IDENTIFICAÇÃO Marcos Antônio Nalio, nascido em Osasco, São Paulo, em 4 de abril de 1953. FAMÍLIA Pai, Armando Nalio; mãe, Rafaela Tirador Nalio. O pai nasceu em São Paulo, cidade de São Paulo; a mãe, na Argentina, cidade de Buenos Aires. Meu pai foi gráfico, inclusive &n...Continuar leitura
IDENTIFICAÇÃO Marcos Antônio Nalio, nascido em Osasco, São Paulo, em 4 de abril de 1953.
FAMÍLIA Pai, Armando Nalio; mãe, Rafaela Tirador Nalio. O pai nasceu em São Paulo, cidade de São Paulo; a mãe, na Argentina, cidade de Buenos Aires. Meu pai foi gráfico, inclusive – acho que vem do sangue –, ele foi gráfico, acho que uma das primeiras profissões. Depois saiu de gráfica, foi ser funcionário público, aí acabou seu trabalho como funcionário público. Minha mãe sempre cuidou dos filhos e em casa. Avós... Avô paterno e avó materna. O avô materno não conheci, e avó paterna também não conheci. O avô, que a gente chamava de nonno porque ele era italiano, Pietro Nalio. Era um operário da indústria têxtil, se não me falha a memória, viveu até os 86 anos. Minha avó, espanhola, mãe da minha mãe, também do lar, cuidava da casa. Irmãs, eu tenho cinco irmãs. A Maria Regina, a Márcia, a Marisa, a Manoela e a Meire.
(risos) Eu sou o segundo, quase o primeiro, sou o segundo.
INFÂNCIA Na verdade, na infância, como eu sou o segundo, não tinha muita gente, ela foi se multiplicando. Mas era uma casa modesta, três dormitórios, puxava-se água de poço na época ainda, não tinha água encanada. Meu pai trabalhava em gráfica nessa época, quando eu nasci, e era em Osasco essa casa, em um bairro chamado Presidente Altino, que eu me lembro. Depois mudamos para outra casa, maior, vieram outras irmãs e assim foi a nossa vida. [No dia-a-dia] Olha, todo mundo tinha um pouco de tarefas, como eram muitos, as tarefas eram distribuídas. As irmãs tinham que cuidar do serviço doméstico, eu tinha que cuidar de limpeza de quintal, de puxar água, cuidar de cortar grama, essas tarefas usualmente. Ir à escola pela manhã, voltar da escola pela manhã, fazer a lição e aí brincar, essa era a tarefa. Não se tinha televisão na época, se escutava rádio ou se brincava com os irmãos, e aí foi se comprando as coisas, foi se comprando a televisão, aí eu lembro de 1960, 62, que já tinha televisão. Brincávamos dentro de casa de joguinhos, de brinquedos de montagem, não sei como chama, Lego? Não sei se é Lego, não me lembro agora, coisas desse tipo. Conversávamos muito, brigávamos muito, como criança. O quintal era, de uma casa era muito grande, cabia pelo menos uns cinco carros, hoje talvez cinco. Tinha a outra casa, o quintal não era tão grande, mas a gente brincava, tinha o costume de brincar na rua, tinha uma praça em frente à casa. A gente brincava muito na rua, inclusive à noite. Toda a comunidade, na época, brincava à noite, se davam bem, então era bacana. Tenho algumas lembranças, por exemplo, a Copa de 62. Foi muito festejada, se ouvia pelo rádio, todo mundo saía na rua; aquelas épocas de festividades juninas, se fazia fogueiras; da escola, que era uma escola pequena, mas todo mundo se conhecia na escola porque morávamos próximo.
CIDADES Osasco/SP Osasco tinha, tem e tinha, na época, a linha do trem CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos)
– antigamente, eu não me lembro o nome – pouco movimento de carro, era uma cidade pacata, ruas sem asfalto, que eu me lembro, praças não tinham, poucas praças. Não me lembro de muitos detalhes assim não, esses são os que eu lembro. Os bairros eram pequenos e poucos bairros, e foram se expandindo. Hoje acho que são 750, 800 mil habitantes de Osasco, não me lembro se é esse o número, perto de 800 mil ou pouco mais, e hoje é um aglomerado, Osasco. E eu também não sei as divisas de Osasco. Eu saí de Osasco já faz bem uns 30 anos, de morar em Osasco. Sou nascido aqui, mas não moro aqui há uns 30 anos, então não sei te dizer hoje como é.
EDUCAÇÃO A escola era uma escola estadual, que eu me lembro, devia ter umas 6 a 8 salas de aula, funcionava em dois períodos, eles davam merenda na escola, no recreio, tinha um pátio muito grande, a escola era de madeira e, quando tinha o intervalo, eles batiam o sino (risos), acho legal isso aí. [Lembro de] Alguns [professores]. Eu lembro da primeira professora, Terezinha, muito legal; tinha uma que chamava Manoela... Depois eu mudei daqui de Osasco, foi em 65, por aí, fui morar na Vila Sônia, e lá também era uma escola de madeira, aí eu era o estranho na sala, na comunidade. E a professora, acho que foi uma das últimas chamava-se Raquel, lembro muito bem disso. Isso na escola primária, porque no ginásio, o primeiro grau, de quinta a oitava, fundamental, aliás, mudou até isso. De quinta a oitava série, antigo ginásio, eu fiz em um colégio estadual também, em Presidente Altino, aí retornei para Osasco, viemos morar em Osasco. Fiz da quinta à sétima série em Presidente Altino, aí fui fazer em um colégio, no Centro de Osasco, a oitava série. Concluí o primeiro grau em Osasco, no Colégio Estadual Antônio Raposo Tavares, nós chamávamos de Cenearte (Escola Estadual Cenearte). Isso em 1968, por aí, não me lembro agora, 69. Aí fui fazer o segundo grau na Vila dos Remédios, é um bairro que tem – não sei se você conhece, conhece, na divisa de São Paulo com Osasco? Eu morava já daquele lado de Osasco. Eu fui fazer esse colégio. [A escola dos padres] Exatamente Colégio Nossa Senhora dos Remédios, se não me falha a memória. Aí fiz no colégio lá, aí fui fazer faculdade em 1900... Parei de estudar Parei de estudar e comecei a fazer esses cursos, especialização, fui fazer envolvido com gráfica, queria trabalhar de noite, fim de semana para ganhar mais, já trabalhando na Fundação. Mas isso já é época de Fundação que eu estou falando, eu já trabalhava.
