IDENTIFICAÇÃO Amílcar Melendez, nascido na Nicarágua em 08 de agosto de 1942, naturalizado brasileiro. ATIVIDADE ATUAL Eu sou empresário e presto consultoria na área de gestão corporativa como conselheiro de empresas. FAMÍLIA Meus pais são José Francisco Melendez e &Aci...Continuar leitura
IDENTIFICAÇÃO Amílcar Melendez, nascido na Nicarágua em 08 de agosto de 1942, naturalizado brasileiro.
ATIVIDADE ATUAL Eu sou empresário e presto consultoria na área de gestão corporativa como conselheiro de empresas.
FAMÍLIA Meus pais são José Francisco Melendez e Ângela Melendez. O meu pai já faleceu, mas ele era um militar. Nós temos origem, por parte de pai, francesa e por parte de mãe, espanhola da Nicarágua, em Manágua, na capital. Tenho sete irmãos. Todos homens, não há nenhuma mulher.
INFÂNCIA Eu morava em Manágua, na Nicarágua. Minha casa era um ambiente muito familiar, muita disciplina, devido à formação do meu pai. Era uma família muito unida. E os eventos normais de toda família, também, era a mesma coisa com a gente.
CIDADES / MANÁGUA / NICARÁGUA Era uma cidade em crescimento, cidade pequena, como todo país da América Central, uma economia limitada, mas era um país em progresso.
FORMAÇÃO Eu fiz a escola de Irmãos Cristãos. Depois eu fiz escola militar na Nicarágua e vim para o Brasil, com uma bolsa de estudos, para a escola naval. Esse foi o motivo de minha vinda ao Brasil, em 1960. Por motivos pessoais, eu deixei a escola militar e me dediquei a fazer o curso de engenharia. Depois fiz vários cursos de pós-graduação, na Getúlio Vargas, no Brasil e também, nos Estados Unidos e na Europa. Sempre na área de engenharia, de administração de empresas e economia.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Comecei a trabalhar com 23 anos. O primeiro emprego foi na Fleischmann Royal, na área de alimentos, como químico assistente, em Petrópolis. Posteriormente, eu fui para a Corning, Industry Corning no Brasil e, por último, esse meu emprego na Avon. Fiz a minha carreira na Avon e as outras foram empresas muito boas, excelentes empresas, mas o tempo foi relativamente curto, um ou dois anos, meu objetivo era aprender e crescer profissionalmente.
TRAJETÓRIA AVON Ingressei na Avon no dia 23 de março de 1969, em São Paulo, na unidade era Santo Amaro. Era um processo de escolha e prioridades. Obviamente, eu tinha várias alternativas e aquela me foi a mais satisfatória, a Avon. Foi uma entrevista que demorou umas três horas, com um executivo da Avon. Eu entrei às oito e meia nessa entrevista, quando foi meio-dia já estava contratado pela Avon. Eu comecei na área de desenvolvimento de produtos novos, na área operacional, como supervisor.
AVON / PRIMEIRAS IMPRESSÕES Quando eu era estudante usei uma ou outra vez os produtos da Avon. Eram produtos pós-barba, mas não tinha a menor ligação com a empresa. Tinha um conhecimento esporádico; não tinha idéia do que era a estrutura da Avon. Minhas primeiras impressões foram muito positivas. O que mais me agradou na Avon foi a sua cultura, uma cultura centrada nas pessoas. Uma empresa em franco crescimento e a orientação das pessoas foi o que mais me agradou na empresa. Uma cultura que dá resultados, bem focada nas pessoas quanto ao seu crescimento e o seu desenvolvimento. Esse foi o aspecto mais positivo, foi o que me fez tomar a decisão de ficar com a Avon.
