IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Meire Bueno Farias, sou de São Paulo, nasci em 12 de setembro de 1947. ATIVIDADE ATUAL Eu sou gerente de setor de vendas. FAMÍLIA O nome dos meus pais é José Bueno e Isaura de Conceição Pierine Bueno. Meus pais já são falecidos, mas a minha mã...Continuar leitura
IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Meire Bueno Farias, sou de São Paulo, nasci em 12 de setembro de 1947.
ATIVIDADE ATUAL Eu sou gerente de setor de vendas.
FAMÍLIA O nome dos meus pais é José Bueno e Isaura de Conceição Pierine Bueno. Meus pais já são falecidos, mas a minha mãe era do lar, e o meu pai era funcionário publico municipal. A origem da família é Italiana. De Padova, que é bem próximo de Veneza, Nápoles, são dois lugares bastante interessantes que eu não conhecia e recentemente estive lá, maravilhoso. Infelizmente meu irmão, o único irmão já é falecido.
INFÂNCIA Eu sempre morei em São Paulo, capital, na época era no Ipiranga, numa região do Moinho Velho, próximo da Rua Silva Bueno, eu sou daquela região. Coisa boa lembrar isso, esse local era a casa dos meus avós, muito interessante, uma família muito alegre, uma família de muita festa, coisa boa, a recordação da minha infância é muito boa. Eu tinha este irmão, nós éramos dois, mas nós tínhamos uma família muito grande porque temos muitos primos, muitos tios, então a casa era uma casa
simples, mas bem agradável, com pessoas muito felizes e alegres, a nossa infância foi bonita por conta disso, dessa unidade de família e dessa coisa bonita que a gente tinha e meus primos, as minhas primas, é uma recordação de infância muito bonita.
BRINCADEIRAS DE INFÂNCIA (Risos) A gente jogava peteca, muita peteca, isso eu acho que vocês nem conhecem. É um jogo interessante e a gente jogava muito dominó, porque como eu disse, nós éramos muitos, quando a gente se juntava a brincadeira eram essas. Maravilhosa entre os primos, a gente se divertia muito, pega-pega, aquelas brincadeiras de criança mesmo.
CIDADES / SÃO PAULO A cidade naquela época era uma tranqüilidade, eu conheci bonde, andei de bonde, tinha um bonde que saia da Rua Silvia Bueno, e a cidade era tranqüila, com poucas pessoas, naturalmente o sistema era outro, iluminação de rua diferente do que é hoje. A gente vai voltando no passado e lembra de uma época muito bonita, ai vira um saudosismo porque realmente tinha coisas muito diferentes, aliás, comento sempre isso na minha casa, com as pessoas, com os meus filhos, a diferença da época, da cidade, das maneiras das pessoas, de como a gente se conhecia, como se falava com todo mundo, como a gente ficava horas no portão, todo mundo conversando, era diferente, tranqüilo, a cidade era muito tranqüila. Eu ia passear com meu pai, olha que passeio interessante, a gente ia muito à Praça da Sé, pegávamos aquele bonde que eu disse, depois andávamos a pé um trecho, Museu do Ipiranga, Liberdade, Bexiga, então a gente andava a pé por ali, íamos de bonde até certo trecho, depois a gente andava muito a pé. Nossos passeios eram bons, eram bem simples, mas interessantes, dá uma grande saudade dessa época.
LEMBRANÇAS MARCANTES O natal e final de ano na minha avó, porque nessa mesma rua que se chamava, chama-se ainda, Rua Sava, lá no Moinho Velho, era uma grande família porque todas as pessoas te conheciam, e a minha prima, uma prima que quero muito bem, e tinha outra avó, que era uma avó portuguesa, nós somos de descendência Italiana, mas a avó dela por parte de mãe é de origem portuguesa. A gente ficava correndo daqui de lá, noite toda de ano novo e natal nas duas avós, das duas casas, dessas avós, a outra não era minha, mas fazia parte, a gente ficava. É uma recordação muito boa.
FORMAÇÃO Eu era muito pequena, naturalmente, até trouxe uma foto dessa época, porque tenho essa minha prima, estudou comigo. Lembro-me muito, primeiro ano escolar, onde tinha a professora que se chamava Dona Virginia, tudo começou lá atrás, 1954, 1953, por ai. A escola era de madeira (risos), era um galpão grande, salas todas simples, é uma escola pública. Tinha salas separadas e, na mesma sala tinha meninos e meninas, chamava misto, na época se dizia: “Olha uma escola mista.” Porque tinham meninos e meninas na mesma sala, e era bem interessante. A gente cantava, não sei se é assim que se diz hoje, hoje se diz coral, mas a gente cantava no Orfeón da escola (risos), era bem interessante. Depois os meus pais mudaram de bairro várias vezes. Nessa minha época de infância, até ginásio, então mudei muito de escola, mas eu sempre fui, modéstia a parte, uma aluna aplicada, nunca tive problema com essas mudanças não, foi sempre muito tranqüilo, até chegar à fase de adolescente e adulta. Lamentavelmente não continuei a estudar. Eu parei, eu me casei muito cedo também, e na época a gente se casava e parava tudo essa vida. Quem retomava, retomava muito mais tarde, tanto é que eu, fui trabalhar, já estava com 30 anos, 31 anos, quanto entrei na Avon, eu estou há 30 anos na Avon (risos). A minha mudança de vida é a partir daí, porque antes disso, eu casei e fui ser dona de casa, tive dois filhos muito cedo, e eu tenho uma terceira filha, que essa já nasceu bem mais tarde, mas os dois primeiros foram quando eu era muito jovem, eu fiquei
muitos anos só cuidando de casa mesmo, de filho, de marido, aquelas coisas de moças de minha época, hoje a história não é essa, mas naquele tempo era assim.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Meu trabalho efetivo mesmo foi na Avon. Na verdade eu trabalhei antes, naquela época com 12 anos eu já era bem crescida e eu achei que tinha que trabalhar e os meus pais foram comigo, o meu pai foi comigo tirar documento, precisava tirar documento. Hoje não existe mais isso, mas naquela época sim, documento de menor de idade, com licença de juiz, era uma historia bem interessante e eu tirei documento com 12 anos, porque eu achava que tinha que trabalhar, mas eu tive também um outro problema que era a saúde da minha mãe que era muito frágil e todas às vezes que eu tentei trabalhar e ficar fora, como nós éramos uma família, eu, meu irmão, meu pai e minha mãe, então a família grande era por conta dos primos e avós e tios que eram bastante, mas quando nós estávamos só nós, éramos só nós quatro, e a minha mãe precisava muito da minha ajuda,
então eu trabalhava, parava, voltava, ficava em casa cuidando da minha mãe, eu comecei muito cedo mais parei muitas vezes.
