Memória Avon
Depoimento de Dagmar de Fatima Brum
Entrevistado por Laudicéia Benedito e Clarissa Batalha
São Paulo, 11 de Julho de 2008
Realização Museu da Pessoa
Entrevista AV_HV033
Transcrito por Gabriel Monteiro
Revisado por Leonardo Sousa
P/1 – Bom dia.
R – Bom dia.
P/1 – Vamos com...Continuar leitura
Memória Avon
Depoimento de Dagmar de Fatima Brum
Entrevistado por Laudicéia Benedito e Clarissa Batalha
São Paulo, 11 de Julho de 2008
Realização Museu da Pessoa
Entrevista AV_HV033
Transcrito por Gabriel Monteiro
Revisado por Leonardo Sousa
P/1 – Bom dia.
R – Bom dia.
P/1 – Vamos começar com você nos dizendo seu nome completo, data e local de nascimento.
R – Tá ok. Dagmar de Fatima Brum, nasci em São Paulo, em 2 de Dezembro de 62.
P/1 – Ótimo. Dagmar, qual que é a sua atividade atual?
R – Atualmente eu sou líder da área de vendas da Avon, com título de vice-presidente de vendas.
P/1 – Certo. E qual é o nome dos seus pais?
R – Meu pai é Iraci Brum, minha mãe Maria Aparecida Brum.
P/1 – E qual que é a atividade deles?
R – Atualmente meu pai é aposentado, mas ele trabalhou durante mais de trinta e cinco anos numa indústria, na parte mecânica dessa indústria, e minha mãe sempre foi da casa e também foi revendedora Avon.
P/1 – É mesmo?
R – Exato.
P/1 – E você lembra disso?
R – Se eu lembro? É o que eu mais tenho na memória, é o começo de tudo... é a linha, uma linha... o ponto que une toda a minha história junto a empresa onde eu estou é o fato da minha mãe ter sido revendedora.
P/1 – Nossa, que ótimo. E qual que é a origem da sua família, de onde eles vem?
R – Meus pais vieram de Minas, são filhos de imigrantes italianos, então tinham sítios, fazendas, cultivavam boi naquela época, trigo, milho, trabalhavam muito com o lado de fazendas naquela... antes de meu pai vir pra São Paulo. Então essa é a origem, origem italiana de imigrantes.
P/1 – Mas seu pai é nascido aqui?
R – Meus pais são, os meus avós que são italianos.
P/1 – Dos dois lados?
R – Dos dois lados.
P/1 – Você sabe de que região?
R – Do lado toscano, perto de Firenze, na Toscana, ali.
P/1 – Você já esteve lá?
R – Estive, há um mês e meio atrás eu estava lá. A trabalho, pela Avon, mas estava lá com a equipe vencedora do ano de 2007, por coincidência era na região toscana. Mas eu já estive na Itália umas cinco, seis vezes, é o país que mais me identifico, além do Brasil, óbvio.
P/1 – Dagmar, você tem irmãos?
R – Tenho, tenho sim. Nós somos uma família de... somos quatro, três mulheres e um homem. Todos os meus irmãos trabalham, tenho uma irmã que tem trinta anos de Avon, vai fazer trinta anos de Avon, trabalha na área de marketing da empresa. O meu irmão também é empresário, trabalha na parte de informática, de instalação de processos e projetos, mais especificamente do S.A.P. E a minha irmã caçula trabalha na Instituição do Bradesco e é diretora-gerente de uma agência. Uma família de quatro trabalhadores.
P/1 – É verdade. Vamos falar um pouco da infância?
R – Vamos.
P/1 – Aonde você morava?
R – Morava muito próximo de onde é a Avon hoje, onde meus pais residem até hoje, que é na região de Interlagos, mais propriamente próximo a Avenida Nossa Senhora de Sabará, então aqui em São Paulo mesmo, no bairro de Santo Amaro. Então eu sou santo-amarense.
P/1 – Tá certo. E como que era sua casa, o cotidiano?
R – Nossa, bem tradicional, né, porque família mineira, tradicionalíssimo, boa comida, muita disciplina, muita rigorosidade, muito estudo. Meus pais sempre privilegiaram os estudos, então a gente tinha regras claras com relação a isso. Tinha tarefas também dentro de casa, tinha o momento de brincar... mas tudo muito separado, com muita disciplina, muita rigorosidade. Meus pais sempre foram muito rigorosos, principalmente minha mãe, extremamente rigorosa em relação a execução, o que fazer. E... mas muita alegria, muita brincadeira. Lembro das viagens pra Minas, férias, né, especialmente as de julho. Eu tava comentando agora há pouco que minha filha tá de férias e ficou lá em casa no sofá enquanto eu saía e falou: “Ah, mãe, férias como é gostoso, né.” Eu falei: “Ah, a de julho, pra mim, é a melhor das férias.” Férias mais relaxantes, mais gostosas. Normalmente as férias de verão que é Janeiro e Fevereiro você tem uma demanda grande, uma agitação, né. A de Julho parece que você relaxa mesmo, você se entrega, né. E eu lembro muito da minha infância, o momento que eu viajava nas férias de julho pra casa da minha avó de Minas, junto com toda a família, todos os irmãos, meu pai, minha mãe, era todo mundo junto.
P/1 – E como que era a casa dos seus avós?
R – Ah, muito bonita, muito grande, muito ampla porque... era aquecida, né, esse lado italiano que eu comentei agora há pouco é bastante... além de ser familiar é muito unido, muito presente. Então eu lembro de muito calor, muito calor humano. Eu lembro de fogão a lenha, que já traz calor por si só, lembro de café, lembro de torrar café, lembro de milho, tuia. Nossa, lembro de cenas assim hilárias com bichos, coisas que a gente, por morar numa cidade como São Paulo, não estávamos acostumados. Então essa presença muito forte todo o mês de julho com os meus avós na fazenda, com os bichos e tudo o mais, me trouxe uma outra realidade diferente da cidade grande. Muito bom, muito bom, tenho memórias muito bonitas.
P/1 – Você falou das brincadeiras. Quais eram suas brincadeiras preferidas?
R – A preferida era fazer teatro. Eu adorava fazer teatro junto com a minha irmã, mais a minha irmã, que tem uma idade muito parecida com a minha. E aí alguns amigos da rua... e a gente morava numa casa que ficava assim embaixo, aí eu lembro dos amigos sentados, assim, na mureta, olhando a gente fazer teatro ali embaixo. E adorava, cobrar ingresso. Cobrava, não era dinheiro, era aquela cobrança simbólica de criança, mas de criar toda história porque tem a... a gente fazia o teatro mas fazia também, escrevia a peça.
P/1 – E tinha figurino, tudo?
R – Tinha figurino, tinha tudo, tudo que nós podíamos colocar. Essa era uma das brincadeiras prediletas. E a outra era como se fosse teatro também mas era brincar de escolinha, tinha professor, os alunos e as brincadeiras que o professor fazia, não fazia, o que o aluno podia fazer, não podia, as lições. Então era muito voltado pra isso. E o restante mais tradicional, eu me lembro muito de pular corda, a gente tinha um ipê, um ipê amarelo lindo, lindo, lindo em frente da minha casa. Minha mãe sempre gostou de preservar o jardim, mas não era um espaço muito grande, então era um jardim que tinha rosas, margaridas, dálias e o ipê, ipê amarelo. Então a gente amarrava a corda no ipê e ficava pulando. As brincadeiras mais... bambolê também, brincadeiras... e até carrinho de rolemã, né, porque eu tinha um irmão, tenho um irmão. Na época ele era pequeno, né, tinha carrinho de rolemã. Então às vezes a gente ia pro lado masculino também, né, bola, vôlei, aro feito em casa mesmo, aqueles aros pra poder brincar de basquete. Hoje se compra tão fácil, naquela época meu pai fazia, botava lá, a gente jogava, era muito bom.
P/1 – Que bom. Mas era bom também fazer as coisas, né?
R – Nossa, hoje ________ muito grande, eu tento passar isso pra minha filha, porque você não consegue muitas vezes passar a dimensão do importante que é aquilo que ela ta recebendo. Então pra dar mais importância e valor àquilo que ela recebe, muitas vezes eu tento passar um pouco dessas informações de como era, de como mamãe fazia, pra tentar passar um pouco de valor naquilo que hoje ela recebe.
P/1 – Tá certo. Você falou que tem muitas lembranças. Quais as mais marcantes que você tem assim dessa época?
