A família Vidale Nossa família é formada por descendentes de imigrantes italianos, que desembarcaram no Brasil em 1895. Buscando resgatar a história de nossos antepassados, realizamos uma série de estudos que nos levaram aos dados que passo a relatar.
Em 08/03/1895 embarcaram no porto de Gên...Continuar leitura
A família Vidale Nossa família é formada por descendentes de imigrantes italianos, que desembarcaram no Brasil em 1895. Buscando resgatar a história de nossos antepassados, realizamos uma série de estudos que nos levaram aos dados que passo a relatar.
Em 08/03/1895 embarcaram no porto de Gênova (Itália) Domenico Valentino Vidale e Giustina Lazzarotto Vidale, acompanhados dos filhos Paolo, Gaetana, Domenico , Francesco , Ines e Tarcisio. A bordo do navio Maranhão rumaram para o Brasil e desembarcaram no porto de Santos em 04/04/1895.
Na certidão de desembarque obtida junto ao Museu da Imigração de São Paulo, o sobrenome consta incorretamente como Vitale. Ao longo do estudo que estamos realizando, verificamos que a grafia do sobrenome ganhou variações como Vidali, Vidalle, Vidal, entre outros. Pesquisas realizadas via Internet nas listas telefônicas da Itália também mostraram uma concentração do sobrenome Vidale na região do Vêneto, principalmente, nas províncias de Vicenza e Pádova.
Domenico Valentino Vidale, nasceu em 14/02/1848 em Campese, então Município
de Campolongo Sul Brenta (província de Vicenza), filho de Paolo Vidale e Gaetana Todesco. Ainda não conhecemos o local e a data de nascimento de Giustina Lazzarotto Vidale, bem como de Catterina Bonato Vidale (primeira esposa de Domenico).
Dos levantamentos realizados, dentro do nosso ramo familiar, constatamos que Paolo Vidale (filho do primeiro matrimônio de Domenico Vidale com Catterina Bonato) nasceu no dia 08/10/1877, na Via Fietti, nº196, em Campese, uma pequena vila que até 01 de Outubro de 1878 era uma fração do município de Campolongo Sul Brenta e hoje faz parte do município de Bassano del Grappa, província de Vicenza , na região do Vêneto. Os demais também são nascidos em Campese, após 1878, ou seja, já
no município de
Bassano del Grappa.
A certidão de desembarque registra que a família teria como destino a região de São José do Rio Pardo (São Paulo), para trabalhar como colonos nas lavouras de café da Fazenda Vila Mariana. Domenico, o pai, tinha então 47 anos; Giustina, sua segunda esposa, 32; Paolo, filho do primeiro casamento de Domenico com Catterina Bonato, 17; Gaetana, também filha do primeiro matrimônio, 13; Domenico, 6 anos, Francesco, 4, Ines, 2 e Tarcisio 01 ano. Já no Brasil nasceram Italia e Tulio.
No Brasil, Paolo Vidale constituiu seu núcleo familiar na região de São João da Boa Vista, em São Paulo (São Roque da Fartura, Águas da Prata, Vargem Grande do Sul). Gaetana Vidale constituiu sua família na cidade de São Paulo. Domenico Vidale (o filho) teve seu núcleo familiar formado a partir da cidade de Mocóca.
Paolo Vidale era um homem dotado de muita cultura. Enquanto na Itália, estudava no Monastério de Santa Croce, preparando-se para seguir carreira religiosa. Quando da sua chegada à fazenda Vila Mariana em São José do Rio Pardo, dado ao seu vasto conhecimento, foi designado para trabalhar junto à administração, nos escritórios. Por volta de 1898 foi trabalhar na Fazenda Santa Maria, de propriedade da família Rabelo, na localidade de
Águas da Prata, à época município de São João da Boa Vista. Lá conheceu
Adele Teresa Toseli Ambroso, com quem se casou em 20/10/1900. Ela também era imigrante italiana, nascida
em Ronco allAdige (Verona) em 28/07/1882, filha de Alessandro Ambroso e Luigia Toselli. O casal teve 10 filhos: Atílio, Luiza, Antenor, Adolfo, Leonilda, Arcídio, Libia, Laura (falecida com um ano), Odete e Romeu.