JUVENTUDE Foi de ir em baile, gostava de baile, saía, cinema, gostava um pouco de cinema, mas mais caseiro, a maior parte caseiro, com os amigos, com os primos, a gente morava perto de primo, nessa fase. [Saía para] Os dois lados, Osasco, São Paulo, ou de trem ou de ônibus, que não se usava muito ter carro.
Tem um clube chamado Clube Atlético e Clube Floresta, mas a gente ia em outros clubes. Lá na Vila dos Remédios também tinha, a gente ia em bailes fora daqui, por exemplo, em Pirituba, lá tinha um bailinho de casamento. Ia se divertindo assim, os fins de semana eram esses: trabalhar, estudar, quem estudava, e baile, e cinema na época. Cinema, tinha o [antigo] cinema Estoril aqui em Osasco, o Cine Glamour, que na época não era o melhor. Eu ia muito para São Paulo – como é que chamava na Rua Clélia? – hoje é o Olímpia, ali era um cinema. Porque eu trabalhava na Rua Clélia, passava sempre lá e via os cartazes, então ia sempre lá, era um cinema bom, não me lembro o nome do cinema. E no Centro também, assistir principalmente na Avenida São João, o Cinerama, o Cine Espacial, em frente, que tinha várias telas, conheceu lá? Não conheceu... Tinha acho que quatro ou seis telas, então você sentava aqui, você ali, eu aqui, um de frente para o outro, você assistia lá, eu assistia ali, as cadeiras eram colocadas de forma ‘desuniforme - não eram uniformes. Ficava um bloco aqui, outro ali, onde você sentasse você via.
Da época do trabalho [vem] a lembrança marcante. Tinha que trabalhar porque a gente tinha que se sustentar. Nessa época, eu tinha perdido o meu pai, então foi uma coisa meio que marcante. Eu com 12, 11 anos, o meu pai faleceu, aí eu tive que ir à luta. Aí você tinha que trabalhar, estudar, voltei a estudar, já estava estudando nessa época, depois que eu parei, que eu falei anteriormente, mas fundamentalmente era trabalho, estudar e fim de semana curtir os colegas, o baile, muito baile. [Trabalho] Na verdade, registrado, até antes dos 12. Trabalho desde os 11 anos.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Dos 11 anos. Eu terminei o primário, eu queria trabalhar, então o que eu fazia? Eu levava almoço nas empresas, por exemplo, você me contratava para eu levar o seu almoço na hora que você tinha almoço. Eu ia lá, levava o seu, o dela, enfim, da mesma empresa, várias pessoas. Passava na casa da pessoa com quem ia tirar o almoço, da sua mãe ou da sua esposa, e levava o seu almoço. Depois eu comecei a distribuir panfleto na rua, distribuía panfleto na rua; engraxate, fui engraxate e aí já comecei a trabalhar em gráfica, com quase 13 anos. Entrei na gráfica e comecei a arrumar a gráfica, comecei a fazer já, compondo alguma coisa, tipógrafo, ou distribuía a forma. Então, quando o meu pai morreu, essa vem a história, eu soube que ele tinha alguns amigos. Preciso trabalhar, falei: "Preciso fazer alguma coisa". Com 11, 12 anos, o que eu vou fazer? Fui atrás desses amigos, e um dos amigos dele tinha uma gráfica, que era na rua Clélia, e fui lá e contei essa história para ele: "Preciso trabalhar". "Então você vai trabalhar aqui comigo". Aí eu ingressei na gráfica e comecei a trabalhar como tipógrafo, fui impressor e fui aprendendo algumas coisas lá na gráfica. E tomei aquilo como gosto porque, primeiro, precisava trabalhar, e segundo porque eu gostei e achava aquilo fantástico. Saí da gráfica de lá e vim trabalhar na gráfica do banco.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Bradesco Eu tenho, na época tinha um primo que trabalhou aqui no banco e ele dizia para mim: "Sai daquela gráfica, é muito longe na Lapa. Você tem que pegar ônibus, você tem que levantar mais cedo. Por que você não vai trabalhar aqui na gráfica do banco?" "Mas não sei que banco tem gráfica". "Tem, vai lá fazer um teste". Vim fazer o teste, de casa aqui dava o que? Oito quilômetros. Rapidinho Vim fazer o teste, passei no teste, mas não tinha saído de lá ainda. Passei no teste, falei: "E agora?" "Agora você espera em casa". Aí fiquei num sufoco, fiquei esperando quase 15 dias para trabalhar, e já tinha saído de lá. Depois, no outro dia, passei no teste, saí. Fiquei em casa, fiquei em um sufoco, mas consegui entrar, trabalhei uns dois anos e pouco e fui convidado para trabalhar na Fundação. Eu era impressor tipográfico. O que rolava lá na impressão? Você fazia impressos do Banco, então, por exemplo, fichas que eles usavam, deixa ver, ficha de compensação, ficha de depósito, eu não me lembro agora especificamente que tipo de serviço, mas a gráfica era enorme. Como eu trabalhava em uma impressora pequena, você não pegava serviço de grande quantidade, pegava aqueles pequenos serviços. As máquinas maiores é que pegavam serviços de grande quantidade. Porque o Banco, já na época, era muito grande, tinha que abastecer toda a rede de agências. Já na época o Banco tinha impressora off-set, eu queria, ficava doido para trabalhar lá, mas nunca consegui ir porque era um aprendizado. Não era você querer ir, a gente tinha que ir aprendendo as coisas aos poucos. E a gente trabalhava de forma bastante – como eu vou poder te dizer, na gráfica? – bastante à vontade, sem nenhuma pressão de você ter que correr com aquilo, você ia aprendendo e fazendo e os chefes, os colegas, sempre foi uma forma de você trabalhar tranqüilo. Sempre alguém te apoiando e você apoiando outro colega, um ajudando o outro, então isso foi legal aqui dentro, foi bom por causa disso trabalhar aqui na gráfica.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Fundação Bradesco A transição foi assim uma surpresa para mim. Eu estava trabalhando um dia, lembro até hoje, estava lá na máquina – já uma máquina maior, já um serviço diferente – e aí o gerente me chama e diz: "Dá para você ir lá para o escritório?" "Dá, vamos lá". Cheguei no escritório, tinha o diretor, o senhor Cariello estava lá, aí me perguntaram assim: "Você tem interesse em fazer um trabalho diferente?" – mais ou menos essas palavras, eu não sei bem – "Trabalhar na Fundação?" – eu nem imaginava o que era Fundação Bradesco – "Nós estamos montando lá uma mini-gráfica e a gente queria ensinar outras pessoas, os alunos e jovens a trabalhar em gráfica. Você gostaria?" Eu, de pronto, disse: "Vou" Achei aquilo um desafio. "Vou" No outro dia já estava lá Já tinha abraçado a idéia, achei aquilo um desafio que para mim foi diferente. E eu comecei na Fundação assim, pouco, um trabalho pequeno, fui gostando também de trabalhar.
