Instituto Ethos
Depoimento de Fábio Vieira Interaminense
Entrevistado por Julia Basso
São Paulo, 29 de maio de 2008
Realização Museu da Pessoa
ETH_CB030_Fábio Vieira Interaminense
Transcrito por Michelle de Oliveira Alencar
P/1 – Fábia, pra começar eu quero que você me diga o seu nome com...Continuar leitura
Instituto Ethos
Depoimento de Fábio Vieira Interaminense
Entrevistado por Julia Basso
São Paulo, 29 de maio de 2008
Realização Museu da Pessoa
ETH_CB030_Fábio Vieira Interaminense
Transcrito por Michelle de Oliveira Alencar
P/1 – Fábia, pra começar eu quero que você me diga o seu nome completo, a data e o local do seu nascimento.
R – Meu nome completo é Fábio Vieira Interaminense, eu nasci no Recife, em 17 do onze de 1971. 17 de novembro de 71.
P/1 – E qual é a sua formação?
R – Eu sou engenheiro eletrônico, né, e tenho pós-graduação em marketing e em eventos também.
P/1 – E atualmente qual é a sua atividade?
R – Eu sou diretor executivo do Grupo Eco Negócios Sustentáveis, né?
P/1 – E como que você conheceu o Ethos, o Instituto Ethos?
R – O Ethos nós conhecemos, na verdade como o Grupo Eco tem uma atuação muito forte nessa área de sustentabilidade é natural a gente encontrar uma instituição como o Ethos, né, e nós já somos associados há mais de quatro, quase cinco anos. E também somos parceiros, apoiadores da conferência do Ethos que acontece anualmente. O Grupo Eco tem uma atuação muito forte na parte de eventos sustentáveis, normalmente a gente trabalha nessa parceria pra fornecer os brindes, o material da conferência, as pastas, os crachás. E esse ano a gente tá fazendo, inclusive, a parte de alimentos e bebidas também com o nosso buffet orgânico, né?
P/1 – Legal, legal. E como que surgiu na sua vida esse tema da sustentabilidade?
R – O tema da sustentabilidade na minha vida apareceu meio que por acaso. Na verdade eu trabalhei 13 anos na área de tecnologia, então eu fiz escola técnica, telecomunicações, depois eu me formei em engenharia eletrônica e naturalmente eu trabalhei em empresas de tecnologia, né? Acabei vindo parar em São Paulo a convite de uma empresa da área de software também. E depois eu decidi que eu realmente queria mudar de área, eu não tinha a idéia clara ainda do que eu gostaria de fazer, mas na área técnica como eu vinha trabalhando até então já não me apetecia mais, né, como diz a história. Então eu tirei um período meio sabático pra pensar um pouquinho na vida, refletir carreira e aí por networking acabei sendo apresentando ao Davis, que hoje é o meu sócio no Grupo Eco, o Davis já tinha começado a empresa com outro nome que era Espírito da Amazônia, na época era uma loja de produtos da Amazônia, depois virou o foco pro mercado corporativo, foi quando eu entrei na empresa e aí a gente acabou direcionando os negócios, criando a marca Grupo Eco, né? E hoje a gente vem trabalhando bastante nessa área de sustentabilidade com o foco muito forte na parte de produtos, sobretudo, né, produtos com matérias renováveis, certificados e origem de impedimentos comunitários. Então a gente tem atuação muito forte na parte de comunidades, sobretudo, em todo o Brasil.
P/1 – Já que vocês atuam em comunidades, como que você avalia o impacto desse tipo de ação de sustentabilidade, tanto o que vocês fazem quanto do Ethos também?
R – É, exatamente. A gente como atua muito com comunidades a gente tem uma preocupação muito forte em entender a comunidade antes de se fazer qualquer tipo de interação ou de ação na comunidade, né? A gente atua com comunidades na Amazônia, no Nordeste, aqui em São Paulo também e o grande foco é capacitar essas comunidades, desenvolver produtos pra que a comercialização desses produtos gerem
emprego e renda pras comunidades, né? Então é melhorar o processo produtivo, a qualidade dos produtos, de ter a equipe de designer que atua muito forte na criação, no desenvolvimento de novos produtos, né? E também pelo nosso link com o mercado corporativo a gente acaba servindo como um grande canal de comercialização. E aí é que tá o segredo do negócio, né, quer dizer você ajudar, capacitar e também vender pra que todo o investimento também retorne pra eles. É dessa forma que a gente vem atuando aí e tem dado super certo na verdade.
P/1 – Legal. E assim, o Ethos tá completando agora dez anos, né, e o quê que você pode observar assim desses dez anos que mudou, que te marcou? Alguma ação ou do Instituto Ethos ou alguma mudança na questão da sustentabilidade nesses dez anos assim que você acha que foi um marco?