Por volta de 1902 Paolo foi convidado a administrar uma serraria, propriedade do Sr. Luigi Prezia, numa localidade chamada Areias, em São Roque da Fartura, também um distrito de São João da Boa Vista.
Após vários anos de trabalho, Paolo comprou o sítio onde introduziu a cultura da batata inglesa, fazendo campo de experimentação do adubo Nitrofosca alemão e de sementes de batatas importadas da
Holanda.
Devido aos seus grandes conhecimentos na área do Direito, Paolo foi também designado Inspetor de Polícia para a
região de São Roque da Fartura, pelo delegado de polícia de São João da Boa Vista. Freqüentemente era chamado como mediador entre partes conflituosas, em questões de envolvimento legal.
Construiu no bairro das Areias a Igreja de Santa Cruz, onde rezava missas e encomendava os corpos das pessoas falecidas na região. Seus conhecimentos de homeopatia eram de grande serventia aos habitantes da área, devido à absoluta falta de médicos.
Em 1941 já com 64 anos, Paolo vendeu o sítio e mudou-se para São João da Boa Vista, tendo sido responsável, dado aos seus conhecimentos de agrimensor, pela medição da área do primeiro aeroporto da cidade. O casal viveu em São João da Boa Vista os seus últimos anos de vida. Adele faleceu em 29/10/1965 às 7h30, aos 84 anos, tendo como causa-mortis insuficiência cárdio-renal e arterioesclerose; Paolo faleceu em 26/07/1967 às 13h00, aos 89 anos, a causa da morte foi insuficiência cardio-renal.
Gaetana Antonia Giovanna Vidale, nasceu em 08/06/1882, em Campese, Bassano del Grappa. Casou-se com Silvio Carlini, e tiveram três filhos: Mário, Irene e Armando.
Domenico Vidale nasceu em 15/06/1888, em Campese, Bassano del Grappa. Casou-se com Ursula Mestre Cereja e tiveram sete filhos: Narcisa, Pedro, Maria, Inês, Júlia, João e Antonio.
Francesco Vidale nasceu em 22/03/1890, em Campese, Bassano del Grappa. Não encontramos informações de casamento e possíveis filhos.
Ines Vidale nasceu em 09/04/1892, em Campese, Bassano del Grappa. Não encontramos informações de casamento e possíveis filhos.
Tarcisio Vidale nasceu em 11/05/1894, em Campese, Bassano del Grappa. Não encontramos informações de casamento e possíveis filhos.
Italia Vidale nasceu no Brasil, em 10/11/1898, na Fazenda Vila Mariana, no município de
São José do Rio Pardo (São Paulo). Casou-se com Giuseppe Angeli, em 13/12/1939, em Pirangi (São Paulo). O casal teve um filho, Rubens Angeli, que faleceu em 09/06/1991 na cidade de Catanduva (São Paulo), aos 93 anos de idade, tendo como causa de morte insuficiência cardíaca congestiva.
Tulio Vidale nasceu no Brasil em 09/01/1901, na Fazenda Vila Mariana, no município de
São José do Rio Pardo (São Paulo). Aparentemente, ele padecia de uma enfermidade
que o levou a falecer ainda jovem, mas não temos maiores informações sobre esta versão.
Identificamos até o momento descendentes da Família Vidale nas cidades de São Paulo, Vargem Grande do Sul, São João da Boa Vista e Fernandópolis, no Estado de São Paulo; Rio Verde, em Goiás; Campo Grande, no Mato Grosso do Sul; e na cidade do Rio de Janeiro, no estado do Rio de Janeiro.
A história do sobrenome Vidale - Documento Histórico-Linguístico Nome de família freqüente e difundido nas regiões setentrionais da Emília-Romagna, Lombardia, Friuli e Vêneto. Nesta última o sobrenome se destaca mormente nas Províncias de Vicenza e de Pádova.
Suas origens etimológicas remontam ao vocábulo latino “vitalis”, cujo significado é vital, cheio de vida, que origina a vida, que difunde vida. O sentido forte deste adjetivo derivado de “vita” (vida) transformou-se em nome próprio entre os romanos. Com o advento do cristianismo, o nome se propalou com um sentido cristão relativo à vida eterna, à vida de fé e comunhão com Deus.