TRAJETÓRIA AVON Eu entrei num ambiente competitivo, obviamente. Eu tinha, naquela ocasião, acho que 25 ou 26 anos, mas eu percebi que era uma empresa onde se tinha muitas oportunidades, desde que você sempre fizesse o trabalho que lhe era designado. E o trabalho da Avon, pelo menos o meu inicial, foi um trabalho de muitos desafios, porque era uma função de muito relacionamento com as áreas, ditas, comerciais, especificamente, marketing, vendas e operações, e foi muito desafiador. E montamos um modelo, foi desenvolvido um modelo operacional no Brasil que foi um sucesso, que foi depois implementado em outros países dentro da América Latina e Espanha. Naquela ocasião era América Latina e Ibéria, eu fui chamado para implementar e desenvolver esses modelos nesses países, especificamente, México, Venezuela, Argentina e Espanha. Aí, comecei a minha carreira dentro da área operacional. Posteriormente, fui para a Venezuela, fiquei lá. Todo o tempo que eu estive por, lá, quase dois anos, exatamente, para implementar um modelo de marketing coordenado, que foi para outros países, também, naquela ocasião. E foi um desenvolvimento bastante eficiente e eficaz. E o modelo tem um marketing muito agressivo, cujo problema, naquela ocasião, era desenvolver produtos novos dentro do contexto da Avon, quanto a modelos de produtos novos. Respeitando as culturas locais e regionais. Os países eram muito diferentes quanto as suas culturas, mas o modelo é bastante dinâmico e flexível que requeria acertos locais. E se deve tomar muito cuidado na cultura de cada país para não ter problemas e estabelecer uma relação de confiança com os colegas para poder implementar com sucesso. Isso, realmente, fez a diferença. Nos primeiros três anos da minha carreira, eu me dediquei muito a esse trabalho. Posteriormente, entrei na área mais operacional. Estando na Venezuela, eu fui chamado para o Brasil, novamente, para ser diretor de operações da Avon Brasil e, após o meu treinamento nas fábricas dos Estados Unidos, voltei para o Brasil para ser diretor de operações de manufatura e foi um trabalho muito voltado aos resultados, no teu serviço ao consumidor, ao cliente quanto a qualquer produto, custos. Mas o meu foco era um modelo onde as pessoas pudessem se desenvolver e crescer. Com este modelo, nós desenvolvemos bons líderes dentro da empresa a nível de Brasil e em outros países, inclusive. Depois, eu fui chamado a ocupar um cargo de maior responsabilidade, em Nova Iorque, durante quase cinco anos como diretor de operações de manufaturas internacionais, com o foco na América Latina e Espanha. Posteriormente, fui para o México por seis meses e acabei ficando, lá, 16 anos. Depois fui para a América Central, já, como gerente geral e vim para o Brasil como vice-presidente de operações sênior. Daí fui promovido a presidente da empresa, depois, presidente da América Latina. Depois, com a mesma função de presidente da América Latina, me deram novamente o México, novamente o Brasil e, posteriormente o México. Tudo isso foi numa carreira de 38 anos e que acabou em 2006, quando eu me aposentei.
O trabalho era muito profissional, mas quem nomeava esses postos era Nova Iorque, a decisão vinha de Nova Iorque. Você era chamado e lhe diziam: “Olha, você vai ter uma responsabilidade maior”. E eu já vinha me preparando antecipadamente para essas responsabilidades. E, obviamente, foi um crescimento natural. Eu não esperava esse cargo, não. Sempre foram surpresas muito agradáveis. Havia desafios, mas, também, oportunidades.
