Projeto Memória Tetra Pak 50 anos de Brasil
Depoimento de José Fernando Gasparotto
Entrevistado por Rodrigo de Godoy e Beth Quintino
São Paulo, 18/09/2007
Realização: Museu da Pessoa
TPK_HV013
Transcrito por Maria da Conceição Amaral da Silva
Revisado por Fernando Martins
P/1 – Bom dia.
R...Continuar leitura
Projeto Memória Tetra Pak 50 anos de Brasil
Depoimento de José Fernando Gasparotto
Entrevistado por Rodrigo de Godoy e Beth Quintino
São Paulo, 18/09/2007
Realização: Museu da Pessoa
TPK_HV013
Transcrito por Maria da Conceição Amaral da Silva
Revisado por Fernando Martins
P/1 – Bom dia.
R – Bom dia, Rodrigo.
P/1 – Para começar eu queria que você dissesse o seu nome completo, o local e data de nascimento.
R – José Fernando Gasparotto. Nasci em Jundiaí, 16 de agosto de 1954.
P/1 – E qual é a função que você ocupa na Tetra Pak atualmente?
R – Atualmente sou diretor de Serviços Técnicos.
P/1 – E o nome dos seus pais?
R – Santos Sebastião Gasparotto e minha mãe é Ionícia Viana Gasparotto.
P/1 – E eles nasceram onde?
R – Os dois nasceram em Jaú. Uma cidade do interior de São Paulo.
P/1 – E a atividade deles?
R – O meu pai ele é aposentado, mas ele trabalhou durante 45 anos como marceneiro. E minha mãe também é aposentada, mas ela foi costureira por muito tempo e depois trabalhou no lar.
P/1 – Seus pais ambos são de Jaú?
R – Sim.
P/1 – Mas você nasceu em Jundiaí?
R – Exato.
P/1 – Como que foi? Eles foram para Jundiaí?
R – É, os meus avós vieram da Itália. Compraram umas terras em Jaú, e tiveram 12 filhos. E meu pai tornou-se colono dos pais dele. Então ele começou um movimento de sair da fazenda do meu avô e veio parar em Jundiaí. E na seqüência, praticamente, 80% dos irmãos vieram todos para Jundiaí. Muito bacana a história.
P/1 – Quando ele foi para Jundiaí ele foi casado já com a sua mãe?
R – Já casado. E já com dois filhos, dois irmãos?
P/1 – Vocês são em quantos irmãos?
R – Somos quatro.
P/1 – Quatro ao todo.
R – São duas mulheres...
P/1 – Você é o mais velho?
R – ...e dois homens.
P/1 – Você é o mais novo, mais velho?
R – Eu sou o mais novo.
P/1 – Mais novo?
R – É.
P/1 – E eles fazem o que, os seus irmãos?
R – Um ele mora em Botucatu [SP]. Ele trabalha em uma empresa que faz rodapés para a Duradoor, aquelas Durafloor, Durafloor. E a irmã ela foi professora agora é aposentada. A outra ela trabalha na Secretaria de Educação em Jundiaí. E...
P/1 – Você. (RISO)
R – ...eu trabalho na Tetra-Pak.
P/1 – Como que era, quando você nasceu você, era uma fazenda, era um sítio?
R – Não, eu nasci em Jundiaí.
P/1 – Mas lá em Jundiaí já morava na cidade mesmo?
R – Sim, na cidade.
P/1 – E como que era Jundiaí nesse período da sua infância?
R – Jundiaí era uma cidade muito assim, ainda do interior. Hoje em dia já foi abraçada por São Paulo. Porque de um lado têm Campinas, grande, do outro lado São Paulo. E foi fechando Jundiaí. Mas é uma cidade de interior muito gostosa. Tive uma infância muito legal, com toda a parte de andar de bicicleta, coisas que estão se perdendo, . Então hoje em dia se você quiser andar de bicicleta você tem que disputar com os carros. Mas foi muito legal.
P/1 – E como que era a casa onde você morava nesse período, na infância?
R – Ah, era uma casa muito legal. Ficava perto do centro da cidade, e tinha facilidade para ir para todos os lados. Era muito bacana. Você podia, tinha campos de futebol lá perto para jogar bola. Então perto de boas escolas, então daria sempre para conciliar lazer e também escola.
P/1 – E o convívio com os seus outros irmãos era tranqüilo?
R – Ah, tranqüilo. Apesar que eu sou o caçula, , o queridinho de sempre da família, mas foi sempre uma convivência muito bacana.
P/1 – Nunca teve muita briga então, entre irmãos?
R – Ah, briga tinha. Briga tinha, principalmente entre eu e a minha irmã. Que tinha, nasceu antes do que eu um pouco. Mas sempre terminava em pizza. (RISO)
P/1 – E quais as lembranças mais marcantes que você tem da sua infância, Gasparotto?
R – Infância? Olha, eu vivi aqui foi à época que todos os amigos saíam para ir andar de bicicleta. A parte de ir nadar em piscina não existia muito. Então tinha alguns rios que não eram poluídos, depois jogar bola, então essa parte aí era muito legal.
P/1 – E quando você começou a estudar foi próximo da sua casa? Você tinha que pegar condução?
R – Não, foi próximo da minha casa. Eu estudei em uma escola chamada Sesi. Eu fiz os quatro anos do primário, sempre bom aluno. Depois eu fiz Senai, que eu fiz Tornearia Mecânica, Ajustador Mecânico. Fiz Metrologia, Desenho Técnico, Desenho Mecânico, e depois fui evoluindo. Entrei no ginásio, nessa época já trabalhava também na Vigorelli, como torneiro mecânico. Depois evoluí fui ser um inspetor de qualidade. Mexia com muitos instrumentos de precisão. Depois eu vi que não era bem isso que eu queria na vida e fui estudar Contabilidade. Fui trabalhar na Cica, trabalhei então, depois da Vigorelli três anos, eu trabalhei mais três anos na Cica. Em Contas a Receber. Então toda a parte de clientes que não pagavam a Cica eu estava lá fazendo as cartas. Na época era máquina de escrever. Então era muito legal. Mas foi a primeira época que eu tive contato com computador, para...
P/1 – E que ano foi isso?
R – Isso aí foi em 1971. Então para uma curiosidade na época o cartão perfurado tinha o furo redondo ainda. Era o Sistema Univac. Muita gente não sabe disso. Depois que veio a IBM, o cartão retangular e a perfuração. Então toda a minha carreira eu sempre tive muito contato com a evolução da parte de computação das empresas. Aí eu, depois que eu fiz Contabilidade eu fui fazer Agrimensura. E em paralelo eu estava fazendo Exército, que eu servi Exército durante nove meses e meio. Entrei como soldado são como cabo apto a terceiro sargento. Uma outra curiosidade, eu fui campeão de pontaria com obus. Obus 155 milímetros. É um tipo de um canhão. E depois que eu saí do Exército eu voltei na Cica mas a minha vaga já tinha sido preenchida por uma outra pessoa. Então eu fui trabalhar na Duratex. Na Duratex eu trabalhei 13 anos. Entrei também trabalhando como kardexista, sistema de controle de estoque. Fui evoluindo dentro da Duratex até chegar a chefe de setor de Planejamento. Durante esses 13 dias eu tive uma carreira que eu passei por diversas áreas também. E obtive uma informação muito importante de cada área que eu passei a trabalhar dentro da Duratex. E aí em 1986 eu decidi que deveria procurar um desafio maior. Escrevi um currículo, na época escrever queria dizer datilografar um currículo. Porque ainda não tínhamos as facilidades de computação que você tem o computador pessoal em casa e enviei para diversas multinacionais. Porque o meu sonho era trabalhar em uma multinacional. E aí iniciei um processo de várias e várias entrevistas para entrar na Tetra-Pak.
P/1 – Só uma coisinha: tanto a Vigorelli quanto a Cica e a Duratex, todas eram em Jundiaí mesmo as empresas, .
R – Sim, todas em Jundiaí.
P/1 – Na Vigorelli isso foi quando? Foi seu primeiro trabalho?
R – Meu primeiro trabalho.
P/1 – Seu primeiro trabalho.
R – Em 1968 comecei a trabalhar.
P/1 – 68. E você ficou por três anos lá?
R – Três anos, depois eu fui em 1971 para a Cica, também três anos. Depois Duratex 13 anos. E agora na Tetra Pak eu estou há 21 anos.
P/1 – Seu recorde então?
R – É.
P/1 – E a Vigorelli era uma empresa do que?
R – Máquinas de costura e também máquinas operatrizes. Retificadoras. E também instrumentos de precisão, tipo calibrador tampão. Quando eu trabalhei no Controle de Qualidade eu trabalhava justamente nessa área de precisão.
P/1 – A Cica, bom, a Cica todo mundo conhece, sabe o que ela produz. E aí, fala um pouquinho mais com relação a essa questão da informatização, Gasparotto. O que fazia o computador em 71 quando você começou a trabalhar?
