Projeto Memória Tetra Pak 50 anos de Brasil
Depoimento de Ulrich Jando
Entrevistado por Rodrigo de Godoy e Larissa Rizzatti.
São Paulo, 19/09/2007
Realização: Museu da Pessoa
TPK_HV014
Revisado por Fernando Martins
P/1- Boa tarde. Para começar eu gostaria que o senhor dissesse o seu nome comp...Continuar leitura
Projeto Memória Tetra Pak 50 anos de Brasil
Depoimento de Ulrich Jando
Entrevistado por Rodrigo de Godoy e Larissa Rizzatti.
São Paulo, 19/09/2007
Realização: Museu da Pessoa
TPK_HV014
Revisado por Fernando Martins
P/1-
Boa tarde. Para começar eu gostaria que o senhor dissesse o seu nome completo, local e data de nascimento?
R-
Meu nome é Urich Jando. Eu nasci no dia 14 de agosto de 1938 em um vilarejo pequeno que se chama Gnewikow que fica perto de Berlim.
P/1-
Certo. Atualmente o senhor está aposentado da Tetra Pak?
R-
Sim.
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Mas, a última função que o senhor ocupou na Tetra Pak, antes de se aposentar, qual foi?
R-
Eu trabalhei na área de projetos, em instalações de máquinas de envase, distribuição, de fazer os projetos, os layouts nessas interligações desse daí, em envase até a distribuição de transportadores. Tudo isso foi feito...
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Certo. O nome dos seus pais Sr. Jando?
R-
Willy Heinrich Jando e Else Anna Elisabeth Jando.
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Eles nasceram onde?
R-
É... Esse foi um problema. Meu pai nasceu em Derendorf. Minha mãe eu não tenho certeza... Mas, vamos falar... Ela nasceu em Gnewikow também, onde eu nasci.
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Então, ambos eram alemães mesmo?
R-
É, “ambos era Alemanha”.
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Qual era a atividade deles?
R-
Meu pai era funcionário público e “minha pai” prenda do lar, dona de casa.
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E na sua infância o senhor morava onde?
R-
Nós moramos em Berlim... E por causa “do guerra” que estourou em 39 nós fomos lá para Gnewikow porque aí morava os meus avós... Então, eu fiquei lá até, inclusive, vim os russos chegam, ainda... eu me lembro disso, ainda... Aí, ficamos lá e meu pai estava na guerra. Ficamos lá até 1946, aí, voltamos minha mãe e eu para Berlim.
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E como era a casa que o senhor morava nessa sua fase de infância?
R-
Era uma fazenda lá,
... O meu avô era responsável. Então, era uma casa pequena não tinha muito... Lá nos meus avós,
. E “no Berlim”, quando a gente voltou, felizmente, o prédio não sofreu nada de danos.
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Estava inteiro?
R-
Estava inteiro. Aí, depois a gente voltou. Estava meio difícil no inicio. Tinha meu tio... Então, tentamos,
? Berlim estava tudo ainda, meio em ruínas. Tinha ainda os tanques, e tudo destruído lá....
Quando nós chegamos,
?
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O senhor era bem pequeno quando a Guerra estourou e mesmo quando ela acabou o senhor ainda era pequeno, mas o senhor tem lembranças desse período?
R-
Tenho. Inclusive
que nós fugimos, eu e minha mãe fugimos das forças,
... escondemos no campo por que eles estupravam as mulheres e tudo isso...
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É, isso é sempre muito falado.
R-
É, isso aí eu lembro muito bem.
P/1-E aí quando vocês retornaram para Berlim o senhor estava com aproximadamente sete anos?
R-
Quarenta e sei,
? Trinta e oito...
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Por volta de sete, oito anos. E o senhor falou que Berlim estava destruída...
R-
Ainda já tinham começado a retirar as ruínas e tudo isso, ainda... E apareceu tudo, ainda,
. E meu pai estava ainda... Prenderam o meu pai e então, ele ficou lá na antiga Alemanha Ocidental, perto do Sul, lá na... Então, aí, estava meio difícil no inicio mas, graças ao meu tio nós não passamos fome. Aí, depois em 1947 nós, minha mãe e eu fomos para visitar o meu pai lá. Isso também, foi uma aventura, sabe?
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No sul da Alemanha?
R-
É. Para chegar lá,
...
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Por que não era permitida a visita?
R-
Era,
, mas... Não tinha dividido ainda,
... Mas, tinha a zona russa... Tinha a americana, a inglesa e francesa,
... As que ganharam a guerra,
... E fomos para aí, depois voltamos e depois de um tempo meu pai voltou para Berlim e começamos a trabalhar. E depois eu comecei na escola,
... Até a... Acho que a nona classe. Aí depois era bem diferente de como é hoje. Depois ingressei em uma faculdade de engenharia... depois de dois anos, estágio,
... fazia estágio em uma metalúrgica.
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E os estudos iniciais o senhor teve em Berlim mesmo, em uma escola?
R-
É, em Berlim. “Tinha um pouquinho” lá, nessa Gnewikow O primeiro ano foi lá.
P/1-
Foi ainda nessa fazenda, nessa região?
R-
Esse primeiro ano eu comecei lá e depois em Berlim.
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E o colégio era externo ou interno? O senhor voltava para casa todos os dias?
R -
Está. Era perto. E depois... Eu fiz... Primeiro dois anos de estágio,
. E depois três anos de faculdade. E depois eu me formei...
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O senhor se formou em Engenharia?
R -
Em Engenharia Mecânica.
P/1-
E a escolha foi por que o senhor gostava do assunto ou por que era demanda da época naquela área?
R-
A demanda era bem diferente na época,
, mas, eu gostei, também. E aí foi depois o... Comecei... Conheci minha primeira esposa, também... Uma sueca.
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Na época da faculdade?