DESAFIOS O maior desafio que eu tive foi como fazer com que a minha família me acompanhasse, a minha esposa, em todas essas viagens e manter a relação familiar bem unida. É um desafio. Minha esposa foi uma excelente companheira; acompanhou-me com os meus filhos. E eles, em cada país, aprenderam as suas culturas. Cada um deles é multicultural, falam três, quatro idiomas, benefício, obviamente, resultante dessas viagens que eu fiz e dessas experiências internacionais. Dentro da Avon foram vários. Eu diria que os maiores foram, digamos, quatro, que eu me lembre, de muito impacto. O primeiro foi estando no México e a Crise da Tequila, a desvalorização do peso. Outra crise, também, de uma magnitude bastante importante, foi no Brasil, a desvalorização do Real. Depois, crises na Venezuela. Fecharam uma fábrica para nós lá, que resolvemos o problema, também, de uma maneira bastante conveniente para a empresa. E, ultimamente, na Argentina, a crise da desvalorização do peso. Mas todas foram muito bem resolvidas pelo time que tinha lá, a qualidade, o pessoal foi extraordinariamente competente. Eu tenho essa capacidade de identificar pessoas de muita experiência, de muita competência, que isso é um problema para nós. Mas foram desafios muito sérios. Como experiência particular foi ter convivido nos Estados Unidos, cinco anos, com a minha família, onde ninguém falava inglês quando chegamos. Nos acostumamos, sobrevivemos lá, foi uma experiência formidável, só tenho boas lembranças. Muito positivas.
ALEGRIAS Cada desafio que eu resolvia era uma alegria para mim. A minha personalidade é uma personalidade de muitos desafios, eu me auto-desafio permanentemente. Então, todas as vezes que vencemos uma situação difícil era uma alegria para mim. Eram muito mais profissionais e, obviamente, no lado pessoal, principalmente, os meus filhos e a formação deles, como estudantes que se graduaram, foram alegrias para mim muito grandes. Eu procurava manter um equilíbrio entre a família e o trabalho. Eu me dediquei a Avon mais de 100%. A família ficou relegada, um pouco, devido o trabalho da empresa.
PRINCIPAL REALIZAÇÃO Dentro das muitas contribuições que, certamente, fiz, mas com parte em uma equipe, eu me sinto orgulhoso, em uma delas como presidente da América Latina, de ter trazido para região, em quatro anos, um ingresso de aproximadamente 1,5 bilhões de dólares. Esse é um resultado que eu me orgulho pessoalmente, porque independente da questão de quem faz e quem não faz, é um resultado extraordinário, especialmente, sabendo que na América Latina cada país tem um grau de relacionamento diferente. Mas trazer, de se ter nesses países que estavam dispersos, com estratégias diferenciadas, economias bastante comprometidas, devido o seu grau de desenvolvimento e integração, foi um resultado muito positivo. Extraordinariamente positivo. Isto foi uma realidade. Isto, para mim, foi o maior resultado que eu obtive na América Latina. Quando eu me aposentei isso ficou claro e me foi dito: “Você conseguiu fazer isto”. Não foi sozinho. Ninguém faz uma coisa dessas sozinho. Foi com uma equipe, a primeira grande realização. É a segunda realização; com as pessoas que fiz isso acontecer, porque a equipe que eu desenvolvi foi uma equipe altamente competente, de profissionais comprometidos, homens, mulheres e muitos jovens. E a outra foi ter trazido no time gerencial executivos, mulheres, também, preparadas e, também, comprometidas, não só homens, mulheres também. Então, isso foi, digamos, algo de maior evidência na minha carreira. Tenho um sentimento de orgulho. De orgulho de ter sido parte desse processo e de ter ajudado no crescimento da companhia. Certamente, quando eu entreguei a América Latina, entreguei melhor do que recebi, efetivamente. Isso é um orgulho que eu tenho e guardo comigo. Eu não tinha hora, não tinha tempo, mas o resultado foi altamente positivo. Isto é reconhecido por todos, pelo menos por aqueles que trabalham comigo. Muito de dar os resultados, muito exigente nos objetivos, mas sempre observando com justiça e cuidado a contribuição de cada um e dando o mérito a quem merece, eu nunca levei mérito para mim, o mérito das pessoas, também, eu ajudei a contribuir para que isso acontecesse, mas as pessoas é que fizeram esse trabalho.