R – É, você vê, em 1971 tinha o sistema de controle das empresas. Então emitia nota fiscal. Essa nota fiscal gerava um cartão perfurado. Então no final do mês o pessoal de processamento de dados fazia a seleção de todas as faturas que não estavam pagas usando esses cartões. E, naquela época, começou a lançar fita magnética. Então isso aí em 1972, mais ou menos. E depois veio a evolução. Na época a Cica mudou do Sistema Univac para Sistema IBM. E começou uma evolução. Época em que um computador a gente chamava na época mainframe, era um monstro. Então tinha todo o pessoal digitando, perfurando cartões. E depois quando eu saí da Cica e fui para a Duratex lá já tinha também o Sistema IBM, com um sistema operacional todo desenhado para a própria Duratex. Mas na época foi interessante porque começou a evoluir. Então ao invés de você fazer kardex na ficha, escrevendo a mão: "Entrou uma mercadoria, saiu outra." para estabelecer preço médio de, para as ordens de produção, na época iniciou-se com máquinas Facit. Essas máquinas Facit então eram umas fichas grandes que você digitava a entrada e a saída. E quando você tinha que mudar o programa para tirar o extrato de qual era o saldo daquele determinado produto você tinha que trocar um eprom. O eprom são circuitos que dentro dele tem os mini-programas. Então para fazer um lançamento você punha um tipo de eprom. Para extrair o saldo você trocava e punha outro eprom. E foi evoluindo. Depois, já na Tetra Pak eu tive contato, pela primeira vez, com o MacIntosh. Então o MacIntosh era aquele computador pessoal, muito pequeno, mas para você ter uma idéia quando você ia usar a planilha que hoje se chama Excel, mas na época chamava Masterplan, então você ia digitar uma planilha você inseria um disquete pequeno, tá? E quando você ia fazer uma operação ou você ia imprimir você digitava lá que você queria imprimir o computador, Apple, . Ele falava: "Tire o disco um e coloque o disco dois." Então para você ver como foi evoluindo a informática. Depois você queria fazer um gráfico ele falava: "Inserte o disco que tem a parte de plot" a parte de gráfico. Depois você terminava o gráfico ia imprimir, ele falava: "Coloque o outro disco." Então, toda a parte operacional do computador ficava em disquete. Foi evoluindo, na seqüência aí veio o PCXT, que aí já era algo mais interessante. Que foi antes do, da Microsoft. A gente tinha o PCXT, e aí você tinha uma liberdade de criação. As planilhas Excel já eram mais rápidas. Começou o Word, o Lótus, então foi evoluindo. Até chegar depois naquele computador pessoal mesmo, que a gente passou a levar, inclusive, trabalho para casa. Uma coisa interessante, na Tetra Pak eu fui um dos primeiros a receber um PCXT na época. E fazia todos os trabalhos. Mas na época, durante almoço, a gente jogava uma partidinha de xadrez com o computador. No nível um eu sempre ganhei do computador. Mas punha nível dois nunca ganhei.
P/1 – E, Gasparotto, na Cica em 71 você lembra de - apesar de não ser sua área direta - mas com relação aos produtos, como é que...
R – Sim. Na Cica, eu entrei lá como office-boy da área Financeira. Então eu entregava correspondência por toda a empresa. Eu tenho como hábito, ou tive, em todas as empresas que eu trabalhei conhecer cada pedaço da empresa. Então aos poucos eu fui conhecendo a parte de doce em massas, onde fazia goiabada, marrom-glacê, figo rami. A parte de pimenta, molho de pimenta. Cereja ao marasquino. Eu me lembro que uma vez eu até comi demais cereja ao marasquino, que é um licor, dentro da própria empresa estava meio grogue. Mas é uma empresa muito bacana, apesar de ser familiar. A gente tem boas lembranças. E fui evoluindo lá dentro. Entrei como office-boy, logo já fui assumindo outros cargos até chegar a chefe de setor de cadastro, dentro da área de Contas a Receber.
P/1 – E os atomatados da Cica já tinham saída, já tinham fama?
R – Tinham. E, coincidentemente, a Cica depois foi um dos primeiros clientes a ter máquinas Tetra-Pak.
P/1 – Na área de atomatados?
R – Na área de atomatados. Isso aí foi 1983, 1984.
P/1 – E quando ela passou a ser cliente você teve algum tipo de contato?
R – Sim. Eu já estava trabalhando na área de Administração de Vendas, então fazia visitas, inclusive, ao cliente lá em Jundiaí.
P/1 – Tinha colegas seus que trabalhavam naquela época?
R – Tinha, tinha. E uma outra curiosidade eu fui office-boy do Max Gehringer. Então na época quando eu entrei na Cica, o Max Gehringer ele já era um gerente na parte de Controle de Qualidade. E hoje é um ícone na área de visão corporativa das empresas.
P/1 – Depois da Cica foi a Duratex, . É isso?
R – Duratex.
P/1 – 13 anos.
R – 13 anos.
P/1 – E foi nesse período que você começou a fomentar uma idéia de que queria trabalhar em uma multinacional, queria trilhar um outro, uma outra direção, . Como foi esse processo? Como foi que você enviou o seu currículo para a Tetra-Pak?
R – Bom, eu escrevi o currículo e ficava de olho no Estadão. Qualquer empresa que era: "Empresa multinacional..." No caso da Tetra-Pak: "Empresa multinacional na região de Campinas." Então eu pensei: "Região de Campinas pode ser Valinhos, Vinhedo, que é perto de Jundiaí." Mas era do outro lado de Campinas, já para o lado de Sumaré, Americana. Mas então lá aparecia nesse anúncio que estava precisando de um supervisor de planejamento. Que era a área que eu estava trabalhando desde 1974. Então de 1974 até 1986 eu já tinha uma vasta experiência em todas as partes que são ligadas à área de Planejamento, Programação de Produção. E enviei o currículo, veio a primeira entrevista. Eu me lembro que na época eu fiz a entrevista com o Gilberto Balista. Na seqüência fui fazer alguns testes. Passei nos testes. Na seqüência ainda, fui fazer uma outra entrevista com o Martins, que era o gerente de Planejamento da época. E eles marcaram a entrevista final. Onde foi aplicado um teste de planejamento, e nesse teste estava lá para fazer a avaliação o Benny Heide, que era o diretor de Produção da época. Então na sala estávamos: Benny Heide, o Martins - que era o gerente de Planejamento - e o Gilberto Balista, que era o gerente de RH na época. E eu me lembro que ao final do teste o Benny virou para o Gilberto na minha frente, falou: "Mas Gilberto, esse é o funcionário que eu estava procurando." Eles estavam lá há um ano procurando uma pessoa para essa função. Porque depois que me falaram: "Você está sendo contratado para você ser o líder de todo o pessoal da área de Planejamento." então eu iniciei como um supervisor de programação, mas na realidade o salto ia ser maior, mais adiante. Por isso que eu tinha que conquistar todos os companheiros de trabalho porque em futuro próximo eu ia liderá-los.
P/1 – E isso foi em 1986, sua entrada.
R – Isso, em 1986, em novembro de 1986. E foi curioso que quando o Benny falou: "Esse é o cara que eu estava procurando", isso me norteou como fazer para discutir salário com o Gilberto. Eu estava em dúvida até então. E eu me lembro que eu saí da Duratex e entrei na Tetra Pak, graças a essa dica do meu amigo Benny, eu pedi o dobro do salário do que eu ganhava. Então foi muito legal. E aí depois, praticamente depois de uns três, quatro meses eu já estava sendo apontado para ser o líder do grupo de planejamento.
P/1 – E você morando em Jundiaí você viajava para Monte Mor diariamente?
R – Diariamente. Até hoje que eu continuo morando em Jundiaí. Então atualmente eu rodo 147 quilômetros para ir e voltar, total por dia. Seguramente, eu fiz um cálculo, já fui e voltei até a lua. Só para ir trabalhar.
P/2 – Gasparotto, quando você mandou o seu currículo, que você falou, você já conhecia a Tetra-Pak? Já tinha ouvido falar?
R – Não. Tanto é que na época a Ana Maria, que era assistente do Gilberto Balista, ligou para a
ngela, minha esposa falou assim: "Olha, seu marido mandou currículo, é para ele vir aqui na Tetra-Pak." Passou as dicas do endereço, de tal, e a minha esposa anotou: "Petra Pak." Então eu não tinha nenhuma idéia. Depois quando tive o primeiro contato, já me preparando um pouco, eu fui ver o que é que era, aí eu me inteirei que era embalagem longa vida. Porque na época em 1986 a venda de embalagem era muito baixa. Hoje em dia a gente está vendendo anualmente nove bilhões de embalagem. Na época vendia ao redor de 500 mil embalagem por ano, era muito pouco. Nós éramos em mais ou menos 230 funcionários. Hoje somos 1100 funcionários. Então para a época, não era tão conhecida a embalagem Tetra Pak.
P/1 – E nessa época que você passou na Tetra Pak, porque você sempre tinha trabalhado em Jundiaí, .
R – Isso.
P/1 – E você já era casado como você acabou de me falar?
R – Sim.
P/1 – E sua esposa, o que achou de você ter que viajar todo dia, de você ter que trabalhar em uma empresa mais longe?
R – Sabe que se tem uma pessoa que eu devo estar na Tetra Pak e minha esposa. Porque ela sempre falava: "Fernando, eu vejo que você tem um potencial muito grande e você está aí trabalhando na Duratex? Tenta ver alguma coisa mais interessante." E eu falei: "Ah, eu vou tentar uma multinacional." Então ela foi uma das incentivadoras.
P/1 – E você tem filhos, Gasparotto?
R – Sim, eu tenho dois filhos. O Daniel que hoje inclusive está em Paris, trabalhando. Então ele se formou em Engenharia de Computação na Unicamp. Foi fazer o último semestre em Lion, na França. E na seqüência ele fez mestrado também lá em, no Insa em Lion. E como ele terminou tudo ele foi tentar um emprego em Paris. Conseguiu. Vai começar trabalhar agora nos primeiros dias de outubro. E, por sorte também como eu falei como os meus avós são italianos ele está conseguindo a cidadania italiana. Então vai se tornar um cidadão da Comunidade Européia. Tem também o Rafael, que tem 26 anos. Ele se formou em Aviação Civil. Hoje ele é piloto na Gol.
P/1 – Então os dois já estão fora de casa já, .
R – Sim. Eu e a
ngela conseguimos formar os dois filhos e praticamente eles estão com as carreiras já definidas.
P/1 – Bom, aí você falou que começou na Tetra Pak em 1986, três quatro meses depois você já teve uma mudança de cargo.
R – Sim.
P/1 – E você de, como supervisor foi para qual, como é que é essa classificação de cargo?
R – É, eu passei a ser o supervisor de toda a área de Planejamento. Onde abrangia a parte de planejamento propriamente dita e a parte de armazéns, expedição, faturamento. Então a responsabilidade foi aumentando. Na seqüência eu fui mostrando alguns resultados interessantes para a empresa. Por exemplo, eu com o Antonio Barandas, que trabalhou já na Tetra-Pak. O Raven, que infelizmente faleceu há uma semana e meia atrás. Nós desenvolvemos um sistema de controle de estoque pelo computador, que antes era manual quando eu entrei lá. Então desenvolvemos sistema de custeio das ordens de produção. Então o que é que acontece? Toda experiência acumulada minha, desde 1968 até 1986, por eu ter trabalhado em diversas áreas nas empresas, eu tinha uma visão muito abrangente de todos os processos das áreas que eu passei. E eu pude aplicar dentro da Tetra-
Pak. Então, cada vez mais, eu fui abrangendo mais áreas dentro da Tetra-Pak.