O sobrenome é um patronímico que repete o nome do fundador do tronco familiar e surge com a expressão medieval “figlio de Ser Vidale” (Filho do Sr. Vidale). Um patriarca dos séculos XII e XIII, ao legar seu próprio nome como apelativo específico e comum a todos os seus filhos, deu origem à “Casata (família, clã) dei Vidale”. A expressão se reduziu ao sobrenome atual que recorda o nome e a figura do ancestral fundador da Casata, o “capostípite Vitalis, Vitale, Vidale”.
Vidale - Transcrição da pesquisa histórico-linguística do nome de família Suas Origens Históricas
O nome de família Vidale se constitui num sobrenome bastante freqüente e difundido em toda a área setentrional da Itália. Sua incidência mais expressiva se registra, historicamente, nas Regiões da Emília-Romagna, do Vêneto, da Lombardia e do Friúli. Sua maior concentração sempre se verificou nas duas primeiras. Com relação ao Vêneto, os índices, de freqüência mais elevados
se
constatam nas Províncias de Vicenza e de Pádova. Pode-se, portanto, afirmar que Vidale é um sobrenome tipicamente setentrional e, quanto ao Vêneto, mais especificamente vicentino e paduano.
Um levantamento efetuado nas listas telefônicas de 1994/1995 de todas as Províncias trentinas, vênetas e friulanas apresentou um resultado condizente com o que foi afirmado no parágrafo anterior. De fato, o sobrenome Vidale resultou de todo inexistente nas províncias da região do Trentino (Alto Ádige), mas comparece com freqüência significativa nas Províncias da Região do Friuli (Venécia Júlia). Quanto às sete províncias da região do Vêneto, o sobrenome inexiste em Verona; nas de Belluno e Rovigo, foi registrado somente em três municípios de cada uma delas; na de Treviso foi levantado em quatro de seus 95 municípios; na de Veneza, em cinco do total de 43; na de Pádova, em onze de um total de 105 e, finalmente, na de Vicenza, em 25 de seus 121 municípios.
Como o ancestral Paolo Vidale era originário do território da Província vêneta de Vicenza, transcreve-se, a título de informação complementar, a nominata dos municípios desta em que o sobrenome está presente. Entre colchetes figura o número e ocorrências levantadas que geralmente corresponde ao número de famílias radicadas na localidade. Dentre os 121 municípios da Província de Vicenza, o sobrenome foi constatado nos seguintes: Arcugnano [1], Bassano del Grappa [49] (sendo 23 na “frazione” de Campese, onde nasceu Paolo Vidale), Caldogno [1], Caltrano [4], Cassola [2], Chiuppano [1], Dueville [1], Gallio [1], Isola Vicentina [3], Lugo di Vicenza [1], Malo [4], Monteviale [4], Piovene Rocchette [1], Pove del Grappa [7], Romano d´Ezzelino [4], Salcedo [2], San Nazario [1], Schio [1], Solagna [1], Tezze sul Brenta [1], Thiene [2], Torri di Quartesolo [1], Valstagna [1], Vicenza [15], Villaverla [4].
Sob o ponto de vista lingüístico, o nome de família Vidale se constitui num vocábulo composto por dois elementos latinos distintos: um radical que reproduz o termo vita [vida], como será mais amplamente descrito a seguir, mais o sufixo “alis”. Este sufixo latino é específico para a formação de adjetivos derivados de substantivos ou de outros adjetivos, como naturalis [de natura, natureza], sacralis [de sacrer, sacrum, sagrado], individualis [de individuus, indivíduo], mortalis [de mors, mortis morte]. O adjetivo vitalis é derivado de vita (vida) e significa “vital, cheio de vida, que traz vida, que oferece vida, necessário à vida, relativo à vida”. Assim, o sobrenome Vidale se origina diretamente do termo latino vitalis (vital) e recorda, em sentido direto, uma pessoa cheia de vida, realizadora, ansiosa por crescer e se realizar pessoalmente. Isso propiciou a fixação do adjetivo vitalis, entre os romanos, como nome próprio.