TRAJETÓRIA AVON Na Avon eu comecei com 30, 31 anos mais ou menos. Eu me lembro que quando eu era criança eu conheci a Avon através de folhetos, eu já tinha me apaixonado e interessante que na época eu vi uma gerente, ela não chamava gerente, aquele tempo era promotora de vendas e ela era uma mulher muito bonita: “Nossa que mulher bonita, ela representa a Avon.” A Avon estava começando quando eu conheci, começando no Brasil, que a Avon está fazendo 50 anos no Brasil. Era uma coisa nova e eu já me apaixonei pela Avon ali, quando criança. Depois um pouco mais tarde uma tia do meu marido que era revendedora e a gente comprava produtos dela, e eu fui começando a gostar muito da Avon, mas trabalhar com Avon foi mais tarde quando eu achei que deveria voltar, alias, voltar não porque já tinha parado, e começar mesmo uma vida nova, trabalhando, e uma moça, uma amiga minha, ela me ofereceu: “Porque você não começa a revender Avon? Experimenta.” Eu falei: “Nossa, eu não tenho jeito pra isso, imagina, como que eu vou fazer, como que faz, a gente vende e depois tem que ir receber e se a pessoa não pagar.” Todas aquelas duvidas, e ela disse assim: “Começa, experimenta e vê o que vai acontecer.” E eu comecei, isso foi em 1970, eu entrei na Avon como promotora de vendas em 78. Comecei revendendo Avon e achei lindo, eu comecei a me empolgar bastante com aquilo, e a promotora sempre falava pra mim: “Escuta, porque que você não se candidata a promotora de vendas, você tem uma boa postura, você é bem articulada, tenta, faz uma ficha.” Piorou, se vender é difícil que dirá ser uma promotora, também era uma coisa que estava muito distante de mim eu achava impossível. Mas foi assim, essa promotora se chama Maria Heloisa, ela já não está mais na Avon, mas na época ela achou que eu tinha jeito para a coisa. E realmente me candidatei, ela inclusive levou, naquele tempo se preenchia uma ficha e ela levou para a Avon, eu conheci a gerente dela que se chama Iva, Iva Braum. Ela também ficou muito tempo na Avon, era gerente de vendas. Como é bom lembrar isso, comecei, me candidatei, fui entrevistada mais tarde pelo seu Jaime Thomas de Aquino, foi o meu primeiro gerente na Avon, e eu comecei minha atividade ali, e estou lá até agora, 30 anos.
PRIMEIRA VENDA Todo mundo fala a mesma coisa, e hoje em dia para você ver, quando a gente começa hoje o cadastro de revendedores e a primeira pergunta é essa: “Para quem que eu vou vender?” Você começa a vender para a família, você oferece para o vizinho da direita, vizinho da esquerda, vizinho da frente, e como todo mundo, a gente vai crescendo essa clientela, porque um apresenta o outro, e assim vai crescendo.
PRODUTOS A Avon foi pioneira em cremes, a parte da maquiagem da Avon sempre foi muito vendida desde sempre, mas tinha um perfume que era muito vendido e ainda é até hoje, que é o Charisma, lembro que isso se vendia muito, essa colônia Cristal Charisma, ainda tem.
PROMOTORA DE VENDAS Totalmente diferente daquilo que eu fazia, porque revendendo você só faz aquilo, você tem folheto de ofertas, vai oferecer e vai revender. Agora, cuidar de um grupo, ser promotora de vendas é um desafio muito grande, e para mim foi enorme, porque eu não dirigia, precisei aprender a dirigir. Eu fui trabalhar meio longe, aliás, bastante longe de casa e cuidar de um grupo, na época enorme para mim, 280, 300 revendedoras, era muito grande na época. Hoje eu trabalho com 1600, já tive 2000 revendedoras. E foi acontecendo devagar, mas para mim foi complicado, sair de revendedora, sair de dona de casa para cuidar de um grupo, não é fácil. Mas eu acho que contei, acho não, com certeza contei muito com o meu jeito de ser e tratar as pessoas, e com isso fui conseguindo, aos poucos que as pessoas confiassem em mim, eu também fui perdendo os meus medos. O mapa que eu tinha da região, que era enorme, era uma região muito grande, fazia Cotia, Itapevi, uma parte do interior de São Paulo, o mapa era maior que meu carro e meu carro era um fusca amarelo (risos), e era maior que ele, para eu me achar, as ruas não tinham nome, era tudo A, B, em todo lugar é a mesma coisa, abria aquele mapa enorme, cobria o carro, ficava me achando por ali, e quanta dificuldade, quanto nervosismo para achar as pessoas, porque a função é essa, ir até a casa da revendedora. Hoje nós trabalhamos de uma forma diferente porque temos executivas que nos auxiliam, mas quando eu iniciei não, era a gente sozinha para fazer todo trabalho, mas foi super interessante.
COTIDIANO DE TRABALHO Não mudou muito de lá para cá, mas o primeiro ponto é recrutar pessoas, um setor só caminha, só existe se tem gente. Era assim: a gente saia recrutando as pessoas, uma revendedora indicava a outra, e tinha até muita indicação, hoje nem tem tanta, mas tinha muita e a gente fazia um estabelecimento novo, esse estabelecimento é recrutar, fazer um cadastro de uma nova revendedora. Fora isso, dar reuniões de grupo a cada 15, 20 dias. A gente dava e ainda dá essas reuniões, hoje a gente chama de Encontro de Negócios. A gente queria muito que fossem muitas pessoas, e ia, mas naquele tempo, muito mais pessoas compareciam nessas reuniões, e a gente passava toda a instrução, cadastro, revendedora nova, visita á revendedora, reunião de vendas, promoção de vendas, visita para motivar, esse sempre foi o trabalho e ainda é assim. Só que hoje como eu disse a gente tem executivas, a gente treina uma executiva com todo esse apanhado que a gente já sabe, passa para ela e ela também faz, do jeitinho que ela consegue adequar, e a gente orientando sempre por trás, sempre ajeitando, sempre do lado, sempre caminhando com ela, ensinando, e ela faz esse trabalho de campo, de estabelecimento, que nós fazíamos antes, sozinhas. Fazer com que a pessoa acredite naquilo que ela está fazendo, porque precisa haver crença, nosso trabalho precisa ser pautado, firme na crença, tem que acreditar, a gente acredita no que faz, e tem que passar essa crença para o outro, sem essa crença não existe esse trabalho. E é isso que a gente passa para a executiva, a executiva passa para a revendedora, e a cada 15, 20 dias a gente reúne esse grupo. Recentemente eu mudei de setor, eu dei duas reuniões agora dia 4, fiquei feliz da vida, parece que a gente está conseguindo resgatar o povo, as pessoas que são pessoas da periferia, fazem desse dia da reunião algo muito importante, porque ali elas vão e conhecem pessoas, outras amigas, elas participam, elas aprendem tudo que vai acontecer na campanha, e a gente está ali para isso, isso é nosso papel, passar tudo que é de interessante, que a empresa tem para oferecer, e que tem muito para oferecer, os nossos produtos são maravilhosos, e graças a Deus a gente tem uma aceitação muito grande.