P/1 – E nessa época em que você entrou, qual era o tamanho da área em que você trabalhava? Em pessoas, você tem uma noção?
R – Ah, em pessoas nós éramos em oito pessoas. Mais o pessoal de operação: empilhadeiristas, tá?
P/1 – E como era o cotidiano de trabalho nesse seu início? O que você, quais eram efetivamente as suas responsabilidades? O que você fazia no dia-a-dia? Do que você cuidava? Fala para a gente um pouquinho.
R – Então, como você já viu eu sou fascinado pela parte de computação. Então em 1984 a Tetra Pak tinha instalado um sistema novo, que chamava PAS, Production Administration System. Só que o pessoal naquela época não estava usando todos os recursos que esse novo sistema poderia oferecer para o nosso dia-a-dia, para acertar as tarefas. Então eu incentivei todo mundo a cada vez mais usar todas as facilidades que o PAS podia fornecer. Então nós passamos a fazer planejamento da fábrica usando computador, a parte de report. Então todas as máquinas qualquer parada era reportado no computador também. Nós passamos a usar estatísticas do computador. Então, realmente, na parte do PAS, esse sistema operacional, eu, com certeza, contribuí muito com a Tetra Pak. E sempre fui avançando com novas formas de trabalhar nas diversas áreas que estavam sob minha responsabilidade.
P/1 – Daquela época para hoje a fábrica da Tetra Pak em Monte Mor mudou muito? Cresceu muito?
R – Cresceu bastante. E eu posso também falar para vocês uma coisa: eu fui trabalhando na Tetra-Pak, eu fui crescendo junto com ela. Mais ou menos em 1991, o Nelson Findeiss me convidou para criar uma área nova, que é a área de Administração de Vendas. Então ele chegou para mim: "O que é que você entende de administração de vendas?" Eu falei: "Nada." Ele falou: "Então você tem que entender. Porque você tem que criar essa área." Então eu fui para a Suécia, fiquei duas semanas lá tentando entender o que é que era administração de vendas. Voltei, e comecei criar essa área. Essa área então seria a área responsável desde a hora que o cliente põe o pedido até a hora que a embalagem está saindo de dentro da fábrica, indo para o cliente.
P/1 – E aí então foi de 1987, que foi que você virou a liderança da área de Planejamento até 1991, você então continuou nessa área de Planejamento?
R – Sim. Sempre na área de Planejamento. Mas englobando mais e mais áreas pertinentes à área de Planejamento. Porque na época não existia nem a palavra Supply Chain. Hoje em dia seria a parte de Supply Chain. Então aos poucos eu fui trazendo para dentro da minha carreira essas áreas que são chaves que hoje em dia nós chamamos de Supply Chain.
P/1 – E você fez algum curso na área de Administração sem ser esse da Suécia? Curso superior, alguma coisa assim?
R – Não, eu terminei a faculdade de Administração de Empresas, mas sempre...
P/1 – Isso antes de entrar na Tetra Pak?
R – Antes. Eu me formei em 1978. Antes de eu casar. Eu casei em 1978, o último ano eu estava terminando a faculdade. Mas eu sempre fui ligado em tudo que era novidade. Então não fiz outras faculdades, mas todo curso que tinha ligado na área de planejamento, de estoques e logística eu fui sempre me atualizando.
P/1 – E esses cursos eram oferecidos pela Tetra Pak? A Tetra Pak oferecia cursos aos seus funcionários nessa época que você começou?
R – A Tetra Pak sempre deixou aberto para os funcionários procurarem novos cursos. Então alguns cursos a gente fazia, que vinha na parte corporativa da empresa oferecendo, e alguns fora também. E é interessante que também em 91, de novo o Nelson Findeiss chegou e falou: "Você entende de transporte?" Eu falei: "Entendo de empilhadeira." Ele falou: "Não, a partir de hoje você vai ser o responsável pela parte de Transporte da empresa." Então eu comecei uma nova área que estava começando a parte de logística propriamente dita, dentro da Tetra Pak. Então eu me lembro que nós convidamos cerca de 35 transportadoras, fizemos uma mega cotação. E dessas 35 transportadoras fomos afunilando até convidar apenas cinco para começar a trabalhar. Naquela época a gente estava formando o pool de transporte das transportadoras que iam transportar as embalagens da Tetra Pak por todo o Brasil.
P/1 – Então em 1991 você atuou no desenvolvimento de duas áreas: a de Administração de Vendas e a de Transportes?
R – É, e depois em 93 eu fui também convidado para assumir a parte de Planejamento de novo. Então eu lembro que na época o cargo era gerente de Planejamento e Administração de Vendas. Sendo que dentro da Administração de Vendas tínhamos também a parte de exportação. E eu me lembro ainda que uns dois anos depois o Benny Heide me convidou, falou: "Bom, Gasparotto, como você não está fazendo nada, eu gostaria de passar para você a área de fabricação de canudos." Então eu fui englobar também a parte de fabricação de canudos de Monte Mor. Onde atuei durante um ano e meio junto com o Celso Carneiro. Eu lembro que na época evoluiu muito essa área. A Tetra Pak em termos de fabricação de canudos, dentro do Grupo Tetra Pak não tinha exposição. Então eu comecei fazer contatos com os outros gerentes de fábrica de canudos do Grupo Tetra-Pak. E passei a fazer parte das reuniões trimestrais que tinham pelo mundo. Então cheguei a ir mostrar tudo que de bom era feito dentro da fábrica de canudos, principalmente pelo Celso Carneiro, que é uma pessoa maravilhosa, que sempre foi o supervisor daquela área. Só que eu passei a vender o que é que era Tetra Pak Brasil na parte de fabricação de canudos. E foi muito legal. Porque eu me juntei a mais sete ou oito diretores de fabricação de canudos e eu em cada reunião eu mostrava tudo de bom que a Tetra Pak fazia. Hoje em dia a Tetra Pak é benchmark na fabricação de canudos dentro do grupo Tetra Pak.
P/1 – E nessa parte de exportação também eu queria que você falasse um pouquinho, 1992, 1993, por aí?
R – Não, a parte de exportação começou com a Administração de Vendas em 1991. Tetra Pak já exportava, ta? Mas eu me lembro que em 1991 é que nós começamos a aumentar as exportações.
P/1 – E qual era o peso nessa época das exportações para a Tetra Pak Brasil, e quais eram os principais clientes lá fora?
R – A Tetra Pak sempre exportou para outras Tetra Paks. Na época a gente exportava cerca de 20% de tudo que a gente produzia. Principalmente para a Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai. Aí na seqüência que começou 1989 nós começamos a exportar para a região da América Central. E, sim, em 1989. E depois com a Administração de Vendas já criada nós fomos ampliando. E aí passamos a exportar também para a Colômbia, para o Peru, para a Venezuela.
P/1 – E como funciona o processo de exportação? Porque você disse que ia para outras Tetra Paks, . São pedidos por meio de concorrência entre diversas Tetra Paks ao redor do mundo? Os pedidos são levando em conta a questão logística? Como é feito essa?
R – Hoje em dia a Tetra Pak mundialmente é subdividida por 11 clusters. Então nós temos aqui no Brasil o presidente, vice-presidente do cluster, que é o Paulo Nigro atualmente. Então engloba desde a América Central até na América do Sul a Argentina. Então atualmente a gente está exportando para cerca de 26 países. Tá? Não só para o cluster a gente exporta mas para outros países. Por exemplo, Arábia Saudita, Espanha, África do Sul. E nós temos alguns tipos de embalagem que são só feitas em Monte Mor. Por isso que a gente exporta para alguns países.
P/1 – Dentro do cluster?
R – Não só dentro do cluster como para fora. Por exemplo, a embalagem de 80 mls, que é uma embalagem muito pequena, atualmente só a Tetra Pak em Monte Mor tem o vincador que produz esse tipo de embalagem.
P/1 – De todas as Tetra Pak?
R – Dentre todas as Tetra Paks. São mais ou menos 45 fábricas no mundo.
P/1 – E essa de 80 mls, ela é usada para que tipo de produto?
R – Aqui no Brasil ela é usada para o leite fermentado, que substitui, o Yakult, tá? Então o leite fermentado, atualmente a Parmalat, Batávia, Vigor, eles produzem nessa embalagem de 80 mls.
P/1 – E a questão do, você falou que lá atrás era 20% mais ou menos, , a exportação?
R – Isso.
P/1 – O volume. Hoje você tem mais ou idéia de qual é o peso?
R – O peso ele subiu para ao redor de uns 30%.
P/2 – Só voltando um pouquinho, gasparotto, você estava falando das áreas que você implantou. Isso foi uma necessidade da Tetra Pak Brasil, de estar se estruturando dessa forma, ou era também um modelo que vinha da Europa?
R – Basicamente a Tetra Pak tenta colocar modularmente em todas as Tetra Paks os modelos. Então na época em 1991, a Tetra Pak do Brasil era uma das empresas do grupo que não tinha concentrado as atividades de administração de vendas em uma área só. Por isso que concentrou-se. Então realmente ela inicia como ensaio, por exemplo, na Suécia. E vai dando certo e vai multiplicando para outras Tetra Paks.
P/2 – Quando você entrou na Tetra Pak qual era o presidente?
R – Na época era o Jonas Broman. Depois nós tivemos o Karl Viggo. E depois já veio o Nelson Findeiss, que ficou como presidente da Tetra Pak do Brasil até abril agora de 2007. E o Paulo Nigro assumiu a Presidência.
P/2 – Queria que você falasse um pouquinho como foi essa mudança, ter um presidente brasileiro? Mudou muito? Deu um outro ar para a Tetra Pak?
