IDENTIFICAÇÃO Me chamo Paulo Roberto Maldonado, sou original do Rio de Janeiro e nasci dia 31 de maio de 1950. INGRESSO NA PETROBRAS Ingressei na Petrobras em 18 de novembro de 1980. Foi até interessante. Eu fiz todos os exames na Petrobras e no dia que fui admitido teve uma coisa pa...Continuar leitura
IDENTIFICAÇÃO Me chamo Paulo Roberto Maldonado, sou original do Rio de Janeiro e nasci dia 31 de maio de 1950.
INGRESSO NA PETROBRAS Ingressei na Petrobras em 18 de novembro de 1980. Foi até interessante. Eu fiz todos os exames na Petrobras e no dia que fui admitido teve uma coisa particular lá no Edise - eu sou originário do Edise e da Exploração da Petrobras. Ingressei no dia 18 de novembro, no Dia da Bandeira. Aí teve uma cerimônia grande em frente ao Edise e chamaram o mais jovem contratado da Petrobras, que fui eu, no caso, e o mais antigo da Petrobras, que era o Rilsan – cheguei a trabalhar com ele depois. Essa cerimônia foi bonita, teve hasteamento da bandeira, o Shigeaki Ueki era o presidente na época, foi algo que, pelo menos assim, marcou a minha entrada.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Entrei para o Edise, para a Exploração da Petrobras, direto para a geofísica marítima. Como qualquer pessoa nova, eu inicialmente fui fazer alguns estágios com a equipe sísmica da Petrobras e para isso eu entrei na Divisão Geofísica, chamada de Digef. Na Digef, eu fiquei um bom tempo, até 1987, quando ocorreu algo bastante marcante para mim: eu fui chamado para participar e coordenar o Projeto Antártica, que era a montagem de um navio para ir à Antártica. A gente foi dois anos seguidos, 87 e 88, e fizemos um bom serviço na Antártica e também no Brasil, do Norte ao Sul, ou seja, do Oiapoque ao Chuí fazendo algo. Depois, me tiraram da Digef, mas fui sempre ligado à geofísica. Eu fui coordenar a parte de um navio que trabalhava para nós – era nosso navio, em convênio com a Marinha –, para levantar o que se chama Leplac, levantamento da plataforma continental brasileira, que foi um projeto enorme com mais de 320 mil quilômetros de dados adquiridos. Ajudou a compreensão maior das bacias brasileiras. Tenho orgulho de dizer que uma boa parte do nosso sucesso está ligada a esse trabalho que a gente fez de compreensão geral e, hoje em dia, esse projeto está sendo julgado na ONU. Eu faço parte também do grupo que já foi a ONU, em setembro do ano passado, para defender o Projeto Leplac Brasileiro. Nesse caso, a Petrobras participou intensamente com quatro pessoas, e eu sou uma das quatro.
PROJETO LEPLAC Foi fantástico, porque a gente partiu de áreas mais rasas para áreas cada vez mais profundas e isso foi um ensinamento grande, porque a gente não tinha idéia exata das bacias, como se comportavam. O Projeto Leplac deu um conhecimento amplo para isso, porque nós tivemos que, primeiro, esticar, em termos de exploração. A Petrobras investiu um dinheiro grande em cima disso, não era muito econômico na época, nem se pensava, mas como o governo brasileiro exigia conhecimento de toda a plataforma continental brasileira para poder entrar na ONU, em 1987, então foi um projeto bem interessante porque a gente não conhecia nada. A gente olhava as seções: “Pô, coisa nova” E hoje, quando você vê as coisas caminhando e a Petrobras cada vez em águas mais profundas, você vê que participou disso aí.
BACIA DE CAMPOS / ÁGUAS PROFUNDAS Quando eu entrei para a Petrobras, a Bacia de Campos já era descoberta, então a idéia foi ir cada vez para águas mais profundas. As seções sísmicas eram maravilhosas e a gente ficava se perguntando: “Por que a gente não vai para águas mais profundas?”
