Vou relatar alguns fatos que eu gosto de lembrar, não vou reviver os tristes ou desagradáveis (não tem nenhum traumático), mas já esqueci. Passei toda a minha infância em três lugares, dois bairros do Rio: Cascadura e Penha, ambos subúrbios da Cidade...Continuar leitura
Vou
relatar
alguns
fatos que eu
gosto
de
lembrar, não
vou reviver
os
tristes
ou
desagradáveis (não
tem
nenhum
traumático), mas
já
esqueci. Passei
toda
a
minha
infância
em três lugares, dois bairros
do
Rio:
Cascadura
e
Penha, ambos
subúrbios
da
Cidade
e
outro
na
época
o Rio
era
Estado
da
Guanabara, o
3º
era no
Estado
do
Rio
de Janeiro Município
de
Nova
Iguaçu (antes
da
Fusão
os
Militares extinguiram o Estado da
Guanabara).
Cascadura,
local
onde
nasci
era
uma
Vila com
casas
grandes,
mas
muita
antiga, mal conservadas, por
fora
todas
as
casas
eram pintadas de cinza
escuro, pertencia
a
um
parente
distante
do
meu
avó-materno
que
era
português, mas
ele era
pobre,
era
condutor
de
bonde
na
época
em que
a
Light
era estatal (esta
Vila
foi
demolida). Na
Penha
moravam
os
parentes do
meu
pai, em sua
grande
maioria
negros,
são
baianos
miscigenados
com
índios
e
brancos.
Em
Nova
Iguaçu
era
a
casa
da
minha
tia
materna.
Na
Penha
nós
frequentávamos
o
parque
Shangai, eu
adorava
andar
no Trem Fantasma e Roda
Gigante (a
noite
ficava
com medo
de dormi, corria
para o
quarto
da
minha mãe).
O parque de diversões mais antigo do Brasil continua soberano na Zona Norte, em toda sua existência, manteve-se incólume aos acidente. No
mês
de
outubro
toda
a
família
vinha
para
a Festa
da Penha, uma
das
mais
tradicionais
do
subúrbio
Carioca em
homenagem
a
Nossa
Senhora
da
Penha,
a Igreja é
linda. Independente
da
data
festiva era
muito
comum
fazer
piquenique
nos
arredores
da
Igreja da
Penha. Era
ótimo. Na
casa
da
minha
tia em
Nova
Iguaçu era
enorme tinha quintal
com
várias
árvores
frutíferas, pé
de
goiaba,
abil, manga, jabuticaba
etc..
Havia
um
balanço
entre
duas arvores
gigantescas . Eu
adorava me
balançar, me lembro, ás
18:00h
ouvia
a Ave
Maria
no
rádio. Me
lembro
daquele
cheiro de
farinha
torrada, porque a
minha
tinha
só
gostava
de comprar
aquela
farinha. Colocava
o
feijão
a
farinha depois
que
colocava
o
restante
da
comida. Lembro-me
disso como
se
fosse
hoje. Na
casa
havia
uma
varanda
enorme
e
era
quadrada,
brincávamos de
04
cantos
quem
não conseguia
se
encaixar
nos cantos, estaria
sempre
sobrando.
Geralmente
íamos
nas
férias
escolares. Meu
tio
tinha
um Jipe, nos
levava
para
a
Praia
do Recreio, de Grumarim, faziamos
farofada, levamos
tudo
frango,
farofa, fazíamos
piquenique
na
praia. No dia a dia
da rotina
da
casa
entre
escola e
casa, brincávamos
muito
na
rua de
pular
amarelinha
fazíamos
na
rua riscando
com
graveto
ou
giz
o
riscado no
chão, tínhamos
que
pular
de
uma
perna
só. Eu
sempre
gostei de
brincar
com
meninos,
jogava
bola
de
gude, pião (que era
feito
de
madeira
com
uma
ponta
de
prego para
fora) na
realidade
super
perigoso
se errássemos
o
alvo, poderia
nos
ferir
seriamente
nos
pés,
mas
graças
a
Deus
comigo
isto
nunca
aconteceu.
Em
casa
naquela
época
não
havia
televisão
tínhamos
o
hábito
de
ouvir
rádio (a família
nuclear
era
composta de seis pessoas
dois
adultos
e
quatro crianças, éramos dois
casais duas
meninos
e dois meninos). Meus
irmãos
tinham
o
hábito
de
ouvir
no Rádio
o Seriado
do
Anjo, que
era
um
seriado
policial. Eu
e minha
irmã
gostávamos
de ouvir
o
Jerônimo
o
Herói
do Sertão, que
era
um
seriado passado no
Sertão do
Nordeste
brasileiro, e
a historia
contava
as
aventura que
Jerônimo sempre
salvava
alguém
em perigo
poderia
de
ser
de
um
bicho
ou
alguma
injustiça poderia
se
de
um
Coronel do local
ou
de
um
jagunço
malvado. E
o
Jerônimo
era
auxiliado
pelo moleque
Saci
que
era
um
negrinho, que
estava
sempre
alerta
que ia
na
frente
para
avisar
o
herói
do perigo, ele
falava
“Cuidado
Jerônimo (ou
era
Rádio
Nacional ou
Tupi).