Nunca tinha ouvido falar. Mesmo no Banco, a gente não ouvia falar, e até hoje não se ouve falar da Fundação, do trabalho que ela faz. Naquela época ela já fazia um trabalho diferente do que faz agora e ninguém falava dela, e hoje ela faz um trabalho que é dessa forma que vocês conhecem e também ninguém fala muito dela, o que é uma pena. Sei lá o que eles fazem
CETAG Esse pequeno... Essa mini-gráfica foi o início do Cetag. Era um embrião porque o projeto, depois eu percebi, depois de alguns dias, de alguns meses, que o projeto da Fundação era fazer com que aquilo se tornasse um trabalho efetivo deles, realização de curso, porque eles já tinham, na época, acho que na mesma época, cursos para jovens que eles traziam de outros estados, para aprender a consertar máquinas de escrever, consertar máquina de somar, calcular, aquelas autenticadoras de caixa que você tinha que autenticar na mão. Era um curso de manutenção de máquinas, que nós começamos praticamente juntos os dois cursos: o de gráfica e o de manutenção de máquinas, só que o de manutenção, eles traziam jovens de outros estados que ficavam alojados aqui, tinha um alojamento, eles ficavam alojados, morando aqui seis meses. Depois eles retornavam às cidades de origem para trabalhar no Banco efetivamente, dando manutenção às agências, nas máquinas de escrever, calcular, somar, para não parar isso. Foi uma forma de dar um emprego para esses jovens e ensiná-los. Na época, como hoje o computador. Na época era máquina de escrever. Exatamente, era anterior [a informática]. E também na época, depois de algum tempo, começou o curso de telefonia. O Banco se expandiu muito nas agências e precisava de manutenção nos equipamentos de telefonia, nos KS, PABX, essas coisas. Montou-se também um curso na época, de telefonia, trazendo alunos de fora; o curso também de refrigeração de ar condicionado, porque as agências sempre têm ar condicionado, então também se formou esses jovens para isso. Eles voltavam e trabalhavam nas agências como funcionários do departamento de manutenção, sediados em determinado lugar, perto da cidade que tinha o número de agências que eles davam manutenção. E o Cetag. Curso aberto para a comunidade, e eles traziam de outros estados; não só da comunidade aqui de Osasco, mas de outros estados. E o Cetag, que era de gráfica, também começou assim, só que com a comunidade de Osasco, não precisava trazer de fora porque era só um trabalho mais a nível local aqui de Osasco.
BRADESCO Gráfica A gráfica do banco abastecia todas as agências, então ela fazia os seus impressos, mandava para o almoxarifado e o almoxarifado distribuía; todos os impressos que vocês imaginam que tenha, toda a papelaria do Banco, tudo.