R – Ah, sem dúvida. O que é que acontecia? A Tetra Pak sempre tinha colocado aqui no Brasil presidentes suecos. Só que, imagina, nós tínhamos uma inflação mensal ao redor de 20, 25%. E o tipo de inflação tão alta assim não é muito absorvida por um sueco. Porque você lidar com uma economia que está com uma inflação alta é complicado. Eu me lembro que em 1991 quando o Nelson Findeiss assumiu, em 90, foi em agosto de 90, antes ele tinha sido diretor Financeiro da Tetra Pak por muitos anos. Depois ele foi para a América Central e quando ele retornou ele voltou já como presidente. Já o Nelson já sabia lidar muito bem com a economia trabalhando com uma inflação de 20, 25%. Então a gente podia ver que ele conseguia falar a linguagem dos clientes. Os clientes no Brasil que sabem também lidar com a economia com inflação alta. Então foi muito importante para o Brasil ter mudado de um presidente sueco para presidente com espírito brasileiro de lidar com a economia no Brasil.
P/2 – E nesse período quando você entrou, você lembra dos clientes da Tetra Pak?
R – Ah, sim, na época nós tínhamos ao redor de 35 clientes. Hoje nós temos quase 200 clientes. Mas na época a gente tinha, principalmente, Parmalat, Vigor, Yakult. Na parte de sucos tínhamos a Cajubras, tínhamos a Toddynho, que hoje em dia é Pepsico. Tínhamos também na parte de óleo tínhamos Granol, J Duarte, assim, que mais? Peixe, Paulete, Cica. Basicamente que eu me lembro assim, com certeza com mais tempo eu vou lembrar dos 35.
P/2 – E você falou que nesse período você trabalhou um pouco nessa área de vendas? Como que foi isso, como que era?
R – Bom...
P/2 – Porque você falou que ia da venda do cliente até a saída da embalagem?
R – Exato. Então antes nós tínhamos o escritório em São Paulo na Alameda Santos, e os clientes colocavam os pedidos em São Paulo, e depois esses pedidos eram enviados por malote para Monte Mor. E com essa nova organização nós passamos a receber os pedidos diretamente do cliente. Então o cliente colocava o pedido direto na fábrica para encurtar os tempos. E nós passamos a administrar o pedido. Nós abríamos a ordem de produção, e fazíamos o planejamento, o acompanhamento para entrar dentro do armazém. Depois éramos responsáveis pela parte de caminhões e da parte de carregamento, faturamento e transporte. Por isso que eu falei que a gente mudou e concentrou em uma área só todas as atividades relativas ao atendimento de um pedido.
P/2 – E nesse período, assim, mudou muito para hoje, quer dizer, vocês tinham as máquinas de embalagem e de envase, ou o envase era o cliente?
R – Sempre foi no cliente. Tetra Pak ela comercializa máquinas e embalagens. Então a Tetra Pak vende ou aluga a máquina de envase para o cliente e depois para o resto da vida nós fornecemos embalagens e bobinas. E no cliente ele envasa dentro da máquina de envase o produto que ele desejar e que foi desenvolvido.
P/2 – Você falou da fábrica de canudos. Antes da fábrica de canudos como que era? Os canudos eram importados?
R – Sim, os canudos do sistema U, que é uma bengalinha assim, eles eram importados. E aí nós recebemos novas máquinas em Monte Mor e passamos a fabricá-los aqui também. Porque antes só fazíamos canudos retos. Mas a Tetra Pak evoluiu muito. E como eu falei eu também fui evoluindo junto com ela. E ainda eu me lembro que depois que eu trabalhei na área de Administração de Vendas, Planejamento, eu trabalhei junto às duas áreas novamente. Veio o desafio, o Benny me convidou para ser o gerente da parte de desenvolvimento gráfico. Então outro desafio também. Nessa época todo o desenvolvimento de provas de impressão era feito por uma outra pessoa. E eu cheguei, com a experiência que eu tinha em administração de diversos tipos de departamentos, e também lá eu pude dar minha contribuição em termos de negociação de preços e também evolução para colocar concorrentes. Porque só tinha um fornecedor na época de desenvolvimento gráfico. Então a minha missão ali foi desbravar para outros fornecedores de provas de impressão também. Mas os desafios nunca pararam, viu? Em 1992, em maio eu estava em São Paulo, o Nelson Findeiss me chamou, falou: "Gasparotto, eu tenho um desafio para você. A Tetra Pak vai implantar o SAP. SAP R3 é um software novo. E eu queria que você fosse o site manager." E eu não iria falar não. Mas o desafio foi muito grande para mim e para mais 53 funcionários que fizeram parte da equipe de implementação do SAP R3. Na época o sponsor era o Roberto Raven e ele falou: "Gaspa, vai em frente que eu estou te dando todo suporte." e aí nós começamos primeiramente escolhendo a equipe. Que são 53 funcionários. Para você ter uma idéia da magnitude da implementação desse novo, nova forma de trabalhar, essas 53 pessoas trabalharam em paralelo à Tetra Pak. Eles saíram do seu dia-a-dia. Então, por quê? Nós, o SAP, ele começou ser implantado dentro da Tetra Pak em, mais ou menos, 1989. Quando chegou em, desculpe eu estou, não é, pode voltar um pouquinho? Que eu errei, mas errei umas datas aí.
P/2 – Não tem problema.
R – Então eu vou voltar, mas depois vocês cortam aí. Que eu falei 2002.
P/1 – O SAP?
R – O SAP. Eu me lembro que o Nelson, eu vou começar lá atrás. Eu me lembro que o Nelson Findeiss me chamou e falou, o Nelson falou: "Eu tenho um desafio para você: como você sabe nós vamos ter que implantar o SAPR3 aqui no Brasil. E eu, discutindo com toda a Diretoria, cheguei à conclusão que você é a pessoa certa para fazer a implementação." porque, justamente, eu tinha um conhecimento muito vasto de todos os processos dentro da Tetra Pak. E a implementação dentro do SAP R3, que isso aí foi em maio de 2002. A implementação do SAP R3, a gente não estaria só implementando um novo software. Nós estaríamos redesenhando todos os processos dentro da Tetra Pak buscando o maior sinergismo possível entre as áreas. E também começar a trabalhar dentro de processos. Então nós começamos a trabalhar, eu lembro que na época o Roberto Raven, que era o sponsor do projeto falou: "Gaspa, vai em frente que eu vou te dar todo o suporte que for necessário." Aí começamos a escolher os 53 funcionários que iam trabalhar em paralelo, em uma outra dimensão. Porque o business Tetra Pak tinha que continuar, e nós tínhamos que com essa equipe de 53 pessoas pegar um software que tinha sido já implantado na Suíça, na Itália. Na Itália não. Eu vou cortar. Então nós tínhamos que adaptar um sistema global que já tinha sido implementado na Suíça e na Alemanha, e em alguns outros países da Europa, teria que trazer para dentro do Brasil e fazer a adaptação. Então como exemplo de adaptação o sistema SAP R3 que havia sido implantado como solução global na Suíça só tinha espaço para três tipos de impostos. Aqui no Brasil nós tínhamos nove. Então imagine o gap que tinha que nós deveríamos corrigir no sistema de programação e da parte de processos. E aí foi. Nós começamos trabalhar, eu fui o primeiro a entrar no projeto. Eu fiquei durante 17 meses trabalhando nesse projeto. Depois a outra parte do time começou trabalhar em outubro, novembro de 2002. E todos nós estávamos já sabendo que a data do go live, que é que é o go live? O dia que íamos desligar 25 softwares que tínhamos dentro da Tetra Pak, e ligar só o SAP R3. Essa data já estava marcada. Era seis de outubro de 2003 as oito horas da manhã. Então para a felicidade geral de todo o nosso grupo e também de toda a equipe da Tetra Pak, eu me lembro que no dia seis de outubro de 2003 nós as 10 horas da manhã já emitimos a primeira nota fiscal já no novo ambiente do SAP R3. Falando assim parece que o desafio não foi tão grande. Mas só que a gente tem que lembrar que existem empresas, não Tetra Pak, que às vezes ficam dez, quinze, um mês sem poder faturar uma nota fiscal. Devido a não ter feito a tarefa muito bem feita, na hora que vai fazer a recepção de mercadorias, o processamento, o faturamento, não consegue fazer a expedição.
P/2 – Deve ter sido um grande desafio.
R – Ah, foi. Mas fizemos muitas celebrações. A equipe foi muito boa. Nós tínhamos dentro da equipe pessoas maravilhosas. Eu não vou falar o nome delas porque com certeza eu vou esquecer. São 53. Mas nós pensávamos em tudo. Inclusive na parte fã. Porque dentro da Tetra Pak o core values da Tetra Pak também é a parte fã. É um comprometimento, visão de longo prazo, parceria, mas tem a parte fã. A gente comemorou bastante. Recebemos muitos estrangeiros. Para vocês terem uma idéia, na semana que ia ter o go live, na semana de seis de outubro de 2003, além da equipe de 53 pessoas da Tetra Pak, e também os funcionários da Tetra Pak do Brasil, nós tínhamos mais 60 pessoas da Europa, da Índia. Todos aqui. Por quê? O momento crucial é o go live. É o momento que você faz a prova do pudim, . Tirou da forma o pudim, se está bom ou não, se o cliente vai aceitar ou não. E no caso nós tivemos muito sucesso. E já no primeiro dia éramos para fazer testes de descarregar três caminhões, faturar duas notas fiscais. Já no primeiro dia a confiança era tanta da equipe que nós já faturamos 23 notas, recebemos muitos caminhões. Então foi muito legal. A equipe realmente foi consagrada e toda a equipe recebeu muitos parabéns. Por quê? Porque conseguiram implementar o SAP R3 e os processos em um país tão complexo como é o Brasil em termos de administração.
P/1 – Gasparotto, nesses seus anos de Tetra Pak, qual teria sido o período de maior crise vivido pela empresa, na sua opinião?
