IDENTIFICAÇÃO O meu nome é Rubens Ricardo Bohlen. Nasci em Rio Azul, Paraná. Sou administrador de empresas e escolhi esta área porque me identifico, tem muito a ver com a minha maneira de ser. Nasci em Rio Azul, mas me criei em Malé, uma cidade distante 40 quilômetros. Saí de lá...Continuar leitura
IDENTIFICAÇÃO O meu nome é Rubens Ricardo Bohlen. Nasci em Rio Azul, Paraná. Sou administrador de empresas e escolhi esta área porque me identifico, tem muito a ver com a minha maneira de ser. Nasci em Rio Azul, mas me criei em Malé, uma cidade distante 40 quilômetros. Saí de lá aos 19 anos para cumprir com as minhas obrigações militares. Entrei em junho de 1969, na Base Aérea, na extinta Base Aérea aqui de Curitiba. Fiquei lá exatamente 5 anos, 10 meses e 21 dias.
INGRESSO NA PETROBRAS Uma certa ocasião, passeando no centro de Curitiba, encontrei um colega que jogava futebol comigo e já estava trabalhando aqui. Ele me comunicou: “Está abrindo concurso para auxiliar de escritório na refinaria. Você não tem interesse?” Daí eu me inscrevi, fiz o concurso, fui aprovado. Eu saí no dia 31 de maio da Base Aérea, mas foi dada baixa no dia 2 de junho, no dia 4 de junho eu já estava me apresentando na refinaria. Participei dos testes, das provas. Depois eu fui contratado pela empresa, aprovado, e cursei administração de empresas depois. Eu entrei na empresa em 1975.
CULTURA PETROBRAS Era tudo diferente, passava tudo na rodovia. Tinha veículos para deslocar até o canteiro central da obra e escritórios. Então me deslocaram até lá. Daí, fui atendido pelo gerente de RH, senhor Cerqueira. Onde foi feita toda a minha papelada para ingresso. Eu não sabia qual a área, em que setor iria trabalhar. Me falaram: “Você vai trabalhar no setor de Transporte.” Para mim, era coisa nova e acabei me identificando com a atividade. Era um braço da área de Serviços Gerais que atende alimentação, manutenção, as instalações. Eu estou até hoje na área de Infra-estrutura. Tive várias oportunidades para mudar de local de trabalho, mas considero importante você sentir-se bem no seu ambiente de trabalho. Eu considero que essa área de RH, Infra-estrutura, uma escola. E muita coisa que eu aprendi aqui durante esses anos todos no dia-a-dia, eu tenho aplicado à minha residência fora, com meus filhos. Isso tudo foi de grande valia.
Eu não gostava do quartel, porque você estava periodicamente submetido à escala de trabalho nos finais de semana, tinha que passar lá um sábado ou um domingo. E, claro, além da rigidez da disciplina. Mas também tem seus pontos positivos. Não há como negar. E para cá, você tem o conhecimento de novas pessoas, uma nova forma de trabalho. Liberdade.
RELAÇÕES DE TRABALHO Eu entrei em 1975 e, no final de 1975, algumas pessoas foram convidadas para passar do antigo Cegem, para a refinaria. Aceitei, mas já existiam pessoas na refinaria, que era a pré-operação da unidade.