ESCOLHA DA EXECUTIVA DE VENDAS Somos nós que escolhemos. A gente tem que pensar primeiro, se ela é uma pessoa que, a gente entrevista naturalmente, e a gente vai sentir se essa pessoa está interessada em desenvolver outras pessoas, porque essa vai ser a função dela. De desenvolver pessoas também e se ela não tiver crença, porque ela precisa ser revendedora antes, ela tem que ser revendedora. Primeiro ela é revendedora, ela acredita no que faz, para ela poder ser uma executiva. Então a primeira coisa que a gente vê numa candidata é isso, é essa pré-posição, dela ser uma pessoa que vai multiplicar, a gente até chama de multiplicadoras, porque é isso que elas são, elas vão fazer essas pessoas, esse grupo que ela vai cuidar, no inicio é com 60 revendedoras e fica por conta delas, depois vai subindo, vai para 80, 100, mais de 100. Ela precisa ser uma pessoa bastante alegre, convincente, ser uma pessoa
despachada, que saiba desenvolver e ela tem que saber vender muito bem, porque senão não vende a idéia, se ela não souber vender bem, ela não vende a idéia, e é essa a função dela. Ela vai cadastrar pessoas, vai estabelecer essas pessoas e cada pessoa que ela for fazendo isso, ela tem que treinar, porque ela tem que desenvolver essa pessoa, e ela vai treinando, vai fazendo esse papel, naturalmente com a gente. Porque a gente orienta, se conhece, percebe, essa dá para a coisa, ela vai ser uma pessoa que vai chegar lá, que tem que fazer? Fazer ela caminhar desde o inicio, ensinando passo a passo o que é o trabalho que ela vai ter que desenvolver. E muitas delas aprendem com muita facilidade, tem tino comercial enorme, consegue passar isso com muita facilidade, e têm outras que não, muitas iniciam e a gente até acha que vai dar certo, e de repente não dá, porque não é todo mundo que tem essa força, essa garra.
TREINAMENTOS A Avon sempre proporciona para nós gerentes de setor, treinamentos. A gente tem treinamento de tudo, de técnica de vendas, técnica de conhecimento de produtos, fragrância, maquiagem, enfim tudo isso. Esse treinamento é para que a gente possa passar com a mesma segurança para essa executiva, que vai passar para a sua revendedora esse mesmo treinamento. E elas também têm treinamentos periódicos na empresa, elas também são chamadas para treinamentos. Mas fora isso a gente treina individualmente, faz reunião em grupo, passa para elas motivação, esse é nosso papel, que elas estejam e sejam motivadas diariamente, senão ela não vai fazer isso lá fora. Se a gente não tiver esse contado direto com ela, de motivação, a nossa presença sempre com elas, elas também não vão conseguir passar, então esse treinamento é importante. E a gente faz isso de que forma? Lá no campo, coloca a moça no carro e fala: “Vamos lá minha filha, vamos fazer o nosso trabalho.” E a gente vai visitar com elas, vai ensinar, vai prospectar, que é ficar num ponto estratégico do setor, abordando pessoas, ela tem que aprender a abordar pessoas, e para ela fazer isso ela tem que ver, e a gente faz para ela ver. É dessa forma que a gente vem treinando, fazendo com que ela se solte. E é gratificante demais, de repente você vê uma pessoa, que era embutida, meio sem jeito, e você começa a observar lá fora, depois ela fazendo aquele trabalho que você passou, com uma propriedade, com uma segurança, que puxa vida, que coisa maravilhosa, como o ser humano é capaz, e pensa: “São pessoas que são donas de casa, em geral são pessoas simples, que estão buscando melhorar de vida, ás vezes fazem de tudo para sua vida familiar melhor progredir, e criar os filhos, fazer esses filhos estudarem.” Quantas que a gente não vê, é tão bom, ela começa trabalhando a pé, eu tive vários casos, dali a pouco: “Eu vou tirar minha carta.” “Vou comprar meu carrinho.” É muito bom ver o progresso dessas pessoas, é muito bom a gente saber que pode passar isso, que faz um papel fundamental de mudança do ser humano, de crescimento para o outro, eu acho isso muito importante, no meu trabalho eu acho fundamental, acho maravilhoso essa possibilidade.