Desafios Quando eu ingressei na Petrobras, na Bacia de Campos, estava-se trabalhando em 150, 300 metros no máximo. Isso foi, aliás, uma coisa bem interessante porque a gente ficava: “As seções são maravilhosas, por que não vai lá?” A tecnologia não permitia e a gente teve que fazer uma série de adaptações para poder continuar avançando para águas mais profundas. Até hoje a gente continua com os mesmos problemas, nós já chegamos a três mil metros, mas sempre com os problemas que a gente tem que conviver, bolar as soluções e com isso obter imagens cada vez melhores para o pessoal acertar. Nós somos parte de um conjunto que prepara as imagens para alguém fazer um projeto, para alguém perfurar um poço, e quando se tem uma boa imagem você permite o sucesso disso. Essa é a nossa parte hoje. Cada vez que você vai para águas mais profundas, as dificuldades aparecem, são novidades, quem já foi em águas tão profundas? Via de regra, a gente é pioneiro nisso até no mundo. Apesar de existirem equipamentos, a gente, às vezes, encomenda equipamentos. Mas sempre tem surpresa, você olha e diz: “Por que?” E começa a pensar por quê. A teoria na prática, às vezes, é um tiquinho diferente. O desafio é acompanhar essa necessidade de ir cada vez mais para o fundo e atender a demanda, ou seja, foi muito rápido, muito rápido. Após cumprir o Leplac e a Antártica, eu vim para a Engenharia, onde estou hoje. A gente estava trabalhando a 300 metros, no máximo. Quando eu dimensionei os equipamentos para cá, que eram um pouco diferentes do que os que eu trabalhava na E&P (Exploração e Produção), esses equipamentos eu bolei assim: “Ah, 300 metros? Daqui a pouco eu estou até aposentado trabalhando com 600” Aí foram 1.800, dois mil metros, a gente já foi a três mil e aí nem sei. Não tínhamos essa noção, foi muito rápido, muito rápido. O petróleo aparece e a gente vai ter que atender isso, porque tem um risco grande, sempre há um risco grande envolvido e você tem que conhecer bem o fundo do mar para não causar nenhum acidente.
TECNOLOGIAS UTILIZADAS Conhecer o que está no fundo do mar, sem saber onde está, não dá. Quando você está na superfície, hoje em dia, você tem os satélites que te posicionam. Antigamente era rádio, a coisa funcionava por rádio, mas tinha um limite, um alcance limitado. Em 1987, nós já utilizávamos o sistema GPS, que o pessoal está utilizando hoje, nós fomos um dos primeiros no mundo a usar para ir à Antártica e fazer esse Leplac. A Petrobras já usava isso aí em um naviozinho que a gente montou. Então, na superfície ficava mais ou menos fácil de se posicionar e, à grande distância da costa, era fácil. Quando a gente começa a imagear lá no fundo, é como se você removesse a água, no fim das contas, a água é um pacote que você tem que vencer. E a forma de vencer isso aí e conhecer bem o que está no fundo é através do som que é transmitido em sensores que a gente coloca no fundo e vem para a superfície. A propagação do som é complicada porque existem várias camadinhas de água e isso muda um pouco o sentido da transmissão, a forma que é transmitida, e pode enganar a quem não prestar atenção e tentar investigar cada vez mais profundo essa propagação. Essa é uma grande dificuldade, vamos dizer, remover a água para os outros enxergarem e você mesmo enxergar e com isso saber: “Eu estou aqui.” E chegar em uma cabeça de poço lá no fundo com pouco erro e poder fazer o que tem que fazer.
DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS Nós fizemos desde equipamentos e métodos próprios até a concepção de alguma coisa feita sob encomenda no exterior. Até hoje a gente continua com os mesmos problemas, não os mesmos, sempre brinco: “Acabaram-se esses problemas, agora eu tenho outros que eu nem sei quais serão” E à medida que vão surgindo: “Opa, deixa eu pensar nisso um pouquinho e tentar resolver.” Mas, via de regra, hoje o meu serviço, o meu trabalho sempre está voltado ao imageamento do fundo para projetos de engenharia e ao conhecimento do solo e subsolo marítimo para permitir fornecer dados para a engenharia de projetos. Hoje os equipamentos até que transmitem direito e tem algumas alternativas. Antes, a gente mandava o som da superfície para o fundo, agora a gente está pensando em mandar o som do fundo para a superfície e melhorar a performance da aquisição. Isso tudo faz parte de uma geometria que você bola e não dá para fugir muito, mas a concepção de como o som vai se propagando varia, e você mudando essa: “Olha, não vou mandar da superfície para o fundo, mas do fundo para a superfície.” E isso causa uma diferença grande. Aí vai melhorando a recepção na superfície, porque a gente está na superfície de um navio, e com isso a gente cada vez mais obtém dados com mais segurança, dados com menos erros, dados com maior poder de resolução. Nós, hoje, estamos envolvidos com mais um equipamento, por exemplo, nós temos o equipamento de imagem de fundo, para imagear o fundo, chamado sonar, só tem três no mundo e o nosso é um deles. Já trabalhamos pelo menos por uns seis, sete anos direto com esse equipamento, está mais do que pago, está muito bom para a Petrobras, não dá para trabalhar em tanta profundidade sem ter esse equipamento. E hoje nós estamos partindo, é o mesmo equipamento, mas com novas tecnologias, são progressos que a eletrônica fez e que a gente está tentando se adaptar e ver se com essa adaptação nós vamos melhorar. Acredito que sim, a eletrônica evolui rápido, acredito que em torno de alguns meses devemos ter esse equipamento entrando em operação.
SONAR DE ÁGUAS PROFUNDAS É um sonar de águas profundas. Antes, ele era um sonar comum, agora esse sonar - esse é outro detalhe -, uma das coisas que a gente tem é que quando você emite o som da superfície, o som vai se abrindo em ondas, chega lá embaixo com o que nós chamamos footprint, uma marca no fundo muito grande. Isso faz uma série de deformações que você tem que tentar corrigir e atrapalha a qualidade. Então, se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé. O que nós fizemos? Não vou da superfície, vou botar lá fundo tudo que eu tinha na superfície. Nós trouxemos para o fundo e o nosso sonar navega no fundo, na faixa de uns 30 metros do fundo, qualquer profundidade que seja. Às vezes, está com sete quilômetros de cabo do navio e você está vendo o sonar lá embaixo obtendo as imagens, lá no fundo. Existia um sonar em superfície, mas para melhorar a qualidade essa é uma das soluções. Já que eu não posso, as deformações vão me atrapalhar, eu ponho esse no fundo e o negócio é saber onde ele está. Essa é a dificuldade hoje, ainda, a gente está sempre tentando melhorar. E esse trabalho é principalmente para estar mapeando esses campos, meio ambiente e engenharia, porque surpresas e surpresas aparecem. Existiam coisas, que é quase igual usar óculos, você não vê porque não usa, mas no momento que você coloca os óculos: “Estou enxergando mais isso, estou enxergando mais aquilo.” No geral, você até enxerga sem óculos, mas, quando você põe, você vê com mais detalhe. E isso é igual, nosso trabalho é igual, o refinamento do que a gente faz permite enxergar cada vez mais. Como nunca foi em águas profundas e muito pouca gente já foi, o que vai surgindo de imagem é sempre uma novidade que a gente se delicia enxergando, olhando e tentando entender. E, muitas vezes, tem situações em que essas imagens são coisas estratégicas, não posso nem dizer muito, mas que permitem a gente identificar que tem um ponto de petróleo só com a imagem.
COTIDIANO DE TRABALHO É quase igual trabalhar em terra. Como eu também iniciei as minhas atividades em terra, geofísica terrestre, no mar você tem que ter praticamente tudo que você tem em terra. A única coisa é que você tem um meio ambiente desfavorável para chegar no fundo. Em terra, quando você vai construir alguma coisa, você tem que construir, montar um mapa da situação em que vai construir, para não cometer nenhum engano. Construir em um local onde teria problema de fundações, em um local onde você poderia estar na beira de um barranco em terra e esse barranco deslizar em cima da tua construção, isso você vê toda hora em terra. No mar, é a mesma coisa. Se você partir para fazer alguma coisa lá sem conhecer, você está arriscado a ocorrer a mesma coisa, no mar, o fundo do mar é simplesmente o prolongamento da terra debaixo d’água, então tudo que existe em terra praticamente vai existir no fundo do mar.
Adaptações para trabalhar no fundo do mar Estamos sempre adaptando. Até idéias novas a gente está lançando, algumas coisas tipo para referenciar as imagens. Em terra, você coloca marcos, por que não no mar? A única coisa é qual seria o tamanho do marco, não tenho a menor idéia: “Bom, vamos ter que bolar, estudar isso com atenção para, quando passarmos aquele nosso sonar, eu enxergar.” Mas tem uma correspondência direta, a dificuldade é adaptar no mar o que vem de terra, essa é a dificuldade.