R – Na minha opinião a maior crise foi logo que eu entrei na Tetra Pak, a Tetra Pak tinha passado por uma crise muito grande. Por quê? Nós a Tetra Pak tinha contratado cerca de 30 funcionários porque estimava-se que ia vender muito e não vendeu, e aí teve que fazer uma demissão. É lógico que depois a Tetra Pak foi crescendo novamente, até readmitiu esses funcionários. Mas de lá para cá, depois, eu não me lembro assim de crises. Tivemos pontualmente alguns problemas. Mas principalmente de 1990 em diante houve um crescimento muito grande. Justamente, como eu estava falando para a Beth, época que mudou de presidente sueco para presidente brasileiro. Que na época o Nelson Findeiss assumiu. Porque o Nelson entendia o pensamento do empresário brasileiro e a economia brasileira.
P/1 – E conjuntamente com o presidente brasileiro, quais seriam os outros fatores na sua opinião que possibilitaram esse crescimento da Tetra Pak?
R – A forma que passou-se a fazer o business com os clientes. A equipe de vendas também foi muito visionária. Ampliou-se a equipe de vendas. Passamos a visitar cada laticínio que tinha um pouquinho de leite. Então foi bem massiva a penetração da Tetra Pak. E antes tinha uma equipe muito pequena.
P/1 – Quando você começou na Tetra Pak existia algum tipo de resistência do público consumidor aos produtos que eram comercializados na embalagem da Tetra Pak?
R – Ah sim, com certeza. Na época saiu uma invenção do mercado falando que a embalagem Tetra Pak, dentro o leite tinha formol, para poder preservá-lo. Porque na época, então imagina aí, mais ou menos 1980, 1985 aí, era inconcebível um leite durar seis meses, quatro meses. Então foi colocado, talvez pelos vendedores de saquinho de leite, foi colocado que dentro da embalagem tinha formol. Então por muitos e muitos anos a Tetra Pak foi brigando para mudar esse conceito errado que tinha na cabeça do consumidor. Então porque na realidade não existe conservante dentro do leite. O que existe é uma embalagem muito bem bolada, onde a embalagem ela é totalmente impenetrável quanto à luz, ar, e o leite ele é ultra pasteurizado. E quando entra dentro da embalagem acha um ambiente asséptico. E com isso você consegue uma vida mais longa para o leite. Eu vou refazer essa aqui. E justamente para criar, espera aí. Criou-se o conceito que para o leite ter sido conservado tinha adição de formol, coisa que não é. É uma embalagem Tetra Pak ela é, tem multi camadas, inclusive camada de alumínio que não penetra ar nem luz. Então, com isso, e mais o leite ser tratado antes de entrar dentro da embalagem, com isso a gente consegue ter uma vida longa do leite dentro da nossa embalagem.
P/1 – E falando em embalagem, Gasparotto, como foi a evolução da gama das embalagens oferecidas aos clientes pela Tetra Pak? Porque quando você entrou em idos da década de 80, era um número x que não devia ser tão grande como é hoje, . Fala um pouquinho disso para a gente.
R – Ah, sim. Quanto ao portfólio de produtos, eu me lembro que quando eu entrei na Tetra Pak nós tínhamos praticamente só a embalagem Tetra Brik. Que, inclusive, está até hoje no mercado. Porque, realmente, ela é uma embalagem muito interessante. Mas eu, durante esses 21 anos que eu estou trabalhando na empresa, eu pude acompanhar essa evolução. Eu me lembro que a embalagem foi evoluindo, nós pudemos lançar embalagens do tipo square. Depois formato Tetra Prisma, Tetra Wedge. Então a Tetra Pak ela sempre vai inovando. Por exemplo, na última Fispal, de junho de 2007 foi lançada a Tetra Gemina. Então essa embalagem também ela tem um apelo muito futurístico. E a Coca-cola vai estar lançando daqui uns dias. Então a Tetra Pak sempre inovou na parte de aberturas, tampa. Hoje nós temos uma tampa que chama stream cap que ela é muito interessante. Você, para o consumidor ele desrosqueia a tampa e como existe uma rosca esquerda interna com um furador, conforme você tira a tampa para fora, uma tampa externa, internamente tem um mecanismo que rompe o polietileno e o alumínio. Então é uma tampa muito interessante. A Tetra Pak sempre inova. Seja na embalagem como também no sistema de abertura. E também temos no Brasil a embalagem Flexicap. Que é uma formação de uma tampa muito barata que é formada dentro da máquina de envase.
P/1 – Que a principal utilização são em quais embalagens?
R – Para leite longa vida. A embalagem leite longa vida.
P/1 – Que é aquela que você levanta...
R – Isso.
P/1 – E você em alguma embalagem preferida, especial que você acha a mais interessante, que você goste mais?
R – A que eu mais gosto é a Tetra Prisma New Square, com tampa Stream Cap. Realmente essa embalagem é revolucionária.
P/2 – falando nas embalagens, a Tetra Pak ela faz alguma parceria com os clientes em campanha?
R – Sim. A Tetra Pak ela até uns três anos atrás tinha um moto que era: "Mais que a embalagem." E depois mudou para "Protege o que é bom." Por que "Mais que a embalagem"? Mais que a embalagem justamente porque a Tetra Pak dá todo o suporte para o cliente em todas as áreas. Desde a área de pensar no layout na fábrica, pensar em quais máquinas são as mais interessantes para o nosso cliente. Depois nós damos suporte na parte de marketing, o suporte para desenvolver o design da embalagem. A parte de merchandising, ajudar no supermercado. E então a Tetra Pak, na hora que vai lançar o produto, também é discutido uma verba para juntamente com o cliente poder fazer a promoção de um novo produto.
P/1 – E você falou um pouquinho sobre a evolução das embalagens. Eu queria que você falasse um pouquinho também da evolução dos produtos oferecidos por essas embalagens da Tetra Pak. Porque na sua época o carro-chefe com certeza era o leite. Ele era o principal. Hoje como é que é e como foi esse processo?
R – É, foi interessante porque na época, quando eu comecei na Tetra Pak em 1986, basicamente nós tínhamos embalagem para leite longa vida, embalagem para achocolatado, embalagem para óleo. E com essa nova visão, a partir de 1990, 1991, a gama de produtos, o leque de produtos foi aumentando. Aí nós passamos a envasar leite condensado, certo que leite condensado já existia antes. É que aí mudou-se o formato. A embalagem antes era de 250 mls, passou a ser 284 mls justamente para ser compatível com uma lata. Porque toda propaganda falava assim: "Ah, a dona de casa ia fazer um pudim de leite condensado, na receita vinha colocar uma lata de leite condensado, e duas latas de água", por exemplo, ou de leite. Então a medida era a lata. Então os clientes não iam para a caixinha justamente porque a dona de casa ela sabia fazer o pudim muito bem feito, mas desde que a base fosse uma lata. Ou os mls de dentro de uma lata. Então a Tetra Pakdesenvolveu um novo formato, que foi o 284, justamente para poder permitir a dona de casa não perder a referência, que tinha 284 mls dentro da embalagem, que é exatamente igual a uma lata. E na seqüência veio a parte de molho de tomate, depois maionese, vinho, chá. E mais recentemente foi lançada na embalagem Tetra Pak o Ades. Que é um produto a base de soja. Que começou uma família nova de produtos e que agora não tem consumidor que não tenha consumido algum produto a base de soja na embalagem Tetra-Pak. E mais recentemente a Nestlé entrou no ramo também de soja lançando o produto Solis na embalagem Tetra Prisma New Square, de um litro, com tampa Stream Cap.
P/1 – E da Tetra Recart, como que está o mercado brasileiro nesse sentido?
R – Ah, esse mercado é muito interessante. Porque sempre a Tetra Pak foi atacada pelos concorrentes falando que a gente não conseguia colocar pedaços dentro da embalagem. Em novembro de 2006 foi lançada a embalagem Tetra Recart, juntamente com a empresa Conexpress, a marca Quero, foi lançada a embalagem Tetra Recart. Com envase de ervilha, seleta de legumes, milho, molho de tomate em pedaços. E na esteira aí vai vir também feijão, grão-de-bico. É uma embalagem muito interessante. E o sistema de abertura dela também é muito fácil de abrir.
P/1 – Como é esse sistema?
R – Esse sistema quando está fazendo a produção da embalagem dentro da Tetra Pak, que atualmente está sendo produzido em Romon, na Suíça. Ele faz um picote a laser durante o processo de fabricação. E esse picote a laser depois, quando há o envase, a embalagem ela é selada, ela é autoclavada. E durante todo esse processo de aquecimento da embalagem, na região que tem esse serrilhado a laser, ela fica fácil de ser aberta.
P/1 – Sem necessidade de grandes utensílios.
R – Não, não precisa tesoura. Ela é muito fácil. Você puxa e abre como se fosse um zíper.
P/1 – E, Gasparotto, eu queria também agora te perguntar com relação à questão ambiental. Que hoje a embalagem da Tetra Pak ela é 100% reciclável, .
R – Sim.
P/1 – Totalmente reciclável.
R – Totalmente.
P/1 – E existe uma preocupação muito grande da empresa com relação à isto também. Eu queria que você falasse sobre isso, sobre a questão da embalagem, e também sobre as ações que a Tetra Pak tem com a questão ambiental tanto dentro da fábrica, quanto externamente.
R – Eu me lembro também que a Tetra Pak ela sempre se preocupou com o meio ambiente. Então, hoje em dia, eu posso falar para você que nós estamos reciclando quase 30% de todas as embalagens que nós estamos comercializando. No passado foi difícil. Porque nós não tínhamos foco, não tínhamos uma área de meio-ambiente. Então a Tetra Pak preocupada com isso passou a exigir que todas as Tetra Paks do mundo tivesse uma área de meio-ambiente. E nós tivemos a felicidade de aqui no Brasil termos contratado o Fernando Von Zuben, que é o nosso diretor de Meio-Ambiente. E, realmente ele foi um pioneiro em muitas áreas dentro do Brasil para motivar o consumidor a fazer reciclagem também na embalagem longa vida. Porque no passado a embalagem longa vida ela ia direto para o lixo. Hoje em dia não, a dona de casa tem recebido muitas informações justamente por ações da área de Meio-Ambiente, e com isso convence a dona de casa que assim como outros tipos de embalagem a embalagem da Tetra Pak ela é reciclável. E dentro dessa área de Meio-Ambiente da Tetra Pak do Brasil, a equipe do Fernando Von Zuben, foi a pioneira no mundo a conseguir reciclar totalmente a embalagem. Com a criação do forno de plasma. Que foi uma parceria entre a Tetra Pak, a Alcoa, e a Klabin. E mais uma empresa, chama TSL. Lá na Klabin nós temos, em Piracicaba, nós temos um forno de plasma onde, depois que recicla parte da embalagem sobra o polietileno junto com o alumínio. O polietileno junto com o alumínio é colocado dentro desse forno de plasma, e dentro desse forno tem uma temperatura altíssima. E faz evaporar parte do polietileno. Uma parte do polietileno vira parafina e o alumínio volta a ser alumínio novamente, no seu estado em barras, tá? Com pureza de 99%. E esse alumínio é comercializado, por exemplo, para a Alcoa.