CETAG Os alunos da Artes Gráficas, que era o do Cetag, a gente fazia até seleção para entrar. No começo não, depois de algum tempo havia demanda maior do que o número de vagas, então a procura era maior do que o número de vagas, então você tinha que fazer seleção. O critério para você entrar, primeiro, não podia deixar de estudar, tinha que estar estudando; segundo, você tinha que ter uma idade compatível com o seu estudo, então você tinha que ter mais ou menos a idade compatível com o estudo e a série que ele estava estudando também, a idade e a série compatíveis. Esses alunos vinham em dois períodos: ou de manhã ou à tarde. Já no prédio que nós mudamos da Fundação para a gráfica, a gente estava atendendo acho que 120 alunos no curso de artes gráficas, distribuídos em vários cursos. Então vinha 60 de manhã e 60 à tarde. Aí o senhor Aguiar, como ele visitava muito a gráfica – o senhor Aguiar foi o presidente do Banco, fundador do Banco –, ele visitava muito a gráfica, aí ele chegava lá e um dia ele chegou lá e disse assim: "Esses alunos que saem daqui, eles vão para onde agora?", falei: "Eles vão para a casa." "E eles estudam?" "Estudam." "E eles saem daqui, vão para a casa, eles estudam de manhã, à tarde ou à noite?" "Ah, alguns estudam à tarde, outros à noite." "E eles saem daqui sem comer nada, sem fazer nada?" "É, eles vão para a casa." "Então a partir de hoje eles vão comer no restaurante." Então os alunos de manhã saíam, iam almoçar e iam para a casa, e os que vinham à tarde, que entravam 13 e 30, eles vinham almoçar primeiro, depois iam fazer o curso. Você vê que a idéia de se fazer alguma coisa pelo outro já vem lá de trás, para a comunidade. Esses alunos também recebiam, de manhã, no período da manhã, às 9 e 30, por aí, um café, café com leite e o lanche, e à tarde também. Essa era até uma forma dos alunos se sentirem mais valorizados, não só pelo curso que eles tinham, mas pela oportunidade até de ter um lanche, ou de almoçar, eles se sentiam até, de certa forma, bastante valorizados. Então aumentava ainda mais a disputa para entrar, uma vaga. Estou fazendo um curso e estou recebendo um lanchinho, ainda vou almoçar, quem não quer? E esses alunos, esses cursos eram também oferecidos tanto para meninas como para meninos. As meninas também faziam curso lá, de desenho, fazia acabamento gráfico, fazia os bloquinhos, o pacote, e o curso de desenho, no fotolito trabalhava muita mulher, acho que trabalha ainda, não sei. Mulher, que trabalha mais cuidadosa, mais perceptiva, e no curso de desenho era ambos os sexos, fora a parte de impressão tipográfica, composição, impressão off-set, então tinham vários cursos dentro do ambiente da gráfica. Era no próprio ambiente da gráfica. Havia um rodízio, então ele [o aluno] fazia, por exemplo, três meses um determinado curso, que era o início; depois de três meses ele passava para um outro, e ele rodava quase que todos os cursos. Então ele saía de lá com uma visão bastante ampla de como era uma indústria gráfica e de como ele poderia se identificar nesse ou naquele trabalho, ou que ele pudesse até montar o próprio negócio. Tem muitos montavam, trabalhava um pouco, depois montava sua própria gráfica ou foram administrar alguma, com o conhecimento e com o passar do tempo. Esses alunos ficavam um ano no curso. A cada três meses eles passavam... [Depois de um ano recebiam] Certificado com vários módulos, dividido em módulos, perfazendo “x” horas/aulas. Esses alunos que passavam por cursos modulares; e alunos que passavam por cursos específicos, que eram mais longos, aí faziam só aqueles determinados cursos, aí era uma opção dele de fazer. Até pelo teste de seleção você já... "Eu tenho esse, esse e esse curso, qual você quer?" "Ah, eu quero fazer esse que tem todos os módulos". Ou: "Eu quero só fazer aquele porque eu gosto de desenho". "Eu quero fazer aquele outro porque eu gosto de mexer com coisas mais difíceis ou coisas mais, que exigem cálculo mental". Na época eu me lembro muito bem como era feito. [Uma gráfica têm muitas áreas] Tem, muitas áreas. Hoje em dia não tenho contato não [com os antigos alunos], mas sei de alguns. Por exemplo, da época que eu fui instrutor, porque com o crescimento dos cursos eu não podia ser instrutor de todos os cursos. À medida que ia aumentando a necessidade a gente ia aumentando também o número de instrutores, que eram os ex-alunos que se tornavam instrutores. Na época que eu saí da administração do Cetag deveria ter uns 12 instrutores, 10 a 12 instrutores – dois ou três para cada área – porque máquinas oferecem perigo, um ou dois para as outras áreas. Eu tive, não tenho contato, eu sei que eles estão bem, esses que eu falei para você que montaram gráfica, mas perdi o contato. A gráfica já não é mais aqui há alguns anos, a gráfica foi vendida. Foi adquirida pelo Grupo American Lake North Company, é um grupo grande, eles estão sediados acho que em Tamboré, se não me falha a memória, acho que em Tamboré. Então o prédio da gráfica não existe mais aqui e isso não sei quantos anos faz, uns 12 anos, pouco menos, eu não sei agora. Eu não sei se eles estão lá, os ex-alunos, um ou dois eu tenho certeza que estão lá porque eu fiquei sabendo que ainda estão lá, alunos de mais de 20 anos atrás, alunos que estão em uma situação de vida normal, como qualquer pessoa, e estão trabalhando. Era um centro de treinamento. Hoje ele está ali, acho que no prédio do Cristo, não sei como está funcionando hoje, não sei se é da mesma forma. Talvez com algumas alterações de tecnologia ou alterações de norte no sentido de mercado, atualização de mercado, alguma coisa assim, e equipamentos, tecnologia de equipamentos eu acho que mudou bastante coisa.