DESAFIOS Muitos. Cada revendedora trabalha em um local, eu trabalho em periferia, periferia brava, é aquela periferia que tem muita pobreza, e onde tem muita pobreza tem muita gente querendo trabalhar, esse lado é bastante propicio, é bom, porque você vai conseguir fazer com que as pessoas comecem a revender Avon. É uma mina de ouro. Eu sou da periferia, tenho gerente de setor que trabalha com metropolitano, já é outra historia, que eu não conheço porque nunca trabalhei, mas lá na periferia você enfrenta diariamente os obstáculos de comunicação com as pessoas, as pessoas são bastante, como que eu vou dizer, elas se soltam, são favoráveis a uma conversa, mas elas tem muito medo de tudo, elas tem medo, às vezes da presença da gente, a gente acaba inibindo porque ela mora num barraquinho, porque ela não tem cadeira para sentar e a gente entra na casa dela e tem que sentar na beirada da cama, ela não tem mesa para você apoiar, para escrever, ela tem essa inibição, por conta disso. Ela tem medo, porque a periferia traz medo, tudo que chega de novo numa periferia é estranho. Quando você pergunta numa esquina: “Você conhece a fulana de tal?” As pessoas te olham: “Ah não, não conheço não.” As pessoas têm medo de dizer o nome de alguém que você está procurando, porque pode ser um policial, poderia ser uma policial que estava procurando alguém, sei lá o que. Pessoas que estejam sendo procurada, aquela coisa de pai que não paga a pensão alimentícia, enfim, a periferia tem isso. Ter dificuldade de acesso porque as ruas são muito difíceis de você andar, as favelas são muito difíceis para entrar e em muitos lugares, a gente tem que obedecer ao toque de recolher, o famoso pedágio, que você tem que passar, tem que ter horário para trabalhar, porque depois do almoço já começa a ferver, começa a ficar difícil. Porque tem muita gente boa, maravilhosa, mas também ali infiltrados estão os outros, aqueles que não são tão bons e não tão maravilhosos, estão ali para atrapalhar e a gente precisa começar um trabalho cedo, para que na parte da tarde você já não fique tanto tempo lá fora, porque começa a ficar perigoso. Esse é um grande obstáculo, por outro lado, quando as pessoas nos conhecem, a gente fica famosa no lugar. Dona Meire? Todo mundo sabe quem é, todo mundo sabe quem é, ainda mais como eu sai do ultimo setor que eu sai, eu fiquei 29 anos no mesmo setor, então ali todo mundo me conhecia, como eu também conhecia todo mundo, era muito fácil. O nome da gente fica muito conhecido e por isso a gente passa respeito e as pessoas nos respeitam também, todo mundo sabe que o trabalho da gente ali não é investigar nada, não é ver se a casa é pobre ou é rica, ver se ela tem cadeira ou deixa de ter, ver se ela tem xícara para oferecer café, enfim, não é esse nosso intuito. O nosso interesse é outro, é levar para ela condições de mudança de vida, e isso a gente vê acontecer todos os dias, pessoas que começam andando de chinelinho de dedo no pé, depois você já começa vê ela calçada, começa a ter outra postura, começa a usar um batonzinho, começa a se preparar para ir para a reunião, elas começam a ter uma mudança e todas elas têm um objetivo, por pequeno que seja, às vezes são maiores. Mas elas têm um objetivo e a gente vai ajudá-las a alcançar esse objetivo, e é muito gratificante quando a gente consegue, é muito bom, a gente vê muito disso, aquela que fala no primeiro dia do contato: “Olha, puxa vida, eu queria trocar minha geladeira.” E depois de um tempo você volta lá, ela trocou a geladeira, ou então: “Ah, eu preciso muito reformar aquilo, meu telhado, está chovendo dentro da casa.” E depois de algum tempo ela vem e te fala: “Sabe aquele telhado? Eu consegui dar uma arrumada nele, já não está chovendo mais dentro da casa.” Este crescimento, essa ajuda acho que só a Avon. Porque a Avon tem isso, de levar para todos os lares por mais longe, por mais distante que ele esteja, por mais infiltrados dentro da favela que seja. Você olha numa janelinha, olha encima de uma mesa, tem um produto da Avon, a Avon chega a todos os lares, de que maneira? Dessa forma, as nossas formiguinhas que eu chamo, levam nossos produtos para todos os lados.
VENDAS Tem pessoas que trabalham só com a Avon e tem outras que já tem um outro trabalho. Se ela trabalha fora, ela leva o nosso folheto para dentro do trabalho dela e vai ter a clientela dela, se ela estuda, leva para dentro do colégio. As meninas levam isso para dentro do colégio, a dona de casa não, ela vai começar, como eu comecei, ali no meu núcleo familiar, de vizinho, é assim que ela faz. E é assim que a gente orienta mesmo, porque a pessoa quando começa, ela não sabe como fazer. “Bom, eu vendo, tem que receber? Tem que pagar?” “Sim, tem que receber e tem que pagar.” Ela tem que saber dividir as coisas, porque veja, é fácil, ela vende, ela pode até sair por ali e vender um monte de produtos e fazer uma venda grande, e na hora de entregar, ela entrega, entrega sem dinheiro, faz fiado, ela não recebe, tem dificuldade e ao invés de ser ajudada, ao invés de progredir, ela vai ter um problema na vida dela, então a nossa função é essa, nossa obrigação é orientar. “Você vai vender sim, mas veja para quem você está vendendo.” Na hora de vender é ótimo, na hora de entregar o produto, só com dinheiro na mão, porque sabe que você vai tirar o seu porcentual desta venda, mas você tem que pagar esse produto para a Avon, na verdade ela é a revendedora, ela compra da Avon para revender, ela tem uma facilidade, a Avon facilita isso para ela. Na primeira caixa, é um financiamento que a Avon faz para ela, ela vende, tem um limite claro, mas ela vende. Tem essa segurança, ela recebe esse produto sem precisar pagar nada na hora, vai pagar esse produto quando for receber a segunda caixa, então ela precisa estar bem orientada, porque senão ela se perde, ela vende, pega o dinheiro, gasta tudo e ai não tem como pagar, ela não faz nem o segundo pedido. E para nós é importante que ela tenha continuidade nesse trabalho, porque senão ela não vai, aquele nosso principal objetivo que é fazer com que essa pessoa que está começando e quer mudar de vida, cresça, deixa de existir se ela não tiver um acompanhamento, se ela não levar adiante dessa maneira, mas não é difícil para ela vender, quando ela começa a conhecer pessoas, uma pessoa indica a outra, e fazer essa clientela crescer, ai ela vai embora e vende muito, ganha prêmios e se torna uma revendedora estrela, e começa a ter outra historia.
INCENTIVOS / PREMIAÇÕES Ela ganha incentivos, ela tem incentivos de várias maneiras. Tem incentivo por produto, pelo desenvolvimento da venda de determinado produto, ou pela atividade dela, ela vai ficar assídua naquelas 2, 3, 4 campanhas e terminando essas 3,4 campanhas, ela fecha esse circulo, ela ganha um prêmio por isso, se for através de produto ela tem um objetivo, ela vai ter que chegar naquela meta de vendas para ganhar o premio. Se ela indicar alguém para revender, para ser uma nova revendedora Avon, ela também ganha um prêmio, ela sempre é agraciada com alguma coisa. Sempre converso com elas e eu acho que é uma troca, a Avon oferece para ela um trabalho, vai ter uma ocupação, vai ganhar dinheiro com isso, que é o ponto principal, ela tem que ganhar dinheiro revendendo Avon, senão não interessa, ela vai ganhar dinheiro e conseqüentemente como um agrado, como reconhecimento, ela ganha um prêmio, o objetivo principal não é o premio, o objetivo principal é o lucro, é o trabalho dela, o premio é o reconhecimento.