R – Exceto as brincadeiras, então... pra mim o que mais ficou marcado na minha infância foram as pessoas que passaram por ela, senhoras da rua que tinham uma relação de amizade muito grande com a minha e que, portanto, trazia assim pra gente um carinho muito gostoso. E senhoras e casais que até hoje fazem parte da minha vida, porque os meus pais foram os primeiros a ir morar nessa região, naquela rua. E a casa começou uma casa pequena que foi crescendo, né, hoje a casa é enorme. E os vizinhos estão lá até hoje, sabe. Então você tem o Seu
ngelo com a Dona Paula, ainda está lá, Seu João com a dona Paixão, que são portugueses, ainda está o seu José com a dona Nazaré também estão. E tem outros, dona Francisca, então esses casais... alguns já faleceram. Então, assim, esses casais que fizeram parte da minha infância, fazem parte até da vida dos meus pais. Até hoje eu chego em casa, como se fosse ainda minha, mas na casa dos meus pais e eles estão ali na porta, fazem questão de passar, olham a minha filha e falam pra ela: “Olha a Daguinha aí, olha a Daguinha aí.” É muito gostoso. Então, assim, eu tenho uma imagem bonita dessa relação, uma relação de amizade mesmo né, bem fortalecida, que hoje em dia é muito mais difícil de você manter durante tantos anos e tenho a imagem da minha mãe revendendo Avon. Porque o meu pai na época dizia assim: “Pra que que você vai revender Avon, né, não precisa, eu coloco tudo dentro de casa pra você!” E a minha mas dizia: “eu sei que você coloca tudo dentro de casa, mas eu sempre quero ter algo a mais. Eu quero o meu dinheiro.” Naquela época a minha mãe já tinha esse pensamento: “eu quero o meu dinheiro, seja ele pouco, médio ou grande, não importa. Mas eu quero ter o meu dinheiro pra eu fazer o que eu quero na hora que eu quero. Eu decidir sobre ele.” E foi por isso que ela decidiu revender Avon. Então, na época ela já ficou conhecida como a dona Cida da Avon. E a gente tem aquela imagem muito forte da infância, nós as crianças, todos os irmãos ali, eu lembro muito bem a visita da época de promotora de vendas, primeira visita que a promotora de vendas fez, aquela senhora bonita, cheirosa, bem vestida, elegante. Então aquilo era um marco e minha mãe com as recomendações de como a gente devia ficar, comportadinho, não fazer isso, não fazer aquilo. Então receber essa senhora em casa, que era revendedora da Avon. Depois receber a caixa da Avon, isso é um marco, é tão marco que até hoje eu sou revendedora Avon, eu revendo os produtos porque, assim, receber a caixa até hoje, eu abro a caixa da Avon eu sei o que tá lá dentro, muitas vezes foi eu mesmo que decidi as coisas lá dentro juntamente com a minha equipe, sei o que a equipe decidiu, o que as outras áreas parceiras fizeram. Mas é um momento mágico você poder abrir a caixa, olhar os produtos, olhar os produtos novos, o cheiro que tem. Então eu lembro desse cheiro. A coisa que eu mais lembro na infância em termos de memória olfativa é o cheiro na hora em que você abria a caixa de produtos da Avon. E os meus irmãos todos juntos e a gente vendo os produtos novos, o novo folheto de ofertas, a equipe toda ali... a equipe não, a família, né, mas é toda uma equipe mesmo ali pra poder ver as novidades. Então são as minhas lembranças que eu tenho mais fortes. E lembro de comida também, bolinho de chuva, cheiro de canela, lembro de coisas assim.
P/1 – Que ótimo. É bom relembrar, né?
R – É muito bom.
P/1 – E a escola?
R – Escola?
P/1 – É.
R – Lembrança de muito professor, de muito amigo, eu tenho amigos até hoje. Nossa, muitos amigos, lembro de disciplina, lembro de esporte, lembro de namoro, lembro de notas, de provas, de excursão, de fanfarra da escola, de tocar, lembro... tenho uma lembrança bastante ampla da escola, bastante forte, bastante presente também. Como minha mãe dava uma força muito grande, né, na verdade ela estimulava mas botava disciplina. Ela estimulava e botava a regra também com relação a escola, então a gente tinha uma escola muito presente. Não era algo a mais, era único, era muito importante estar junto da escola.
P/1 – E aonde você estudou?
R – Estudei primeiramente numa escola, na época em que escola pública era possível estudar, que era ótima, uma escola da prefeitura, eu me recordo bem, durante os três primeiros anos de educação, porque na época nem o pré era tão fortalecido ainda. Então eu lembro que os meus irmãos fizeram o pré, mas eu entrei direto na primeira série do que hoje é o ensino fundamental. Fiquei três anos numa escola da prefeitura e depois, a partir da quarta série do ensino fundamental, eu fui pra uma escola estadual onde eu fiz até a oitava. Aí depois eu fiz a opção por uma escola técnica de secretariado. E aí nesse momento eu já entrei pra trabalhar na Avon. Então, assim, na hora que eu já lembro de fazer o técnico e já na sequência estar trabalhando na Avon.
P/1 – E a Avon foi o seu primeiro emprego?
R – A Avon foi o meu primeiro emprego, meu primeiro emprego. Antes disso eu só sabia revender Avon junto com a minha mãe, foi o meu primeiro emprego. E foi o meu primeiro emprego conseguido pela minha mãe, que a minha mãe, na verdade, ela é uma agenciadora também. Ela conseguiu emprego dos quatro filhos, né, incrível, contatos, pessoas da Avon. Foi muito interessante porque eu era a primeira filha a trabalhar e a Avon é próximo da onde residem meus pais até hoje, né, a Avon da unidade da Avenida Interlagos. Hoje nós temos mais três centros de distribuições, né, em outros locais. Mas a Avon que é a parte de fabricação e administrativo em Interlagos é muito próximo de onde residem meus pais. E eu lembro que nós fomos lá na portaria da Avon e minha mãe falou pro porteiro: “Ó, sou revendedora Avon, é minha filha, eu queria que ela trabalhasse aqui. Tem vaga?” Ele falou: “Não, não tem.” E ela não se deu por vencida, a gente continuou procurando ali na região, nos bairros, nas fábricas, muitas fábricas na avenida marginal, na época tinha muita fábrica. E nós fomos em várias, várias indústrias, mas eu não tinha experiência nenhuma, então ficava essa pra depois. E aí a minha mãe falou: “Não, vamos continuar insistindo.” Aí eu lembro que eu consegui dois ou três empregos. Que ela foi comigo no primeiro dia pra trabalhar e não deixou. Era uma imobiliária que era muito pequena, tinha cinco homens assim, só eu de menininha. Ela falou: “Não.” Voltamos, não deixou eu ficar lá. Depois tinha uma empresa próxima mas muito pequena ali na região também de Interlagos, mas era... eu não lembro bem o que ela achou do lugar, mas era um empresa pequena e não sei se era a função, não me recordo tão claro do porque. Que também no primeiro dia ela falou: “Não.” Voltava pra trás. E aí ela entrou em contato com uma pessoa que ficava no caminho da escola pra onde eu ia quando eu estudei os três primeiros anos na escola da prefeitura. E através... que era um senhor, falou: “Olha, minha filha sempre estudiosa...”, aqueles comentários de mãe: “Eu sei que você conhece o rapaz aí da frente que trabalha na Avon. Eu não quero emprego pra ela, eu quero só que ela faça o teste. Não é pra trabalhar, só fazer o teste, se ela passar...” E foi o que aconteceu. Na verdade esse rapaz abriu a oportunidade de eu fazer um teste e eu passei por esse teste e aí eu comecei na área financeira da empresa no ano de 78.
P/1 – E qual era sua idade nessa época?
R – Eu estava completando 15 anos, estava completando 15 anos. Eu lembro que havia uma regra que todos os funcionários abaixo de 15 anos tinham que ter o nome afixado na porta do restaurante. Porque havia uma legislação que poderia ter um fiscal que a qualquer momento viesse a empresa pra poder saber quais são os funcionários abaixo de 18 anos que trabalhavam ali. Então o meu nome ficava afixado na porta lá.
P/1 – Conta pra gente como foi essa trajetória na Avon. Você começou com 15 anos na função...
