Rainério sempre foi um bom aluno. A escola era um lugar que ele adorava. Mas, nem sempre foi assim... Em seu primeiro dia de aula foi um pouco assustador, ele chorou muito, a causa não se sabe ao certo, podia ter sido o fato de ficar longe de seus pais, por não ter ainda amigos ou até mesmo por ...Continuar leitura
Rainério sempre foi um bom aluno. A escola era um lugar que ele adorava. Mas, nem sempre foi assim... Em seu primeiro dia de aula foi um pouco assustador, ele chorou muito, a causa não se sabe ao certo, podia ter sido o fato de ficar longe de seus pais, por não ter ainda amigos ou até mesmo por achar que a professora seria má. Mas, isso logo passou, com o tempo fez amigos e a escola passou a ser a sua segunda casa. Lá fez algumas descobertas, como o gosto pela matemática, que passou a ser sua matéria favorita e que lhe rendeu alguns prêmios, dando assim muito orgulho para sua família.
A matemática sempre o encantou por ser uma “matéria exata, se você sabe a conta não erra nunca”.
Além disso, ela ficava mais interessante com os prêmios e diplomas, dados pela professora, em reconhecimento de ser o primeiro aluno da classe, era uma grande disputa entre os alunos para ser o melhor. O valor do prêmio não importava, podia ser um livro simples, mas para ele valia muito, era um pedaço de sua vida.
Todos esses prêmios indicavam que seu futuro teria muitos números. Encontrou com eles durante os períodos de administração de empresas cursados na faculdade, mas não concluídos, por causa dos imprevistos que a vida lhe deu, e na sua futura e atual profissão, comerciante.
Mas a escola e os números não lhe ajudaram a superar os medos tão comuns entre as crianças: escuro, ficar sozinho em casa, bicho papão,
medo de cemitério e fantasmas. Quando voltava da escola à noite, o medo sempre vinha ao seu encontro, escondido numa curva atrás de uma grande rocha. A única solução era correr. Mas, para piorar tinha uma porteira no caminho, era do sítio onde morava. O medo era tanto que o fazia correr como um atleta, abria a porteira e antes dela fechar, já tinha chegado em casa assustado.
No Brasil existe uma regra: ao rapaz que completa 18 anos é obrigatório servir ao exército.
Para um militar, a vida nem sempre é fácil. Precisa cumprir algumas tarefa e comportamentos: cabelo sempre cortado, unhas limpas e aparadas, barba feita, uniforme bem limpo e passado e sapatos engraxados. Acordar cedo e arrumar a cama, também faz parte da rotina. Quem não cumpre as obrigações, recebe como recompensa “punições”.
E foi assim que aos 18 anos, Rainério entrou no exército como recruta. Lá ele tentou seguir carreira militar e estava conseguindo, até tornou-se cabo, mas levou uma “bomba” na prova
para sargento, não conseguiu ser classificado e ficou muito triste, desistindo da carreira.
Os seus dias no exército também tiveram travessuras. Um dia resolveu aprontar pondo fogo em granadas de fumaça. O depósito ficou cheio de fumaça parecendo que havia ocorrido um incêndio e ele ficou todo sujo com aquela tinta.
Esperto, saiu correndo para se lavar antes que alguém percebesse que tinha sido ele o autor da travessura, mas livrar-se da sujeira não foi tão fácil assim e precisou de algumas horas e bastante sabão.
Bum!
A escolha do nome de uma criança que acaba de nascer é sempre uma confusão. “Quero o nome do meu pai” diz a mãe, “ o nome de seu pai não, é melhor do meu bisavô” diz o pai. E assim começa uma grande discussão sobre “nomes”.
A escolha do nome de Rainério não teve tanta confusão, teve a ajuda de um santo. Um calendário católico que trazia o nome do santo de cada dia foi a ajuda que seus pais precisavam para escolher o nome, e Santo Rainério foi o escolhido.
Descendente de italianos e franceses, teve uma família bem carinhosa. Não conheceu seus avôs, mas com suas avós aprendeu muito sobre a vida, carinho e doçura foi a lição mais preciosa que recebeu de sua avó Carolina.
Caçula de quatro irmãos, sempre gostava de ajudar seu pai no sítio com a plantação de café. Ser o caçula tinha desvantagens, os irmãos nunca queriam brincar com ele e a solução encontrada era procurar os amigos, principalmente os primos que tinha quase a mesma idade. As brincadeiras duravam um dia inteiro. Pipa, pião bola de gude e bicicleta eram suas brincadeiras preferidas. Mas, do que ele gostava mesmo era de jogar futebol. Ter uma bola de futebol em casa era para poucos, mas sua vontade de jogar era tanta que ele improvisava uma bola feita de meia com capim dentro. Bola pronta, o futebol começava. Reunia seus amigos e jogavam na rua, perto de sua casa. O lugar não importava, o que estava valendo era a diversão. Em casa, a diversão era brincar com seus animais de estimação, especialmente os gatos, que ele adora.
Quando jovem, Rainério trocou as brincadeiras pelas festas. Elas eram realizadas na casa de seus parentes e amigos ao som da vitrola e disco. Com as músicas orquestradas, as danças aconteciam e eram uma boa oportunidade para paquerar. E foi paquerando que encontrou sua querida e amada companheira, se casou e formou uma família unida com filhos e filhas.
O dia de seu casamento foi especial, agora começaria uma nova vida. Ele estava muito nervoso e sua esposa linda. Com o casamento veio suas responsabilidades como marido e pai. Mesmo assim, isso não o afastou de seu hobby, pescar. Aproveitava os dias de folga para ensinar seus filhos o segredo de uma boa pescaria e junto com eles e os amigos saiam para pescar.
Como as vezes “o mar não está para peixe”, a vida de Rainério também teve alguma surpresas. Um acidente de carro, levou seus primos, verdadeiros companheiros de brincadeiras e travessuras, e um pouco de sua alegria. A tristeza entrou em seu coração.
A vida continuou e Rainério também. Carinhoso e amigo, cuida de seus filhos e esposa.
Rainério nasceu em 20 de junho de 1946 em Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo. Um lugar bonito, conhecido pelo seus famosos picos do Frade e Freira e por sua estrela mais famosa o cantor Roberto Carlos que lá nasceu. Hoje, Rainério é comerciante no Bairro Parque Capivari, na cidade de Duque de Caxias, Rio de Janeiro e … ainda pesca.Recolher