Com efeito, Vitalis se tornou, na sociedade romana, nome próprio de grande prestígio e muito difundido. De igual modo, seu derivado direto, Vitalianus, se propaga como nome próprio que ocorre com freqüência entre a nobreza e a aristocracia romanas. Outro nome próprio formado de vita era Vitus, nome masculino. Estes todos eram nomes que prediziam ótima existência, sucesso, prestígio, realização, vida plena e gloriosa.
É neste contexto social e histórico que o nome próprio Vitalis se difunde. Convém sublinhar, desde já, que o sobrenome Vidale se origina diretamente do nome próprio latino Vitalis. Os nomes próprios derivados de vita, como Vitalis, se difundem por uma motivação tipicamente cristã desde a época do Império Romano até a Idade Média. Sua relação com a mística cristã da vida eterna, da vida após a morte, da vida no paraíso como recompensa pela existência virtuosa neste mundo faz com que estes nomes próprios ou antropônimos se difundam em toda a Itália.
Uma nova visão mais espiritualista da vida e do mundo material fizeram com que vingassem nomes próprios como Vitus, Vitalis, Vitalianus, já mencionados acima. O sobrenome Vidale é, segundo os estudiosos, uma evidente reminiscência deste sentido cristão da vida. Este nome é, portanto, um hino à existência, um reclame à vida cristã virtuosa que recebe a coroa da vitória ou o prêmio da recompensa com a vida eterna, feliz e plena.
Vidale tem este sentido subjacente que percorre a história do pensamento filosófico e cristão, com relação à vida. O sobrenome, porém, deriva diretamente do nome próprio latino clássico e medieval Vitalis. As razões históricas do surgimento e fixação deste nome de família são simples. O nome se difunde nos meios latinos por sua relação com a vida, por ser um nome de bons presságios, de bons vaticínios. Nos ambientes cristãos, se propaga por se referir à verdadeira vida virtuosa que o cristão deve levar e, de modo particular, por se referir à vida eterna, prêmio que Deus concede em plenitude aos bons cristãos.
Nos ambientes cristãos, difunde-se também por causa do prestígio e culto de vários santos, portadores deste antropônimo ou nome próprio. Dentre os mais antigos e mais cultuados, recordam-se Sanctus Vitalis [São Vital], mártir em Roma, no século II; Sanctus Vitalis, mártir em Ravenna, no século II, e padroeiro das cidades setentrionais de Ravenna e Parma; Sanctus Vitalis, mártir em Bologna, no ano 304; Sanctus Vitalis, Abade de Savigny, falecido no ano de 1122.
Uma breve incursão na toponomástica italiana comprova o culto a esses santos. De fato, dentre as principais localidades, cujas denominações os recordam, podem ser citadas San Vitale, distrito de Assisi na Província de Perugia; San Vitale, distrito do município de Busca na Província de Cuneo; San Vitale, distrito do município de Roverè Veronese na Província de Verona; San Vitale, distrito de Sala Baganza na Província de Parma; San Vitale, distrito de, Pavia da Província de mesmo nome; San Vitale di Reno, distrito do município de Calderara di Reno da Província de Bologna.
Ainda hoje existe o hábito de procurar no calendário de santos um nome a gosto dos pais para ser conferido ao filho recém-nascido. Esta é uma tradição milenar, que atravessou séculos, pois se julga, que tenha surgido nos primeiros séculos de difusão do cristianismo.
O sobrenome Vidale provém, portanto, de um antropônimo [nome próprio] e, por isto, se caracteriza também como patronímico, ou seja, repete o nome do ancestral fundador deste cepo familiar e é um claro indicativo de paternidade e de filiação. O nome do ancestral fundador deste tronco familiar é assumido na função de sobrenome, extensivo a seus filhos e, através destes, a todos os demais descendentes seus.
A passagem da forma latina original Vitalis para o italiano Vitale e para a forma regional setentrional Vidale será explicada num dos itens a seguir. O significado final do sobrenome Vidale é, portanto, “filho do patriarca Vidale”, pertencente ao tronco familiar por ele fundado ou iniciado.