Meu
pai
detestava
samba,
ele dizia
que
negro tem
que
estudar
e
não
sambar, eu
não, eu
sempre gostei, acho que
está
no
sangue, perto
de
minha
casa
havia
o
Bloco
Arranco
de
Cascadura. De
vez
enquanto
eu dava
as
minha
escapulidas
e
ia lá. Mas
havia
uma
coisa
interessante
na
sede
do
Bloco, que
meu
pai permitia
que
nos
freqüentássemos. Era
a
sessão
de
cinema. Lembro-me
como se
fosse
hoje, aquele
filme em preto
e
Branco
do
Super
Homem”, é
um
avião, é um
pássaro., não,
é
o
super homem”, não
sei
dizer
a
idade, mas
era
bem
pequena
eu
fiquei
extasiada, encantada
em ver pela
primeira
vez
este
filme.
Tínhamos
hábito de dormir
cedo,
imposto
pelo
meu
pai. Mas
as
vezes
escapava,quando
à
noite
brincávamos
na
rua
tínhamos
o hábito de
contar
estrelas
e
verificar
onde
estava
a
Estrela Dalva
as
Três
Maria, era
maior
barato
nos
dias
de céu
estrelado, mas
agora
esqueci
não
identifico mais. As
brincadeiras
eram
inocentes, mas às vezes
um pouco
violenta, brincar
de
garrafão, já
levei
bastante
tapão
nas
costas. Gostava
de brincar
de
esconde-esconde, pular
corda. A
brincadeira mais
picante
era
Pêra, uva
e maçã, eu sei que
uma
era
abraço, outro aperto de
mão e
outra
era
beijo.
Não
me lembro mais
a ordem.
Com
o
advento
da televisão
lembro-me que
na
Vila
onde
eu
morava
havia
um
morador
que
trabalha nas
Lojas do Ponto
Frio
e
comprou
uma
TV. Era
a primeira
vez
que eu
havia
assistido
TV
na
minha vida. Era
uma
sensação
á
noite
todas
as
crianças reunidas
na
casa
desta
vizinha
para
assistir
a
Novela
“ O
Direito
de
Nascer”. Eu
Adorava
ver a
mamãe
Dolores, era
uma
negra, que
fazia
a
personagem
de
uma
empregada
doméstica
da
família, ela
lembrava
bastante
a minha
avó-paterna.
Lembro-me
do
Gurufim
que
acontecia somente
nos
Velórios. Na
Penha
os
Gurifins
eram
sempre
na
casa
da
minha tinha, ela
tinha
o
apelido de”
“Mulata”, como
sabe
a
família
é
toda
miscigenada, existem várias
tonalidades
de cor.
Para
nós
crianças
era
muito
divertido, os adultos
estavam
ocupados com
outras coisas, na
casa
da
minha
tinha
havia uma
mesa (de madeira
maciça com
um
buraco
no
meio, o caixão
em
cima
da mesa,
e
nós
brincávamos em
passar
pelo
buraco
um correndo
atrás
do outro.
Era
a
noite
toda os adultos
conversando
contando piada,
bebendo
cachaça
e
licor
de
genipapo (feito
artesanalmente
pela minha
avó-paterna). As
crianças comendo
sanduíche
de mortadela, café,
coca-cola, grapete, guaraná
caçula, eram
os
refrigerantes
da
época.
O gurufim é herança dos escravos bantos e foi muito popular nas comunidades pobres do Rio até meados dos anos 60. Como as famílias não tinham dinheiro para alugar as mesmas capelas usadas pelos ricos, optavam por velar os parentes mortos na própria sala de jantar. O corpo do defunto ficava deitado sobre a mesa e as coroas de flores espalhadas pelo corredor. Para distrair a família do morto até a hora do enterro, os vizinhos faziam brincadeiras de adivinhação, lembravam histórias antigas e para matar a fome e o sono eram servidos sanduíches de mortadela e garrafas de café durante toda a madrugada.
Quando
chegava
de
manhã
na
hora
que
o carro
preto
chegava
para
apanhar
o corpo, todas
as
crianças
eram
retiradas
da
sala
e
os
adultos
começavam
a
chorar,na
hora
da
despedida do defunto.
Me lembro
do
hábito que
a minha
mãe
tinha
de
comprar
na
feira flores
naturais
flor de
campo, margarida etc,
para enfeitas
a casa, achava
lindo.
Meu
pai
era uma pessoa
bastante
autoritária, minha
mãe
submissa, mas
bastante
carinhosa
com os
filhos
e
era
apaixonada
pelo
meu
pai. Mas
ele
tinha
bastante
bom
humor. Tinha
o hábito de
chegar
em casa
assobiando
geralmente
músicas
para
mexer
com a minha
mãe, ás vezes
ele assoviava
e
ás
vezes
ele
cantarolava. Antes
de
chegar
na
porta
ele
assoviava, somente
minha
mãe
ouvia
este
assovio nos
ficávamos
impressionada com
a ligação
que ela
tinha
com ele. Me
lembro
da música
que
ele
cantava. Minha mãe
ficava danada, mas
levava
na
brincadeira: "Levanta, levanta, nêga manhosa Deixa de ser preguiçosa Vai procurar o que fazer Nêga, deixa de fita Prepara a minha marmita Levanta nêga, vai te virar Deixei embaixo do rádio Uma nota de cinquenta Vai à feira, joga no bicho E vê se te aguenta Economiza, olha o dia de amanhã Eu preciso do troco Domingo tem jogo no Maracanã Do bate bola eu sou um fã!" (Compositor da música Herivelto Martins)Recolher