Uma menina nasceu em 22 de novembro de 1934. Agora ela está com 78 anos e conta a sua história de vida. Dona Izália nasceu em casa por uma parteira chamada Rosa, no município de Paranaguá, mais especificamente, na Ilha do Mel (um lugar muito lindo, com belezas naturais onde é visitado por muit...Continuar leitura
Uma menina nasceu em 22 de novembro de 1934. Agora ela está com 78 anos e conta a sua história de vida. Dona Izália nasceu em casa por uma parteira chamada Rosa, no município de Paranaguá, mais especificamente, na Ilha do Mel (um lugar muito lindo, com belezas naturais onde é visitado por muitos turistas hoje em dia).
Aos noves anos de idade dona Izália já trabalhava como babá de seu sobrinho (filho de sua irmã mais velha), num total de sete irmãos na família. Certa vez, sua irmã ficou tão...tão...doente, que nem conseguia alimentar seu próprio filho... Daí então dona Izália teve que fazer uma chupetinha de farinha para dar o que comer ao sobrinho. E quando ela colocou a chupetinha na boquinha da criança... Lambuzou-se de tanta fome que estava!!! Mesmo sendo babá aproveitou muito a sua infância com diversas brincadeiras daquele tempo.
Hoje temos P2, computadores, bolas e carrinhos automáticos, mas naquela época as brincadeiras eram outras, como por exemplo: pular corda, amarelinha, bonecas que eram feitas de vidro de óleo rinse (feitas pelas próprias crianças), o vidro era o corpinho, a cabeça e os sapatinhos eram feitos de panos e tinha a brincadeira preferida de dona Izália, que era o bombaqueiro. Brincar de bombaqueiro é assim, as crianças fazem um túnel com as mãos e enquanto cada criança vai passando pelo túnel, elas cantam:
Bombaqueiro, bombaqueiro, Me deixa passar Tem um filho pequenino Para acabar de criar Passarão, passarão Algum dia há de ficar Se não for o da frente Pode ser o de trás
E quando terminava a música a última criança ficava presa no túnel.
Eles brincavam também de casinha. Dona izália e suas amiguinhas pediam um pouco de açúcar, arroz, feijão para fazerem as comidinhas de verdade, onde eram feitas em panelinhas de latinhas, não podiam pegar nada escondido de casa, porém, certa vez, Crespim, um de seus irmãos, pegou um peixe que seu pai acabara de pescar, levou-o escondido para a casinha, dizendo que ganhara de sua mãe.
Crespim sempre com suas mentiras! Por isso apanhava de sua mãe e ficava desesperado com apenas duas varadas que levava. Depois Crespim subia numa árvore, onde começava a cantar para sua mãe, para não apanhar mais. A brincadeira que dona Izália não gostava muito era a de pular corda, pois seu vestido podia levantar e assim parecia sua calcinha, daí ela apanhava de sua mãe, que avistava tudo de longe.
Certo dia, quando dona Izália foi caçar passarinhos (com a espingarda de seu pai), entrou uma Guachica (uma espécie de raposa) dentro de seu vestido. Assustada chamou suas irmãs para verem o que era aquilo e tirarem dali. E não esquecendo que aos 8 anos de idade, dona Izália tropeçou e caiu em cima de um lampião ( porque naquela época não havia luz elétrica), onde queimou seu nariz.
Quando criança dona Izália e seus irmãos também ajudavam seus pais na roça, o seu Jacinto e a dona Osária. Ela plantava milho que ficava bem amarelinho e bonito, mandioca bem grandona, também tinha feijão e melancia. Todos comiam sua plantação quando chegava à colheita. Ah! Uma pequena observação, todos jogavam três sementinhas nos buraquinhos mas como sempre, Crespim jogava cinco sementinhas, assim marcava suas plantinhas ao nascer. Eles também cortavam palmito, catavam caranguejo e muitas vezes vendiam para comprar comida para brincar de casinha. E... quando dona Izália avistou o primeiro avião. Nossa! Ficou assustada. Pois naquela época não sabia o que era aquilo, com medo correu para se esconder no mato.
Sua primeira viagem foi para Curitiba com seu pai, onde foram com um trem chamado Maria Fumaça, e ela acabou queimando seu vestido, porque a Maria Fumaça era a lenha e acabou espirrando uma faísca nela. Naquela época não existia relógio na região onde morava, e tudo o que dona Izália fazia era contado pelo Sol. Agora é tudo diferente tem relógio de tudo o que é tipo. Também não existiam correios e as pessoas se comunicavam por cartinhas, mas era assim: tinha o vizinho que ia para tal lugar e levava a carta para o fulano.
Agora falando um pouco sobre a adolescência de dona Izália, que teve uma parte que foi muito engraçada. Foi quando ela ficou noiva de seu Serminio Costa, porém com oito meses de noivado e não sabia de nadinha, pois foi tudo arranjado pela sua irmã mais velha e a mãe do noivo e não lhe contaram nada. Naquele tempo isso era normal, namorar, por exemplo, era muito engraçado... não podia beijar na boca e nem pegar na mão antes do casamento. Quando o pretendente chegava à casa de sua “amada”, a mesma tinha que sair da sala.
Dona Izália se casou aos 17 anos, teve 10 filhos e faz 13 anos que ela é viúva.Recolher