PRODUTOS O nosso grande sucesso é o Renew, esse é o nosso grande sucesso. A Avon é, como eu disse no início, uma empresa que tem uma diversificação muito grande de produtos, o nosso forte é a nossa parte de cosmética, maquiagem e fragrâncias agora, felizmente a gente está chegando lá também, até pouco tempo atrás havia certo preconceito. Uma trava com referências as nossas fragrâncias, mas agora não, o perfume da Avon está aí, está começando um grande lançamento que vocês devem estar vendo na televisão Blue Rush Intense, e é uma grande criação, vai fazer sucesso, já está fazendo sucesso, já começou vender e está vendendo muito bem. Atualmente a gente está tendo esse lado de perfumaria, até pouco tempo, o nosso forte não era esse, por isso que eu estou dizendo que o nosso grande, o nosso grande sucesso foi o Renew, o produto dentre os nossos produtos da parte de cosmética, o antiidade como é uma coisa moderna, e a todo o momento a gente ouve falar dos produtos antiidade, tem vários concorrendo com os nossos, mas sinceramente o nosso está fazendo um sucesso, faz um sucesso desde o primeiro lançamento de Renew até agora. Todo ano a gente tem os lançamentos novos, da mesma linha, é direcionado para outra coisa, área dos olhos, flacidez, brilho da pele, flexibilidade, para realmente trazer para a mulher o viso perdido com o tempo, que é natural. Então fazer com que a mulher envelheça de uma forma saudável e bonita, com uma aparência rejuvenescida, sem precisar de cirurgia plástica (risos).
DESAFIOS Os nossos desafios são diários, todos os dias a gente tem um desafio novo, quem trabalha com vendas, nunca pode dizer: “Ah Tá bom, parei por aqui, porque não preciso ir mais além.” Com vendas não é assim, a gente trabalha com objetivos novos diariamente. Desafio a gente tem vários, e a gente sempre consegue, com muita coragem, com muita força e crença, volto a dizer, a crença é fundamental no nosso trabalho, e os desafios vão sendo vencidos através da nossa crença. Por exemplo, a gente tem campeonato, dentro de um setor tem uma divisão, divisão tem um gerente de vendas, que tem um regional, e esse campeonato é regional, é divisional. Anualmente nós temos um campeonato que se chama Programa do Presidente, que acontece no final do ano, e é um baita desafio. Todo mundo sai, na corrida mesmo, para alcançar porque quando a gente ganha, e eu já ganhei quatro, é muito gratificante, por quê? Primeiro porque para nós é muito bom, você saber que conseguiu vencer mais um desafio de forma brilhante. Ganhar esse programa, esse presente é a menina dos olhos de toda gerente de setor, e quando a agente consegue é maravilhoso. Aquilo dá uma satisfação muito grande para nós profissionais, mas também, como a revendedora participa com muita vontade, é bem direto. É ela que a gente motiva, é ela que vai junto com a gente, fica ali ombro a ombro, buscando esse campeonato. São três campanhas de muita ferveção mesmo, de muita correria, de muita loucura em busca da vitória. Todo mundo, todo mundo que eu digo, são elas, as revendedoras todas do setor, ficam tão envolvidas com isso querendo tanto, quando acontece elas participam de uma grande festa, têm premiações maravilhosas. Nos campeonatos que eu já ganhei, você vê uma pessoa simples ganhar um carro num sorteio, você vê uma pessoa simples ganhar uma moto, uma pessoa que é uma revendedora, e ela vive aquele mundo dela, diferente de dificuldades. E de repente você pega a chave de um carro e dá na mão dela, é emocionante, de arrepiar, de chorar de emoção. E para nós, isso mexe profundamente, essa satisfação da gerente de setor, própria como ser humano, quem que não gosta. Mas a satisfação maior, e eu falo com bastante tranqüilidade, porque todas minhas colegas que já ganharam um campeonato desses, falam quase a mesma palavra: a nossa satisfação maior é ver a alegria da revendedora, poder dar uma festa para ela, levar essa mulher para um lugar bonito, participar de uma festa grande, onde ela ali é muito importante. Ela é importante em todas as reuniões que ela participa sem dúvida, mas quando ela participa de uma festa, onde ela fez acontecer esse campeonato, essa vitória para ela, você vê o brilho nos olhos daquelas pessoas, não tem dinheiro, não tem nada que pague. Você vê a satisfação e a alegria nos olhos daquelas pessoas, isso é a coisa mais bonita. Nessas festas a gente está de frente para elas, você olha para aquele povo, aquele monte de gente olhando para você, e uma felicidade, uma alegria, um frisson, que parece que elas ganharam na loteria. E a gente teve outros desafios e outras premiações, outras coisas interessantes, que é para gerente de setor, campeonatos entre nós, e todo ano também tem, é o ano inteiro que a gente participa. Tem campeonato por produto, que sai, sempre tem uma, duas, três vitoriosas, pessoas que se destacam. Eu já tive alguns campeonatos ganhos, de produtos, de fragrância, da linha Renew, enfim coisas interessantes. Também, por desenvolvimento de estabelecimento, maior número de estabelecimento, desenvolvimentos de vendas, enfim vários troféus, vários reconhecimentos. Eu com 30 anos, graças a Deus, eu já vi muita coisa nesse mundo, viagem internacional quando você completa a sua meta, também é anual, eu já tive nove viagens internacionais, coisas maravilhosas, dias que a gente vive momentos de rainha, e só a Avon para proporcionar uma coisa dessas. A Avon tem uma coisa de superação sempre, é sempre uma mais bonita que a outra, o nosso reconhecimento nestas viagens, fica só na nossa memória mesmo, quem vive é que pode saber, que pode dizer, que é uma coisa maravilhosa, extremamente gratificante. Viagem internacional onde de repente você pode levar uma pessoa da família, eu ganhei um campeonato por fragrâncias, e eu pude levar o meu marido, ele pode ir para Veneza, foi nessa ocasião que eu disse que nós fomos visitar a cidade da minha avó, depois Padova, e veja só, você poder levar alguém da sua família para uma viagem desse nível. Porque você sabe que trabalhou, sabe que fez tudo por merecer, mas que empresa faz isso pela gente? A não ser a Avon, eu não conheço outra, só conheço a Avon que pode proporcionar uma viagem desta, levando um acompanhante, levando uma pessoa da sua família para viver o que você vive. A nossa vida na Avon é bastante glamorosa, tem o lado lá fora do campo, que é aquilo tudo de trabalho, de obstáculos, de problemas que a gente enfrenta, mas tem o outro lado extremamente glamoroso. Esse lado do glamour, quem vive é a gerente, é a profissional. A sua família fica sabendo disso através de fotografias, de filmes, ela não participa, e de repente no momento que
você pode ter um acompanhante junto, e ele viver isso, as fotos quando a gente vê de novo, é uma coisa maravilhosa, envolve todo mundo. A Avon é uma empresa que envolve a família, envolve todo mundo e de uma forma maravilhosa, eu sou suspeita a dizer, 30 anos, vivendo dia a dia momentos, tem muita história para contar, vou escrever um livro ainda (risos).