R – Eu trabalhei... o departamento, na época, chamava contas a pagar, eu era auxiliar administrativa. Eu fiquei nessa função um período de um ano e meio, dois, aí eu fui promovida pro setor fiscal também na área financeira por mais uns dois anos, dois ou três anos. Aí eu recebi uma proposta de promoção pra trabalhar na fábrica, no controle de qualidade. E eu lembro muito bem que na época eu falava: “Nossa, vou sair do escritório pra ir pro escritório da fábrica? Será que isso é bom, que não é?” Então aquelas pessoas que passam na vida da gente, eu lembro do José Sebastião, que foi um funcionário de muitos anos de empresa lá da Avon, trabalhava em recursos humanos, ele dizia: “Não importa onde você trabalha, você que faz. Não importa nem onde nem o que. É você que constrói a função, é você que faz ser importante ou não ser. Então, não é porque você tá trabalhando no escritório da Avon que a fábrica é mais ou menos importante.” Isso foi muito importante porque realmente é isso, eu levo isso até hoje. E aí eu fui trabalhar então no controle de qualidade da fábrica, toda a parte de fabricação. Então foi um momento muito mágico que eu descobri coisas valiosas de vida, assim. Eu descobri que aquelas pessoas que trabalhavam na fábrica, na verdade tinham MBA, que todas elas falavam inglês, usavam um avental branco como forma de distinção e porque era necessário. Uma escolaridade altíssima, um nível de relacionamento muito mais fortalecido até do que a própria equipe do escritório, a parte onde eu estava antes. Então foi muito bom, eu descobri valores muito importantes nessa minha trajetória lá. E lá eu já era secretária auxiliar, acho que era esse o título. Ou auxiliar de secretária, não lembro bem, mas era esse o título. Aí depois de um tempo, uns três, quatro anos, eu recebi uma proposta de retorno à parte administrativa e aí pra ser, já na época, secretária de diretoria. E aí eu voltei a trabalhar num departamento que era um departamento suporte da área comercial, fazia toda a parte de suporte, de suportar as vendas mesmo da área comercial. E, como secretária, é óbvio que eu tinha meu papel estabelecido, uma responsabilidade estabelecida. Porém, eu sempre avançava um pouco mais e procurei me envolver em outras atividades dentro da área. Em todo tempo que sobrava eu comecei a conhecer outras funções, outras atividades. A tal ponto que uma diretoria paralela se interessou em que eu fosse a responsável, a supervisora, na época, pela área de atendimento ao campo. E foi assim que eu comecei então a sair da parte, vamos dizer, de suporte, de secretariado, que era inclusive a formação que eu tive, a primeira formação técnica. Nessa época eu já tava na faculdade, fiz primeiro uma faculdade de Letras. Então foi algo que eu também tinha fascinação por ser professora, né. Então eu fiz a faculdade de letras, trabalhava na Avon durante o dia e lecionava à noite. Terminei a faculdade e falei: “Não, vou lecionar.” Foi muito bom, excelente. Lecionei em escola da prefeitura, lecionei em escola particular, até que ficou difícil administrar, né, porque eu comecei a ter outras atividades na Avon que demandavam mais. Na época eu falei: “Eu tenho que fazer uma escolha.” E aí fiz uma escolha por continuar na parte que é administrativa da empresa. Então foi assim. Aí nessa trajetória eu trabalhei em várias atividades, aí foi uma escola pra conhecer a área comercial da empresa e conhecer a empresa. Você... como funciona verdadeiramente a venda direta, o que é verdadeiramente essa rede, porque é uma rede, uma rede de energia, uma rede do Brasil todo, ___________ no Brasil todo. Então foi muito importante porque eu conheci como funcionava e aí eu tive diversas atividades: eu fui responsável pela área de comunicação, fui responsável pela área de suporte mesmo, em atendimento, tanto na parte de comunicação como na parte financeira e suporte de material, ferramentas. Uma época eu tinha um grupo que trabalhava comigo que eu era responsável desde o boy, que tava ali só na formação inicial, até profissionais já com faculdade, MBA. Então, muito interessante você administrar grupos tão distintos, tão diferentes. Então foi um grande aprendizado, uma grande escola de gestão de pessoas, de conhecer a realidade do Brasil, que era algo também que... eu tava fechada no mundo de São Paulo, então não conhecia as verdadeiras realidades brasileiras. Isso vem... foi me dando uma visão muito grande. E aí, por todo esse envolvimento, alguns anos ali que eu não sei te dizer quantos, pode ter sido cinco, seis, alguma coisa assim, aí eu fui chamada, eu me lembro bem, foi quando eu completei 30 anos de idade. Foi até no dia do meu aniversário que eles me deram a oportunidade de aceitar a atividade de ser gerente de vendas em Goiás, Mato Grosso, Pará, pegava um pedaço do Maranhão, uma região enorme. Nesse momento eu tava casada, casada já há dois anos, mas não tinha filhos. Então me deram a oportunidade e perguntaram se era isso que eu queria mesmo, porque eu viajava toda segunda-feira e voltava toda sexta-feira. Então eu vivia nos interiores de Goiás, Brasília, uma região linda, linda, linda. Então foi muito importante, teve a parceria do meu marido que também trabalhou na Avon por 33 anos, eu o conheci lá e casei nessa fase aí. Eu casei no ano de 90 e fui promovida em 92 a essa função, então, como ele conhecia, era muito mais fácil. A Avon pra mim, na verdade, era um grupo, uma família mesmo, porque minha irmã trabalhava lá, meu marido trabalhava lá, cunhado, tinha primos. Então era um grupo enorme, né, um grupo muito grande.
P/1 – Tá certo. E você ficou quanto tempo nessa função?
R – Qual delas?
P/1 – De gerente de vendas.
R – Os primeiros seis anos eu fiquei fora de São Paulo atuando nessa atividade. Aí eu tive a oportunidade de conhecer um pouco da Bahia, que eu administrei também o interior da Bahia, São Paulo, um pouco depois... antes disso Minas Gerais, pra baixo também, Mato Grosso... do Sul, Mato Grosso do Sul. E depois de seis anos eu decidi engravidar, porque tinha que ser decidido e planejado, porque como eu viajava muito, tinha que ser tudo organizado. E eu gosto muito de criança, tenho fascínio, falei: “Não, não posso passar por esse mundo sem ter um baby, né.” Aí eu engravidei e voltei pra São Paulo. Primeiro eu voltei pra São Paulo, eles me deram a oportunidade de administrar uma região de São Paulo, e eu lembro claramente que quando me disseram: “Você vai pra São Paulo.”, eu falei: “Eu vou engravidar.” Porque exatamente pra não me envolver com a outra equipe e desistir da ideia de novo. E foi o que eu fiz. Então eu voltei pra São Paulo em 97, dezembro de 97 eu vim... pra mesma atividade eu vim pra região de São Paulo. Aí eu peguei e engravidei e tive meu baby em agosto de 98. Voltei da licença maternidade portanto assumindo verdadeiramente São Paulo por um período de quatro anos, se não me engano. Aí eu decidi que eu tinha que conhecer outras atividades ou uma outra empresa que não fosse só a Avon. Eu queria me testar fora da Avon, queria falar: “Peraí, como é que é a Avon vista de fora? Como é que sou fora da Avon?” E aí no ano de 2001 eu aceitei uma proposta para uma outra empresa, uma empresa também de venda direta mas que tava montando seus negócios aqui no Brasil. E aí em outubro de 2001, depois que caíram as torres gêmeas, tudo... depois desse momento... eu lembro bem porque eu caracterizava assim, parece que foi um marco de vida em todos nós, pra todos nós, acho que pra humanidade, não tem quem não lembre aquela data. E foi bem no ano que eu fiz a decisão bastante importante. Então naquele ano eu saí da Avon, saí num dia e dois dias depois eu tava na Argentina conhecendo a minha nova empresa que não tinha instalações no Brasil, num evento com revendedoras, com gerentes de setor e olhava todo aquele fascínio de uma outra empresa que também tinha uma rede, uma rede de pessoas. Então foi muito interessante porque daí eu comecei a ver a essência mesmo dessa nossa atividade, dessa atividade da venda direta que tem um número expressivo como esse que nós temos na Avon Brasil, né. Na Avon Brasil nós temos um milhão e 200 mil revendedoras, né, um milhão e 200 mil senhoras que todos os dias ali fazem a opção pela Avon e revendem nossos produtos. Aí tive a oportunidade de conhecer isso em números bem menores, mas numa empresa na Argentina, na sequência logo que eu saí da Avon, dois dias depois, aí voltar pro Brasil e montar, montar essa rede dessa empresa no Brasil, né. E tava bem feliz lá também, porque você toda essa relação dessa atividade, uma atividade de relação, de forças, de conhecimento. De conhecimento de país, conhecimento de mercado, conhecimento de gente. E dois anos depois, 2003, final de 2003 eu fui convidada a retornar pra Avon, e aí eu retornei. Então em novembro de 2003 eu retornei pra Avon e aí tô nessa nova... aí eu retornei pra empresa, voltei na atividade de... eu era diretora da área de desenvolvimento de vendas, também na parte comercial e aí um ano e meio depois eu fui promovida a função que eu estou até hoje que é vice-presidente da área de vendas. Essa foi a trajetória.
P/1 – Com essa experiência que você teve em outra empresa e tal, na sua visão, qual a importância da Avon pra venda direta no Brasil?
R – É total, não é nem qual é, é total, porque a Avon é pioneira, então tem a essência da venda direta. Então ela é o driver, ela é o norte das empresas de venda direta. Ela tem uma história do passado muito forte, mas mais do que ter a história desse passado todo, que é muito importante, ela dá o tom do futuro. Ela se renova, a Avon, a empresa Avon, que é uma multinacional que tem a sua matriz em Nova York, ela existe há mais de 120 anos. Então uma empresa que tem mais de 120 anos ela se renova constantemente, né, ela entende qual o momento de dar a guinada, de mudar o rumo e levar todos os outros países, os outros mais de 100 mercados onde a Avon está, de levar isso pro outro caminho, pro outro rumo, o rumo do futuro. Então a Avon, pra venda direta, ela é a representatividade do que é a venda direta no Brasil, mas mais do que isso, ela dá o tom da venda direta do futuro. Então, de fora, você consegue ver isso com uma clareza muito grande, a gente estando dentro a gente sabe que os concorrentes mapeiam a Avon, mas quando você está lá você faz esse papel de mapear, de entender, de traduzir o negócio através daquilo que você vê no mercado, obviamente sempre de uma forma lícita, né, mas... e todos nossos concorrentes são lícitos e fazem dessa forma, quer dizer, não existe aquela coisa que você vê do americano de espionagem industrial, não existe isso no mercado da venda direta. Existe um monitoramento através do próprio mercado, através da própria revendedora que muitas vezes está contigo e está com outras empresas, porque elas são autônomas. Então, como você não tem a revendedora com um contrato assinado de retenção e fidelidade, essa magia da venda direta ela vem dessa relação mesmo, da relação do querer, da relação do pertencer, do conquistar, do mobilizar, do encantar, do entregar o que é importante pra todos, oportunidade de realização de sonhos que vem através do dinheiro. Então a venda direta tem uma magia muito grande na construção de sonhos, na realização de sonhos, seja de uma revendedora como a gente tem aqui em São Paulo, tem muitas aqui totalmente tecnológicas, toda linkada, linkada com o mundo e vendendo através de internet, vendendo através de um folheto virtual, ou seja lá em cima no Amazonas onde você vai atravessar os produtos... a revendedora... eu fui num evento em Parintins há três anos atrás, encantador, um evento de reconhecimento a uma equipe que foi campeã do Brasil de vendas no final do ano. E as revendedoras chegavam de barco. Então é lindo, é maravilhoso você ver essa contradição, eu fico até impressionada. A Avon me paga pra trabalhar mas eu me sinto conhecendo o mundo, o Brasil através da atividade que eu tenho porque ela é muito diferente. A atividade parece uma única: revender os produtos através de um folheto, ou muitas vezes ter o produto em mãos pra poder revender, né, mas a forma como é feita nesse Brasil, nessa dimensão que o Brasil tem é muito única, é muito diferente. Então é um prazer exercitar essa atividade.