R -
Não, eu já tinha terminado. Em Berlim,
. Então, depois da faculdade eu conheci ela. Ela me convidou a visitar a Suécia. Aí,
eu fui. “Fui um mês para Suécia”, inclusive ela arrumou um trabalho para mim em uma fazenda, lá... Trabalhando no campo. Em Berlim ainda estava meio fechado,
? Então, foi gostoso.
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Mas, o primeiro trabalho que o senhor teve foi esse mesmo?
R-
Então, depois eu comecei a procurar trabalho, então isso foi fácil,...E, é, foi muito bem mais fácil arrumar trabalho nessa época. Aí foi depois desse...
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Qual foi o primeiro trabalho que o senhor teve?
R-
Foi uma firma que acho que nem existe mais e também, tudo na área de projetos, de designer, o fazer... máquinas, coisas... é, tudo isso.
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Máquina de que área que era?
R-
Nessa coisa que trabalhamos com automação dos correios. Mas, isso foi em 59,
.
P/1-
Ah, já no final da década de 50?
R-
É... 50,
.
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Nesse período Berlim já tinha... A Alemanha como um todo já tinha começado o processo de estabilização?
R -
Mas, era ainda... Não era dividido,
?
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Ainda não era dividida?
R-
Não. O Muro de Berlim não existia, ainda.
P/1-
Não existia formalmente, mas já existia uma tensão entre o lado americano e o lado russo?
R-
Já... Eu me lembro quando eu era mais criança, quando eu estava pobre. Eu fui comprar pão na parte oriental por que “estava” mais barato. E quando voltava para “o parte” ocidental, precisava se cuidar porque senão pegava a gente… Pegavam tudo. Eles fiscalizavam.
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Antes desse período a presença de várias comunidades internacionais em Berlim - que o senhor tenha consciência...
Já era grande, já era uma cidade – vamos dizer assim -
internacionalizada, ou só posterior, mesmo?
R-
Não. Tinha parte Ocidental que é dividida em três zonas, americana, francesa e “o inglesa”. E tinha parte oriental que era russo? E aí tinha inclusive, já em 48... Talvez “você ouvisse” falar, foi... Os russos bloquearam todos os acessos para Berlim Ocidental. Então, esses ocidentais montaram uma ponte aérea para trazer alimentos e tudo. Aí, isso foi em 48. As primeiras tensões, já começaram...
P/1-
E a diferença era visível da parte Ocidental para Oriental já nesse período – eu digo com relação ao desenvolvimento e...?
R-
Nem tanto.
P/1-
Não era ainda?
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Aí em 1959 o senhor teve seu primeiro emprego nessa fábrica...?
R-
E aí... (risos) o que aconteceu? A minha esposa ficou grávida. Aí foi, o que fazer.
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O senhor tinha quanto anos nessa época, mais ou menos... Uns 20 e poucos?
R-
É... 21? Aí foi… “O que fazer?”. Então, “vai para Suécia”. Então, “Está bom.” Eu fui e comecei a procurar trabalho. E cheguei lá, sai em Lund, em uma cidade no Sul da Suécia. Aí, universitária... Minha esposa estudava lá. Aí, procuramos... Tinha uma firma chamada Åkerlund & Rausing. Tinha o Rausing, era deles.
P/1-
Essa fábrica... Essa firma?
R-
Essa firma era deles. Aí, fomos lá, como eu estava trabalhando como designer. “- É, nós precisamos. Tudo bem, e tal”. E aí: “-
Volta para Berlim, você mandou os exemplos que você está dizendo, alguma coisa.” Mandei. E: “-
Tudo bem, se você quer começar a trabalhar, o trabalho é seu”. Arrumei o visto para trabalhar lá e me mudei para Suécia. Isso foi em junho, 60. Então, no meu primeiro emprego eu só fiquei seis meses...
P/1- Ah, então foi só realmente, entrar?
R- É... Foi uma passagem, depois que fui para Suécia.
P/1- Só uma questão de ordem prática: Ficava em Lund? A fábrica?
R- É.
P/1- E a língua alemã com o sueco, eles são próximos ou o senhor dominava o sueco ou eles compreendiam o alemão?
R-
Não, não dominei nada, ainda. Tem algumas certas, mas é bem diferente.
P/1- É diferente.
R-
Tem certas palavras que são iguais ou um pouquinho, mas que você vê veja a origem aí também,
... Mas, é diferente. Com o tempo eu aprendi isso.
P/1- E essa firma a Åkerlund... É... Qual era a área de atuação?
R-
Embalagens.
R-
Aí, eu trabalhei lá... Inclusive, durante esse tempo, eu fiquei lá nove anos. Inclusive, já tinha a Tetra Pak,
. Então, os Rausings, eles venderam essa firma para ter dinheiro para desenvolver mais a Tetra Pak.
P/1-
Elas existiram ao mesmo tempo?
R-
Não, “como eu falar?” Talvez, o pai da Tetra Pak era justamente essa Åkerlund
& Rausing.
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Ah! E o senhor chegou a conhecer o Sr. Rausing ?
R-
É... O velho, o
Ruben Rausing? Não, pessoalmente, não. É, mas... Eu vi ele de longe, uma coisa assim. Aí foi, nove anos fiquei... E depois meu chefe de lá, saiu... Perguntou se eu queria ir junto. E “foi junto”. E ficamos lá, dois anos em uma outra empresa... Depois saí de lá... Ele saiu... Fui junto. Ficamos dois anos em uma outra. E, no finalmente, em 74 ele foi para a Tetra Pak e aí eu fui junto.
P/1-
E sempre na área de projetos?
R-
Sempre na área de projetos. E nessa foi mais uma parte mecânica, uma coisa aí...
P/1-
E nesse período... Primeiro vamos por partes,
?
R-
Ah, e aí nos casamos. Eu casei lá...
P/1-
Com a sua primeira esposa?
R- É... Casei.
P/1- Que também, já morava em Lund... ela fazia universidade lá, não é isso?