AMÉRICA LATINA Assumir o cargo de responsável pela América Latina foi uma surpresa muito agradável, mas junto a isso havia o compromisso também. Eu sabia que no momento que tive esse cargo, a família teria que colaborar comigo e colaboraram de uma forma espetacular. Se eu tivesse que fazer tudo de novo, eu teria tido um equilíbrio melhor entre a família e o trabalho, porque eu não vi os meus filhos crescerem e você paga por isso. Deixei a minha esposa muito tempo sozinha e a família sozinha, também. Mas eles tiveram as recompensas por isso. Houve uma grande mudança de responsabilidade. Definitivamente, de responsabilidade e, também, no setor pessoal. A responsabilidade, é claro, tinha que fazer a máquina funcionar com toda a força. E eu me sentia com muita vontade de dar resultados. Isso vem de uma cultura que eu aprendi dentro da Avon e mesmo pela competência profissional, através da formação que se cultiva. É muito focado em resolver as crises e de me sentir com mobilidade bastante, evidente, para fazer a recuperação das empresas. E conseguimos isso numa escala bastante adequada, com o pessoal é claro. Não se faz nada sozinho, foi com o pessoal.
CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO Quando fui presidente, surgiram os centros de distribuição no Brasil. Surgiram três e, obviamente, eu recebi um deles que era, digamos, o de Santo Amaro, que mudamos para Interlagos, um centro de distribuição que tem uma importância muito grande. Depois houve outro na Bahia, que eu tive a oportunidade de ir namorar. Mas foi um trabalho de equipe. E um terceiro que foi, também, projetado anteriormente que é na região do Amazonas. Esses foram os que eu tive conhecimento, mas foram necessários, porque a logística da Avon tem uma distribuição territorial muito grande. Então, precisava ter uma economia de escala convenientemente edificada para fazer um trabalho que fosse bastante eficiente. Como se pode reduzir o tempo de entrega com um serviço de qualidade e com a economia de escala bastante adequados. Esses eram os motivos dessas modificações e dessas expansões.
AVON E SEUS COLABORADORES Duas coisas básicas, em ordem de prioridade: a primeira, crescimento, crescimento como homem, como mulher; e, segundo, conseqüência desse crescimento, uma realização profissional. Em todos os sentidos isso era alcançado, na minha época, entrar na Avon era um privilégio, manter-se era mais ainda e crescer era conseqüência dos dois anteriores. O relacionamento com minha equipe era muito profissional, muito profissional. Havia amizade, tudo bem, mas na hora dos resultados era estritamente profissional. O relacionamento era atingir os resultados e, aí sim, eu fazia questão de estabelecer parâmetros muito realistas, mas, definitivamente, cobrava resultados. Nós éramos muito dinâmicos, mas os resultados sempre eram o que ditava o comportamento das equipes, davam a direção.
TROCA DE COMANDO Quando deixei a presidência para assumir a América Latina, a presidente seguinte foi a Eneida Bini, a primeira mulher no Brasil. A Eneida é uma pessoa bastante competente. Eu tive algumas experiências no México, eu vou voltar pro México um minuto porque a experiência no México foi muito boa. Chegou um grupo de estudantes dos Estados Unidos que foi visitar a Avon México. Eram, aproximadamente, 50 estudantes, todos universitários, homens e mulheres, e, eu estava, naquela ocasião, como presidente de operações no México. Eu fazia parte da equipe que ia recepcionar esses estudantes. Fizemos uma apresentação para os estudantes que demorou, aproximadamente, duas horas. Depois, veio a parte de perguntas e respostas e uma estudante me impressionou muito com a sua pergunta, que foi diretamente dirigida a mim, embora, o presidente no México fosse outra pessoa, ela perguntou, assim: “Se esta companhia, Avon, é dirigida às mulheres” - que é a verdade - “Por que no México não tem nenhuma mulher?”. Aquilo me deixou refletindo um pouco e a minha resposta foi que não tínhamos nenhum processo de desenvolvimento para mulheres e que no momento certo iriam ocupar os cargos gerenciais e executivos de primeira linha. Mas aquele questionamento foi feito diretamente para mim, me causou muito impacto e quando voltei para o Brasil, comigo mesmo, eu fiz questão de identificar, que pessoa ou pessoas dentro da Avon Brasil ou fora da Avon Brasil, na Avon, no contexto da Avon, poderia me substituir? Eu tive a sorte de contar com a Eneida Bini, que é uma pessoa capaz, competente e com uma trajetória muito positiva. Ela foi um suporte muito bom para mim quando eu estava como gerente geral da Avon Brasil ou presidente da Avon Brasil. E o nome dela foi bastante unânime no processo e ela foi a pessoa que me substituiu.