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Fundação Bradesco Na Fundação, porque assim, quando eu entrei na Fundação, entrei nesse trabalho de instrutor de artes gráficas, fiquei de 71 até 82, mais ou menos. Depois eu saí dessa área e comecei a administrar esse trabalho que outro assumiu, ficou no meu lugar, e eu fazia administração desse trabalho na Fundação abraçando outros trabalhos. Aí expandiu meu trabalho, não era só aquela visão de gráfica, eu fui fazer outro trabalho na Fundação além daquele. Nós fizemos esse levantamento uma época, e eu não sei te precisar porque a Fundação Bradesco teve uma grande transformação, sempre ela está em transformação, mas a gente lembra das transformações que a gente participa mais dia-a-dia, e na época foi feito um levantamento, mas eu não sei te precisar o número não. Você põe 120 por ano, mas não eram 120 nesses dez anos, que foi crescendo vagarosamente. Fala 120 em dez anos e multiplica, dá aquele número. Não é assim, é porque, que nem a Fundação: começou como uma escola há X anos atrás e foi aumentando, foi aumentando, hoje atende cem mil alunos, mas há 30 anos atrás não atendia, a mesma coisa esse trabalho. Ele foi ao longo do tempo crescendo e eu não sei te dizer hoje, na época quanto estava, minha memória não chega a tanto não. Então, eu fui trabalhar na Fundação Bradesco, lá na administração da Fundação, conheci outras áreas. Aí que eu me envolvi mais diretamente com o trabalho do Centrefor (Centro de Treinamento e Formação), da Pecplan (Pecuária Planejada), eu conheci um trabalho mais de contato com as pessoas, de saber o que elas faziam, de participar desse trabalho, mas o trabalho meu, especificamente, depois que saí daqui da gráfica, lá na Fundação, foi administrar aqueles cursos da comunidade que eram curso de telefonia, curso de manutenção, curso de refrigeração e ar-condicionado, e aí montou também – isso foi em 84, qualquer coisa assim – um curso para os alunos da Fundação e para a comunidade. Eles tinham um objetivo muito claro para a comunidade no trabalho. Era uma agência bancária, era um escritório e era um comércio. Então montou-se em ambientes separados essas atividades: uma agência bancária, com todo o mobiliário de uma agência e equipamento de uma agência; um comércio onde se fazia compra, aliás, venda e compra de produto, não é só vender o comércio; e uma atividade de escritório que administrava o serviço do comércio e fazia toda, o aluno passava por todo esse processo. E esses alunos adquiriam conhecimento nas atividades bancárias desde o office-boy ou contínuo até o gerente da agência, ele passava por todo o processo. Dentro desse processo existiam as tarefas, os formulários, os serviços que eles iam fazer. E na prática era assim: a pessoa que ia comprar no comércio, ia descontar o dinheiro na agência para comprar no comércio, então ela tinha um talão de cheque, ia na agência, descontava o cheque e o caixa da agência pagava ela em dinheiro. Tudo fictício, o papel, eram formulários fictícios e se movimentava dessa forma. Aí o funcionário da agência ia comprar no comércio, e assim funcionava. Escritório para quê? Para fazer o serviço de contabilidade, livro-diário, livro-razão, então existia todo um “engrenamento”. Nós montamos isso aí e começamos com essa experiência a levar para as escolas da Fundação Bradesco. Na época, já eram várias escolas e esse trabalho, começou-se a levar para as escolas esse embrião e começamos a trabalhar com as escolas e os alunos das escolas aprenderem essas atividades. Era outra atividade que nós fazíamos. [Eu não precisava viajar] Não, necessariamente. Você mandava manual, mandava formulário, explicação e eles iam montando. O que expandiu também nessa época foram os cursos que a comunidade fazia na escola. Por exemplo, tinha o curso de datilografia e a comunidade usava a escola. No auge, atendeu muita gente e era o precursor, hoje, do microcomputador. Todo mundo queria fazer datilografia. Precisava. E tinha aquelas atividades do escritório que combinava. Além dos alunos adolescentes que faziam o curso de datilografia, começou-se a fazer cursos para a comunidade, mas para os pais dos alunos, aí começou a trazer também os pais dos alunos dentro da escola. Com que curso? Por exemplo, para o pai: noções básicas de eletricidade, lá na sala de artes industriais; para a mãe: curso de culinária, por exemplo, lá na cozinha da escola ela ia aprender. E aí foram se multiplicando os cursos: curso de pintura em tecido, de crochê, de tricô, lá tinha mais de 200 cursos, sei lá eu quantos cursos tinham, uma infinidade de cursos, tanto para o pai como para a mãe. Baby-sitter, para as meninas que queriam ser babá... E todas as escolas desenvolviam esse trabalho junto à comunidade. Em todos os estados, do Brasil inteiro. E todo esse trabalho, nós é que coordenávamos. Lógico que a gente tinha um superior, e diretamente a gente trabalhava com as escolas, tanto para enviar material ou eles enviando para a gente e propondo, porque eles também podiam propor, não era nós que só fazíamos as propostas; eles também faziam as propostas. Porque, veja, no Nordeste você pode desenvolver cursos que aqui em São Paulo... Em Manaus, por exemplo, no Norte, você pode desenvolver um curso que aqui você não tem condições. No Sul também, trabalhar com couro, no Sul, aqui você não trabalha com couro, lá eles podiam fazer trabalhos manuais com couro; no Nordeste, dependendo do estado, você podia explorar determinados materiais e fazer um curso específico, aí você fazia troca de cursos. O acesso era durante o período das aulas, preferencialmente no horário que a escola tinha disponível a sala específica e a mãe tinha o horário específico, então você combinava as duas coisas. E à noite também, quando tinha principalmente para os pais, para os irmãos dos alunos, podiam ir à noite na escola, esses cursos eram desenvolvidos à noite porque os pais trabalhavam, o pai, principalmente, e às vezes os irmãos também. Era bem diversificado o curso e bastante entrosado com a escola e a comunidade, isso que eu acho que a Fundação faz bem, esse trabalho com a comunidade, além da qualidade do ensino e o número de pessoas que ela atende.