R – É, na verdade assim, como a gente já começou nosso trabalho com esse foco que antes a gente chamava de ambientalmente correto, né, socialmente justo e depois o conceito foi se ampliando até se tornar a questão da sustentabilidade, ou seja, você envolver diversos públicos, né? Então no início era engraçado porque a gente chegava nas empresas pra apresentar os produtos e serviços, né, “Olha, essa daqui é uma madeira certificada” “Gente, mas como assim uma madeira certificada?” Então você tinha que explicar o quê que era, né? “Olha, isso daqui é um produto orgânico” “Mas o que é um produto orgânico, né?” Hoje a gente sabe que esses conceitos estão muito mais disseminados, né, de uma forma geral na sociedade, nas empresas. Então, entre aspas, pra gente hoje é um pouco mais fácil de trabalhar, né? E aos poucos a própria sociedade, as próprias empresas estão separando já o joio do trigo, né, o quê que é sério o quê que não é. Então talvez o Ethos, fazendo uma analogia, deve ter tido também um pouco de dificuldade no início: o que é isso? O que é aquilo, né? O que é esse conceito social, ambiental? Não é filantropia, o que é responsabilidade social corporativa? O que é sustentabilidade? Mas o que a gente costuma falar muito é exatamente isso que sustentabilidade é um caminho sem volta, não dá pra você trabalhar da forma como você trabalhava antes, né? E ao mesmo tempo é um caminho sem fim, então você tá sempre melhorando os seus produtos, serviços, aí vai começar a mexer na cadeia de fornecedores, né, enfim. Recentemente aconteceu um fato interessante, e eu lembrei muito do Ethos, porque o Grupo Eco começou a parte de exportação, e a gente tá numa parceria numa feira em Nova Iorque com a outra empresa, e nós montamos uma loja pra comercializar os produtos sustentáveis da Amazônia, né? E aí na época que eu tive lá pra fazer esse lançamento aconteceu uma conferência chamada Business Goes Green, então eram empresas que estavam indo pro lado verde, vamos dizer, né? Eu digo: “Bom, vou lá pra ver o que tá acontecendo”. Então me inscrevi no evento, fui lá participar. E eu imaginei que era um evento talvez desse tamanho ou um pouco maior até, e quando eu cheguei lá tinha oito, dez mesas com sete, oito pessoas em cada mesa, então tinha 60, 70 pessoas discutindo um pouco de sustentabilidade, como buscar produtos e serviços mais sustentáveis, né? E eu confesso que eu me decepcionei um pouco com isso, e aí na hora do almoço quando eu tava conversando com alguns participantes eu falei, eu disse: “Olha, no Brasil isso aqui já tá bem mais desenvolvido, a rede tá muito maior, a discussão é muito maior” e aí dei o exemplo da conferência, né, “Olha, vai acontecer agora em, no final de maio, né, uma conferência do Instituto Ethos, quer dizer, também tem uma instituição pra agregar toda essas iniciativas, promover, mobilizar e a gente tá esperando 1.600 pessoas, né?” Todo mundo: “Nossa, 1.600 pessoas?” eu disse: “É, com palestrantes”. Aí saí falando também os nomes internacionais que compõem o conselho internacional do Ethos, e aí todo mundo conhecia, disse: “Nossa, a gente nem sabia, passei o site do Ethos pro pessoal dar uma olhada na conferência”.
P/1 – Que bacana!
R – Então é interessante, né?
P/1 – Legal essa sua avaliação, pensando um pouco nela o que você considera assim um desafio a partir... hoje em dia, né, que você observa que ainda não foi resolvido, que você gostaria que fosse assim?
R – É, eu acho que o grande desafio na verdade pras empresas, sobretudo, e aí o Ethos tem um papel muito importante, é exatamente a questão de alinhar o discurso com a prática, né? Então tá todo mundo buscando isso só que é aquela história: todo mundo que ir pro céu mas ninguém quer morrer, né? Então todo mundo quer ficar bem, mas ninguém quer ter tanto trabalho, só que sustentabilidade dá trabalho, né? Você tem que rever todos os seus valores, todos os seus procedimentos, processos, fornecedores e isso, primeiro, que não vai ser feito de dia pra noite, e segundo, que realmente precisa de um empenho forte nisso, né, quer dizer, a vontade. Outra coisa que a gente costuma falar é que dessa área não dá pra ter demagogia, sabe? Então quer dizer, é um valor que tem que vir de dentro, você tem que acreditar naquele primeiro e aí sim externalizar isso, né, na empresa, em casa, na sociedade de uma forma geral.
P/1 – Ah, legal, Fábio. Eu o que você achou de contar um pouquinho. Tem mais alguma coisa que gostaria de falar, a gente passou...
R – Não, eu acho que tá legal assim...
P/1 – ...Que te veio a mente assim e a gente não tocou no assunto?
R – Não, eu acho que tá legal assim, eu queria ter falado dessa parte de Nova Iorque e acabei citando.
P/1 – Legal, foi ótimo, uma história muito boa, muito sintética, né?
R – É, quando você faz esse tipo de analogia você pensa assim: “Pô, os Estados Unidos, Nova Iorque e tal”, mas o negócio.
P/1 – Legal. E o que você achou de contar um pouquinho dessa história?
R – Gostei bastante.
P/1 – É? Então em nome do Museu da Pessoa eu quero agradecer por você compartilhar ela com a gente.
R – Legal.
P/1 – “Brigadão”.
R – Obrigado vocês.Recolher