P/1 – Você falou que a Avon ela tem um milhão e 200 mil mulheres revendendo. Como você vê o fato da Avon dar oportunidade de trabalho pra tantas mulheres no mercado começando lá em 58 com isso?
R – Então, assim, um milhão e 200 mil revendedoras ou revendedores, a gente tem, 6% desse número é revendedor, mas a esmagadora quantidade é de mulheres, né, e os revendedores, e aqui eu faço uma ressalva antes de falar dessa oportunidade que a Avon dá pra mulher, mas os revendedores eles são extremamente expressivos e é bastante importante dizer isso hoje em dia porque isso eu acho que já é um tom do futuro também, esse tom dessa mescla. A gente ouve falar tanto da mulher ocupando a posição... uma posição de destaque no mercado, né, que tá cada vez mais solidificado hoje... no mundo Avon, 60% dos 100 mil funcionários são mulheres, então a Avon tem seis mil funcionários na atualidade, né, nesse ano que a gente completa 50 anos, 60% dos nossos funcionários são mulheres. Porém, quando eu olho pra esse um milhão e 200 e vejo aí já cinco, seis por cento sendo representado por homens, eu vejo muito bonito também o trabalho que estes homens têm feito, né. E eles aprendem com as mulheres, que é uma outra dimensão, é uma outra coisa. E aprende com as mulheres por que? Porque o dom de revender, o dom que a mulher tem de revender nesse sistema é todo especial, né, é um jeito diferente de oferecer o produto, tem uma relação muito forte com o cliente. Então, como é que isso tudo começa? Começa primeiro como uma oportunidade de mercado, né, uma oportunidade de colocar a mulher no mercado já há tantos anos, desde 58, de uma forma onde ela pode, podia e ainda pode, organizar sua vida com os seus filhos, né, preservando atividade de ser mãe, atividade de ser parceira, de ser mulher, de ser esposa. Preservando a atividade de olhar pra ela, né, ela consegue fazer tudo isso e ao mesmo tempo estar também exercendo a atividade de revendedora. E dia a dia ela vai descobrindo que, quanto mais ela se dedica a essa atividade de revendedora, mais ela consegue fortalecer as outras relações. Então ela dia a dia é mais empreendedora, ela aprende através do negócio e vai crescendo nessa atividade, vai dedicando mais tempo, vai sendo mais empreendedora, a Avon vai entregando mais treinamento, mais informação, ela vai tendo mais informação, ela vai se desenvolvendo e ela vai fortalecendo todas as outras relações e vai sendo mais empreendedora, vai tendo mais seu dinheiro. Então é de novo ali a realização dos sonhos, a Avon é a empresa de cosméticos, portanto ela tem uma proposta de sonho pra toda e qualquer mulher. Então, um batom, um xampu, um desodorante, não importa, uma maquiagem, algo que você venda, você está entregando ali a oportunidade de transformar a vida de um cliente, de um consumidor. E pra essa um milhão e 200 mil pessoas a gente entrega a oportunidade de transformar as suas relações, transformar o seu lado financeiro. Então é muito forte e a mulher captura isso muito mais rápido, ela tem na sua essência esse jogo de cintura, essa flexibilidade de fazer várias atividades ao mesmo tempo, de se dedicar nas relações, de acreditar, né, de ter as portas abertas pra poder estar com o cliente. Porque uma coisa é você sair de casa, entrar numa loja e fazer uma compra. Você comprou de alguém que você criou uma relação de confiança de uns trinta minutos, vinte minutos, depois, provavelmente, pode ser que você nunca mais veja aquele vendedor. A outra coisa é você comprar um batom, comprar uma fragrância, não? Comprar um creme anti-idade de uma pessoa que você já conhece, tem algum tipo de relação. Você vai ter a relação com ela naquele momento da compra, você vai ter um outro dia uma outra situação, você vai ter na recompra, na recompra, na recompra, na recompra, sempre com a mesma senhora. Então essa relação é muito peculiar a mulher e os homens que estão chegando estão aprendendo com essas mulheres, mas é muito importante ver que a mulher tem isso já na essência, na forma dela lidar com a vida, com jeito dela, é muito lindo.
P/1 – Você tava falando também, Dagmar, dos produtos, né, da Avon, que eles chegam no Amazonas, eles chegam em tantos pontos. Como que você avalia esse fato da Avon chegar nos quatro cantos do Brasil?
R – A primeira palavra que me vem à cabeça é um pouco assim... é meio que democratizar a beleza, porque pra chegar nesses lugares a empresa tem que financiar a parte logística pra chegar até lá. Então essa atitude de financiar, né, distâncias tão longínquas do ponto de saída, que é aqui em São Paulo, dos nossos produtos é meio disponibilizar a beleza, disponibilizar nossos produtos pra todo e qualquer cliente em qualquer lugar do Brasil que ele esteja. Vem primeiro no aspecto logístico, depois vem no aspecto... num balanço entre qualidade, tecnologia que a gente entrega e o preço justo que a gente coloca nos produtos. Então essa dimensão da Avon, esse tamanho da Avon de estar em mais de 100 países, essa possibilidade de ter um laboratório lá em _______ que tem 300 cientistas que constroem, que criam ali os produtos e você consegue por essa dimensão, por essa penetração mundial trazer os produtos com um preço justo, isso faz uma diferença muito grande. Você consegue unir preço, consegue unir qualidade, consegue unir logística, então... Na pergunta que você me fez quando eu vejo quatro cantos do país, em qualquer lugar, lá no sul, lá nas pontas, lá Marajó chegar nossos produtos eu vejo... a palavra que me fica é democratização, é democratização. Eu sinto isso. E democratiza pro consumidor e leva oportunidade de business, de negócios pra todo e qualquer brasileiro que queira estar junto conosco, estar fazendo parte dessa rede. Dessa rede que é viva, que é mutante. Imagina que a cada vinte dias, a cada vinte dias você está em um milhão e 200 mil lares. A cada vinte dias! Quer dizer, isto é único, é a maior força de vendas do planeta. É maior que o exército! É maior que o exército.
P/2 – Dagmar, você falou do seu período de gerente de vendas nesses estados que você citou. Você pode falar um pouco sobre esse período, o trabalho que você fazia nos estados?