R- É... Na universidade. Mas, os pais dela tinham uma fazenda pequena, um pouco mais para o Norte.
P/1- E nessa época, nesse início, final da década de 50. Como era o mercado das embalagens, as embalagens cartonadas, as embalagens da Tetra Pak na Europa?
R-
A Tetra em 60? Eu não sei, por que eles começaram como a tetraedro começou aqui. E as primeiras... É a história da Tetra Pak que foi as primeiras, acho que em 56, quando eles começaram com isso aí. Na Rausing era mais embalagem para o pote para margarina, sacos de plástico, embalagens para os produtos congelados, uma coisa aí. Isso foi... Nada para líquido.
P/1-
Ah... E então, o senhor entrou em 74 na Tetra Pak. Mas, antes disso o senhor já tinha conhecimento da Tetra Pak, das embalagens da Tetra Pak?
R-
Existia o que você comprava nas lojas. E em 1974, minha parte, quando eu comecei na Tetra, não era a parte de envase era mais a parte de distribuição das máquinas que as embalagens saem da máquina de envase e transportadores, depois você agrupa eles, em caixas de doze. É como você acha no supermercado. Isso foi feito.
P/1-
Isso em Lund, também? A fábrica que o senhor trabalhava era em Lund, também?
R-
É...
P/1-
Aí, em 74 o senhor começou a trabalhar na Tetra Pak de Lund,
? Qual foi a sua primeira impressão no seu primeiro dia de trabalho na Tetra Pak? Como era a fábrica, como era a empresa nesse período?
R- Não... Eu achei que estava bem desenvolvida, já, na época...Durante esse tempo a fábrica cresceu, tudo isso. Mas, já tinha área de teste. Na época foi tudo na prancheta, ainda. Não tinha AutoCad. Mas, já tinha bastante gente trabalhando no desenvolvimento. Então, isso foi uma parte importante da Tetra, a parte de desenvolvimento... Melhorar as coisas com o tempo.
P/1- Nesse período as embalagens disponíveis...
R-
Já tinha o Tetra Brik que você tem hoje...
P/1-
A Tetra Brik já era comercializada... A Tetra Brik
R-
Já...
P/1-
Mas, o forte era o leite, mesmo? De distribuição?
R-
Sim. O leite... Tinha o creme de leite, mas o principal, o leite. E nem tanto na Suécia, por que “o Suécia é um produto”... O parte longa vida é muito pequeno na Suécia, é tudo pasteurizado, ainda, a maioria das coisas. Então, eu comecei lá, eu viajei para a Alemanha, dei cursos. Tudo isso foi em cinco anos e meio... antes de 1978.
P/1-
Até 1978?
R-
É... essa primeira vez. Aí, “surgiu eu ajudar Brasil”... “Fazer alguma coisa no Brasil”. Então minha primeira visita foi em 1978... Setembro, outubro e novembro... Três meses. Fui para ver as coisas, para nacionalizar, fazer isso. Por que, na época, a importação de peças “estava” restrita. Então, “eu fui começar” a fazer peças aqui no Brasil.
P/1-
E antes de vir para o Brasil em 1978, o senhor conhecia alguma coisa do país?
R-
Do Brasil? Não. Foi a primeira vez.
P/1- Não sabia nada do que tinha?
R- Não sei, por que sempre estava muito interessado em geografia.
P/1- Sabia geograficamente, mas não sabia da cultura, realidade?
R- Não, isso não.
P/1- E foi um choque muito grande quando o senhor veio?
R- Não, não...
P/1- Já gostou de cara? (risos).
R- É... Então, inclusive, foi aqui que a fábrica foi inaugurada, em outubro de 1978. E fui lá vê. Aí, conheci minha segunda esposa. Já “estava” divorciado. Eu divorciei – quando foi isso acho que é... 1977. “Estava” solteiro e conheci minha esposa que trabalhava, inclusive na Tetra, também. Foi o primeiro... E aí, voltei para a Suécia, nós mantemos contato e no final eu consegui um contrato por três anos, a partir de junho 1979 e também, na parte de engenharia... Desenvolvimento para nacionalizar as coisas.
P/1- E quando o senhor esteve em Monte Mor pela primeira vez, no sítio onde seria a construção da fábrica, na verdade a fábrica já estava construída, já estava em finalização?
R- Já “estava” pronta. Foi inaugurada quando eu fui para lá.
P/1- E o senhor sabe o porquê que foi escolhido Monte Mor?
R- Não, isso não sei. Realmente, não sei. Acho que deve ser uns benefícios fiscais, alguma coisa. E na época eu comentei com meus amigos de Monte Mor : “Eu acho que hoje em dia a Tetra Pak não ia instalar a fábrica em Monte Mor, como “está” essa estrada hoje, cheia de lombada e tudo”, lá,
? Já foi lá? Conhece?
P/1- Já. Conheço.
P/1- E nesse, no final da década de 70 a importância do mercado brasileiro dentro da Tetra Pak internacional, do mercado de embalagens, já era algo significativo ou era na verdade... Eles apostavam que aquilo iria crescer?
R- É... Já tinha [embalagens]... Quando eles começaram, há 50 anos, era tudo importado. Nem sei, sinceramente não sei. Quando eu cheguei em 1979. Aí começamos... Era tudo em São Paulo, tinha o escritório lá na Alameda Santos. A diretoria, vendas, marketing ficava na Alameda Santos.
P/1- O senhor ficou centrado em Monte Mor [SP] ou em São Paulo?
R- Não. Nos primeiros dois anos em São Paulo, na Alameda Santos. Aí depois, acho que nos primeiros anos... Acho que não sei muita coisa... Tinha visita na Suécia... Nós visitamos.
Fomos ... Tudo isso,
? Mas, saiu... Concreto... Acho que saiu muito pouco. Depois foi três anos, o contrato era de três anos, ai já fomos preparados para voltar para Suécia, inclusive minha esposa. E nasceu nossa filha, também. Nasceu em 1981.