P/2 – E só uma perguntinha em relação a isso: como que esse material chega em Piracicaba no forno de plasma?
R – Ah, sim. Uma das idéias que a Tetra Pak desenvolveu junto aos coletores, porque o catador de papel, os ferro velhos, eles não davam valor nenhum para a embalagem Tetra Pak. Então a Tetra Pak começou a fazer parcerias com cooperativas. Incentivar as cooperativas a receber também embalagem longa vida. E na hora de fazer a coleta seletiva dentro da cooperativa, então eles separavam: plástico, alumínio, ferro e embalagem da Tetra Pak. Essa embalagem Tetra Pak, a Tetra Pak passou a fornecer prensas hidráulicas para fazer o enfardamento. E esse enfardamento, depois de pronto, os fardos são vendidos para a Klabin e para mais dez outros recicladores. Então nós temos uma, a gente incentiva as cooperativas a coletarem as embalagens longa vida, e eles têm a opção de vender para esses, atualmente são 11 transformadores, digamos assim. Recicladores propriamente dito. Sem falar que toda perda industrial dentro da Tetra Pak ela também, ela é encaminhada para os recicladores.
P/2 – Dado para os recicladores.
R – Sim, já vai direto.
P/1 – E paralelamente a essa questão da reciclagem, existem outras ações como consumo consciente, junto aos funcionários da fábrica mesmo na área de Produção, que vise essa questão ambiental?
R – Ah, sim. Dentro da Tetra Pak sempre é incentivado a, a, a gente seguirmos a ISO 14001. Então dentro da política de ISO 14001, nós estamos sempre voltados. Qualquer atitude que nós vamos ter sempre nós pensamos também no meio-ambiente. A Tetra Pak ela transpira iniciativas para pensar no meio-ambiente. Porque o meio-ambiente é sustentável somente se nós cidadãos aqui do mundo contribuirmos também para que ele continue sendo sustentável. Porque a ação do homem se não for muito bem controlada por todos nós vai fazer com que o planeta, realmente, sofra muito.
P/1 – E com relação às ações sociais, Gasparotto, com relação a, a Tetra Pak participa de, ela ajuda a comunidade da onde ela faz, aonde a fábrica está inserida? Tem programas nesse sentido?
R – Sim. A Tetra Pak, ela é muito preocupada com o meio-ambiente e também com a parte social. Eu me lembro que recentemente nós fizemos uma reconstrução da praça que fica perto da Tetra Pak em Monte Mor. E todo ano tem ações de funcionários, incentivados pela própria Tetra-Pak, fazer reformas em creche, reforma em orfanato. A Tetra Pak, no caso de Monte Mor contribui muito com o asilo dos velhos de Monte Mor. Então é muito interessante.
P/1 – Aí pegando o gancho da questão da sua evolução, sua trajetória dentro da empresa. A gente parou, recapitulando um pouquinho. Na década de 90 o desenvolvimento das áreas de Administração de Vendas, Logística. Depois disso já pulou, você ficou nessa área, já veio a questão do SAP?
R – Isso. Em 2003, no final de 2003 acabou o projeto e aí o Nelson Findeiss chegou para mim e falou: "Gasparotto, acabou o projeto, eu queria convidar você assumir a Diretoria de Supply Chain. Então veio coroar todo o conhecimento que eu fui acumulando desde 1968. Como eu sempre trabalhei desde o chão de fábrica, então tinha uma visão muito ampla. E então a partir de janeiro de 2004 eu assumi essa Diretoria de Supply Chain, onde englobava na época a parte de Administração de Vendas, ou seja, recebimento dos pedidos, a parte de Planejamento, onde você planeja a fábrica. E toda a parte de Compras, compras de matérias-primas, de materiais indiretos, importações. Dentro da parte de Administração de Vendas eu tinha também a parte de Exportação. Tinha a parte de Logística Interna, que são empilhadeiras, . Depois tinha a parte de Armazéns. E tudo isso tanto para Monte Mor como para Ponta Grossa [SP]. Porque eu esqueci de falar para vocês, em 1999 a Tetra Pak inaugurou a fábrica de Ponta Grossa. E então, agora voltando para 2004 aí, dentro da área de Supply Chain, o planejamento era, todas essas atividades que eu falei: planejamento, administração de vendas, logística, parte de transporte, era também para Ponta Grossa.
P/1 – E com relação à Ponta Grossa: por que a construção de uma nova fábrica e não a ampliação da de Monte Mor? Não havia mais capacidade de ampliação?
R – Sim, Monte Mor estava totalmente tomada, não tinha espaço. E aí foi pensado: vamos fazer uma fábrica perto de onde fabrica a principal matéria-prima, que é o papel. Então você vê, Ponta Grossa está mais ou menos a 40 quilômetros, 50 quilômetros de Telêmaco Borba, onde tem a fábrica da Klabin. E também tem um desvio ferroviário, então você trás o papel por trem, com custo mais baixo. Temos também polietileno em Araucária. O polietileno chega até Araucária de trem também, depois é colocado no caminhão silo que trás até Ponta Grossa. Então por isso.
P/1 – E a produção de Monte Mor e a produção de Ponta Grossa, ambas as fábricas produzem os mesmos tipos de embalagem ou existem especificidades?
R – Não, existem. Nós temos lá em Ponta Grossa a fabricação de embalagem longa vida para um litro, para 200 slim, para 284 mls, também. E os demais tamanhos aqui em Monte Mor, em São Paulo.
P/1 – E nesses seus 21 anos de Tetra Pak, teve alguma história, algum caso engraçado, alguma situação pitoresca que você tenha vivenciado ou que você tenha observado, Gasparotto?
R – Tenho bastante casos aí, assim, mas para pinçar um é difícil. A gente corta agora mas daqui a pouco eu lembro a gente...
P/1 – Quando você lembrar você fala.
R – Tá bom.
P/2 – Só aproveitando, deixa eu perguntar uma coisa...
R – Eu tenho, o último cargo eu não falei nada ainda também, tá?
P/2 – Ah, tá.
R – Tá bom, porque esse foi o...
P/1 – Então conta...
R – ...maior desafio foi esse. Porque nem, de todos os desafios esse que eu estou passando agora foi o maior de todos. Então também temos que...
P/1 – Então, de 2004...
R – Talvez você possa perguntar: "Gasparotto, assim, você teve um monte de desafio. Mas qual é o desafio maior que você enfrentou?" Alguma coisa, que aí eu vou falar sobre o convite que eu recebi dia 24 de agosto do ano passado, que foi assumir a Diretoria Técnica. Que é nada a ver com a área técnica. Porque sempre foi na embalagem, entendeu?
P/1 – Então, só para engatilhar a sua trajetória, . 2004, Diretoria de...
R – Supply Chain.
P/1 – ...Supply Chain. Que é que cuidava de todas essas áreas que você colocou para a gente.
R – Exato. E aí em, dia 24 de agosto de 2006, de novo o Nelson Findeiss, me chamou em São Paulo - eu falo em São Paulo porque eu fico em Monte Mor, . E lá ele fez o convite. Ele falou: "Olha, Gasparotto, a área Técnica está passando por uns momentos aí, que eu com certeza posso colocar você lá. E você vai administrar." Então aí surgiu o convite.
P/1 – Ah certo. Que foi em 2006 agora?
R – É, recente. 24 de agosto.
P/1 – Aí também, só que de uma área que não técnica para o seu histórico tem uma diferença grande, .
R – Sim, uma diferença total. Que aí eu vou contar para você.
P/1 – E aí eu queria saber como foi esse desafio? Como foi que você se deparou com essa realidade e conseguiu trabalhar com ela?
R – Você vai, sugestão: acho que pegou aí, não pegou a pergunta inicial.
P/1 – Bom, então vamos: e qual foi o seu maior desafio nesses 21 anos de Tetra-Pak?