Mudanças Basicamente, a grande mudança foi na década de 90, quando a gente fez a modificação. Todos os sistemas eram analógicos. De 1991 em diante, tudo passou a ser digital. O dado digital permite você obter um grande volume de informações e tratá-los posteriormente; os analógicos não, eram todos em papel. Então, se você tinha uma boa imagem, tudo bem, se não teve, não vai dar para fazer nada depois, e isso era uma dificuldade grande. Esse foi um passo enorme, a mudança de analógico para digital.
COTIDIANO DE TRABALHO Hoje, justamente, a gente já tem um modus operandi, as coisas funcionam. E eu fico tipo aquele cara mais velho, que fica olhando os jovens fazendo o que você já fez muito, mas sempre bolando situações novas para tentar melhorar a qualidade de tudo que é feito. A gente nunca deve ficar satisfeito com a qualidade do que você está obtendo, apesar de muitas vezes achar: “Tá satisfatório.” Sempre pode ser melhor. Eu acho que isso impulsiona o nosso trabalho, tudo pode ser melhor, eu sou um eterno insatisfeito.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL No Edise, fiquei de 1980 a 1991. Eu fui à terra, mas depois que eu entrei no navio, nunca mais saí. Tinha até, naquela época, aquela musiquinha: “Entrei de gaiato num navio.” Fiquei nos navios da E&P direto, fiscalizando, só tinha eu mesmo. Aí depois a gente começou a montar equipe, no fim culminou uma equipe brasileira só fazendo geofísica. Fomos foi à Antártica, fizemos a Plataforma Continental. Na equipe, tinha 21 pessoas efetivas, mas outro dia teve um cdzinho que a Marinha nos mandou e eu juntei todo mundo: 40 pessoas, tudo trabalhando no navio, em rodízio. Trabalhando efetivos eram 21, mas no total eram 40 e poucos, uns 43, por aí. Eu tenho orgulho de dizer isso porque, fora a Petrobras, ninguém nunca mais fez isso no Brasil e só cinco países no mundo fazem. A gente fez só com brasileiro e, se tiver que fazer, a gente faz de novo. Depois de concluído esse trabalho gigantesco de levantamento da plataforma, a equipe foi desfeita, a Petrobras não achou interessante manter por vários motivos, e nós concluímos um trabalho, que é isso que está sendo julgado hoje na ONU. A partir daí, a equipe foi desfeita, em 1995, eu acho. Mas foi feito tudo só por brasileiro, todo mundo foi treinado, um grande serviço.
ENGENHARIA Vim para a Engenharia, onde estou até hoje. Acho que estou há mais tempo na Engenharia do que fiquei no E&P. Eu acho que sou um eterno curioso. Na época, lá no E&P, a gente trabalhava com levantamentos tridimensionais e aqui estava na fase do analógico, então o pessoal falava: “Não dá para você ir para lá para a gente trabalhar junto?” E eu adorava o pessoal daqui, a gente se dava muito bem. Com alguma dificuldade, saí de lá, vim para cá e estou aqui até hoje. Estou mais tempo agora na Engenharia do que no E&P, mas sempre em contato, porque nosso mundo é muito pequeno, o número de geofísicos na Petrobras também é pequeno, então os problemas são comuns. Quando eles têm problemas, às vezes, conversamos sobre os problemas: “Qual a tua experiência?” Falo sobre a minha experiência e aí a gente troca sempre muita coisa, os congressos também ajudam nisso, a gente não deixa de ter contato porque a ciência é uma só. Eu estou com a parte mais profunda e nesse sentido eu já cheguei a trabalhar, o Leplac obtinha dados de 18 quilômetros de profundidade, petróleo, vamos dizer, a uns três, quatro quilômetros, e hoje em dia estou aqui com cinco metros, 10 metros abaixo do fundo, varia, mas com muita resolução. Então, a geofísica é uma só.