P/1- O senhor teve uma filha só aqui no Brasil?
R- É... Aqui no Brasil... Em 1981 nós mudamos, logo depois mudamos para Campinas e comecei a trabalhar em Monte Mor. Aí, então, quando era para terminar os três anos, era para eu voltar, aí já tinha , inclusive, a firma de mudança, foi ver os móveis que nós íamos levar e tudo. De repente ligaram lá da, acho que foi da Itália, para nós implantarmos uma fábrica de máquinas aqui em Monte Mor. Para fabricar as máquinas de envase, distribuição aqui no Brasil. E eu também, estava interessado em ficar. Eu disse que sim: “- Vou ficar,
?”. Aí começou o verdadeiro desenvolvimento, traduzido nos vizinhos, não tinha equivalentes aqui no Brasil. E a procurar fornecedores.
P/1-
Mas, o senhor não queria voltar? A primeira opção sua era voltar ou continuar?
R-
Não, todo mundo já estava... Inclusive, minha esposa... Já estava confirmado que voltava para Suécia.
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E como era Monte Mor nesse período, a cidade, a região?
R-
Era bem menos bairros lá, encostados na estrada... Tudo isso aí. Mas, a gente já morava em Campinas. “Eu todos os dias veio” de carro. Tinha uma época que a estrada era um buraco só.
P/1-
O acesso não era tão fácil?
R-
Em 1983 era difícil. Mas aí foi...
P/1-
E com a questão da fábrica de máquinas, foi decidida a construção de uma fábrica de máquinas por causa de toda a questão da importação? E com a questão da fábrica de máquinas ela foi, foi decidida a construção de uma fábrica por causa da questão da importação? Foi isso que motivou?
R-
É esse foi o motivo para fazer...
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E como era a fábrica de máquinas, assim... As peças vinham de fora e eram montadas aqui ou eram fabricadas as peças aqui mesmo? Como era essa dinâmica?
R-
Tinha depois um plano, e começamos a nacionalizar. No inicio, acho que não sei quanto era aqui. Mas, o como usá-los, aumentamos cada vez mais. Achamos fornecedores, e tudo isso. E tinha um plano, acho que estava as peças que eram necessárias para importar. Nós conseguimos importar, nessa época.
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E as máquinas que eram montadas, fabricadas aqui quais eram?
R-
TBA 3. Primeiro uma maquina de envase para a Tetra Brik, e algumas máquinas de distribuição o Tetra Trial arrumava as embalagens, aplicador de canudos, que colocava o canudo na embalagem, e um Tetra Shrink, máquina de encolher, o encolhimento, que encolhia, filme na caixa.
P/1-
E o senhor era o responsável pela parte de projetos dessas máquinas?
R-
É, por projetos. Pela tradução, pela implantação, de fornecedores e tudo, Materiais, achar matérias e tudo.
P/1-
E a equipe dessa área era pequena?
R-
Eu e mais uma pessoa.
P/1-
Ah, eram, em dois?
R-
E uma secretária. E tudo na prancheta.
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Computador nem pensar?
R-
Não, não tinha autoCad.
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Como que foi o inicio da informatização nessa área?
R-
Isso foi depois. É depois tinha outras praças aqui... Depois saiu de lá. “O fabrica de máquinas” fechou em, acho que é 1990, 1991...
P/1-
1990, 1991, fechou a fábrica?
R-
É depois não achou ela mais favorável para fabricar, por que ficava caro. E a máquina “tivera três de saída”. Inclusive, chegou um ponto em que nós fabricamos e exportamos essas máquinas.
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Ah, exportaram? Para onde?
R-
Isso foi para Argentina, foi para o México, foi para Suécia, também, na Europa.
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E a TBA3 ela foi para embalagem Tetra Brik de 1000 ml, de vários tamanhos?
R-
Vários os volumes que existem. Inclusive, foi feito um volume especial para ela que não existia, que nós desenvolvemos aqui. Meio litro, mas que era mais alta que a outra.
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E qual era o produto?
R-
Isso que era para usar para goiabada, maionese, essas coisas... É, foi bom... Isso foi desenvolvido aqui, com a ajuda da Suécia, também.
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E o senhor esteve a frente da fábrica de máquinas até o momento em que ela foi fechada?
R-
Na parte de projetos. Quem estava responsável era uma pessoa que veio da Suécia.
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Sim, mas até ela ser desativada o senhor esteve ligado a ela, nessa área?
R-
Estava ligado. E, depois quando foi desativada... Todo esse tempo eu só com contrato internacional.
P/1-
Como que é isso?
R-
Aí, você tem um contrato internacional, você tem “escola pago”, e despesas de aluguel, tudo isso pago. Foi bom. Mas, quando terminou eu tive de decidir ou ficar com contrato brasileiro ou voltar para Suécia.
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Por que daí o contrato internacional não ia ser renovado?
R-
Não. Por que isso já foi uns dez anos e já foi demais. E eu decidi ficar. E quando terminou a fábrica de maquinas eu passei por dois anos como gerente de peças sobressalentes, era responsável pelas peças sobressalentes, mas isso aqui não era muito a minha área. Aí deu três anos e depois quando me ofereceram um serviço na área de projetos da engenharia. Na área de processo e aí já tinha AutoCad.
P/1-
E isso foi em que ano, que você mudou para essa área?
R-
Em 1993, em 1994.
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Fala um pouquinho dessa para gente. Como era seu cotidiano de trabalho? Qual eram as responsabilidades da sua área?
R-
Eu fazia os layouts das instalações, e tudo. E “fazer” na parte de processo, “fazer” as tubulações, desenhos de tubulações de válvulas. E na área envase destruição, que é envase, recebendo o liquido, o leite, o que era do processo, da área de processo, envasar a embalagem e fazer a distribuição. Estocagem e tudo, a gente fez...