CENTREFOR Eu comecei a ter noção do Centrefor, que não tinha o nome de Centrefor, e desenvolvia cursos para o Banco, era um treinamento para o Banco na área específica do banco, curso de caixa. Lá no prédio da Fundação Bradesco eles tinham ambientes montados para ensinar o funcionário que entrava no Banco ou que já estava no Banco, a desenvolver as atividades na prática, no curso, para quando viesse para o... já sabendo como funcionava. Eram vários cursos voltados para o banco, desde caixa, supervisor de caixa... Moça Bradesco (risos), quem falou para você da Moça Bradesco? Nem lembrava mais Tinha uma funcionária da Fundação, a Ieda, ela trabalhou no Marketing e ela se formou em Pedagogia ou Psicologia? Psicologia, e ela era Moça Bradesco, era uma japonesa bonita, e acho que é bonita até hoje, faz tempo que não a vejo, e ela recebia os visitantes aqui na porta, era muito simpática. E ela foi trabalhar na Fundação Bradesco, ela foi ser psicóloga lá, e ela trabalhava com seleção e recrutamento de pessoal da Fundação: professores, quando tinha uma escola nova, você recrutava o pessoal. Eu também trabalhei nessa área, de ajudar na seleção de professores, montar provas, corrigir provas, aquelas loucuras todas que se faz em uma seleção quando tem muita gente e muitas escolas a serem inauguradas a cada ano. Foi uma trajetória muito grande de inaugurações e implementos de escolas, foi muito bacana. Às vezes eu posso estar me enganando em alguma coisa, mas não era só aqui. Aqui era a sede do trabalho e eles faziam também esse trabalho em determinadas capitais, por exemplo, que eu me lembre: Recife, pegava uma parte dos estados acima do Recife, por “n” razões, eu não sei quais, ficava ali sediada a diretoria regional do banco, então eles sediavam o trabalho perto da diretoria regional; no Sul eu não sei dizer também se era no Rio Grande do Sul ou outro estado; no Centro-Oeste... Eles atendiam o Brasil inteiro, mas não de forma espalhada, mas de forma mais localizada, em determinadas regionais que eles tinham como base. Esse trabalho, eles atendiam o Brasil inteiro, mas não só São Paulo, outros estados também que eu não sei te dizer em quais estados, por não ter trabalhado, mas só por... Nós paramos lá nos cursos da comunidade. Esses cursos, eles foram tomando vulto, tomando vida própria. Eles eram conduzidos, e eram analisados com bastante critério: as propostas vinham, era feito um anteprojeto, um projeto de curso, já tinha a verba destinada para os cursos, você tinha que trabalhar dentro das verbas e dentro do propósito do curso que era atingir a comunidade. Renda, oferecendo para ela uma busca de renda e uma capacitação ou uma – é isso que poderia dizer – uma capacitação profissional ou um trabalho que ela pudesse realizar depois do curso. Então esse era o objetivo do curso, preparar as pessoas a ter uma renda, renda e trabalho para ajudar na economia doméstica, para ajudar no seu dia-a-dia. Cada um colocava certas diretrizes aí, eu estou falando algumas coisas. E esse trabalho foi sendo desenvolvido e, com a mudança da lei, que houve uma mudança do ensino, houve também outros projetos. Deixa eu ver se eu lembro. Foi em 94, você vê que são períodos que a gente vai lembrando. Eu não lembro quando mudou o ensino, foi no governo Fernando Henrique, o Paulo Renato, houve uma mudança de ensino aí que passou... Mas tinha lá, tinha um período para você desenvolver esse trabalho, mas antes de você pôr em prática, você tinha que já ter a estrutura lá, então eu não lembro quando foi a mudança de ensino porque mudou o ensino, foi do fundamental... [A escola técnica virou centro de formação] Isso, exato Toda essa mudança aí, e houve um outro trabalho que a Fundação Bradesco veio a fazer muito grande no ensino fundamental, no médio, no técnico, na educação de jovens e adultos e no curso de educação básica, que é aqueles da comunidade. Houve toda uma mudança de filosofia de trabalho ou, não sei se só de filosofia, mas de condução do trabalho.
FUNDAÇÃO BRADESCO Expansão de escolas Não, não pararam não [a construção de escolas]. Pensou-se não só em, não é não parar, pensou-se em estruturar essa nova reforma para depois fazer isso ser implantado, para depois começar uma nova etapa de construção. Mas a idéia não era, parou no sentido prático, mas não parou no sentido filosófico. [Tinha uma época que eram três por ano] Eu comecei a participar de seleção de professor nas escolas em 85, acho que foi, quando foi a escola do Rio de Janeiro foi a primeira vez que eu fui em seleção. De 85 até a época que eu saí foram algumas escolas que eu não me lembro, 10, 12 escolas, não sei, foi Maceió, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Espírito Santo... Olha, foram umas 10 escolas que eu participei de 84 até quando eu saí. Naquele ano que eu saí estava sendo proposto a escola de Cuiabá, de Goiânia, se não me falha a memória, foi a última escola que eu participei da seleção. Marília, participei, quando o Banco fez 50 anos. Nossa, uma escola linda, uma escola, foi assim um marco das escolas, Marília. A estrutura, a concepção da escola na arquitetura, ela foi diferente. Acho que foi também a oportunidade de se fazer pelo terreno, pela época, pela data, enfim, eu acho que juntou tudo isso, mas isso é também uma coisa que eu não sei te dizer, outras pessoas vão contar. Eu acho que tem pessoas que vão contar coisas mais importantes. Mas a escola é muito bonita, a gente nunca tinha visto uma escola daquela, uma concepção diferente, novas tecnologias, já vieram outros projetos, então foi muito legal isso aí. E expandiu de forma diferente essa escola, foi um marco. A organização tem muito isso de fazer marco na história. [Isso foi em] Agora você me pegou... 95, 93... Datas, eu não tenho nem uma relação de escolas, nem estudei elas para falar. Outra coisa legal que eu participei, foi o novo museu, que é nesse prédio onde vocês conheceram lá, era um restaurante nesse museu. Lá funcionou a Pecplan. Então, era um hotel, falei, era um restaurante. Em cima era hotel, embaixo era restaurante, e quando acabou o hotel e o restaurante – porque o Centrefor começou a expandir muito, não cabia lá, então: "Vamos alugar o hotel.". E restaurante também não cabia mais. "Então vamos fazer um novo". Que é esse grande, não sei se vocês almoçam aí. Mas já viram o restaurante? Enorme, não sei se ainda continua atendendo um número grande de pessoas. Eu não sei, está vendo que eu desconheço, mas tinha o prédio do restaurante e aí funcionou a Pecplan, e esse museu que está lá era no prédio da Fundação Bradesco, e ele foi levado para esse local, com essas novas tecnologias. Vocês assistiram lá a multimídia, aquelas coisas todas. Eu participei desse projeto também, que demorou Desde a concepção até a implantação e funcionamento dele, aí foi toda a Diretoria no dia, tal, foi muito legal. O que eu posso dizer mais dessa trajetória? Paramos lá nos cursos, viemos para as escolas que se expandiram
e eu estava envolvido em stands, feiras, exposições que a Fundação Bradesco participava; tinha um projeto de deficientes visuais que eu participava, vocês conheceram esse projeto?