Surgimento do Sobrenome Na época do Império Romano, distinguiam-se e individualizavam-se as pessoas através do praenomen, nomen e cognomen. O primeiro representava o nome próprio de cada indivíduo, o segundo repetia a designação do clã ou da gens a que pertencia este indivíduo, o último se referia à família ou grupo familiar inserido na gens. Assim, no nome completo do cidadão Marcus Tullius Cicero, o praenomen Marcus designa o orador e escritor; Tullius é o nomen derivado da gens Tullia; Cicero, o cognomen da família em âmbito menor, inserida no grande clã, na gens Tullia.
Com a queda do Império Romano, no ano 476 depois de Cristo, esta sistemática de individuação dos cidadãos, das famílias e dos clãs ou tribos, caiu em total desuso e completo abandono. Na Idade Média passou, pois, a vigorar tão somente o nome de batismo para designar, distinguir e caracterizar as pessoas. Torna-se fácil imaginar a confusão gerada por essa nova sistemática simplificada ao extremo.
Com a larga influência do cristianismo que difundia os nomes de seus santos, os antropônimos se tomaram de tal forma repetitivos que, a partir do século VIII, surgiu a primeira fórmula moderna para distinguir um indivíduo de outro, ou seja, citando o nome do pai como expresso aposto ao do filho, como se pode observar neste exemplo: Paulus filius quondam Philippi, que significava
“Paulo filho do senhor Philippi”. Esta fórmula deu origem a muitos sobrenomes derivados de nomes próprios.
A segunda fórmula criada nesse período acrescentava ao nome próprio da pessoa um cognome representativo da profissão, da cidade de origem ou do local de proveniência, de qualificação moral, de aparência física, de ato de bravura ou de aventura perpetrada, de posição ou extração social, de título de benemerência, titulo nobiliárquico, etc.
A primeira fórmula está, com toda a certeza, na base da origem, formação e fixação do nome de família Vidale. Existiu no período medieval um patriarca chamado Vitalis, dito Vitale e, depois, Vidale nos falares regionais setentrionais. O sobrenome não surgiu com o uso da expressão filius quondam, mas com sua tradução literal para o italiano arcaico ou medieval, isto é, figlio de Ser Vidale [filho do senhor Vidale]. Em outras palavras, o sobrenome surgiu já na forma italiana, embora procedente de um nome tipicamente latino.
Este patriarca medieval, chamado Vidale, tornou-se o fundador de novo tronco familiar, ao repassar seu próprio nome como apelativo de seus filhos e demais descendentes. Pelo fato do nome Vidale ser usado como distintivo dos descendentes do patriarca fundador, formou-se a Casata del Vidale.
O termo Casata ou Casato designava, de início, o casarão ou casario em que habitava a geralmente numerosa descendência do patriarca, a cuja autoridade todos se submetiam. O termo passou depois a indicar a própria família que gravitava em tomo do patriarca Vidale. A expressão Casata del Vidale, ao se referir a todos os membros deste clã, assumiu a forma plural Casata dei Vidale. Note-se que o elemento principal, Vidale, não se pluraliza, fenômeno usual na formação dos sobrenomes italianos. A expressão Casata dei Vidale se simplificou, na fala popular e coloquial, em Casata Vidale, reduzindo-se finalmente ao designativo Vidale, que representa a resultante definitiva do sobrenome que perdura até hoje e que se refere a toda a posteridade do patriarca medieval Vitalis.
Não se tem certeza da época do surgimento deste nome de família, por absoluta falta de documentação expressa a respeito. Acredita-se, no entanto, que remonte ao período decorrido entre os séculos XII e XIII, época em que os falares regionais já eram de amplo domínio e suplantavam o latim como sistema lingüístico de comunicação. Mesmo sendo difícil estabelecer uma data mais aproximada, Vidale representa um nome de família tradicional, multissecular e quase (ou mais que) milenar.
Transformações Fonéticas Quase todos os vocábulos em todos os idiomas passam, através dos séculos, por uma série de alterações na pronúncia e na escrita. Estas modificações são chamadas, em lingüística histórica, de evoluções ou transformações fonéticas. Usa-se o signo linguístico ">" que significa "deu origem a" ou "evoluiu para" e serve para mostrar a passagem de forma fonética anterior para outra posterior.