P/1-
Aí a fábrica já tinha crescido bastante, desde da época que o senhor chegou?
R-
Foi. Depois tinha uma época que caiu um pouquinho, acho que foi nos 80 e depois chegou o plano real, aí depois, cresceu.
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Com o Plano Real começou a constante subida?
R-
Depois foi dividido de novo. Tinha o processo e tem os cartonados, depois eu voltei para os cartonados... Os cartonados eu tinha envase e distribuição dos projetos. Começamos depois a desenvolver os transportadores, tinha que ter a ligação entre envase e distribuição. Desenvolver, nacionalizar e .... Nacionalizamos quase todos os transportadores, inclusive hoje “está” tudo nacionalizado.
P/1-
Aí, o senhor continuou nessa área até...? Até sua aposentadoria. Que foi em que ano?
R-
Foi 2003. Agosto de 2003. Eu fiquei mais um meio ano também, trabalhando um pouquinho... E depois acabou.
P/1-
Mas o senhor continua em Campinas?
R-
Sim.
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E, uma coisinha: Quando o senhor chegou foi bem na época em que a questão da inflação era uma questão realmente, assustadora de números alarmantes. Como foi essa realidade, o senhor se deparava com essa realidade? O senhor estava vindo da Suécia que era uma país já, onde a estabilidade era uma constante... E cai de cabeça no Brasil onde as coisas oscilavam diariamente como foi a absorção dessa realidade?
R-
A gente se acostumou. No começo, acho que não reagi tanto, por que como era na época... O salário ajustava todos os meses, no final do mês foi o ajuste. Acho que no inicio... Não me lembro como era no início... Mas, quando era muito alta a inflação, foi assim,
... E a Tetra sempre pagava o quinzenal, e depois no final do mês saía. Então, acho que eu não senti tanto.
P/1-
Mas, isso afetava os negócios da Tetra Pak?
R-
Sabe que eu... Tinha época que realmente... Por que lá em São Paulo tinha uma época que eles expandiam, tinha até um prédio comercial, nós começamos com um andar, depois pegamos dois andares. Tinha bastante gente. Mas, isso aqui acabou depois, por que eu não sei, se foi por causa da inflação, outros problemas. Eles mandaram bastante gente embora. Foi diminuindo bastante o cargo lá. E aqui a mesma coisa, em Monte Mor, acho que foi isso.
P/1-
Aqui em São Paulo ficavam centradas quais áreas?
R-
Sempre foi como era... Vendas, diretoria e marketing, essas coisas.
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Sempre ficaram centradas em São Paulo?
R-
Sim. Não, sempre depois foi para.... Acho que voltou para Monte Mor e depois... Por que tinha os presidentes, eram sempre suecos.
P/1-
Falando em presidente: Eu queria que o senhor falasse do primeiro presidente que o senhor teve contato quando o senhor chegou e depois consequentemente, dos outros. E como que foi os períodos em que eles estiveram a frente da presidência da Tetra Pak.
R-
Bom, quando eu cheguei era um presidente sueco, Lars-Erik Janson essa época também começou a expandir bem,
? Aí, veio um outro, quando ele veio... Vixe, esses anos eu já esqueci quando foi isso. É... Tommy Bartschukoff que ficou quantos anos? Ficou 3 ou quatro anos. E depois tinha um outro, que só ficou dois anos... Depois, o último Karl-Viggo Ostlund que ficou acho que até 1990, 1991, uma coisa, assim. Como eu já disse, tinha época boa, depois caia, era assim, em ondas. E depois o Nelson Findeiss acho que foi em 1991. Eram suecos. Acho que foi bem, com exceção de um aqui, que não ficou muito tempo, era muito jovem. Mas, os outros “estava” legal. E o Nelson depois... O Nelson foi o... Achei que puxou tudo.
P/1-
Quando o senhor começou a trabalhar definitivamente, no Brasil, que o seu contrato internacional venceu, o senhor teve que optar por cidadania brasileira, esse tipo de coisa ou...?
R-
Não, sou ainda sueco, não tenho...
P/1-
Ah, o senhor é sueco?
R-
Sou sueco ainda, eu ainda não me naturalizei.
P/1-
Mas, aí o senhor passou a ser contratado pela Tetra Pak do Brasil?
R-
Sim, contrato brasileiro.
P/1-
O senhor se aposentou como funcionário da Tetra Pak do Brasil?
R-
É, isso aí.
P/2-
Como foi para o senhor aprender a língua quando o senhor chegou?
R-
Isso com o tempo. Primeiro na firma, em casa, esposa é brasileira e tudo isso, aí.
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Ela te ajudava bastante?
R-
É, sim. Quando eu cheguei em São Paulo, eu fiz um curso na CELLEP, escola de línguas. Aí, aprendi português, o básico. Eu estou falando com sotaque ainda.
P/1-
Como eram os colegas de trabalho nesse período? Um apanhado desde que o senhor começou até que o senhor se aposentou. Fala um pouquinho de pessoas que foram importantes na carreira do senhor, na sua trajetória, pessoas que te marcaram?
R-
Tinha uma pessoa que também era um sueco, Alf Lindggren, que era responsável pela área técnica, de serviços técnicos, ele também, me apoiou. Aí, tinha no departamento... Depois em Monte Mor. São Paulo não foi muito ainda. Mas, quando eu mudei para Monte Mor tinha a área de peças, essas pessoas,
e o grupo era menor ainda na época. Tinha... Quando começou a fábrica de maquinas, tinha outros colegas que apoio a gente. E os colegas aqui... Mas, a gente fez muita coisa sozinho, também. O que eu acho na Tetra? A gente tinha sempre liberdade. Liberdade de decisão. Tinha liberdade: “- Vou fazer assim e assim”. Isso que eu achei legal.
P/1-
E qual teria sido o maior momento de crise que a Tetra Pak vivenciou?