INSTITUTO AVON No início acompanhei sim, a formação do Instituto Avon. Mas não fiquei muito tempo, logo depois que foi inaugurado, eu sei que o Lírio Cipriani foi bastante importante nesse processo. Eu acho que o Instituto Avon foi uma iniciativa espetacular, principalmente, na assistência social, sobre câncer de mama, a saúde da mulher, foram feitos trabalhos muito positivos. Eu acho que isso teve muito valor para a empresa e para o sociedade como um todo, e isso está consistente com o desenvolvimento da empresa, a empresa é socialmente responsável, é muito válido. É bom que a experiência foi positiva no nascimento do Instituto e eu acredito que ele está crescendo e demonstrando, no seu desempenho, tudo aquilo que é programado pela empresa.
RECONHECIMENTOS Os prêmios que recebi, não fui eu que recebi. Eu quero deixar bem claro: não fui eu, eu representei a minha equipe, que eu insisto. Se você me perguntasse as características de um executivo, o que você valoriza mais? Várias, talvez três, a primeira delas é a humildade, a humildade de reconhecer o valor dos outros; segundo, dar crédito a quem merece; e, terceiro, ser justo com as pessoas. De modo que quando eu recebi esse prêmio, que foi o prêmio número um do mundo, depois de ter assumido a função e ter feito uma reestruturação no Brasil, foi um grande orgulho para mim, mas não por mim, e, sim, pelas pessoas que fizeram esse trabalho comigo. Isso eu fui dignamente sincero com o meu pessoal quando eu recebi o prêmio. Eu dediquei ao meu pessoal. Esse foi o meu orgulho, porque eu me sinto muito bem com isso. E as pessoas sabem que eu pensava dessa maneira, exigia muito, mas os resultados estavam aí, então, esse foi o prêmio número um e o pessoal merecia esse prêmio, porque trabalharam muito para consegui-lo, dediquei a eles esse prêmio.
FAMÍLIA Sou casado e minha esposa se chama Maria Elisa Melendez. Eu a conheci numas férias em Bertioga, estava com a família. Começamos um relacionamento de namoro, e, depois de três anos nos casamos. Ela é brasileira, de origem italiana, mas brasileira. Tenho três filhos, dois homens e uma mulher.
LAZER Eu gosto muito de ler. Não assisto muitos filmes, mas de ler eu gosto muito, eu gosto de ler os clássicos, me interessa muito o aspecto da filosofia. Me interesso muito por economia. Dos escritores brasileiros, eu estaria morto sem eles. Leio muito Machado de Assis, Carlos Drummond, recentemente tenho lido alguma coisa do Paulo Coelho. Não muito, mas tenho lido ele, mas sou muito ligado a literatura clássica. Gosto muito de poesia e, também, de música clássica. Vejo teatro, o cinema pouco, mas teatro, sim. Isso é o que mais invisto em meu lazer, é exatamente isso, quando tenho lazer. E, agora, como estou com uma empresa familiar na área de alimentos. Estou me dedicando a construir com os meus filhos a estrutura da empresa, e a empresa está indo bem, mas meu tempo está sendo dedicado, justamente, para isso. Captando dinheiro para ela, inclusive.