O nome de família Vidale passou por alterações fonéticas muito simples. De fato, da forma original latina Vitalis, evolui para o italiano Vitale, mediante a queda da consoante final latina e do abrandamento ou abertura da vogal da última sílaba. A alteração típica que classifica este sobrenome como regional setentrional reside na substituição da consoante medial gutural surda pela correspondente sonora, ou seja, de Vitale se passa a dizer e grafar Vidale.
Um quadro esquemático das origens e das transformações fonéticas deste nome de família poderia ser assim apresentado:
Vitalis [latim] > Vitale [italiano] > Vidale.
Figlio de ser Vidale > Vidale.
Casata del Vidale > Casata dei Vidale > Casata Vidale > Vidale.
Seu Significado O significado do nome de família Vidale, após a explanação e fundamentação de caráter histórico-lingüístico apresentadas acima, parece claro e até de todo transparente. Convém, no entanto, tecer ainda algumas considerações finais para elucidar pequenos detalhes e salientar nuances que possam ter passado despercebidos.
O nome de família Vidale se caracteriza como um antroponímico [derivado de nome próprio] e em decorrência, se constitui num claro patronímico. Seu significado final e moderno se relaciona com estas características, uma vez que surgiu do nome do patriarca, fundador deste tronco familiar.
Ao falar Vidale, estabelece-se a relação direta com o antepassado portador desse nome. Seu significado último é, portanto, filho de Vitalis, descendente do patriarca assim chamado, partícipe de seu clã ou núcleo familiar, membro pertencente à Casata por ele iniciada. Este é o significado atual e moderno do nome de família Vidale. O sentido etimológico das raízes que originaram este antropônimo fica oculto, latente, como que obnubilado pelo impacto que o patronímico transmite.
Já foi visto acima que Vidale deriva do vocábulo latino vita, através do derivado vitalis (vital) que relembra a vida, a existência do ser humano; este termo, porém, está tomado num sentido cristão medieval que propõe a vida eterna como recompensa de Deus aos bons e justos, mediante a prática da religião cristã. O sobrenome reflete um nome próprio augurativo, de bons vaticínios, de bons presságios, entre as populações cristãs da Idade Média.
Com o decorrer dos séculos, estes significados originais perdem seu valor explícito; subsiste de modo claro somente o antropônimo que deles deriva. Implicitamente, porém, este sentido original é uma carga histórica que faz parte integrante do sobrenome.
Campese
Campese é a “paese” onde nasceu Paolo Vidale e que até 01/10/1878
pertencia ao município de Campolongo sul Brenta.
O minúsculo “paese” (vilarejo) Campese, que até 01 de Outubro de 1878 esteve vinculado ao município de Campolongo sul Brenta, está situado nos últimos contrafortes dos Alpes Vênetos, à margem direita do rio Brenta, e está a 40 km da capital da Província, Vicenza. Hoje o “paese” faz parte do município de Bassano del Grappa e está ligado à diocese de Pádova. Sua superfície territorial é de 420 hectares, onde se distribuem a área habitacional de seus cerca de 1.000 habitantes, a zona industrial com cerca de 40 indústrias, dentre as quais se destaca uma de processamento de ouro (que os campesanos dizem ser a maior produtora de jóias da Itália), e parte da chamada Costa Campesana, nesga de terra que a cada ano se torna mais exígua, onde ainda se cultivam vinhas, castanhas, oliveiras e um pouco de tabaco, o famoso “campesano”, de qualidade inconfundível e que antigamente predominava como o principal produto.
Campolongo sul Brenta, o município onde Paolo Vidale foi registrado, se estende numa área de 9,66 km2 e tem uma população de 826 habitantes, dos quais 636 residem no perímetro urbano; os demais se distribuem entre os lugarejos de Pellizzari, Oreandi e Villa. A denominação da cidade se origina da topografia da região, ou seja, uma extensa campanha sobre o rio Brenta, com amplos campos cultiváveis à margem do rio. O restante do território é montanhoso e escarpado, onde crescem bosques nativos e afloram rochedos íngremes.
O termo latino campus (campo) expressa a idéia de área agrícola, terra cultivável; o adjetivo longus (longo), transmite a idéia de extenso, comprido, língua de terra que margeia o rio. Com relação ao rio Brenta, sua origem remonta ao termo pré-latino brenta, brinta, que significa baixada, concavidade, alusão aos profundos vales nos quais corre o rio. O nome da cidade era Campolongo até 18/08/1867, data em que o Decreto Real nº3893 lhe acrescentou a especificação sul Brenta para diferenciá-la de diversas outras localidades de igual denominação.
