Eu, professora Vera Lucia de Campos Machado e alunos do 4º ano A, da Escola Municipal Professora Anita Miró Vernalha, homenageamos a senhora Ladi Lia Rieger Kula, com este livro que recorda memórias de sua vida.
“ Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemo...Continuar leitura
Eu, professora Vera Lucia de Campos Machado e alunos do 4º ano A, da Escola Municipal Professora Anita Miró Vernalha, homenageamos a senhora Ladi Lia Rieger Kula, com este livro que recorda memórias de sua vida.
“ Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que se dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.
Cora Coralina.
Tudo começou na cidade de Cachoeira do Sul, município Brasileiro do Rio Grande do Sul. A origem de seu nome se deve a uma antiga cachoeira existente no Rio Jacuí, porém em seu lugar foi construída a Ponte do Fandango. É considerada uma das quatro capitais farroupilhas.
Localiza-se na região central do Rio Grande do Sul na área compreendida como Vale do Jacuí. Altitude média 26m ao nível do mar. Distante da capital Porto Alegre em 196 km. Cachoeira do Sul ostenta o título de capital nacional do arroz, devido aos seus laços históricos com este grão. Dentro deste cenário nasceu em casa de parto normal, uma linda menina bem clarinha igual à água límpida da cachoeira, era alegre e muito sensível. Seu nascimento deixou sua família muito feliz, recebeu de seus pais três nomes Ladi Lia Rieger.
Com o passar do tempo, essa bela gauchinha foi vivendo uma infância maravilhosa junto a sua família, amigos e primos, gostava de brincadeiras como: cantigas de roda, caçador, esconde-esconde, amarelinha. Entre as demais brincadeiras, gostava de fazer seus próprios brinquedos tais como: boneca de pano feita com retalhinhos estampados e bem coloridos que sua mãe guardava com muito carinho em suas gavetas, ou sabugo de milho que também ficava lá guardadinho provavelmente em um galpão, junto às ferramentas de seu pai esperando a menina Lia colocar suas mãos de fada e transformá-la em uma bela boneca ou boneco e dar asas a sua imaginação. E a sua peteca? Que colorida! Suas penas eram originais, porque eram tiradas do galo ou da galinha que ficava ciscando pelo quintal em busca de uma minhoquinha. A peteca era feita com penas coloridas, embelezava o azul do céu e alegrava as brincadeiras nas tardes ensolaradas junto de seus amigos.
Amava brincar ao ar livre, por não ter televisão e as brincadeiras eram voltadas para o contato com a natureza. E as cantigas de roda? Ah! Que brincadeira maravilhosa cantava e dançava cantigas como: Terezinha de Jesus, O Cravo e a Rosa, Ciranda Cirandinha, Pirulito que Bate Bate, entre outras. Essas músicas infantis, faziam seu vestido rodar ao vento, sentindo emoção e sensação de liberdade.
Por morar em lugar tranquilo costumava-se brincar até o sol se esconder totalmente atrás das montanhas, dando seu adeus ao final daquele dia maravilhoso.
Iniciou a escola primária aos sete anos de idade, porém sua escola ficava a 7 km de sua casa. Em seu primeiro dia de aula, sua mãe a levou e Lia foi bem recebida pela professora Leci, seu material escolar era simples somente um caderno, um lápis e uma borracha, a mala era uma sacola feita pela sua mãe, dava-se muito valor pelos materiais. Gostava muito de estudar, mesmo andando muitos quilômetros por estrada de terra, acompanhada pelos seus quatro irmãos. Quando chegava a escola era sempre bem atendida pela professora, onde no decorrer do dia aprendia-se muito e a respeitava sempre.
Nos dias chuvosos é que o bicho pegava, sabe por quê?! As ruas ficavam alagadas, lamacentas, sem ter condições de voltar para casa. E aí como era resolvida a situação? Era resolvida dormindo na casa da professora a qual lhe acolhia com muito carinho. Durante a noite ouvia o plec, plec, plec da chuva na goteira e sentia o forte cheiro da terra molhada que entrava pelas frestas da janela. Seus pais não se preocupavam porque era de costume quando chovia muito passar a noite na casa da professora.
Esse momento da passagem pela escola primária ficou registrado em suas lembranças: o carinho, o respeito e a amizade com a professora Leci e seus colegas de classe.
Então vamos viajar no tempo! E saber um pouco da história da cidade de Santa Maria,
que também fez parte da vida dessa bela gauchinha.
A cidade foi criada a partir de acampamentos de uma comissão demarcadora de limite entre terra de domínio espanhol e português, que passavam pela região, e montaram acampamento onde atualmente está situada a Praça Saldanha Marinho.
Durante a Revolução Farroupilha chegaram os primeiros imigrantes alemães, de São Leopoldo, buscando se afastar dos combates.
A cidade conserva prédios históricos de valor como a Catedral de Nossa Senhora da Conceição, o Teatro Treze de Maio, Catedral Mediador da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.
Santa Maria sedia uma das maiores universidades pública do Brasil, a Universidade Federal de Santa Maria, conta atualmente com quase vinte e sete mil alunos em seus cursos de graduação e pós-graduação.
Por abrigar uma quantidade de instituições de ensino a cidade é conhecida como: Cidade Cultura.
Santa Maria também é denominado o município coração do Rio Grande (devido a sua localização geográfica), situa-se em uma região cercada por morros. Altitude mínima quarenta e um metros acima do mar.
As bases econômicas do município podem ser comprovadas pelos empregos ofertados. Os dados disponíveis revelam alta importância do setor terciário, destacando-se o comércio, os serviços públicos, incluindo os da Universidade Federal de Santa Maria, e os militares. Certamente a grande massa e fluxo monetário na cidade dependem das funções relacionadas à prestação de serviços: comercial, educacional, médico hospitalar e rodoviário.