R-
Ixxe... A crise foi quando? Quando foi isso? Acho que em 1988, eu não sei... Você tinha esses planos cruzados, tinha uma euforia e depois faltava produto. Nem me lembro qual ano que foi. Foram tantos planos.
P/1-
E o maior desafio que o senhor teve durante a sua trajetória na Tetra Pak?
R-
Foi fazer esse volume especial, que foi desenvolvido, esse 500 mililitros, um desafio. E que deu certo, que ficou bom e foi depois implantado, nós exportamos as máquinas com esse volume. Os desenhos foram feitos todos aqui, eu passei tudo para as peças, eles usaram...Feito tudo na prancheta, na época.
P/1-
Mas, o desenvolvimento desse volume, dessa embalagem foi uma iniciativa da Tetra Pak ou foi um pedido de algum cliente, ou do mercado...?
R-
Acho que foi, não sei se teve pedido de um cliente, mas acho que foi da Tetra. E como o TBA 3 foi feito aqui no Brasil,
, então cabia a nós para fazer isso.
P/1-
E como que era a relação da Tetra Pak internacional com a Tetra Pak do Brasil, como que foi a evolução desse contato ao longo desses anos que o senhor esteve aqui?
R-
Eu tinha ex-colegas, mantinha contato com eles, fui visitar a Tetra Pak em Lund. Tinha liberdade, eles mandavam os desenhos que nós precisamos, nada, nada restrito. Então, isso acho que foi muito bem. Eu também fui lá, passei nossos desenhos para eles. Isso foi legal.
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O senhor citou em vários momentos que os projetos eram até determinada época, feitos na prancheta, mesmo, não tinha nada de AutoCad, computador, de nada. Com relação a essa questão tecnológica queria que o senhor falasse como que se deu essa evolução nas máquinas? Como eram as máquinas antes? Como estavam quando o senhor saiu? Sob esse ponto de vista tecnológico.
R-
Ah isso aqui, “vamo” falar que a maquina de envase, uma TBA 3 ela fazia 3600 embalagens por hora. Vieram outras máquinas... O volume pequeno eu acho que era 4500, era mais rápido. Mas, depois veio a TBA 19 que fazia 6000, já teve TBA 8... E agora tem os que faz 12000. As (três piques?) faz um volume pequeno, acho que chega a 20000 por hora, esses volumes de 200 ml, 250. Então, isso aqui é uma evolução, bastante. Aí, também, como a gente já não... Por que tudo no final, eram “tudo importadas”, as máquinas, tudo da Suécia. Envase, distribuição, veio tudo da Suécia. Não só a máquina de envase, capacidade aumentou... A máquina de distribuição, para receber as embalagens... Então, precisava adaptar. Sabe o que acontece, um agrupamento puxa as embalagens, se estoura alguma coisa “joga leite por tudo”, e por isso precisa ser adaptada, também. Mas, isso já veio pronto da Suécia. Nossa responsabilidade era fazer os desenhos, era os layouts, as instalações e interligações e fornecer os transportadores que foi feito aqui.
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O senhor trabalhou de 1974 a 1978, mais ou menos.
R-
Não, junho de 1979 em Lund .
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E de 1979 em diante, aqui no Brasil?
R-
É.
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Quais eram as maiores diferenças da fábrica, do modo de trabalho, da Tetra Pak de Lund para Tetra Pak do Brasil, de Monte Mor?
R-
Não, o de Lund já tinha os primeiros grupos maiores que trabalhavam. Acho que tinha mais contato, corria mais gente, você pode ver, discutir as coisas. Chegando aqui no Brasil, aqui eu era sozinho,
? Então, essa era uma diferença a se adaptar. Quando nós começamos, como eu já disse, eu traduzia os desenhos, tinha mais uma pessoa. Então, isso aqui é... Na Suécia você tinha um grupo, cada um trabalhava com uma parte. Aqui estávamos sozinhos,
?
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Mas, digamos, assim... O modo de trabalho,
a forma de se trabalhar era muito parecida ou também era peculiar?
R-
Não, a forma... Aqui ficava muito mais tempo na horário de trabalho. Trabalhava muito mais. E ficava aí... Na Suécia, normalmente, era umas cinco horas ou quatro e meia e todo mundo foi embora, era uma coisa aí, especialmente, no inverno. Acho que aqui no Brasil -
mas, eu não “estou” reclamando -
se trabalhava mais, ficava mais tempo depois do expediente.
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Em algum momento nesses seus anos de Brasil o senhor pensou, tipo: “- Não. Quero voltar! Quero voltar a trabalhar lá.”? Ou nunca foi um pensamento?
R-
Não. Aqui a gente começou... “Compramo” apartamento, depois compramos terreno, agora temos uma casa... Tudo isso aqui. É uma coisa, não sei. Que todo mundo sempre deu certo, então eu nunca tive a idéia. Também, sempre pensando na esposa, aqui é calor, quente, nas festas não é tão agradável lá, especialmente, no inverno... Sul da Suécia que é muito vento, e chuva, e escuro, no inverno. Começa a “clarecer” as nove, lá começa as escurecer às duas e é ao contrário, no verão quase o dia inteiro, 24 horas... E aí, as duas começa a “clarecer” e depois escurece meia noite, você tem duas ou três horas de escuridão e só.
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E o senhor disse que a sua esposa trabalhava na Tetra Pak aqui no Brasil, e ela continuou trabalhando?
R-
Não. Ela trabalhou. Em 1979 nós casamos e ela trabalhou mais um ano, depois nasceu nossa filha e então, acabou.
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Não voltou mais?
R-
Não.
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E sua filha continua morando no Brasil?
R-
“Está”. Ela se formou agora, “está” trabalhando, tudo.
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Ela se formou em que?
R-
Engenharia de alimentos.
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Seguiu mais ou menos o caminho do senhor?
R-
É.