R – Por onde eu começo? Primeiro assim, contextualizar, porque na época eu tinha trinta anos, eu tinha funcionárias, na época eram as promotoras de vendas, que na verdade poderiam ser minhas... minha mãe, quer dizer, eu fui muito bem adotada naquela época por toda a equipe, uma equipe maravilhosa como são até hoje. Nossas gerentes de setor são assim... estão a frente, elas comandam em média 1600 revendedoras, então elas sabem, elas tem um link, uma forma de se relacionar muito diferenciada e muito bonita. Então eu fui adotada pela equipe, nessa primeira atividade como gerente de vendas, nessa primeira incursão ao campo, né, até ali na linha de frente da venda dos nossos produtos. E era muito interessante porque às vezes a gente tinha que abrir umas casas aonde eu ia pra visitar as revendedoras junto com as gerentes de setor, e a revendedora olhava pra gerente de setor e dizia assim: “É a tua filha?” Então era muito gostoso, eu tenho isso como uma imagem muito boa porque primeiro eu tenho na referência de cada revendedora, eu tenho a minha mãe, né. Então é muito bom receber uma revendedora porque eu já me remeto ao lado emocional de uma forma muito forte, né. E eu conheço a trajetória da revendedora através da vivência que eu tive como cliente e vendedora junto com a minha mãe enquanto criança. Então foi muito bom essa primeira... muito forte. E nessa região é muito interessante, por exemplo Brasília: Brasília é uma cidade muito nova, muito nova, então... e a gente até brinca, até hoje todos falam que Brasília não tem esquina, que Brasília não tem história por ser tão nova. Então a história de Brasília ela é formada pelas várias histórias do Brasil. Então é muito interessante, você na casa de uma revendedora com uma proposta comercial, né, estar ali com ela pra poder dizer o quanto a Avon pode fortalecer, entregar e realizar o seu sonho, né, o sonho que ela tem através dos nossos produtos, da revenda dos nossos produtos e você já conhece uma realidade, você vê uma comida servida na mesa que não é de Brasília, que é de Minas, ou que é na verdade lá do Maranhão, ou que é do sul do Brasil. Então foi uma experiência muito interessante de estar junto com as revendedoras de uma região como Brasília e, na época, ver o Brasil sendo representado ali. Toda revendedora tem um passado muito interessante com a Avon, não é um privilégio só meu, é um privilégio... às vezes eu tenho a ousadia de dizer, né, ou de pensar, mais de pensar do que até de dizer que todo brasileiro tem um passado com a Avon, que todo brasileiro tem um passado com a Avon porque é muito difícil, nesses 30 que eu estou junto da Avon, é muito difícil eu conhecer alguém, e pode ser um fornecedor, uma revendedora, pode ser um parceiro nosso, quem for, e eu falar de Avon e alguém não ter uma história pra contar. Uma história de um produto, uma história de um avô, uma história de uma avó, uma história de uma mãe, uma história de um primo, de uma tia, de alguém, de um conhecido na cidade. Então às vezes eu tendo a dizer que todo e qualquer brasileiro tem sim um passado, tem qualquer relação com a nossa empresa de alguma forma. E isso aprendi lá, aprendi com esse grupo de revendedoras onde eu vi que elas vinham de vários locais do país e todas elas tinham uma relação com a Avon que já era antes daquele momento específico de Brasília. Só que eu não fazia só Brasília, né, então tem situações e tem momentos muito interessantes. O sul do Pará, eu lembro de trabalhos e visitas que eu fiz no sul do Pará, aonde eu sentia, eu via, eu sentia o nervosismo da cidade, que aquela coisa que você vê através do Jornal Nacional, mas quando você tá lá você sente que é num dia especial porque tava sendo julgado um grande pistoleiro da região, então a cidade estava armada. E não era armada via policial, não, era armada... toda e qualquer cidadão da cidade estava com a sua arma colocada... então você tava no hotel e tomando café da manhã e todo mundo armado ali. É diferente, é uma situação tão diferente, é tão interessante conhecer esse nosso Brasil através dos olhos da revendedora, através da atividade que a Avon tem. E aí você ia na casa da revendedora e tudo pra ela era normal, né, tudo muito normal. Então isso te ensina, te ensina a você entrar na casa dela, conhecer a realidade dela, falar de negócios, falar de oportunidades, falar de sequência, falar de treinamento, treiná-la, efetuar uma venda. Que a nossa atividade é essa, em cada visita estar ali entregando a ela uma oportunidade de continuidade, é o nosso negócio. E ao mesmo tempo estar conectado com a realidade dela, que às vezes é diferente daquele lugar, com a realidade do lugar e com a vida pessoal, né, a gente tem uma relação pessoal de vida muito grande com essas revendedoras. Então é tudo isso conectado ao mesmo tempo. E você aprende, aprende a sair dali, a entrar numa outra realidade, uma realidade de lavoura, uma realidade de perda de lavoura, de estiagem, do arroz que não foi colhido, da falta de dinheiro, da prefeitura que não tem o pagamento. Totalmente inverso. Eu lembro que na região do interior de Goiás tinha uma mina de ouro que de repente assim começou e rapidamente a cidade se transformou. Então era o inverso das oportunidades do país. Você entrava nesse lugar e toda e qualquer casa que você ia, todas elas tavam ali revendendo o produto Avon feliz da vida com a oportunidade. Por que? Porque tava trazendo pra cidade diversos garimpeiros em busca de oportunidades, do eldorado da vida, e eles estavam com dinheiro, então eles compravam muito mais os nossos produtos, então buscando essas oportunidades numa cidade florescente. Você vê no interior do Goiás quantas e quantas empresas que deslocaram suas atividade aqui da região de São Paulo, do ABC, e foram pra lá e se instalaram. Se instalaram com uma propriedade muito grande, muito sérias, né, empresas sérias, Perdigão. Então, assim, você vê as empresas instaladas oferecendo oportunidade e isso também faz girar o nosso negócio e essa revendedora que tem o emocional mas tem entendimento do que está acontecendo ali na sua região, o que está acontecendo como oportunidade de negócios também e nós aprendendo junto com elas a valorizar tudo isso. Então tem de tudo, tem histórias emocionantes, tem momentos que você tem uma situação que você enxerga qual é a realidade brasileira, que a gente tem aí os seus quase 80% da nossa população é classe C, D e E. Então você tá junto com elas e tá entendendo qual é a realidade do Brasil, junto com os consumidores entendendo essa realidade. Então tem um envolvimento com os filhos, numa visita de 40, 50 minutos, como você está na casa da pessoa, não é um lugar criado pra isso, não é uma loja, não é... você está ali participando do dia a dia dela, inclusive participando da realidade do filho que tá vendo às vezes... eu lembro muito na época chegar lá e a televisão tá ligada no programa da Xuxa, era época da Xuxa, e hoje a gente fala de High School Musical, hoje a gente fala de Hannah Montana, é outra realidade. Mas você vai entendendo o que está acontecendo na casa, nos lares do Brasil como um todo, quando você tem essa oportunidade de estar em regiões tão diferentes onde você vê mina de ouro de um lado, pistoleiro de outro, empresas se instalando, vê toda aquela energia, energia de poder que tem Brasília. Você sente essa energia ao descer os elevadores do hotel, ao encontrar com um deputado, ao ir pra rua e ver as atividades, né, que as nossas revendedoras tem ali os seus maridos exercendo, então elas tem isso dentro de casa, ligado ao poder, né ligado... Então é muito interessante ver tudo isso acontecer, não... hoje a Avon oferece às nossas revendedoras muitas oportunidades tecnológicas, já tá começando... usando a penetração tecnológica que a gente tem no Brasil, que não é de 100%, mas as nossas revendedoras já tem essa oportunidade de estar linkada junto à tecnologia e tal, mas a nossa essência tá nesse link da relação mesmo, do dia a dia. E fortalecida com o novo, fortalecida com o futuro que é a tecnologia do futuro também, né, que é a parte tecnológica que vai linkar todos nós no futuro. Então é muito pulsante, a palavra eu acho que é essa, é pulsante, muito pulsante sentir tudo isso.
P/1 – Você tava falando da tecnologia, né. Como foi essa ideia de lançar o folheto virtual?
R – Folheto virtual. Nós temos um milhão e 200 mil revendedoras, a gente tem a cada vinte dias uma média de, provavelmente, seus trinta milhões de consumidores e a gente fala tanto em democratizar, né, a gente democratiza a beleza através de nossos produtos, através dessa relação de custo-benefício, através de penetração. Então quando você fala de penetração tem também todo esse pensamento de como a revendedora pode estar mais perto do seu consumidor. Nos dias de hoje, vários de nossos consumidores estão em escritórios, tem uma atividade durante o dia, reserva um tempo de compra que às vezes é a noite, é depois que os filhos dormem, ou é naquelas duas horas que sobram durante o dia entre uma atividade e outra, e o folheto virtual ele veio nesse pensamento, esse pensamento de continuar oferecendo uma democratização, quer dizer, de trazer a oportunidade, de trazer a penetração, de fortalecer a penetração. E não perder isso como mindset, porque a Avon tem isso desde 58, então a gente tem que continuar evoluindo, evoluindo e indo pro futuro com essas novas ferramentas. Então o folheto virtual veio pra isso, ele veio pra trazer pra revendedora mais uma oportunidade dela estar junto dos seus clientes e consumidores de uma forma bem rápida, bem eficiente, de continuar atendendo bem o seu cliente, foi essa a proposta do folheto virtual. E é muito interessante porque a revendedora que tem usado essa ferramenta, ela pode passar pra um consumidor e esse cliente pode, ele mesmo, passar pro seu pai, passar pra sua mãe, passar pra alguém, então você continua criando links seguindo essa rede, essa rede fica mais ainda fortalecida. Então veio dessa ideia, veio dessa proposta.
P/1 – Tá certo. Você falou também de treinamento que as revendedoras recebem. Como é esse processo?