Continuando a história...
Sua adolescência foi tranquila, saía somente acompanhada pelo seu pai o senhor Rodolfo Rieger, sua mãe a senhora Elvira Rieger e seus irmãos. Jamais saía sozinha, seus pais eram muito enérgicos com sua educação, até que se entende porque agiam com rigor, nessa época filho não questionava, somente obedecia o que os pais determinavam. Na companhia da família, Lia sempre se divertiu de forma prazerosa, ia a bailes, casamentos, aniversários, festas de igreja e festas juninas. As comidas servidas nessas festas eram feitas com muito carinho e dedicação, envolvendo toda a comunidade na sua elaboração. Por não haver utensílios eletrônicos, os pratos eram feitos manualmente, cada pessoa contribuía com sua ajuda, fazendo daquele momento uma grande confraternização culinária entre famílias e vizinhos. Como a região era fria, o calor da fogueira e das danças típicas, aqueciam as pessoas presentes nas festas. Nesses momentos festivos ela aproveitava para dançar, ouvir músicas, conversar com as colegas, enfim tudo que uma jovem gosta de fazer independente da época a qual esta vivendo.
Sempre viajava com seus pais, durante o percurso, adorava observar os detalhes da natureza. A beleza vista pela janela do ônibus ou do trem era incansável diante de seus olhos.
Ajudava em casa nos afazeres domésticos como: lavar, passar, cozinhar, tarefas puxadas, que exigiam muito esforço naquela época. Como de costume as moças aprendiam habilidades manuais com a mãe, para futuramente cuidar bem de sua família.
Passou a estudar a noite, fez o curso técnico em contabilidade e seu primeiro emprego foi de balconista em uma loja que vendia de tudo, cujo nome era Porto Alegre. Assim Ladi Lia foi vivendo sua juventude, até
que...
Aos 25 anos de idade ela se casou com o senhor Luis, natural de Cascavel e, dessa união recebeu o sobrenome Kula, que passou a fazer parte de seu nome. Tiveram dois filhos homens, Emerson e Luis Gustavo Kula. Pensava um dia morar no Paraná, portanto seu pensamento tornou-se realidade, saiu do Rio Grande do Sul e veio para Curitiba, fez novos amigos, criou seus filhos e participou como voluntária do grupo de escoteiros. Sempre valorizou muito a natureza, então colocou seu filho no escotismo para seguir as regras de boa convivência com seus colegas de grupo e o mesmo poder estar mais em contato com a natureza através dos passeios e acampamentos que o escotismo proporcionava. Por estar sempre ajudando no lanche das crianças, ela foi convidada a ser chefe dos lobinhos.
O chefe dos lobinhos chefia crianças de 6 anos e meio até 10 anos. O chefe dos lobinhos é chamado de Akelá (velho lobo), pelas crianças e os assistentes são chamados de Balaoo (urso), Baguera (a pantera), Kaa ( a cobra), Chill (o abutre), Haithi (o elefante).
A criança se torna em lobinho por ocasião da cerimonia própria, quando presta a promessa do lobinho. A partir de então adquire o direito de usar o traje escoteiro.
Esse momento em sua vida, como chefe dos lobinhos, deu-lhe a oportunidade de conviver com as crianças e aprender com elas o que cada uma tem de melhor como ser humano.
Quando morou em Curitiba, foi muito feliz junto a sua família e seus amigos.
Durante a temporada, lia vinha com sua família passar as férias em Pontal do Paraná, no Balneário de Ipanema. Sempre gostou muito de apreciar a beleza do mar, o vai e vem das ondas, como se fosse um espetáculo de balé ao ar livre, caminhar na praia sentindo a brisa do vento tocar seus cabelos, sentir a água morna do mar, numa tarde de verão banhando seus pés. Toda essa riqueza natural despertava uma imensa vontade de fixar sua residência na praia.
Quando seu marido aposentou-se o desejo de morar no litoral foi realizado. Faz doze anos que ela e seu esposo o senhor Luis Kula, residem no balneário de Ipanema.
No início de sua estada, sentiu dificuldades em se adaptar, porque o município era recém-emancipado, então havia pouca estrutura na área de segurança e saúde. Devido a essas carências, a mesma foi convidada a participar da Pastoral da Criança.
A Pastoral da Criança desenvolve ações de saúde, nutrição, cidadania e espiritualidade de forma ecumênica nas comunidades pobres. As atividades visam promover o desenvolvimento integral da criança, desde a concepção aos seis anos de idade, e a melhoria da qualidade de vida das famílias.
Lia atuou em sua comunidade participando do Programa Leite das Crianças, fazia cadastro das mães garantindo direito ao recebimento de leite para seus filhos, também fazia visita as famílias carentes, onde pesava o bebê acompanhando o seu desenvolvimento nutricional.
Atualmente presta serviços a uma senhora que se encontra com sua saúde debilitada.
Nos momentos livres, ela gosta de pedalar, passear no Shopping Emídio Barão, comprar pão quentinho na Panificadora Pane Café, ir à missa, rezar aos domingos na igreja, bater um papinho na praça com suas amigas.
Procura levar uma vida saudável e quando bate a saudade da capital (Curitiba), de sua família e de seus amigos ela sobe a Serra da Graciosa, observando os encantamentos da nossa Mata Atlântica.
Acompanhou-se nesta história que Ladi Lia Rieger Kula, sempre esteve presente doando seu trabalho no desenvolvimento humano, fazendo sua parte na construção de uma sociedade melhor.Recolher