R – Olha, eu passei por muitos desafios dentro da Tetra Pak. Mesmo esse aí do SAP R3 foi muito grande. Mas eu não esperava que fosse lançado para mim mais um desafio. Eu posso me lembrar que em 24 de agosto de 2006 o Nelson Findeiss novamente me chamou e falou: Gasparotto, nós estamos com a área Técnica passando por uns momentos lá complicados. Não consegue se estruturar. E eu gostaria de convidar você a assumir a Diretoria Técnica de Serviços da Tetra-Pak." E eu, de imediato, assumi a esse papel. Falei: "Pode deixar comigo." E comecei a trabalhar com a equipe da área Técnica. E passamos a revisitar cada subárea dentro da área técnica. E começamos fazendo a reestruturação do organograma. Depois começamos a colocar o pessoal mais à vontade para colaborar com a área. Também lançamos um desafio conjunto com os líderes de implantarmos o WCM - World Class Management. Por que desafio? Porque nenhuma Tetra Pakdo mundo, dentro da área Técnica, tem WCM. Então eu me lembro que nós fizemos um alinhamento com todos os líderes em Brotas. Fomos fazer um rafting. E durante, depois do rafting nós fomos fazer devolutiva técnica, onde nós nos juntamos em uma sala muito grande lá em uma pousada em Brotas. E falamos: "Pessoal, que é que vocês acham da gente ir em frente com
o WCM na área Técnica? Nós seriamos os pioneiros dentro da Tetra Pakna área Técnica em termos do WCM." e, de imediato, todos os líderes que estavam ali, da área Técnica, aceitaram o desafio. E estamos caminhando muito bem. Então nós temos o nosso gerenciador do WCM, que é o Aluísio Grillo, que está indo muito bem. Todos os líderes da nossa área entenderam a necessidade e a facilidade que é trabalhar dentro de processos pré-definidos utilizando a metodologia do WCM. Então esse desafio que foi lançado dia 24 de agosto de 2006, eu diria para você, que está indo muito bem. E que o ano de 2008 vai ser a consolidação total dessa nova área, com uma nova visão. Inclusive ontem
começou uma nova campanha. Porque tem o Produção Lugar de Craques, começou uma nova campanha onde o Doutor Bactéria, do Fantástico, talvez seja conhecido de todos, ele vai ser o nosso garoto propaganda dessa nova campanha. Começou ontem em Goiânia. Nós vamos visitar as oito regionais e em cada regional nós estamos convidando os principais líderes de dentro das fábricas dos nossos clientes. E ele faz uma palestra de mais ou menos uma hora e meia, falando de tudo que é, de todos os riscos de contaminação. Onde tem contaminação. E muito hilariante a palestra dele. Porque ele comenta que em uma maçaneta de banheiro tem mais bactérias do que dentro de um vaso sanitário. E ele dá muitos exemplos. É muito hilária a palestra dele mas muito séria também. Porque aborda uma preocupação com a saúde das pessoas. Principalmente, aí que vem o link com a embalagem Tetra Pak. Então se você tem uma preocupação com a saúde sua e dos seus filhos, não vá consumir um produto que está em uma embalagem que não é boa. Venha consumir embalagens que estão dentro da embalagem da Tetra Pak. Porque a Tetra Pak protege o que é bom. E no final dessa palestra, o fundo mesmo é a campanha que a Tetra Pak está lançando que é: nós estamos lançando cinco cartilhas. Em cada uma das cartilhas tem boas práticas que os operadores das máquinas de envase nos clientes tem que tomar. Porque o operador de máquina ele que está em contato com a máquina de envase. Ele que está fazendo a qualidade do envase. Então através dessas cartilhas, que tem um personagem que chama Beto, então o Beto vai contando o que é que o operador não pode esquecer de fazer no seu dia-a-dia para que cada vez mais a máquina envase seguramente. Ele opere a máquina seguramente também. Então é um projeto que vai durar até o meio do ano que vem. E esse projeto é muito interessante porque vai forçar as equipes a trabalharem juntas nos clientes. Vai ter que ter algumas tarefas. Essas tarefas, conforme eles vão cumprindo eles vão ganhando brindes da Tetra Pak. A área de manutenção também ganha brindes, do nosso cliente. A área de Manutenção do nosso cliente ganha brinde também. Então é uma forma, digamos, lúdica, da Tetra Pak transmitir para os operadores das máquinas de envase assuntos muito sérios. E você engaja o operador para cada vez mais caprichar no envase. E tem também algumas tarefas, por exemplo, tirar uma foto da sua equipe junto com o gerente da fábrica. Então é uma forma de alertar todo mundo dentro da empresa, desde o RH até os operadores propriamente dito, a cada vez mais ter ciência de como que eles têm que fazer para cada vez melhor operar a máquina de envase.
P/1 – E, pegando esse gancho: quais são os valores da Tetra Pak, Gasparotto? Na sua opinião também.
R – Olha, eu que estou há muito tempo na Tetra Pak eu sou suspeito em dizer. Porque realmente depois de ter trabalhado três anos na Vigorelli, uma empresa familiar, mas que não tinha uma identidade. Depois mais três anos na Cica, também, três mil funcionários, não tinha uma identidade. 13 anos na Duratex, ali eu conseguia ver alguns valores. Mas não era transmitido tão bem como é na Tetra Pak. Então dentro da Tetra Pak a gente tem uma liberdade muito grande de trabalho. Lógico, uma liberdade com responsabilidade. Existe também um incentivo para que a gente cada vez mais estude, estude línguas. Você tem liberdade total de falar com todos os níveis, desde o presidente até os seus pares, com uma liberdade total. Todo ano a Tetra Pakdesenvolve programas para que tenha a pesquisa de satisfação dos funcionários. Porque tem também a pesquisa de satisfação dos clientes, mas a Tetra Pakacredita que você não pode fazer a satisfação dos clientes se você não trabalhar com uma equipe satisfeita também. Então agora no início de outubro vai ter novamente a pesquisa de satisfação dos funcionários. Onde cada funcionário, anonimamente, pode escrever o que é que ele acha da Tetra Pak, o que não está bom, o que está bom. Então como já falei em um pedaço do nosso bate-papo, tem a parte fã. Então, dentro dos core values da Tetra Pak tem que nós temos que ter liberdade com responsabilidade, temos que sempre ter parceria longa com funcionários, fornecedores e clientes. Temos que sempre preservar o máximo possível o ambiente, para que ele sempre continue sendo sustentável. E não pode esquecer da parte fã. Que a parte fã vem a parte que comemorar todos os objetivos que são atingidos. Então eu e a minha equipe não deixamos de comemorar sempre que a gente atinge objetivo. E objetivo ele tem que ser sempre desafiador. E ano a ano a gente passa sempre a desafiar cada vez mais a nossa equipe. Porque tudo vai ter um limite. Mas como a gente nunca chega no limite ele, nós nunca estamos limitados, cada vez mais evoluir como pessoa e também evoluir os processos. E com isso cada vez mais nós vamos estar satisfazendo todos os nossos clientes.
P/1 – E qual a importância da Tetra Pak na indústria brasileira?
R – Eu diria o seguinte: que se você analisar qual foi o papel da embalagem longa-vida, ela veio para o Brasil já há 50 anos. Mas justamente ao redor de 1985 em diante, principalmente depois dos anos 90 ela começou a conseguir um espaço, conquistar um espaço maior. Que aconteceu? A embalagem em lata, que tinha seus preços que nunca parava de crescer, começaram a ficar muito distante da embalagem Tetra Pak. A Tetra Pakela veio como solução para envasar diversos tipos de produtos. E foi roubando espaço de garrafa, de lata, de lata de alumínio. Então sem falar da parte prática que a embalagem é, da parte que ela resolveu a distribuição do leite em outros países e aqui também no Brasil, ela serviu também de um freio para que as multinacionais que exploravam cada vez mais os preços, por exemplo, da lata passassem a frear. Então no passado aí uma embalagem de tomate Tetra Pak e uma embalagem da lata tinha um diferencial muito grande. E a indústria da lata entendeu que ela tinha que ir reduzindo cada vez mais seu preço para se tornar novamente competitiva para a embalagem Tetra Pak. Então a Tetra Pak contribuiu muito com a distribuição de alimento aqui no Brasil também, mas também teve esse lado que colocou um basta nos preços abusivos das embalagens concorrentes.
P/1 – E qual seria o diferencial da embalagem da Tetra Pak, Gasparotto?
R – Bom, o diferencial principalmente ela é uma embalagem que agora todo mundo confia nela. Ela tem um empilhamento fácil. Enquanto, por exemplo, outros tipos de embalagem ocupam espaços maiores dentro de um caminhão, por exemplo, a nossa embalagem ela é modularmente compacta. Você transporta mais produtos dentro de um caminhão. E na parte de distribuição de leite não precisa refrigeração. Então se você analisar toda a cadeia, pensando em meio-ambiente, nossa embalagem é totalmente ambientalmente correta.
P/1 – E você citou lá atrás que teve aquela, aquele boato que os consumidores acharam que tinha formol na embalagem. Hoje qual é a imagem que o consumidor tem de um produto comercializado em uma embalagem da Tetra Pak?
R – Eu posso falar para você que esse ano nós vamos comercializar, ou melhor, os nossos clientes vão envasar seis bilhões de embalagem de leite longa vida. E nós vamos vender muito leite achocolatado, muito produto a base de soja. Hoje em dia o consumidor não tem dúvida de que a nossa embalagem é a melhor solução em termos de praticidade, em termos de conservação. E também em termos de ser versátil. Que você pode consumir na rua, ou em casa. É a embalagem que resolveu muitos problemas que as donas de casa têm. E, cada vez mais, a dona de casa está trabalhando. Então ela procura praticidade. Então, imagina, uma dona de casa que também trabalha, a hora que ela chega a noite em casa ela tem o que ela quiser dentro da embalagem Tetra Pak. Prática e com a confiabilidade que a marca Tetra Pak passa.
P/1 – E nesses 50 anos de Brasil, o que é que você conhece dessa história da Tetra Pak?
R – Bom, eu como fui já consumidor de Tetra Pak quando era criança, eu até hoje me lembro que a minha mãe, de vez em quando, comprava uma embalagem da Paulista chamada Glut, que era um leite achocolatado. Foi um dos primeiros achocolatados em embalagem tetraédrica. Então se eu fizer um paralelo, a embalagem que me vem na cabeça quando era criança é a embalagem do Glut. E uma embalagem super moderna é a embalagem tetra prisma aseptic new square com a tampa stream cap.
P/1 – Então são os seus dois marcos de embalagem...
R – Sim.
P/2 – Quando a Tetra Pak Monte Mor foi construída você ainda não estava lá.
R – É, isso foi em 1978.
P/2 – Você sabe por que é que foi escolhido Monte Mor? Porque você falou da escolha de Ponta Grossa. Por que é que foi em Ponta Grossa, por causa da Klabin. E em Monte Mor, você ouviu alguma coisa?
R – Eu já, a fábrica de Monte Mor foi inaugurada em outubro de 1978. E o local foi escolhido, dizem que foi porque tinha um sueco que morava aqui no Brasil e ele, porque ele trabalhava já na Tetra Pak na parte comercial, tal. Foi um dos presidentes da Tetra Pak. Ele tinha uma chácara perto de Monte Mor. E perto de Monte Mor tem o Aeroporto de Viracopos, tem rodovias, a Anhanguera na época. Então a decisão foi essa. E o fornecedor de papel, na época, não era a Klabin ainda. Era a Fabricadora de Papel Klabin, mas ficava no Jaguaré em São Paulo. Depois que veio a fábrica em Telêmaco Borba.
P/1 – Só para pontuar a questão da estruturação da Tetra Pak no Brasil: tem a fábrica de Monte Mor, a fábrica de Ponta Grossa e o que mais?
