da faculdade em dois. Nós tínhamos 11 matérias, escolhi 5 para fazer no outro ano. Para fazer bem a faculdade e continuar trabalhando bem na Petrobras.
RELAÇÕES DE TRABALHO Eu vejo na relação dos sindicatos e as empresas, o sindicato é o ponto de equilíbrio de um lado e a empresa é um ponto de equilíbrio do outro lado. As relações Petrobras/Sindicato estão muito mais amadurecidas, mas elas nunca foram caóticas se a gente for comparar com outras categorias. A empresa responde de forma ética às demandas dela, e o sindicato é coerente, comandado por pessoas que conhecem e gostam da empresa.
Acho que a nossa categoria é uma categoria muito amadurecida. É dessa forma que eu vejo essa relação.
MEMÓRIA PETROBRAS A Petrobras, ao completar 50 anos, resgatar a sua história através das memórias dos trabalhadores me lembra um verso do Paulinho da Viola, que diz o seguinte: “Quando vejo o meu futuro, não esqueço o meu passado.”
Na realidade, é o que as empresas e as pessoas deveriam fazer: ter o costume de preservar a memória. Hoje nós estamos tendo esta oportunidade, estamos olhando para o passado para construir um futuro melhor.
Eu tenho convicção disso. Sei que futuramente as pessoas irão ver e se espelhar nas coisas boas que nós fizemos, para fazer melhor.Recolher