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Teve alguma história, alguma passagem ou engraçada ou pitoresca que tenha marcado o senhor de alguma maneira, nesses anos de Tetra Pak?
R-
Dentro da Tetra Pak o que aconteceu? Não, acho que não... Engraçado, “eu sempre conta” a minha história que eu já tinha uns cinco anos aqui... Então eu conto que depois achei minha esposa... E “as pessoas sempre dá” risada. E a respeito do trabalho... Não, eu acho que eu... Não, por que na época, eu sempre tive bom contato com meus clientes e tudo. Exportava, eu ficava responsável pela venda e pelos exportadores, também. Eu precisava negocias os preços e tudo. Hoje não é mais possível, por que hoje tem o SAP aqui, e na época ainda era possível dá um descontinho, alguma coisa. Então, isso aqui... E eu preciso falar que eu tinha sempre um bom contato com os colegas. É eu acho que é... Não sei se eu estou certo, mas eu acho que ninguém na Tetra me detestou.
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E no começo do senhor aqui no Brasil eram muitos os clientes da Tetra Pak?
R-
Não, no inicio não tinha muito, assim, visitas aqui. O número de clientes no inicio... Sabe que eu não sei, não posso falar quantos tem...
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Mas, cresceu...?
R-
Cresceu, em pouco tempo. Tinha uma época, quando começou o Plano Real, aí, tinha laticínio, pequeninos, colocamos uma máquina lá, para envasar leite. Cresceu bastante o número dos clientes, mas muitos clientes também, não tinham condições para continuar, pois tinha uma máquina nova, esse tipo de coisa. Não sei se você vai cortar isso que eu falei...
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Imagina. E com relação a questão ambiental...?
R-
Isso já começou. Depois a reciclagem, nós começamos aqui. Isso aqui você pode refazer, picar as embalagens, fazer isso, reciclar o papel. Mas, eu não tinha muito envolvimento com isso.
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Mas, era uma questão que...
R-
Acho que em todo mundo. Inclusive, nós temos a ISO, começou a ISO, o que cada um precisava... Aí, tinha a parte ambiental, também. Foi uma parte que a Tetra, realmente, ela estava muito interessada nisso para embalagem, que é uma coisa que se você não faz nada ela vai sujar o ambiente. Então, isso aqui, foi importante, também.
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E na época das ISOs, como o senhor mesmo falou... Todas as áreas eram envolvidas no processo,
?
R-
É...
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Como foi a época da primeira ISO e depois das outras certificações?
R-
Primeiro começou a fazer de cada departamento. Nós tínhamos o fluxograma Então, era para fazer uma descrição de todos os trabalhos. E aí, foi tudo implantado, ainda não foi muito grande, tinha uma pessoa que cuidava disso. Fizeram uma pré- auditoria dentro da Tetra. Quando foi a primeira auditoria, quando foi isso? Acho que foi em 1997, 1998... Uma época depois foi auditoria de novo... A cada dois anos... Foi sempre A auditoria: “-
Com o tempo vai ter mais ISO´s aqui. Vai crescer essa estrutura”. É um trabalho, realmente, além do seu trabalho diário você precisava cuidar disso, também.
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Mudou muito a forma de trabalhar, a partir do momento em que essas ISO´s foram certificadas, em que a empresa foi certificada com essas ISO´s?
R-
É que você precisava, realmente, fazer... Você colocou no seu fluxograma e você precisa também, manter esses processos.
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E como relação aos investimentos sociais da Tetra Pak? Ela colaborava com projetos ali da região, ela se estabelecia no caso na região de Monte Mor, o senhor tem conhecimento dessas questões?
R-
Eu acho que eles estão ajudando lá no Monte Mor, eu não sei o que, que é, cada projetos aqui. Não sei exatamente, o que era, mas eles faziam isso. Sociais, dentro dos funcionários, quando você tinha, que cursava alguma coisa, um curso de inglês, tinha reembolso, oitenta por cento do que pagava nos cursos. Inicialmente, tinha as festas juninas e natal, sempre foi lá no estacionamento. Depois começaram a fazer o clube aqui, perto da Tetra Pak, não sei se você viu isso aqui. Antigamente, ou as festas, eles alugavam um outro clube, faziam isso... Foi legal. E desenvolvimentos, apoiavam... A Tetra Pak tinha os atletas, as atletas, antes da olimpíada. Não tenho os dados, exatamente.
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E o senhor se lembra quando teve essa movimentação para a construção da fabrica da Tetra Pak em Ponta Grossa?
R-
Isso teve... Quantos anos tem a fábrica de Ponta Grossa? (pensativo) Acho que 1997, 1998, ou antes?
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A inauguração mesmo, acho que foi em 1999.
R-
Eu não estava envolvido, mas eu estava procurando terreno. Inclusive o diretor lá é um sueco, igual a eu, que “está” aqui ainda, mas deve ficar, também.
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E, eu queria que o senhor falasse sobre os valores da Tetra Pak. Quais os valores que o senhor percebe na Tetra Pak?
R-
Desenvolver tudo com responsabilidade, crescimento junto com a firma, funcionários... E, o ambiente, que você falou, tinha os valores da Tetra... E...
Isso, eu já esqueci.
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Não tem problema.
R-
Tinha bastante coisas. Esses são nossos valores.
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Mas, esses são os que o senhor lembra até hoje, o que era vivenciado no dia- a- dia?
R-
Eram.
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E qual a importância da Tetra Pak, na opinião do senhor, na história da industrialização brasileira?