A nossa área dá todo o suporte de transporte, quanto à manutenção, ao abastecimento. Chegou um colega da refinaria com uma picape com pneu furado. Eu atendi. “Eu estou com o pneu furado.” Eu respondi para ele: “Verificou se tem o pneu socorro?” Foi lá, olhou: “O pneu de socorro está lá.” Ótimo: “Verificou se tem chave-de-roda?” Foi lá, olhou, voltou: “Tem chave-de-roda.” “Agora só mais uma pergunta: tem o macaco?” Ele voltou: “Tem o macaco.” “Então meu amigo, tem chave-de-roda, o macaco, o pneu de socorro, é só você trocar.” Ele saiu daqui desse prédio rodando, dava mais ou menos 1.000 metros de distância, com
o pneu furado, para eu trocar o pneu? Ele ficou sem jeito e aí foi trocar. Acho que a convivência das pessoas, o teu dia-a-dia, não fazer um trabalho repetitivo sempre, isso te motiva. E a área de Infra-estrutura possibilita isso. E ter o reconhecimento através do trabalho que você desenvolve. Hoje o reconhecimento de fazer elogio é uma prática que vem sendo adotada, mas no passado você receber um elogio era muito difícil. Por mais bem-feita que você tenha feito a sua atividade. Tinha um gerente de serviços gerais que, em uma ocasião, a gente estava se desdobrando para cumprir uma atividade. E a gente comentava com ele: “Está difícil, porque a gente é pouca mão-de-obra.” Ele respondia: “Se fosse fácil, não precisava de você.” Esse era o incentivo
PROCEDIMENTOS DE TRABALHO Eu conheço todo mundo porque todo ingresso de empregado na refinaria, tem que passar pela área de Infra-estrutura para o transporte. Onde a pessoa reside, que ônibus, que condução vai apanhar e tudo mais. Pode-se dizer que todos, de uma forma direta ou indireta, passaram por minhas mãos.
Em situação de emergência, o RH e a Infra-estrutura sempre estiveram envolvidos no projeto. A demanda de trabalho é muito grande. Na área de alimentação, que hoje está na Infra-estrutura, o desgaste é muito grande e você tem que estar atento a muitos detalhes sobre programação. E disponibilizar recursos para aqueles colegas que estão na linha de frente atendendo emergência.
Mas teve um momento que também marcou. Eu entrei no dia 11 de junho de 1975 e dali a alguns dias, de 16 a 17 de junho, caiu um frio enorme e caiu a neve. Tive esse privilégio. Nós tínhamos que fornecer o transporte para todas as atividades logo de manhã, várias solicitações. Na época, até pelas condições de terreno, nós dispúnhamos de picapes tracionadas, aqueles veículos Willys e Veraneio. Os veículos ficavam estacionados no pátio. Você ia dar a partida e os carros não pegavam porque estavam congelados. Então, você pegava aquelas Rural Willys, abria o capô, tirava a mangueira do radiador, batia e saía o tubo, um bloco de gelo do radiador de água. Hoje não faz frio como naquela época. Com o chão frio era terrível. Nevou, ficou branco.
FAMÍLIA Eu fiquei noivo à meia-noite do dia 11 de junho para dia 12 de junho. Coincidiu com o meu aniversário, 11 de junho e com o Dia dos Namorados. Minha esposa que era uma ex-funcionária da refinaria, ela trabalhava na Divisão de Planejamentos. Nós estávamos com toda a equipe de Serviços Gerais fazendo programação de transporte para o dia seguinte. Eu saí daqui quase 23 h, fui para casa me preparar e ir para o restaurante onde aconteceu a cerimônia de noivado. Eu e ela, mais ninguém. Ninguém sabia. Nem os pais dela nem os meus. Ficaram sabendo no dia seguinte.
GREVE Teve uma greve, eu não posso precisar bem o ano, mas que eu acho que marcou muito. Mesmo tendo as pessoas que vão e participam da greve livremente, por outro lado, tem colegas que estão dentro da refinaria estendendo sua jornada de trabalho por vários dias. E tem os ditos fura-greves.
Eu posso me considerar um fura-greve, eu tinha que coordenar algumas atividades, entre elas alimentação. Quem vai alimentar nossos colegas que estão aqui trabalhando para que os outros estejam fazendo seu movimento? Eu participei de vários movimentos de greve. Mas tem que ter aquela plena convicção. Isso é inerente de cada ser humano tomar sua posição.
ENTREVISTA Eu acho fantástico a Petrobras escrever a sua história através da visão de seus funcionários. Cada funcionário, do mais antigo às coisas recentes, tem um fato pitoresco a relatar. Eu acho que vale muito, a Petrobras criar uma memória dos seus empregados. Dá para fazer uma enciclopédia de verdade. É muitíssimo importante.Recolher