R – Pois é, tenho que falar de como a gente vem vindo, porque hoje quando você fala em treinamento, falando de treinamento revendedora, a primeira coisa que eu lembro são os nossos encontros de negócios que acontecem a cada vinte dias. Nós temos gerentes de setor que fazem seis encontros de negócios num período de vinte dias pra atender todas as regiões pela qual ela é responsável, temos em média dois encontros de negócios a cada vinte dias por gerente de setor. E nesses locais as nossas gerentes recebem as nossas revendedoras pra que possa nesse instante entregar pra ela informações dos nossos produtos, dos produtos já existentes. Então, hoje, a gente trabalha muito forte com a parte visual, nós temos hoje dentro de cada encontro de negócio um conjunto sistema, um multimídia montado, onde ela tem, através de DVDs, de treinamento sendo, a gente fala de maquiagem, o Cacá dá treinamento de maquiagem, a gente de fala de cabelo a gente pode ter o Marco Antonio de Biaggi falando dos nossos produtos, lançamentos, fala de fragrância, a gente consegue trazer um perfumista de uma casa de fragrância pra passar pra nossa revendedora informações claras, precisas com relação a lançamentos e a treiná-las. Esse é um movimento muito forte que nós temos em todo o Brasil. Através da gerente de setor a gente entrega às revendedoras informações muito fortes, treinamentos muito fortes sendo feitos nesses encontros. E é óbvio que ela pode, com esse material, ir pra cidades distintas e trazer mais outras revendedoras participantes, e muitas vezes a revendedora com acesso, tendo um DVD desses, que a gente oferece o DVD, muitas compram esse DVD pra que elas possam fazer com seus clientes também. Então é todo... de novo é rede, né. E as nossas gerentes, hoje, de setor elas são treinadas presencialmente, nós treinamos muito também por e-learning, muito, muito, muito as nossas gerentes de setor. Então a gente tem uma oportunidade de tê-las dentro de um ambiente de treinamento e-learning, onde elas conhecem, exercitam, fazem teste, voltam, checam, buscam informação quando elas querem. A gente tem um certificado, quando elas passam no treinamento e-learning a gente certifica, nós monitoramos, sabemos quem participou do treinamento, quem não participou do treinamento, é importantíssimo monitorar, né. Quando você fala de rede, você fala de conectar, monitoramento é um fator crucial como eficácia do business, como eficácia do investimento feito e como continuidade. Então o treinamento pra nós hoje tá muito linkado à tecnologia também.
P/1 – Tá. Vamos falar mais um pouco de Avon. E com toda essa evolução, como você vê a atuação da Avon no Brasil hoje?
R – Olha, hoje, o dia de hoje? Eu vou pegar o resultado lá, deixa eu ligar lá.
P/1 – (risos)
R – A Avon, como eu falei, por ser uma empresa que já está no mundo há mais de 120 anos, a Avon se preocupa muito em inovar, em renovar, em estar sempre entregando o que há de melhor, nós estamos exatamente neste momento. A Avon, neste ano que estamos agora em 2008, ela é uma empresa vista como uma empresa nova, de tecnologia, de alto investimento, que busca o que há de mais inovador no mundo pra trazer pro Brasil, é assim que hoje os clientes vêem, é assim que as revendedoras vêem o mundo Avon no dia de hoje. E eu que to familiarizada com os números e familiarizada com os resultados, é de crescimento, é de degrau em degrau indo pra cima, é de virada, né, nós estamos num momento de virada, de inflexão, de mudança de curva. Nós estamos crescendo há mais... a gente cresce mais de dois dígitos nas últimas onze décadas, o mercado de cosméticos cresce também no Brasil e a Avon cresce acima do mercado. Então é muito forte, é muito fortalecedor, é muito bonito. Eu, como líder da área de vendas, como responsável pelo número de funcionários que eu tenho na minha área, eu me sinto muito confortável, eu tenho muito prazer de trazer um novo funcionário pra fazer parte de meu grupo. Eu tenho muito conforto, muita segurança em trazer uma nova revendedora pra fazer parte dessa rede que a gente tem, porque eu sinto segurança no futuro da empresa pelos resultados que hoje, no ano de 2008, nós estamos colhendo. Então dá muito prazer, muita segurança, né, de sentir que através dos resultados eu vou poder continuar entregando o que há de melhor pros nossos seis mil funcionários, entregar o que há de melhor pras nossas revendedoras, pros nossos clientes. A gente está tendo a felicidade de completar 50 anos de empresa num ano em que a empresa está muito bem, faturando muito bem, lucrando muito bem e entregando o que há de melhor. As nossas revendedoras estão muito felizes. Eu participei na última semana de três ou quatro eventos junto com revendedoras, de reconhecimento junto a nossas melhores revendedoras, de cascata de informações que é um outro grupo, um grupo de revendedoras que nos fortalece, que nos ajudam, que são as executivas de venda. E você vê na conversa, você ouve de todas as nossas revendedoras, independentemente do papel que ela representa dessa rede, o quanto elas estão felizes com o negócio, com as proposta de negócio que a Avon está entregando nesse ano de 2008. Então isso é um privilégio, é um privilégio completar 50 anos e estar nesse momento tão mágico, tão bonito.
P/1 – Certo. E, na sua visão, qual a importância da Avon para a história dos cosméticos?
R – Nossa. Olha, de novo é falar de números, porque a gente tem... a cada três batons, praticamente dois batons são da Avon, então você imagina o que é isso no universo da Avon, no universo brasileiro falando de maquiagem. Nós somos líderes absolutos de produtos anti-idade, líderes absolutos, então imagina o que é isso. Então eu volto a olhar pra tecnologia: primeiro a Avon tem uma responsabilidade, responsabilidade de continuar sendo tão inovadora como ela é, de continuar beneficiando o povo brasileiro com aquilo que há de melhor no mercado, com inovação. Tem uma outra responsabilidade que é continuar a praticar preços, preço justo como vem praticando, porque isso faz parte da história dos cosméticos no Brasil, é você ter a inovação mas também disponibilizar, são as duas coisas combinadas é que fazem parte da história, porque isso sim vai continuar trazendo... daqui a 50 anos quando nós estivermos nesse mesmo momento, sendo aqui representados por outras pessoas, a Avon continuará a estar sendo falada da mesma forma, do mesmo jeito. Então é através dos cosméticos que a gente vai continuar garantindo a perpetuação da empresa pros próximos anos. A importância do passado é grande, mas eu gosto sempre de olhar pro futuro, eu gosto sempre de olhar aquilo que é nosso papel hoje como líderes da empresa, nosso papel de construir o futuro. E aí os cosméticos têm esse papel, a proposta de business tem esse papel, o preço, a inovação, as pessoas que fazem parte da Avon têm esse papel, o papel da continuidade, de ir, né, de ir lá pra cima, pra sempre, continuar crescendo.
P/1 – Eu queria que você falasse também dos principais desafios que você enfrentou, que você enfrenta na Avon.
R – Bem, assim, eu sou sagitariana, daí eu esqueço muito fácil qualquer desafio e já vou... e sou extremamente otimista e gosto disso, eu gosto de ter essa atitude otimista, gosto de levar essa força de vendas, esse um milhão e 200 mil revendedoras a crença de que tudo é possível, basta você se preparar para, estar bem preparado para, que você consegue passar e transpor todos os desafios. Mas também digo pra minha equipe muito fortemente que é só conhecendo os desafios que você traça o plano correto e daí você consegue pular essa barreira, né, consegue seguir. Então assim, olhando desafios, eu olho desafios como oportunidades, eu vejo e enxergo olhando pro passado, eu vejo que o maior desafio que a Avon tinha a Avon passou, que era o desafio de continuidade, o desafio de permanecer ativa, de permanecer jovem, de permanecer atual, isso era o maior desafio que a Avon sempre teve, de não ser só a Avon dos nossos pais, dos nossos avós, mas ser a Avon da minha filha de hoje, né. E esse desafio de passado a Avon passou, conseguiu, consegue, mas olhando para o futuro eu vejo que esse é o desafio do futuro também, é o desafio atual de continuar entregando o que há de melhor, continuar buscando o que é de melhor pra ser entregue para que a gente possa construir o futuro. Então, desafio pra mim tá ligado a oportunidade, essa grande oportunidade que a Avon tem, já que nós temos um milhão e 200 mil revendedoras, não tem propaganda maior do que esse um milhão e 200 mil revendedoras, não há, não há. Não há forma mais natural, mais espontânea, mais verdadeira de existir, de continuar fazendo o que há de melhor, de olhar o futuro, a viver esse futuro que não através dessas um milhão e 200 mil. Então o meu grande desafio hoje é manter essa rede, é crescer, é continuar a crescer essa rede, é continuar entregando o que há de melhor com uma proposta justa, manter credibilidade, confiança, manter os valores da Avon, manter os valores da Avon é desafio e oportunidade ao mesmo tempo. Crença, humanidade, respeito, confiança, integridade, são os valores da nossa empresa que devem, sempre foram, e devem continuar sendo desde lá, dele, do Marconi, do ________ até __________, são os valores da empresa que é um desafio constante nós mantermos os valores verdadeiros, sendo praticados de uma forma real, verdadeira, não só em livros, papéis e documentos. Então, falar em desafio eu linko com oportunidade no passado mas linko com o futuro que pra mim tá ligado a essa energia que a nossa... que um milhão e 200 mil revendedoras têm, a toda nossa proposta de negócios que a gente deve manter ativa e continuar entregando, eu vejo dessa forma.
P/1 – E as alegrias?
