IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Marcelo Benites Ramuzia, Eu nasci aqui em Campinas, em 14 de janeiro de 1963. INGRESSO NA PETROBRAS Prestei um concurso na Petrobras no final de 1986. Entrei como auxiliar de segurança interna, no dia 9 de março de 1987. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Qua...Continuar leitura
IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Marcelo Benites Ramuzia, Eu nasci aqui em Campinas, em 14 de janeiro de 1963.
INGRESSO NA PETROBRAS Prestei um concurso na Petrobras no final de 1986. Entrei como auxiliar de segurança interna, no dia 9 de março de 1987.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Quando entrei, a primeira coisa que aconteceu foi a invasão da refinaria por tropas do Exército. Ali que eu vi que não era um setor que eu deveria ficar muito tempo. Tanto que não fiquei. Eu prestei concurso interno e em 1990, fui para a operação. Passei pelo setor de craqueamento e fui para o setor de utilidades. Estou no setor de utilidades desde 1990. Atualmente estou na bacia de Campos. Estou embarcado na plataforma P-35
SINDICATO UNIFICADO DE SÃO PAULO - REGIONAL CAMPINAS Quando eu vim para o sindicato, em 1998, nós tínhamos feito a greve mais longa na refinaria, que foi de 32 dias. Em 1999 fui eleito para uma direção, e eu fui liberado, dirigente sindical liberado.
GREVE DE 2001 O movimento mais forte desde 1995 foi a greve de outubro de 2001. Nós fizemos uma greve nacional de cinco dias. Porque desde 1995, apesar da vitória política, da resistência, nós não conseguimos nos reerguer para fazer um enfrentamento tão forte. 2001 foi um marco porque nós conseguimos parar toda a produção da bacia de Campos. Aqui nós conseguimos ocupar a refinaria e no final até controlar um pouco essa distribuição dos derivados. Então, foi uma relação muito tensa durante aqueles cinco dias. Com isso a gente conseguiu fazer uma boa greve.
RELAÇÕES DE TRABALHO A relação Petrobras mudou durante o tempo. Quando eu entrei aqui, em 1987, diziam que já estava mudando. Em 1990, quando eu vou para operação, já percebo que há uma mudança das relações de trabalho, de tecnologia. A direção começa a implantar a competição individual entre os trabalhadores e não mais aquele trabalho coletivo, em que todos se sentiam responsáveis. Ela muda a relação de trabalho quando começa a colocar o aumento por mérito. Essa mudança, é radical prá porque ela começa a pôr em cheque essa organização, na medida que você tinha alguns benefícios históricos; ela começa a impor perdas mesmo prá gente.
MILITÂNCIA Eu sempre gostei dessa coisa de organização social. Participei de sociedade de amigos de bairro, porque a gente vivia num bairro pobre e exigia melhores condições de vida. Então, ter esse entendimento de que a gente produz riqueza e dela temos que tirar a nossa parte, eu já tinha desde o nascedouro.
SINDICATO UNIFICADO DE SÃO PAULO - REGIONAL CAMPINAS Sempre tive uma boa relação com o sindicato, até que fui convidado e já reconhecido pela base como uma liderança, em 1999. Eu fiz um trabalho até 2002. Acho que o dirigente sindical aqui na Petrobras tem a particularidade de ser um excelente profissional, ele não se esconde atrás da estabilidade sindical. Então nós tivemos ótimos trabalhadores diante da direção sindical. E isso me dava tranqüilidade.
Temos uma visão sobre o trabalho diferente da direção da Petrobras. Como eu disse, hoje ela pensa que o trabalhador tem que ser individualizado. Nós achamos que tem que ser coletivo, a coletividade não interfere na individualidade. Mas a individualidade interfere nesta questão do coletivo. Acho que o Sindicato dos Petroleiros tem um histórico muito forte de influência na sociedade. Nós tínhamos essa visão de que a Petrobras tem que servir ao Brasil e não aos petroleiros. A Petrobras, enquanto empresa, é dos brasileiros. Não poderia ser entregue como a todo instante se tenta fazer aqui desde a sua criação. Desde que a Petrobras foi criada, as multinacionais não acreditaram que ia dar certo. Deu certo, é uma estatal e está no Terceiro Mundo. Então o sindicato só veio fortalecer essa coisa de que a gente tem que ter as nossas próprias estratégias de negociação. Nós temos que ter as nossas empresas para competir com o mundo, para ter condições de impor preços nacionais e não preços internacionalizados nas coisas no Brasil. O sindicato veio para fortalecer essa minha vontade de querer mudar um pouco as condições de vida enquanto trabalhador da Petrobras.
AVALIAÇÃO Desde 1999 eu estou liberado para o trabalho sindical, voltei agora em 2002. E para ampliar a minha capacidade de visão, de ver como eu posso organizar melhor, acho que a gente tem que conhecer cada vez mais aquilo que a gente faz e cada vez mais os trabalhadores te reconhecerem como o seu representante.
Então, eu fui para a plataforma com este intuito, de crescer, de aprender mais. É uma vida diferente dessa de refinaria que a gente tem. Você fica 24 horas ao lado de pessoas com quem você trabalhou, durante 14 dias. É uma experiência das mais importantes, porque eu não tinha noção do que significava você ficar confinado num lugar. Eu vejo que consigo. Por isso a plataforma está sendo uma grande escola, de ver a Petrobras sob um novo ângulo mesmo, não sobre o refino, como eles dizem: a república do refino é uma e a de exploração do petróleo é outra.
MEMÓRIA PETROBRAS A Petrobras sempre teve uma influência histórica importante, não só para os petroleiros, mas para o Brasil, que alavanca a indústria marítima, que alavanca a indústria local, que alavanca as localidades por onde ela passa com royalties, com imposto, e com tudo isso.
Uma memória importantíssima e da representação de todos os trabalhadores, não só da direção sindical, não só da direção da empresa, mas daqueles que fizeram a história dessa que é a maior empresa do Brasil. Cada um se sente importante no dia-a-dia e registrar essa memória seria um fato importantíssimo para os trabalhadores da Petrobras.Recolher