A história de Campolongo sul Brenta e a de Campese segue as sortes da de Vicenza, à qual sempre esteve ligada. Após a queda do Império Romano, no ano 476, a antiga cidade latina de Vicentia e seus arredores foram conquistados pelos longobardos que estabeleceram, na cidade, a sede de um Ducado.Os duques se sucederam no governo de Vicenza e terriório de 568 a 774. No ano de 774, o Ducado foi conquistado pelos francos que o erigiram em Condado, governado pelos bispos-condes de Vicenza (774-1179). Em 1179, é conquistada pelo Ezzelino I da Romano, que dirige os destinos do condado como parte anexa a Treviso. No poder até 1193, é sucedido por seu filho, o tirano Ezzelino II que governa até 1214, quando a cidade se erige em Libero Comune (Município Independente), autogovernando-se por meio de um podestà [prefeito plenipotenciário] até 1236. Neste ano, as tropas do Imperador gemânico Frederico II conquistam o Condado e o administram até 1259, quando Vicenza se proclama República Independente e assim permanece até 1266, ano em que se submete ao condado de Pàdova, permanecendo ligada a este até 1312. Neste ano passa sob a dominação dos senhores feudais Della Scala de Verona que a governam até 1387, quando os duques de Milão a anexam a seu território e governo (1387-1404). Finalmente, em 1404, é anexada pela República de Veneza, sob cuja dominação permanece até 1797, ano em que Napoleão Bonaparte conquista a Itália e cede todo o Vêneto ao Império Austríaco.Esta nova situação perdura, salvo breves intervalos, até 1866, quando o Vêneto, juntamente com o Piemonte e a Lombardia, adere ao Reino da Itália, cuja unificação total é atingida em 1870, com a conquista de Roma.
A economia de Campolongo sempre dependeu da atividade agrícola, com destaque para as videiras, o tabaco e também a pastoril. Na área industrial destaca-se a produção de artigos higiênico-sanitários e o artesanato do couro.
Hoje, depende quase exclusivamente do turismo alpino.
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"Este trabalho é uma homenagem a Domênico e Giustina, um preito de respeito a pessoas que, buscando uma vida melhor, tiveram a coragem de sair de um pequeno vilarejo, enfrentar o desconhecido, estabelecer-se em outra terra, aprender outra língua e costumes, trabalhar duro por anos e deixar para os descendentes um exemplo de vida dedicada à família, à religião e ao trabalho".
Tenha orgulho de seus antepassados São as pessoas simples que eu procuro. O sal da terra, se assim posso dizer; Aqueles que carpiram o solo escuro, E plantaram grãos, para ver a planta nascer.
São bem estes que eu gosto de encontrar Nas minhas asas, na genealogia; Por orgulhar-me deles, vou me dedicar, Mostrar meus nomes para o resto da família.
Quem busca seu passado querendo glória, Não deveria sofrer, nem chorar demais, Se, em vez de heróis, com brasões de nobres, Descobrir, na verdade, em sua história Que todos os seus procurados ancestrais, Materialmente falando, eram pobres.
(Original de Guylia McCoy, em The Sunny side of Genealogy,Fonda D.Baselt,Genealogical Publishing Co.,Baltimore, 1988,traduzido por Virgínio Mantesso Neto,Bacharel em História e Genealogista).
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Pesquisa iniciada em 1991 e desenvolvida
por Adélia Regina Vidale e Romeu Ricardo Vidale. Um agradecimento especial
para tia Odete Vidale Prieto e nosso pai Romeu Vidale, que muito colaboraram com suas informações, e a todos os parentes que pacientemente nos atenderam na busca de subsídios, para que pudéssemos chegar até aqui.
Ainda falta muito, genealogia exige paciência, perseverança e dedicação de quem procura, compreensão e boa vontade de quem é chamado a colaborar . Todo o esforço vale a
pena, resgatar
o
passado é cuidar do futuro.
Romeu Ricardo VidaleRecolher