R – Alegrias com a Avon? Nossa, muitas. Muitas, muitas, muitas. Alegrias... alegrias são ad eternum, não dá pra falar, alegria pessoal, porque quando a gente fala da realização de sonhos do outro, somente a sua própria realização de sonhos. Então no meu caso me formei na Avon, né, a minha... eu construí a minha vida através de tudo aquilo que eu recebi da Avon. Então pra mim isso é uma realização, uma alegria grande. Eu me casei na Avon, né, conheci o meu marido na Avon, então o Ivan veio de lá, então é uma outra situação pra mim enriquecedora. Eu tive e tenho ainda muitas pessoas relacionadas do meu dia a dia, da minha vida pessoal no meu dia a dia relacionada com a Avon. Então é outra alegria muito grande, então não é só trabalhar, trabalhar mas ter o seu lado pessoal bastante envolvido. Realizações pessoais enormes, realizações profissionais, emocionais, quer dizer, é muito difícil uma semana que eu não tenha três, quatro momentos onde eu esteja envolvida emocionalmente, onde eu esteja com lágrima nos olhos, onde eu não esteja recebendo carinho de uma revendedora, uma gerente de setor, onde eu não esteja dando um pouco disso também pra todas elas. Então é alegria, é alegria constante, tanto é que fica mais fácil lembrar das alegrias, dos momentos, né, da relação do que lembrar de tristezas, desafios, quase... se tivesse que... quase não tem, não há... parece que apaga, não existe, porque a gente realmente lembra dos momentos ótimos.
P/1 – E o que que você considera sua principal realização na empresa?
R – Realização na empresa? Principal? Nossa, acho que é a equipe que eu tenho, a minha principal realização está na equipe. Eu considero a minha equipe muito... perfeição é algo que a gente busca sempre, então não existe pra mim essa coisa de perfeição, é ajustada, né, eu vejo que tem que ser... é uma equipe ajustada, uma equipe coesa, uma equipe diferente, coesa, mas diferente, uma equipe que se complementa. Então, assim, a minha equipe é uma grande realização e aí tudo o que eu penso de realização está ligado a pessoas, porque quando eu lembro assim grandes realizações na Avon, eu lembro um grande campeonato que eu venci há dez anos atrás, está ligado também a pessoas. Eu mais lembro das pessoas, né, eu não lembro nem o dinheiro que eu ganhei com o campeonato. Eu lembro do troféu mas eu lembro do momento, eu lembro das pessoas que construíram o resultado, então, assim, acho que a minha grande realização na Avon é a... é o prazer de sempre formar grandes equipes, essa é a minha realização em todos os momentos. E daí, dessas equipes é que vem as ações, então eu fico feliz de ver a área de treinamento tão fortalecida como tá e tem a ver com pessoas. Fico feliz de ver a parte tecnológica sendo desenvolvida e a gente oferecendo o que a gente está oferecendo, tem a ver com as pessoas. Fico feliz de ver o folheto de ofertas que nós estamos entregando, tem a ver com pessoas. Tem a ver com pessoas porque, assim, por trás disso tudo tem pessoas, então realizações, todas elas, da menor a maior, tá tudo relacionado a equipe, a pessoas, a esse carinho, esse encantamento. Eu costumo, nas primeiras 48 horas de um funcionário novo na empresa, quando eu sou apresentada a ele, eu perguntar: “Quanto tempo você tem de Avon?”, e aí ele fala, normalmente põe em horas, 48, 60 horas, né. E eu, tá: “E nessas primeiras 60 horas, o que você já tem pra me dizer da Avon?”. Todos dizem, todos sem exceção, a primeira frase que vem é: “Como eu fui em acolhido, né, como eu fui bem acolhido.” Então, assim, esse... essa energia, esse acolher que existe das revendedoras espalhadas pelo Brasil também está na Avon, como empresa, como sede, como ponto fixo, né. Isto também tem a ver com pessoas. Então isso tudo pra mim, a grande realização é ter o prazer de dizer que eu contribuo pra isso, que eu contribuo pra que as pessoas sejam assim, que eu contribuo pra que a gente tenha a equipe que a gente tem, que eu contribuo pra que a gente tenha essa energia, esse acolher da Avon esteja presente, não só lá fora mas também internamente, isso é uma grande realização.
P/1 – E o que que a Avon representa para os funcionários?
R – Do ponto de vista deles? De tudo que eu ouço representa oportunidade, representa alegria, representa desafio. Representa com certeza desafio, a Avon é uma empresa demandante, a Avon é uma empresa que para estar onde está sempre em busca do que há de melhor mas exige de cada um também o que há de melhor. Então é desafio, oportunidade, é desenvolvimento, é realização. Eu vejo que os funcionários colhem da Avon, buscam na Avon respostas, a Avon dá respostas, então buscam isso também. Respostas até pra algo que não está nem relacionado com o dia a dia, com o business, às vezes buscam isso também, acolher da Avon mais do que somente no aspecto profissional. Acho que é isso, acho que de uma forma geral os funcionários buscam autorrealização na empresa.
P/1 – E nesses anos que você tem de Avon, você tem algum caso pitoresco pra contar pra gente, alguma coisa engraçada que você presenciou?
R – Nossa, vou lembrar. Você sabe que eu não sou muito de contar casos não, sabe? Não sou mesmo, não sou... eu não tenho o hábito de contar casos, não tenho. E os meus funcionários têm, porque sempre tem muitos, né, muitos, muitos, muitos, então eu não tenho. Deixa eu ver se eu consigo lembrar algum. Não me lembro não, deve ter um monte mas eu não lembro não. Acho que tá bom, né, já falamos tanto aqui, né?
P/1 – Fala um pouco da sua família. Você é casada?
R – Eu sou casada.
P/1 – E qual o nome do seu marido?
R – Ivan.
P/1 – E como você conheceu o seu marido?
R – Então, o primeiro dia que eu entrei na Avon, no ano de 1978, dia 1º de Fevereiro de 78, diz o meu marido Ivan que na hora que eu passei no corredor pra fazer o teste, pra entrar, eu tava com uma saia, ele lembra a cor, que era bege, não sei o que. Na hora que eu passei ele falou: “Que menina é essa?” E era menina mesmo, que eu tinha 15 anos. Essa é a história que ele conta. Mas logo depois, isso aí já... mas logo depois, dois, três anos depois, de alguma forma a gente já tinha uma relação, e é muito interessante porque o Ivan tem uma frase muito característica do mundo masculino que diz que: “Atrás de um grande homem há sempre uma grande mulher.” E eu digo pro Ivan assim: “Ao lado de uma grande mulher tem sempre um grande homem.” Porque o Ivan me fortaleceu em toda a minha trajetória profissional e pessoal, porque ele... eu lembro da época que eu estudava, eu disse: “Não.”, na época que eu namorava, “Que casar que nada, vou terminar a faculdade. Que casar que nada, vamo ter primeiro o apartamento.” Então, assim, é bastante sólido e apoiando muito. Quando eu tive a proposta de ser gerente de vendas eu tinha trinta anos, mas somente dois anos de casamento, tinha casado com 28 anos. Então o Ivan, segundo ele, desde os 14, desde os 17 a gente começou a ter algum tipo de relação afetiva. 17, mas eu fui casar com 28 e fui ter a minha filha com 34. Então, assim, o nosso planejamento familiar tá todo voltado pro aspecto de trabalho, mas não é só trabalho, voltado... ele sempre me apoiou... na época eu tava ainda na faculdade, então era na época do estudo, na época da Avon ele sempre apoiou. Quando eu tive a proposta, aos 30 anos de trabalhar como gerente de vendas ele me apoiou porque com dois anos de casamento eu viajava na segunda e voltava na sexta-feira somente. Então sempre me apoiando demais até hoje, a criatividade que eu tenho hoje eu viajo muito, to muito ausente do Brasil, muito ausente de São Paulo. E eu preciso de um apoio porque... pela minha própria tradição, pela minha própria educação familiar, mineira, tudo o mais, eu sou muito família, sou muito voltada a família. Então, assim, pra mim é importantíssimo, então pra eu ter a minha filha, ter o Ivan, ter a minha casa organizada, né, e eu preciso de uma estrutura familiar muito forte. Então foi assim que eu conheci o Ivan, foi um pouquinho o resumo dessa trajetória, mas foi assim que eu conheci e foi na Avon mesmo, tá ligado à Avon também.
P/1 – E qual o nome da sua filha?
R – Amanda. Amanda Brum Paulino. Amanda Brum Paulino.
P/1 – E o que você gosta de fazer nas suas horas de lazer?
R – Nossa, ficar com a Amanda. Qualquer coisa desde que eu esteja com a Amanda. É que eu me envolvo muito, aonde eu estou eu me envolvo bastante, então, a gente tem uma casa de praia na Ilhabela, então a gente viaja bastante pra casa de praia, desde que eu não tenha nenhuma viagem internacional no final de semana. E a gente vai pra casa da praia, a gente passa lá o final de semana, o Ivan tem um orquidário, a gente mexe com plantas, ele adora. Então ele tá sempre envolvido com plantas e eu to com a Amanda. Eu gosto de cozinhar, né, e cozinho e a gente tem churrasco, tem churrasco na nossa casa, tem churrasco no vizinho. Então é uma vida... estou com a Amanda, estou fazendo qualquer coisa. Final de semana de São Paulo, cinema, muito cinema, shopping, passeio no Parque Burle Marx, pra poder rodar, andar um pouco, casa dos meus pais, né. Eu falo casa da minha mãe, casa dos meus pais. Ver meu pai, ver minha mãe. Aí a família se reúne e conversa, é muito gostoso, adoro. Então, assim, o que eu faço na minha hora de lazer? Faço tudo com a Amanda, leio muito também porque, como eu viajo bastante, os tempos que eu tenho eu tenho a oportunidade quando eu to sozinha eu gosto de ler, do lado da minha cabeceira tem 8 livros agora, 8 pra serem começados. Aí tira um, chega mais um, vou pondo. Gosto muito de ler, leio bastante, leio alguma diferenciada, nem sempre só relacionada a parte administrativa mesmo, né, nem sempre tem a ver com liderança, gestão, muitas vezes tá relacionado a histórias, eu gosto de diversificar. Pego esses best-sellers que sai na listinha da Veja e vou lendo todos, eu gosto muito. Então vou diversificando.