R-
Eu acho que em um país como o Brasil, para introduzir uma embalagem de longa vida, que não precisa refrigeração... Isso não é um ponto só no Brasil, na Europa. E a embalagem, em si, longa vida ou não já é um ponto muito importante. Antigamente, como você distribuía a leite? Hoje ainda no Brasil, você vai lá, na fazenda e tira e joga na garrafa, ou alguma coisa aí, e tira o leite. Então, isso ajudou, facilitou primeira a distribuição do produto, o produto foi pasteurizado e depois tudo isso aqui. E a possibilidade de comprar, é uma caixa de doze embalagem e deixa em casa, não precisava ir na padaria comprar o leite todos os dias. Eu acho que é um ponto muito importante. Então, começou a distribuir não só o leite, os produtos como o suco, a água de coco, todos esses produtos que você envasa hoje, na embalagem Tetra Pak,
? Eu acho que é um passo para frente.
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Das embalagens que a Tetra Pak produz hoje qual seria que o senhor mais gosta? Qual é a embalagem preferida?
R-
Para mim, são essas embalagens que já tem a tampa para abrir. Tem essas Brik que você precisa cortar o bico. Eu gosto muito dessas embalagens Prismas que é fácil para pegar. Essas, eu gosto.
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De quando o senhor chegou para hoje, o senhor acha que a forma como os consumidores vêm, um produto comercializado em uma embalagem da Tetra Pak, mudou?
A aceitação...?
R-
É a aceitação melhorou muito. Eu acho que as pessoas não importa que classe seja tão comprando leite de longa vida e antigamente, eu acho que tinha muito contra, que os médicos falavam que isso tem produtos químicos para manter esse leite, que ele não estraga. Mas, isso, eu acho que, também, já diminuiu. Acho que a Tetra Pak conseguiu convencer a opinião pública que realmente, esse é um produto em que você pode confiar. Eu estou vendo isso, como aposentado, eu vou muito ao supermercado... Estou vendo as pessoas humildes, que tão comprando o leite longa vida, esses produtos.
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A Tetra Pak comemora agora em 2007, 50 anos de Brasil. O que o senhor conhece dessa trajetória dos 50 anos da Tetra Pak aqui?
R-
Eu não conheço muito no início, mas eu sei que foi em 1957, 1958 que começaram as primeiras máquinas, nem sei se isso foi tetraedro ou se foi a Tetra Brik, mas tudo foi importado, as embalagens, aí, tudo, o papel, o material de embalagem. Até eu chegar em 1978, primeira vez, nem sei quantos clientes tinha, quantas máquinas tinha no mercado. Só sei que estava tudo na Alameda Santos, a parte técnica estava em um outro lugar, lá em Regis Bitencurt, aqui em São Paulo, a assistência técnica. Então, isso aqui com o tempo começou a fábrica de Monte Mor, essa fábrica cresceu, aí, a fábrica de máquinas foi ampliada, a de embalagens.
A “fábrica de máquinas ficou pequeno”, ergueram uma nova fábrica de máquinas. E com o tempo todo esse terreno em Monte Mor, na época, tinha uma ala que era estocagem, tinha bastante espaço, ainda. Hoje em dia o terreno “está” totalmente ocupado, não tem mais nada. Então, isso acho que é da própria... do progresso da Tetra Pak, o crescimento durante esses anos. O número de embalagens não sei quanto era. Hoje são sete bilhões, alguma coisa assim, só aqui no Brasil. Isso também, significa que a Longa Vida, acho que, é uma palavra comum hoje em dia. Você fala leite longa vida e o povo, aí, sabe o que quer.
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E qual é a importância, na opinião do senhor, do Projeto Memória 50 anos Tetra Pak?
R-
Isso é uma coisa para mim importante... Divulgar uma história que aconteceu durante 50 anos. E, realmente, criar um livro que você pode folhear o livro e ver o que aconteceu nesse ano e isso,
? Eu acho que é muito importante. E isso não é uma coisa interna da Tetra Pak, isso vai ser divulgado para clientes, a imprensa também....
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E o lema da Tetra Pak é “Protege que é bom”... E o que, que é bom para o senhor?
R-
Para mim é bom? Bom da Tetra ou bom, na realidade?
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Bom para o senhor.
R-
Primeiro bom é... A família que tendo saúde, é bom. E ter uma vida confortável. Agora “estou” aposentado,
, mas, acho que o bom é proteger a família... E o bom da Tetra Pak, ela continua crescendo, eles vão ampliar a fábrica em Monte Mor, por que em Ponta Grossa, eu não sei se tem planos. Ultimamente, eu estou um pouquinho fora, vai fazer já, quatro anos.
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E, só uma curiosidade, como se diz “Protege que é bom”, em sueco? O senhor sabe dizer?
R-
É...
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Tanto tempo aqui no Brasil.
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Nós já estamos chegando ao final do depoimento, e eu queria perguntar se tem algum assunto, alguma questão, que talvez não tenhamos abordado e que o senhor gostaria de deixar registrado?
R-
Durante a minha trajetória aqui? Não, acho que não. Eu estou mantendo contato com o pessoal aí, e vou... o tempo cada vez mais vai ser menos, mas pelo menos eu vou mantendo contato nas festas. Sempre nós recebemos convite lá e se puder eu vou lá,
?
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O senhor gostaria de deixar algum recado pelos 50 anos da Tetra Pak, para os seus colegas, para os seus futuros colegas e para os seus antigos colegas?
R-
Bom, “eu quer dizer” que eu estou feliz, que a Tetra Pak já está aqui a 50 anos no mercado, no Brasil, que “está” fazendo sucesso no Brasil. E eu desejo tudo bom para o futuro, que os próximos 50 anos também vão ser um sucesso.
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E para finalizar eu queria que o senhor nos dissesse o que acho de ter participado, de ter dado o seu depoimento para o Projeto? O que o senhor achou de ter contato a sua história aqui para gente?
R-
Eu achei legal. Isso aqui seria o... Isso é interessante, mas vocês não vão lançar tudo... Vão pegar certos trechos? Mas, eu espero que também, tenha contribuído bastante.
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Com certeza.
R-
Então, nós e o Museu da Pessoa e a Tetra Pak agradecemos o seu depoimento, Sr. Jando.
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“Está” bom. Muito obrigado.Recolher