AVON / MULHERES Essa oportunidade que a Avon dá para as mulheres, acho formidável. Quando eu estava no México, para aproveitar o tempo, fiz um curso de mestrado, numa escola formidável, ITAM. Quando eu fiz o curso de mestrado, lá, éramos, mais ou menos, 50 alunos do curso em mestrado, é uma escola de muito prestígio, mas tínhamos somente 10% de mulheres. Eu sei que hoje, eu estive recentemente com o pessoal do ITAM, mas de 50% das pessoas que freqüentam esses cursos e programas são mulheres. Então, eu, não porque a minha filha é mulher, também, mas eu acho que a mulher tem o direito de ocupar cargos administrativos de extrema responsabilidade, porque o foco delas, quando elas colocam a frente o emocional, nas decisões, é a grande diferença com os homens. Elas administram as missões estratégicas, isso é muito importante, elas colocam exatamente os aspectos emocionais nas decisões e é a grande diferença com os homens. Considero que a mulher tem que ter essa oportunidade, é claro, a mulher com um preparo para fazer uma gestão efetiva. Mas no mundo competitivo com os homens, hoje, a mulher tem que ter o seu lugar. E me parece que estão conseguindo muito bem resolver os problemas, tanto, que hoje nas grandes multinacionais têm mulheres que estão ocupando cargos de alto nível. Tem que dar espaço para elas; acho que elas merecem, independente da origem, seja ela qual for. Eu tenho muito respeito pela capacidade administrativa feminina, eu tive várias chefes mulheres e foi uma experiência formidável e como elas, também, mulheres são formidáveis. É algo que é positivo.
PRODUTOS AVON Uma das coisas que a Avon tem na sua linha de produtos é o acesso para diferentes camadas sociais. Você encontra na Avon quase todos os segmentos cobertos na sua linha de produtos, por ter um posicionamento diferenciado dos seus concorrentes. A Avon tem um posicionamento para classes de renda média/alta, como classes, também, menos favorecidas. Na Avon você encontra produtos do setor de tratamento para a pele, maquiagem, tudo isso, acessíveis para o bolso das diferentes camadas sociais, e, são produtos muito bons, de boa qualidade e produtos que, realmente, garantem os benefícios aos quais se destinam. De modo que, nesse aspecto, a Avon faz um trabalho espetacular e, a grande estratégia da Avon, é a capacidade na inovação, trazer para o mercado produtos novos que atendam as perspectivas dos consumidores e, nesse aspecto, a Avon tem uma posição única no mercado. E em todos os lugares aonde a Avon opera é assim mesmo. Portanto, respondendo a sua pergunta, especificamente, é um modelo muito eficaz a nível mundial.
Nos outros países é a mesma coisa, o modelo da Avon é inovação, crescimento, mas, obviamente, atendendo as necessidades do consumidor. Isto está na visão da companhia, essa é uma companhia que está, constantemente, inovando. Em trazer para o consumidor os desejos e as aspirações. Através dos seus produtos e serviços relativos.
AVON NO BRASIL A atuação no Brasil é muito positiva. Eu vejo que a Avon está puxando bem o mercado, está atuando da forma correta, e a Avon capitaliza oportunidades quando as encontra, de modo que, o crescimento da Avon é dentro das expectativas do mercado, que é dinâmico, a concorrência é muito forte, os competidores são de qualidade, mas a Avon tem um diferencial. Esse diferencial da Avon é, realmente, no atendimento ao consumidor com produtos de qualidade e, obviamente, a economia de escala conveniente para os consumidores. Nesse ponto a Avon é um diferencial no mercado.
AVON NA HISTÓRIA A participação da Avon na história dos cosméticos é muito significativa. O modelo da Avon de venda direta popularizou a empresa de uma forma espetacular. A história da Avon é uma história de uma origem muito simples. A Avon começou por volta de 1886, algo assim, num laboratório pequeno em Suffern, Nova Iorque. Aliás, na Califórnia, chamava-se Califórnia Perfume Company. Depois, se mudou para Suffern em Nova Iorque, mas sempre foi através do contato direto com o consumidor, venda direta. Então, algumas partes, territórios que poucas empresas conseguem alcançar. Então, é importante o desenvolvimento das pessoas nos mercados, principalmente, porque popularizou-se muito os cosméticos. É muito importante, sim, definitivamente.