P/1 – Tá certo. Agora assim pra fechar, qual o fato mais marcante que você presenciou ao longo dessa sua trajetória na Avon?
R – Marcante?
P/1 – É, pra você, assim. Um aprendizado de vida.
R – Olha, o fato mais marcante eu aprendi a fazer com a Avon também porque, assim, se eu não me engano, não sei se eu to muito correta na data, no ano de 86 a Avon fez uma reestruturação, e na época eu já era gestora mas, na época a estruturação não teve um envolvimento forte na minha área. Só que eu vi como todo aquele processo aconteceu e foi com muito respeito às pessoas, apesar de doloroso. Mas foi com muito respeito às pessoas. E há dois anos atrás nós tivemos uma reestruturação e aí o meu papel, a minha responsabilidade já era outra então eu tinha uma responsabilidade muito grande de executar essa nova reestruturação, que é o que traz todo esse gás, essa resistência da Avon pro futuro é esse saber o momento de chacoalhar, de se reorganizar e de seguir em frente. E há dois anos atrás, de novo, nós tivemos uma reestruturação e pra mim... eu tive a oportunidade de ver porque que lá atrás em 86, se eu não me engano foi em 86, eu vi porque as coisas aconteceram e foi com tanto respeito. Porque há um cuidado muito grande de preparar nós, os executivos, pra que tudo aconteça. Há um cuidado de ser transparente, transparência é tudo, né, transparência não é ser transparente na hora, é ser desde quando começa o processo, pra essa antecipação, esse respeitar a pessoa, quer dizer, tem que fazer, não é o que ninguém gostaria, não é o que uma empresa gostaria, mas tem que fazer. Tem que fazer pelos que ficam, né, porque senão aí o estrago seria muito maior, então esse entendimento, esse usar o respeito, usar a transparência, pra mim, é o fato mais marcante. Pra mim é o mais marcante porque tem um aprendizado e é um aprendizado que te impulsiona, que impulsiona a empresa mas te impulsiona como ser humano, né. Então foi um momento muito dificílimo, dificílimo, mas que pode ser feito, que houve uma continuidade, que houve uma assimilação e as pessoas que saíram, entenderam. E eu nunca vou dizer que 100% entenderam porque eu estaria sendo Alice no País das Maravilhas, em excesso, porque eu não digo isso, mas eu assim... há um respeito muito grande com a equipe que saiu e há contato com essa equipe porque a direção trouxe claro desde o começo o que aconteceria, não foi surpresa, sabe? Os porquês, como é que seria feito, quais eram as regras. Então pra mim foi um grande aprendizado, um grande aprendizado de uma empresa que, mesmo no momento mais doloroso, consegue respeitar, consegue fazer valer dos seus valores e conduzir um processo tão difícil, que poderia ter sido um processo tão traumático, tão traumático, de uma forma tão valiosa, tão valiosa. Pra mim foi o fato mais marcante.
P/1 – Então tá. Dagmar, pra finalizar mesmo.
R – Mesmo.
P/1 – O que que você acha da Avon estar resgatando a sua história através desse projeto?
R – Olha, eu tive várias oportunidades de falar da minha trajetória na Avon de diversas formas, né, diversas situações diferentes, às vezes com funcionários, às vezes com fornecedor, de forma... até estruturado também de um jeito formal, né. Mas nunca tão completo como está sendo esse momento que nós estamos fazendo aqui, nunca tão pautado, tão organizado. Mas essa... a mensagem que me passou o projeto quando foi me apresentado, o que mais me impressionou foi de gravar, foi o de solidificar, foi o de guardar. E às vezes tem a ver com o nome, Museu da Pessoa, o nome aqui da instituição, porque foi o que mais me impressionou. Porque, claro que deve ter e tenho, a Avon tem, muita gente tem várias fitas com entrevistas e coisas que foram criadas ao longo desses anos todos. Jornais, né, jornais internos, murais e tudo o mais que foi criado, mas, porém, quando você fala assim de Museu da Pessoa, você fala de uma instituição, você fala de um grupo que não está relacionado ao business, mas está com o foco mais na construção da ideia, me trouxe uma alegria muito grande. E uma alegria que está voltada para o pessoal, porque eu tenho trinta anos de empresa, tá voltada a minha realização dentro da empresa, mas tá voltada a esse um milhão e 200 mil revendedoras. Tá voltada a acolher esses meus parceiros, pares, colegas e amigos e pessoas que eu nem conheço, que talvez tenham passado por aqui e estarão passando, colher informações que solidificam esse grupo todo que existe lá fora, como se a gente pudesse: “Vamos registrar isso tudo.” E talvez tenha a ver com uma mensagem que o Serginho Groisman deixou uma vez num trabalho que ele fez com a gente, onde nós tínhamos 800 gerentes de setor que representam o Brasil todo ali conosco. E ele buscando as informações com elas, como ele faz no programa dele, assim, indo conversar com elas, ele colheu três ou quatro informações que vieram aleatório e ele ficou tão impressionado com três, quatro informações que ele falou muito disso, ele comentou um pouco disso, da riqueza de diversidade que nós temos em mãos e de como seria bonito se a gente registrasse isso. Então foi uma mensagem que ele deixou conosco depois do programa e que isso... na hora que me falou Museu da Pessoa, 50 anos de Avon, as pessoas passando por lá, registrando suas carreiras, mas também olhando pra essa rede toda, assim, um milhão e 200 mil revendedoras, eu fiquei muito feliz, muito feliz. Muito gratificada por um registro, muito feliz mesmo.
P/1 – E pra Avon, como você vê isso?
R – Acho que eu vejo da mesma forma, acho que eu não tenho nenhuma mudança na minha resposta, eu vejo do mesmo jeito. Eu vejo uma coletânea, um arsenal de situações e fatos que talvez nem a própria Avon, se a gente puder dizer assim, nem a própria Avon tem a dimensão do que vai ser colhido e da forma como vai ser colocado. Tem ideia, mas não tem a dimensão do que será feito. Eu já me imagino eu vendo alguma coisa, sabe? Eu já me vejo colocando num papel de espectadora, não só como funcionária, mas como Avon também que sou, e olhando tudo o material e entendendo... acaba sendo uma oportunidade da própria empresa entender mais da empresa que tem, da empresa que é. Acho que é um pouco desse lado.
P/1 – Tá certo. E o que você achou de ter participado dessa entrevista, desse projeto de...
R – Muito bom, muito bom. É gostoso, eu tava falando aquela hora que a gente tava em off, resgata o aspecto emocional da gente muito grande, a gente fica muito linkada, é uma período relativamente até curto pra tudo que é coletado e até pra trajetória de vida que é quase uma regressão. E a gente relembrar, porque você trabalha o aspecto emocional com família, com a empresa, suas conquistas, com as pessoas, você vai lembrando de nomes. Eu lembrei de nomes aqui, fui falando de momentos e fui lembrando dos nomes de gerentes, gerentes de setor, revendedoras, você vai lembrando assim de fatos, de situações, de momentos e é muito gostoso, é muito gratificante.
P/1 – Tá bom. Você quer deixar alguma mensagem?
R – Uma mensagem? Uma mensagem pra quem, pra eternidade?
P/1 – (risos)
R – Acho que a mensagem é mais o testemunhal de prazer mesmo, né, de prazer de fazer parte. Eu tenho muito orgulho, muito orgulho de poder estar na frente desse exército de revendedoras, esse um milhão e 200 mil revendedoras, é um orgulho, né. Tantos outros colegas parceiros já tiveram essa oportunidade, então assim, é um privilégio poder ter essa oportunidade, representar a Avon, representar essas senhoras, representar esse grupo, eu tenho um verdadeiro orgulho disso, né. Então tem uma crença, uma crença de que eu estou aqui hoje e daqui um tempo outra pessoa estará aqui porque isso tem uma continuidade. É tão sólido, é tão firme, é tão consistente que não tá focado em uma pessoa, tá focado no grupo mesmo. Tá focado no expertise, tá focado na relação, tá focado na solidez que a Avon tem. Então é muito gostoso poder participar da Avon, ser funcionária da Avon, estar ali todos os dias, né, a frente da Avon e saber que tudo isso terá continuidade. É orgulho, é um grande orgulho mesmo, a palavra é orgulho, prazer, relação, uma infinidade.
P/1 – Então, em nome da Avon e do Museu da Pessoa, nós agradecemos a sua entrevista.
R – Tá bom, obrigada.Recolher