GEOFÍSICA X ENGENHARIA O pessoal sempre é muito afobado, sempre corre: “Eu estou com pressa” “Preciso disso urgente” Eu acho que isso é até pertinente, mas o tempo mostra que, se você se organizar direitinho, ele rende bem. A gente está acostumado a suportar essas pressõezinhas.
IMPORTÂNCIA DA BACIA DE CAMPOS Bacia de Campos é, economicamente, o coração de tudo que tem hoje no Brasil. Inicialmente, começou na Bahia, até por mais facilidade, porque é em terra, mas como a quantidade de óleo não era tão grande, a Bacia de Campos é quem deu essa abertura toda. Sendo centro, é impressionante como a indústria responde ao estímulo. Petróleo é o ouro negro, onde ele estiver e se a quantidade for boa, os esforços aumentam e o homem é muito criativo. O que a gente vê de solução para a exploração é espetacular, é uma mistura de disciplinas, é impressionante o mundo do petróleo. Você utiliza satélite, imagem de satélite, geologista, cartógrafo, geógrafo, oceanógrafo, biólogo, engenheiro químico, mecânico, naval, o próprio pessoal de apoio, secretárias, o mundo do petróleo é um mundo muito diverso. Se você se acostumar, se adaptar e conseguir conviver com isso tudo junto, é engrandecedor, é espetacular. Poucas pessoas podem ter a oportunidade de ver isso e dizer: eu me encaixo aqui. E isso é muito bom.
HISTÓRIAS / CAUSOS / LEMBRANÇAS Como eu disse, tem muita coisa que é surpresa e as surpresas acho que são muitas vezes causadas por nossos erros, a gente tem que admitir. Então, ainda bem que os erros, quando acontecem, não prejudicando ninguém, nem a Empresa, nem acidente com ninguém, os erros se diluem, você acerta mais do que erra. Como a gente trabalha sempre na linha de fronteira, errar é uma coisa que você tem que admitir: “Errei” Eu sempre falo: “Droga, errei” Então, quem me conhece, quem conhece a gente que trabalha com isso, sabe que essas coisas acontecem com freqüência. Muitas vezes, a gente pode não querer admitir, ser teimoso, mas acontece. Eu sou conhecido por muitas dessas histórias, tenho até vergonha, não vou falar. Quem me conhece, sabe Todos eles brincam muito comigo, tem muita situação em que a gente investe em uma idéia e quer a solução, até todo mundo concorda que é a solução, mas a forma de fazer, às vezes, o encaminhamento pode não ter sido o melhor, aí acaba: “Não deu certo. Vamos refazer, porque aí dá certo.” Isso é comum. Eu tenho muita coisa, é muita história.
ANTÁRTICA Isso foi até fora do Brasil, foi na Antártica. Tudo lá era feito tudo dentro do navio, então você adquiria, processava, interpretava e já saía com o relatório pronto. Tinha um CPD, processamento e interpretação, tudo a bordo, e quando terminava o trabalho já tinha o relatório pronto. Isso é uma coisa incomum, até hoje não é comum. Em 1987, ter isso era um assombro. Então, lá nós descobrimos uma bacia nova para a região Antártica, demos um nome para ela, mas ninguém sabia se tinha óleo ou não – aí era outro assunto. Antártica é até um celeiro que o pessoal tenta preservar para a humanidade, lá certamente tem óleo. Essa bacia que descobrimos foi chamada de Bacia do Câmara, que era o nome do navio em que nós estávamos. Isso é legal
PROJETO MEMÓRIA PETROBRAS Foi uma surpresa, porque eu não tinha idéia de como seria. Você me deixou na curiosidade, eu acho que a pressão pode ter subido, mas eu não morri por causa disso Tentar dar um depoimento é sempre algo que pode contribuir. Eu sempre penso em quem vem atrás de mim, já que eu chego às vias de me aposentar. O que quem vem atrás vai fazer, vai continuar, porque a gente passa na Empresa, contribui, mas a Empresa fica e cresce, e você se preocupando com quem vem atrás. Eu acho que é essa a forma de trabalhar. Então, esse tipo de projeto eu acho que é importante porque uma empresa ou um país sem memória não pode ir adiante e uma empresa que se preocupa com isso é uma empresa que está fazendo tudo certo. E, para fazer certo, você tem que ter as pessoas pensando certo, e isso é muito bom, é isso que eu acho do projeto.Recolher