INCLUSÃO Esse projeto, quando eu fui convidado a participar, como operacional, que a concepção já existia, foi desenvolvido pelo banco, por uma empresa – não vou lembrar o nome, só lembro do dono da empresa, senhor Francisco . E aí desenvolveram esse projeto para o banco e esse projeto foi levado para a Fundação para oferecer à comunidade deficiente visual uma oportunidade de participar das novas tecnologias para o deficiente visual no microcomputador, que foi também uma coisa. E com o suporte dessa empresa e com o suporte técnico do Nivaldo, que é um engenheiro, que é o gerente de um departamento da Fundação – vocês conheceram? Nivaldo, com o conhecimento dele foi sendo implantado esse trabalho e aí nós fomos administrando a parte de implantação aqui na matriz, na Fundação Bradesco, e depois em algumas escolas, também não todas, algumas. No Rio de Janeiro, que eu me lembro, no Espírito Santo, em Recife... Eu fui participando de algumas, depois eu saí, então não sei como ficou, mas foi um trabalho muito legal, eu gostei muito desse trabalho.
FUNDAÇÃO BRADESCO Mudanças Teve a implantação dos cursos técnicos, com a nova mudança do ensino. Esse de turismo que você está dizendo foi quando entrei na Fundação, que tinha o curso de computação, curso de Turismo, curso de administração de empresas, que hoje não é mais, é gestão, Turismo não sei se ainda é turismo, mas quando entrei na Fundação tinha o curso de computação, como chama? Computação, técnico em programação de computadores, desculpa, técnico em administração de empresas e técnico em turismo, esses eram os cursos lá em 1970. Isso em 70, 1970 Aí em 71 mudou o ensino, 71, 72, esses cursos vieram até a outra reforma aqui. Aí não teve mais o curso técnico de segundo grau, foi o médio, o fundamental, lembra disso? Dessa época. Esses cursos que você falou agora é lá atrás, não têm nada a ver. O Almir, que vai vir aí, o professor Almir, que era o Diretor, ele vai te contar essa história melhor, eu não sei essa história todinha. Eu estou falando do técnico agora, dessa nova lei, técnico que eu digo não é aquele que faz o médio. Você fez o Médio, mas você fez o técnico como era o técnico em turismo, o técnico em eletrônica, hoje, para você fazer o técnico é separado. Nessa época que eu comecei a implantar, tem uma foto que eu te mostrei, eu fui em Garanhuns montar o curso técnico em agropecuária, que eram módulos, faz-se por módulos. A Sônia Regina estava, nós fomos juntos. Para esse trabalho foram poucos lugares, mas eu também viajei para muitas escolas fazendo outros trabalhos que não só esses. Trabalhos administrativos, trabalhos internos da fundação, trabalhos de supervisão, trabalhos administrativos na escola, então não se prende só a determinadas tarefas ou a determinados aspectos que a gente ao longo do tempo foi trabalhando. É uma gama de conhecimentos. Começamos lá embaixo, em uma salinha pequena como instrutor e chegamos até, como muitos funcionários da Fundação eram office-boys ou contínuos, hoje eles são gerentes, passaram por “n” departamentos, “n” coisas – vocês vão falar com eles amanhã ou depois.
FUNDAÇÃO BRADESCO Escolas Eu tive a oportunidade de ir a Bodoquena e Canuanã, são dois internatos que a Fundação Bradesco tem, além das outras escolas. Mas como essas duas escolas são atípicas em relação às outras, e em relação a muitas outras do Brasil na época, eu entendia um trabalho diferente, entendia um trabalho muito importante para aquela comunidade, por quê? Porque os alunos ficavam internos, eles atendiam, na época, mil alunos, internos, que ficavam de segunda a segunda lá, fazendo N atividades durante o dia e à noite, isso diferenciava muito. Essa sua pergunta de como chegar lá, para mim que chegava era uma surpresa muito grande, primeiro por, nas primeiras vezes, no primeiro momento, desconhecer a realidade do local. Você só conhece o projeto, mas você não vê na prática, então quando você chega no local, a surpresa é sua; e dos outros também muito mais porque: "O que ele veio fazer aqui?", "O que você vai trazer de benefício?", "Que idéia que...", mas na verdade você ia aprender também, não é só participar e talvez orientar, e talvez levar algum subsídio, mas muito mais aprender para depois em um outro retorno seu tentar dar algum subsídio. Aquelas pessoas que estavam lá, a Fundação Bradesco, para eles, era a diretriz de tudo. E como eles desenvolviam um trabalho lá com um projeto orientado e supervisionado pela Fundação Bradesco aqui em São Paulo, era muito rico nisso, tanto da nossa parte, que íamos visitar, como da deles que queriam conhecer cada vez mais a Fundação Bradesco através da nossa visita ou através do relato que a gente fazia das coisas que poderiam ser de alguma forma desenvolvidas lá ou em outra escola. Lá havia seleção, eu não participei dessa seleção de Bodoquena nem Canuanã, mas me parece que era feita uma seleção, e como o curso lá era: além da grade normal de uma escola, tinham os técnicos, que eles eram selecionados, então técnico em agropecuária, Técnico em alguma outra atividade, tinha que estar dentro dessa escola. [Esse curso para interno] Exatamente, porque ali você não tinha que ter só professores da grade normal, curso normal. Você tinha que ter vários técnicos para poder subsidiar e poder desenvolver esse trabalho. Esses funcionários eram selecionados na própria região, nas faculdades que tinham ou por indicações, eles iam saber, conhecer o projeto, queriam participar. Depende do tipo de trabalho, de treinamento. Quando era alguma coisa técnica, se pudesse desenvolver no local seria melhor; e quando era alguma coisa pedagógica, dependendo também você poderia desenvolver na própria escola; agora, quando era um encontro, não digo só dos dois, mas um encontro da Fundação, aí você começa a desenvolver um outro trabalho. Dizer para você especificamente que era assim ou não era assim, é... Tinham [esses encontros] e têm, acho, para professores, para supervisores, para vice-diretores, diretores para determinadas áreas, por exemplo: "Vamos fazer um encontro de professores de matemática". Então na escola, se tem dois ou três, traz um de cada. Um, faz o trabalho com esse, depois em uma outra oportunidade traz o outro. Que eu me lembre, às vezes eram sediados aqui, às vezes eram feitos por regiões. Região Nordeste fica com os professores e faz determinada escola, região Norte faz aquelas escolas, região Sul, Sudeste, enfim, dependendo, é muito difícil eu dizer é só assim ou não é só assim. [É muito móvel] É, depende do projeto, depende do que você tinha que desenvolver.