FAMÍLIA Sou casada. Ele se chama Carlos, Carlos Henrique. A gente morava no mesmo bairro e nós éramos conhecidos de bairro, mas no tempo que nós nos conhecemos, não era como hoje. Assim que você conhecesse um rapaz, você não podia ser amiga desse rapaz, se fosse amigo era namorado. Os pais criavam a gente assim, e passava isso para nós. E eu tinha esse irmão extremamente ciumento, era um controle enorme, e o meu marido para se aproximar de mim, o que era difícil, ele se aproximou primeiro do meu irmão, porque o meu marido toca violão, sempre gostou de tocar violão e cantar, e o meu irmão sempre gostou de violão, então ele deu um jeito de se aproximar do meu irmão e começou a dar aula de violão para o meu irmão, e aí ele se aproximou de mim, pode ficar mais próximo, e foi assim, a gente começou uma amizade ali, porque o meu irmão estava junto, então sim, podia. Dessa amizade, começou esse namoro, e nós éramos muito jovens, eu ainda não tinha 15 anos e ele tinha 19 e começou desta amizade o namoro, a gente namorou 2 anos e 8 meses então a gente se casou, eu me casei muito jovem, eu tinha 18 anos quando eu me casei e ele 21, foi assim. Tenho três filhos. O mais velho se chama Carlos Ronaldo, está com 42 anos. Tenho o segundo, que é o Cássio Ricardo tem 36 anos e a Claudiane que tem 25anos.
LAZER Eu gosto de ler, adoro ler, o que eu mais gosto de fazer é ler, e eu gosto de televisão também. Tem outra coisa que gosto de fazer agora, é outra época da minha vida que são os meus netos, eu tenho três netos, o Gabriel, que vai fazer 14 anos, a Paola de 12 e o Cássio de 12, que é filho do Cássio. (risos) A Paola e o Gabriel são filhos do Ronaldo, a Claudiane é solteira e não tem filhos.
VENDA DIRETA A Avon foi pioneira da porta a porta. Tanto é que se vê que é uma coisa boa porque trouxe tantos outros concorrentes, na mesma linha ou até de mercado e produto diferentes, mas também de porta a porta. Eu acho que foi um grande achado, porque a Avon quando começou lá atrás, não era com perfume, nasceu do vendedor de livros, da época que a Avon começou nos Estados Unidos, a porta a porta se deu através do livro. Porém ele percebeu que ao dar frascos de perfume que ele criava para agradar a pessoa e fazer com que ela comprasse o livro, estava começando a fazer mais sucesso do que os livros que ele vendia. E começou a venda de porta a porta e foi crescendo porque realmente é a grande chave. Aqui em São Paulo, por exemplo, nós moramos e vivemos perto dos grandes shoppings, existe essa concorrência de shopping, existe a concorrência das lojas onde oferece o produto também de linhas variadas, nós vamos porta a porta, o nosso produto não está na loja, nosso produto não está no shopping, nós fazemos o nosso shopping, as revendedoras fazem esse papel, ela leva até o cliente. É maravilhoso você perceber que quando se tem um folheto na mão, basta se ter o folheto de ofertas na mão e bater numa porta você vende, é o grande achado. O pioneiro começou nos Estados Unidos, mas quando ele percebeu que vender livro era interessante, mas vender perfume era mais, ele encontrou tudo isso que a gente vê agora. Que é a venda direta, de porta a porta, passa tempo, vai tempo e o sistema é o mesmo, deu certo.
AVON E A MULHER Eu tenho esse lado do trabalho claro, esta é a minha obrigação, é o que eu tenho que fazer, esse é o meu trabalho, de ir lá e conseguir uma revendedora nova, de fazer alguém que é uma dona de casa, começar a imaginar que ela é capaz de fazer outra coisa, que não seja cuidar de casa, de filho, de marido. Porque no geral são pessoas com números de filhos bastante grandes, são pessoas que não teriam chance de ganhar dinheiro nenhum fora de casa. Vou te contar uma das passagens da minha vida com essa experiência, que marcaram muito para mim. Uma vez acho que 20 anos atrás. Eu cheguei, nesse tempo nós não tínhamos ajudantes, as executivas não estavam conosco ainda, e a gente fazia o trabalho sozinha, que é recrutar pessoas, através de indicações de outras, é bater na porta da pessoa, para ela começar a revender Avon. E eu me lembro bem, como eu disse para você, eu poderia contar vários e vários casos, mas esse é o que me ocorreu agora, foi uma coisa que marcou muito para mim, na história. Esta revendedora, ela revende Avon até hoje, já faz uns 20 anos isso, quando eu bati palmas no portão, era uma casa lá de fundo, de quintal de terra batida, e ela veio me atender, quando ela me viu, ela estava com um avental todo molhado, ela enrolou esse avental, segurou e falou: “Pois não?” Ela meio sem jeito, eu me apresentei, falei que era a promotora da Avon, que estava vindo ali porque eu ia oferecer para ela uma oportunidade de ganho, dela fazer alguma coisa lucrativa, de poder mudar a vida dela, e ela me olhou e falou assim: “Olha, eu queria muito que você entrasse, mas eu não posso te chamar para entrar.” Por que não?” “Porque não dá, eu estou toda molhada.” Eu olhei, estava aberto o portão, tinha um tanque e um monte de bacias, baldes com roupas, ela estava lavando roupa, ela lavava roupa para fora. Eu falei para ela: “Olha eu não vim aqui para ver que você está molhada.” Ela falou pra mim: “Olha quanta roupa que eu estou lavando.” E eu falei: “Só não quero te atrapalhar, mas eu acredito que eu não vá te atrapalhar, a gente vai conversar e de repente vai ser interessante para você isso, permita que eu entre, que eu não vou olhar a tua casa.” Eu percebi que ela estava muito sem jeito de deixar que eu entrasse na