R – Atualmente nós temos mais oito regionais. Em cada regional nós temos uma equipe de vendas e uma equipe técnica. Então, por exemplo, nós temos em Porto Alegre [RS], Curitiba [PR], São Paulo [SP], Goiânia [GO], Ribeirão Preto [SP], Recife [PE], Paraguai. Então se você ver geograficamente está bem distribuído. Além do escritório em São Paulo.
P/1 – O Paraguai é considerado uma regional brasileira?
R – É, é considerado. Então assim como, por exemplo, o Uruguai pertence à Tetra Pak da Argentina.
P/2 – E por que Paraguai a operação ser assim? Só para a gente entender.
R – Não, porque geograficamente é como se fosse um pedaço do Brasil, que está bem próximo aí.
P/1 – Foi uma questão logística mesmo?
R – Uma questão logística. Anteriormente não existia o escritório da Tetra Pakno Paraguai, considerado uma regional. Então hoje nós temos uma regional do Brasil que fica dentro do Paraguai, Assunción.
P/1 – E, Gasparotto, qual a importância do Projeto Memória 50 Anos da Tetra Pak, na sua opinião?
R – Olha, na minha opinião o trabalho que a Tetra Pakestá fazendo junto a resgatar a história da Tetra Pak é muito importante. Porque através desse projeto nós vamos conseguir registrar para sempre o que é que foi uma Tetra Pak no passado, o que está sendo no presente. E pode ser no futuro. As visões que todos os entrevistados vão dar seus depoimentos aqui. E também a gente consegue na linha do tempo ir colocando tudo que foi acontecendo. Então isso é muito interessante.
P/2 – E, Gasparotto, nós estamos chegando ao final do depoimento, tem alguma coisa que nós não falamos, que a gente não te perguntou que você acha importante estar colocando nesses seus anos de Tetra Pak?
R – Olha, eu diria primeiro no lado familiar. Como eu sempre morei em Jundiaí trabalhei em Monte Mor, eu trabalhei muito em Monte Mor. E então, de certa forma, eu ficava ausente na família. Então saía muito cedo e voltava muito tarde, mas vivia intensamente com minha esposa e os filhos principalmente nos finais de semana. E, graças a Deus, e a
ngela conseguimos passar todos os valores nossos para os dois filhos, que agora já estão praticamente com as vidas profissionais definidas aí. A esposa ela sempre me apoiou, minha esposa maravilhosa, foi professora durante 25 anos. Inclusive com, ela dava aula em uma escola que os filhos estudavam, então contribuiu na parte de não ter que gastar dinheiro com a formação deles. E era uma escola muito boa. Então na parte familiar a gente está muito bem realizado. Na Tetra Pak eu diria que é apaixonante trabalhar nessa empresa. Desde o início, desde o primeiro contato, as primeiras entrevistas. Eu me sinto assim em uma família muito grande, a Tetra Pak. Ela tem passado por diversas mudanças. Nada é imutável, assim como a Tetra Pak. E ela foi se adaptando a todas as ondas que chegaram no mercado e ela se tornou e continuou líder. Então eu acredito que a Tetra Pak vai continuar por muito tempo liderando o mercado brasileiro de embalagem.
P/1 – E como você mesmo salientou, o atuou lema da Tetra Pak é: "Protege o que é bom", o slogan. E o que é bom para você, Gasparotto?
R – Bom, eu diria que é bom para mim eu ter passado por diversas fases dentro da Tetra Pak, não ter descuidado em me atualizar. Então se a gente fizer um paralelo aí, como eu falei durante o nosso bate-papo, eu sempre fui aficionado pela parte de computador. Então eu pude acompanhar desde o cartão de computador com furo redondo da Univac, até o melhor software que existe no mercado atualmente, que é o SAPR3. Eu fui sempre me adaptando, e corrigindo a minha rota em função das novidades que iam acontecendo no desencadear da minha vida profissional. E, muito interessante, quando eu fui assumir o último desafio aí em 24 de agosto, eu tive que me colocar na frente de mais ou menos uns 150 funcionários da área Técnica. E responder para eles como é que eu iria administrar uma área que eu nunca tinha tido contato com eles. Tinha contato assim
no dia-a-dia, mas contato com máquina de envase eu não tinha. Então foi interessante que eu pude usando os meus treinamentos de Senai quando eu fiz Tornearia Mecânica, Metrologia, Desenho Técnico, Desenho Mecânico, então eu falei para eles o seguinte: "Pessoal, vocês me conhecem já há 20 anos aqui na Tetra Pak. Sempre trabalhando na área de Embalagens. E agora eu estou aqui junto para trabalhar com vocês nessa nova área aqui para mim. Mas tenho certeza que dentro das minhas veias tem um pouco de aço também." Porque eu contei para eles que eu fui torneiro mecânico. Então apesar que as máquinas hoje em dia são muito sofisticadas, eletronicamente sofisticadas, por eu ter trabalhado na Metalúrgica Vigorelli, de certa forma tem certos conceitos que estão dentro da memória da gente que, com certeza, eu pude usá-los agora. E discutir com os engenheiros que a gente vai se deparando nos clientes ou mesmo dentro da Tetra Pak em um nível de discussão muito legal. Então você fica muito à vontade inclusive de sugerir coisas. Onde, coisas simples que às vezes um engenheiro está vendo sob um prisma e você vem com conhecimento técnico, da época que eu trabalhei que estudei no Senai. E com todo o conhecimento administrativo que eu adquiri durante esses 38 anos de trabalho. Então você pode, com propriedade, sugerir onde que pode ser melhorado o processo do trabalho. Eu acredito que com a implantação, por exemplo, do WCM dentro da área Técnica a Tetra Pak na área Técnica vai dar um salto muito grande. Coisa que ela estava meio sem rumo, e agora todos alinhados, todos os líderes, todos os funcionários, nós temos um rumo e uma forma de trabalhar.
P/1 – Para finalizar, Gasparotto, eu queria que você dissesse o que achou de ter dado o seu depoimento para o projeto?
R – Olha, eu estou, fiquei muito à vontade com Tiago?
P/1 – Rodrigo.
R – Desculpa. Eu fiquei muito à vontade com o Rodrigo, Andrezinho e a Beth. Isso aí fez com que fluísse da forma como eu sou tudo o que eu queria contar para vocês. Essa forma de registrar a vida da Tetra Pak através dos funcionários é uma approach muito interessante e eu me senti muito honrado de ter sido um dos convidados. Eu agradeço.
P/2 – Você quer deixar algum para a Tetra Pak? Ou alguma coisa?
R – Eu tenho que também achar um causo, para contar o causo aí...
P/1 – Ah, é.
R – Mas, bom, eu como funcionário da Tetra Pak histórico, agora participando até do museu, apesar da honra, eu gostaria de falar que a Tetra Pakd everia até ter cuidado de ter feito esse acompanhamento em termos de história ao longo do tempo. E não ter deixado tão tardiamente, depois de 50 anos. A gente vê o quão importante é a gente ir registrando a nossa vida. Porque a vida das pessoas estão nas memórias das pessoas, mas através da mídia você vai deixando a história de uma empresa. E agora nós estamos tendo que resgatar. Então Tetra Pak, mesmo que tardiamente, nós estamos escrevendo a história da Tetra Pak. E eu tenho muito orgulho de ter sido parte dessa história dessa empresa maravilhosa. Muito obrigado.
P/1 – E a história? O causo seu?
R – O causo? Deixa eu ver aí um que...
P/1 – É que 21 anos deve ter tanta história que para lembrar de um específico nessas horas é difícil...
R – Tem histórias hilárias, . Estou tentando ver algum...Poxa vida, como é difícil achar uma, agora assim na...
P/1 – Não é fácil.
R – ..tendo um tiro na cara assim. Mas seria assim uma história hilária ou que é que seria assim? História...
P/1 – Pode ser engraçado, ou que tenha te marcado de alguma forma. Ou que tenha te emocionado por conta de alguma coisa...
P/2 – Assim, um exemplo, de uma pessoa que contou uma história foi que uma vez um guarda da Tetra Pak que ficava na portaria ele barrou o presidente porque ele não conhecia. E o presidente não conseguia entrar na Tetra Pak (RISO) porque ele falou: "Não te conheço." É uma história.
R – É, eu conheço essa história mas a história é...
P/2 – É mais longa.
R – É mais longa.
P/2 – Eu que resumi.
R – Não é só isso não. Deixa eu ver... Bom, em termos de uma história, eu tenho uma história que eu me lembro que tem um funcionário excelente, o Izidoro Elias. Eu me lembro que lá em 1988, 1989, o armazém de produto acabado estava meio desarrumado. E estava uma tarde gostosa de sol. E ele resolveu arrumar o armazém. Então ele tirou todos os pallets com todas as embalagens de dentro do armazém e depois ia colocá-los, . Ele liderando os empilhadeiristas, ia colocar os pallets novamente bem arrumadinho, separado por ordem de produção, por cliente, por produto, tal. Só que a hora que ele acabou de tirar o último pallet, fechar, as nuvens começaram fechar e começou chover. Então o desespero que deu quando o Isidoro cada vez mais ia chamar mais empilhadeiristas falando: "Gente, venham aqui. Vamos colocar o quanto antes as embalagens para dentro!" Porque não pode molhar embalagem, . E o desespero foi tão grande e inclusive por alguns meses o apelido dele era Chuvisco.
P/2 – E hoje ele está em Ponta Grossa, não é?
R – Ele vai fazer também?
P/2 – Vai.
R – Vai.
P/1 – Vai.
R – Ele não vai lembrar dessa. Se ele for contar, fala: "Não, essa aí já contaram."
P/1 – Gasparotto já contou. Então Gasparotto, em nome do Museu da Pessoa e da Tetra Pak nós agradecemos a sua presença e o seu depoimento.
R – Ah, para mim, novamente, eu gostaria de agradecer vocês, agradecer à Tetra Pak essa oportunidade. E, realmente, é uma grande satisfação trabalhar nessa empresa maravilhosa.
P/1 – Muito obrigado.
P/2 – Obrigada, Gasparotto.
R – Obrigado.Recolher