FATO MARCANTE No Brasil foi quando nós nos mudamos de Santo Amaro para Interlagos, que foi um fato impressionante para mostrar o crescimento que a empresa conseguiu alcançar. Em Santo Amaro tínhamos, talvez, 500 funcionários. Hoje, nós temos, acredito, que superamos a casa dos 4 mil, 4 mil e poucos, mais de 4 mil, mas essa transição de Santo Amaro para Interlagos foi uma mudança radical, porque tínhamos, já, uma estrutura bastante diferenciada para competir no futuro. Foi muito marcante e nos sentimos todos orgulhosos do crescimento que a Avon tinha alcançado, obviamente, por gestões anteriores. Eu acho que temos que reconhecer que o mérito não foi somente nosso, foi dos antecessores também, os antigos presidentes, eles semearam o início desse crescimento e, embora, diferente foi gradualmente sendo alcançado, cada um dentro do seu modelo, dentro de sua personalidade fez coisas impressionantes para a Avon Brasil. A somatória, o que é hoje a Avon Brasil representa, sem dúvida nenhuma, a gestão de cada executivo que ocupou esses cargos, e, foram etapas marcantes de crescimento sustentável.
LIÇÕES DE VIDA O primeiro deles eu acho que foi, talvez, o mais importante de todos, foi reconhecer o valor das pessoas, não tenha dúvida. Você pode ter o sistema que você quiser, pode ter a teoria que você quiser, equipamentos, colocar o que você quiser de mais moderno, se não tiver o foco nas pessoas certas, o interesse genuíno nas pessoas, sem a orientação das pessoas para o seu crescimento não acontece nada. Eu sou convicto de que esse é o grande diferencial, essa que é a minha política, e, isso não é propaganda, isso é real. Em 38 anos, eu aprendi que se não tiver um time motivado, com pessoas comprometidas, não acontece nada na empresa, não acontece. Um dos desafios que tenho, agora, que estou estruturando uma empresa familiar, é aquilo que eu posso usar como experiência adquirida em uma multinacional do porte da Avon. A transição para uma empresa familiar é muito grande, mas uma coisa que ficou para mim e uso constantemente, todos os dias, é reconhecer o valor das pessoas e dar a cada um a oportunidade para crescer. Isso é o grande diferencial. Isso foi para mim o grande aprendizado que eu tive na vida, independente de cor, raça, origem, tamanho, não interessa, são as pessoas, decisões, estratégias ou não, mas sempre centrado nas pessoas. Isso é o principal motivo do fracasso de uma pessoa e de suas realizações. Isso que se tem que pensar, que para mim é um, dois e três, o resto vem depois.
AVALIAÇÃO / PROJETO MEMÓRIA Eu acho que é uma iniciativa muito bacana, consistente com uma empresa reconhecendo as pessoas. É bonito quando a empresa reconhece aquelas pessoas, homens e mulheres, que contribuíram para o seu crescimento, não há nada mais consistente do que isso. Iniciativa que eu aplaudo. No início, eu tinha uma resistência do porque disso. Mas, depois, eu comecei a refletir e vi: essa é a Avon. Onde é uma forma de dizer para vocês muito obrigado, o orgulho de você trabalhar conosco é um privilégio de todos. Essa é a Avon, essa é a empresa chamada Avon, a companheira das mulheres, mas de todos nós, inclusive.
AVALIAÇÃO / ENTREVISTA Achei muito positivo participar. E para mim é como resgatar o esboço da renascença. Uma renascença de quando você começou, participou e terminou um ciclo, então, são lembranças do passado onde cada pequeno detalhe da sua trajetória faz toda a diferença. Eu acredito que nesse tempo em que estamos conversando, foi uma revisão da memória de uma trajetória de 38 anos. Foi muito positivo e emotivo também. Eu agradeço o tempo. Muito obrigado pela oportunidade de trabalhar com vocês. E agradeço a atenção que vocês me deram, ambas são muito simpáticas, muito agradáveis. Muito obrigado pelo tempo, pela paciência e pela oportunidade de trabalhar com vocês.Recolher