casa dela, ela relaxou um pouquinho e deixou. Quando eu entrei na casa dela, ela não tinha mesa, ela tinha um banquinho, e tinha duas crianças ali, um menino e uma menina pequenos, correndo ali, crianças de uns oito anos, menos talvez, para cá e pra lá, e o marido alcoólatra, e ainda ela falou para mim: “Olha, não repara não.” Eu falei: “Não, fica tranqüila.” Eu conversei com ela, tudo direitinho. Expliquei para ela, como ela poderia começar a revender, ela não sabia nada, analfabeta, cheia de dificuldades e dúvidas, mas eu falei para ela: “Você vai mudar tua vida, eu vim aqui para isso, você quer mudar sua vida?” Ela falou: “Tudo que eu queria é não lavar mais roupa pra fora, eu to cansada, eu não queria mais lavar roupa pra fora.” Eu falei: “Então você não vai mais lavar roupa para fora, se você acreditar no que eu estou te falando, você não vai lavar roupa mais. Pode acreditar.” Essa moça, nesse dia eu fiz o cadastro dela, para encurtar nossa história, hoje ela tem, essas duas crianças, aquele marido lamentavelmente faleceu, mas ela acreditou tanto no potencial dela, tudo aquilo que ela poderia fazer, ela acreditou naquilo que eu estava passando para ela, de uma forma tão forte, que ela conseguiu se superar, aquela mulher magra, abatida, que eu vi ali se transformou numa outra pessoa, no começo não, é lógico ela estava começando a trabalhar, estava começando a mudar, ela foi à reunião, pela primeira vez, de chinelo, depois ela já pode calçar um sapato, ela pode comprar um sapato, e ela foi mudando, foi crescendo, ela é uma revendedora do clube das estrelas hoje. Vende muito bem, ela reformou aquela casinha, tudo com Avon, ela entendeu tudo de uma forma muito forte, ela fez isso direitinho e ela conseguiu, ela formou os dois filhos, a moça é advogada, e o filho é professor de educação física, e hoje ela tem uma vida totalmente diferente, totalmente diferente, ela é outra pessoa, bonita, arrumada, ela não deixa de ir a uma reunião, ela está sempre sentadinha, assistindo reunião. Quando a pessoa leva a sério, aquilo que a gente passa, ela realmente tem sucesso, e essa é uma das tantas, tem várias, mas esse é um caso, porque realmente ela mudou a própria história, ela mudou a vida dela com Avon, com essa oportunidade que a Avon dá.
LIÇÕES DE VIDA Aprendi muito com a Avon, aprendi muito com essas pessoas e eu continuo aprendendo, eu sempre digo isso, todos os dias, pobre de mim que achasse que já sei tudo. A gente continua aprendendo, todos os dias a gente aprende, e a primeira coisa que eu acho que é fundamental na nossa atividade é poder lidar com pessoas, você lidar com o ser humano é a coisa mais maravilhosa que tem, porque é uma troca tão grande, de energia, de aprendizado. Às vezes a gente mesma sai para trabalhar e tem dia que tudo dá certo, tudo maravilhoso, e tem dia que a gente sai e não dá tão certo, fura pneu, o carro derrapa, você tenta uma porta e a pessoa não está em casa, você vai a outro lugar e não é tão bem recebida, porque acontece. As pessoas às vezes são resistentes, às vezes as pessoas não estão bem, e a gente tenta pôr para cima, todo mundo que a gente encontra. Isso é uma carga bastante pesada, eu digo emocionalmente. Mas essa possibilidade de poder mudar alguém, de repente lá no fim da tarde você encontra uma pessoa que te trata tão bem e ela é tão carente, tão necessitada de ganhar dinheiro e poder fazer alguma coisa para a vida dela, pelos filhos dela, pelos netos dela, porque a gente encontra muitas avós cuidando de netos, precisando ganhar um dinheiro para cuidar desses netos, então isso trás para gente um aprendizado muito grande de humildade, precisa ser humilde e o ser humano é complicado. Às vezes você está se achando muito e não é tudo aquilo, e de repente alguém com essa postura te mostra de uma forma simples e maravilhosa o que é ser humilde, e o que é ser gente, e o que é um ser humano que pode trocar, que pode com qualquer pessoa. Não se pode subestimar uma criança, quanto que uma criança nos ensina? Muitas vezes a gente chega num lugar, tem uma criançinha que vem, te faz um carinho, te olha de uma forma tão maravilhosa, tão terna, você ganha o dia. Que bom, que bom que eu posso lidar com pessoas, eu sinceramente não saberia fazer outra coisa, acho que eu entrei no trabalho, na empresa certa, e estou lá até hoje. Por isso porque eu amo o que eu faço, a Avon para mim é tudo, se a Avon mudou a vida e muda a vida de várias e várias mulheres todos os dias, a Avon mudou a minha também. Me trouxe coisas, me trouxe possibilidades que eu não teria tido se não tivesse começado a trabalhar com a Avon. Então aprendi muito, aprendo todos os dias, sou grata a essa empresa, sou grata a todas as revendedoras, digo sempre para elas que não é de forma, que falar alguma coisa para agradar, não é assim, eu falo de coração para elas, quando eu me reúno com elas, em uma reunião ou quando eu encontro com elas, eu estou sempre dizendo isso, porque é a verdade. A Avon só existe porque existe essa mulher corajosa que vai levar os folhetos de ofertas de porta em porta. A Avon só existe porque têm essas pessoas, você quer aprendizado maior do que esse, do que a gente poder reconhecer isso, que o ser humano é capaz de tudo aquilo que ele se propõe a fazer, ele é capaz, basta só que a gente acredite nisso e desenvolva.
AÇÕES SOCIAIS Agora nós temos outro programa que é embasado na Lei Maria da Penha, que é aquela violência contra a mulher, mas anterior a esse a gente já tinha aquela luta contra o câncer de mama, e por nós trabalharmos com um grupo feminino muito grande, eu acho que a Avon não podia ter sido mais feliz quando começou esse projeto, porque ainda hoje morrem mulheres de câncer de mama, isso tudo é falta de orientação, é falta de conhecimento da doença. Porque se a mulher tiver a oportunidade de saber que ela precisa se auto examinar, dar atenção para a saúde dela, às vezes ela fala: “Eu não vou perder tempo indo no posto de saúde para fazer um exame.” Ela vai entender que não é perder tempo, é ganhar vida, e a Avon está levando isso de ponta a ponta aqui no Brasil. Fora do Brasil as outras pessoas fazem isso na Avon fora do Brasil. E nós aqui, brasileiros, eu sou extremamente orgulhosa, a gente sai para fazer todo ano uma passeata, um movimento grande do Beijo pela Vida que é em cima dessa instituição, da proteção contra o câncer de mama, é com muito orgulho levantar uma bandeira e isso a gente levanta mesmo e a Avon como ninguém. Você vê a oportunidade que a gente tem de passar isso para tantas e tantas pessoas, quando isso chega nas casas das pessoas, e um dia eu falando isso em reunião, uma revendedora disse: “É Meire, eu só estou aqui porque quando você disse que eu deveria me auto examinar, que eu deveria procurar um posto de saúde e eu descobri que eu tinha um caroço no seio e eu fui em tempo e consegui operar e eu estou aqui podendo contar essa história.” Quantas e quantas outras pessoas, é através dessa parte que a Avon faz, que além de dar a oportunidade de trabalho para que as pessoas mudem de vida, também dá a oportunidade de conhecimento para que essas pessoas cuidem da sua saúde, e vai poder ser muito feliz, vai poder dar felicidade para sua família, para si própria, porque a pessoa tem que se gostar e a revendedora, cada vez que é orientada e cada vez que ela é alertada, para tudo isso que está ai, todas essas dificuldades. E agora então, a gente está nessa outra parte que é a Lei Maria da Penha, porque é mais difícil essa, é mais delicada porque muitas que sofrem violência dentro de casa não têm coragem de dizer, elas se fecham, esta é outra coisa que a gente vai ter que ir vencendo aos poucos e a gente vai conseguir devagarzinho, falando aos poucos, plantando, plantando para que elas comecem a se soltar e que realmente comecem a se defender. A Avon nessa parte também faz um excelente trabalho, é fundamental para a mulher, para o ser humano e a gente orienta não só as mulheres, os homens, eu digo na reunião, às vezes tem um homem ou outro e eu digo: “Olha, eu estou falando aqui de câncer de mama e tem os homens ali sentados assistindo e você tem irmã, você tem filha, você tem sogra, prima.” Então é importante que o homem também saiba disso, passe isso a diante e a Avon está conseguindo isso de forma maravilhosa, e a gente participa da maneira mais forte possível, todas nós somos todas engajadas, todas nessa luta que a Avon está fazendo.
AVALIAÇÃO / PROJETO MEMÓRIA Eu acho que é uma grande oportunidade, se falar de 50 anos de Avon, é uma longa história, 50 anos é quanta coisa, quantas mudanças nós tivemos em 50 anos e quanto se cresceu de lá para cá e quanto de oportunidade surgiu, todas as oportunidades novas. Eu acho que a Avon está aproveitando bem isso, todas as oportunidades que foram e estão sendo colocadas nesses 50 anos, elas estão sendo aproveitadas de forma a crescer cada vez mais e em cima dessa história de 50 anos se chegar aquilo que é o grande foco, o grande objetivo, tudo voltado para o bem-estar da população. A Avon faz uma mudança e tem uma história tão linda que não precisa muito agora, quando você fala Avon, em qualquer lugar que você fale Avon não é a toa que todo mundo conhece, a Avon não ficou parada, eu vou vender o meu produto e as pessoas vão ganhar o lucro em cima disso e acabou, e é isso, a Avon está voltada para a sociedade, a Avon está voltada para o beneficio de um povo. Todas essas mudanças, a Avon tem essa força, você usando este nome, você consegue e a gente tem conseguido plantar sementinhas, de obrigações que como cidadão, para as pessoas entender a cidadania e a gente consegue através de nossas reuniões, através dos nossos folhetos de oferta, orientando, é toda essa possibilidade com o nome que tem trás, faz com que a gente consiga levar esse global que são todos os projetos que estão voltados para a mulher, para a população em geral. Esta é a Avon.
AVALIAÇÃO / ENTREVISTA Eu achei ótimo (risos), quando me falaram da entrevista me bateu uma vontade muito grande de vir. Aquela coisa, essa semana foi uma semana muito ocupada, porque tudo isso que eu falei para você, essa semana, foi o que aconteceu, eu dei reunião segunda-feira, a gente tem uma meta para cumprir com pedidos, com vendas, com essa observação da revendedora, se ela vai enviar o pedido, se ela não vai, porque, fazer com que ela não perca a oportunidade de ganho dela e isso
envolve a gente. Se a gente não se cuidar, vai ficar ali 24 horas ligado, porque a gente fica mesmo, até de noite você está pensando e foi uma semana assim para mim. Tanto é que hoje, era meio dia e eu ainda estava envolvida e preocupadíssima quando vim para cá, mas eu não poderia deixar, porque é o fechamento da campanha, o nosso grande momento é agora, nesse fechamento a gente trabalha numa campanha inteira, 15, 20 dias para culminar com este momento que é o fechamento da campanha, é reunião, é fechamento de malote, super trabalhoso, a gente fica ali, horas em cima, corre e se preocupa, para trazer o resultado que a companhia espera da gerencia de setor e nada mais é do que a minha obrigação, eu tenho que levar esse resultado, cumprir com essa minha parte. É de uma responsabilidade tão grande, é de uma preocupação tão grande de se chegar nisso lindamente, depois quando você vê fechado e sai um relatório e você bateu essa estimativa, tudo é um grande momento, cada campanha, cada 20 dias é um grande momento, aquele de você fechar a sua campanha e ver, que eu bati a minha estimativa, e essa semana foi para isso. Mas eu queria muito estar aqui, se eu não tivesse conseguido, eu ia ficar muito frustrada, porque eu queria muito participar, eu faço parte desses 50 anos dessa empresa e mais do que ninguém eu tenho um orgulho imenso de trabalhar na Avon, eu tenho um paixão por essa empresa, uma paixão pelo que eu faço, pelo meu trabalho, pelo meu dia-a-dia, vocês não tem idéia de que tamanho que é. Falar sobre isso, estar aqui, poder falar de toda essa satisfação, todo esse meu prazer de trabalhar nessa empresa, de todo o meu dia-a-dia, de toda a minha história, eu tinha que estar aqui e isso foi muito bom. Obrigada, obrigada mesmo por vocês terem me convidado, eu estou muito feliz mesmo de poder ter estado com vocês, ter falado com vocês esse tempo todo, de repente eu falei um pouco a mais, não sei se faltou alguma coisa, mas eu estou aqui com o coração aberto, realmente com muito prazer, muito obrigada mais uma vez por vocês terem me convidado.Recolher