FUNDAÇÃO Bradesco Causos [História] De quase cair [o avião], você fica assustado. O acesso era muito interessante para Canuanã. Então você ia para Brasília, pegava um aviãozinho que dava umas seis poltronas dessas, ou oito, não me lembro agora, e o aviãozinho voava baixo, e balançava, você descia e tinha que pegar um veículo por terra, você atravessa um monte de ponte de madeira, um monte de rio. [Porto Nacional] Parece que era isso, mas depois começou a descer em Palmas, acho que eu fui quando já era Palmas, que é a capital de Tocantins. Aí você pega um carro lá, eu não lembro que carro, enfim, você começa a andar horas e horas naquele mato, naquele chão batido, naquelas pontes que é só aqueles pedaços de tronco de árvore, e vai balançando. [O pessoal chama de pinguela] É verdade. E se não tiver a ponte ali você não atravessa. Fica no meio do mato mesmo, de um lado é o rio, do outro lado é a escola e do outro lado é só mato. Isso é Canuanã. Bodoquena já é mais fácil o acesso. Você desce em Campo Grande, pega um veículo, anda bastante também, umas três, quatro horas, um pouco mais, passa Miranda, passa Bonito, passa Bonito, passa Miranda, vai sair perto da Serra de Bodoquena, divisa quase de Corumbá. Mas o acesso é mais fácil e a escola é mais moderna, mais arquitetonicamente construída. [Ela já feita em cima da experiência de Canuanã]. É, da experiência de Canuanã e o local foi mais propício para isso e mais planejado. Canuanã foi uma experiência diferente, a primeira experiência diferente que eu acho em muitas escolas do Brasil. A diretora lá teve – quem pode contar essa história de Canuanã é o Antônio Peres, ele conhece muito bem essa história de Canuanã. Inclusive teve, eu fiquei sabendo, não estava na Fundação mais, teve uma comemoração não sei de quantos anos de Canuanã, não sei se 35 ou 30 anos. 30 anos, e ele foi convidado para lá, acho que foi o ano passado, ou ano retrasado – 2004... 74, 2003 – foi alguma coisa aí, e ele foi convidado porque ele ajudou muito a ir caminhões para lá. Ele ia de caminhão, às vezes, levar coisas para lá. Eu lembro que eu via caminhões saindo da Fundação, porque o banco tinha uma frota de caminhões, ele tinha o serviço próprio de entrega de correspondência, de malote, de banco mesmo. Quando ele ia inaugurar uma agência, o banco, ele tinha marcenaria própria, então ele pegava os móveis, punha no caminhão e levava para a agência e montava. Hoje não é mais isso. Interessante. Aqui, na matriz do Bradesco, do lado da Fundação lá, tinha um prédio de marcenaria, um galpão enorme. E eu lembro quando eu entrei aqui eles faziam as mesas, as cadeiras, armários, tudo... Aí mudou para Campinas, conheceram Campinas? Campinas é maior que aqui a Cidade de Deus. Lá tinha uma estrutura violenta de transporte, de marcenaria. Tinha Fundação lá também. É uma escola comum lá, a Fundação, porque lá é uma fazenda e tinha a estrutura do Banco, lá era montado o Banco.
Era maior, era maior. O tamanho da área física, do terreno, era maior. O prédio e
Diretoria eram tudo aqui ainda, mas eles tinham. Você ia montar escola, por exemplo, Canuanã, você punha os móveis no caminhão – fez os armários, as cadeiras, não as carteiras, as cadeiras de administração, as mesas e mandavam Ia tudo para lá.
O Banco ia montar uma agência, PSHHH
Então, essa história que eu acho que você deve ver com o Antônio Peres, como foi montada Canuanã. Se eles montaram vagarosamente, se foi de uma vez.
Mas o banco tem agência em Manaus, imagina sair daqui e levar coisa para Manaus, né?
É, mas na Bodoquena e na Canuanã nós não dávamos esses cursos porque os pais dos alunos não estavam próximos da comunidade. Como era um internato, os pais estavam muito distantes da escola.
É, não era possível fazer isso. Acho que a primeira cidade perto de Bodoquena deve estar a uns 80 quilômetros, 70, 80 quilômetros. [Lá trabalha mais focada no aluno mesmo] Diferente das escolas nas cidades, que é no aluno e é na comunidade. Lá também é na comunidade, mas a comunidade está muito longe, então a comunidade passa a ser o aluno mesmo, os professores, os funcionários, aí existe um trabalho lá dentro.
FUNDAÇÃO BRADESCO Implantação de escolas [A Fundação se adapta às necessidades da região] Exatamente A Fundação levanta as necessidades da comunidade, se adequa e depois a comunidade se adequam à escola. Aí faz um contraponto, faz um entrelaçamento, isso é legal. Eu acho que a Fundação, ela foi se adequando às necessidades e evoluindo os projetos de acordo com a implantação das escolas, levantamento de necessidades da comunidade, não teve assim por causa de leis ou por causa de mudanças de ensino. Houve assim, expansões de número de escolas e atendimento de número de alunos. Porque a filosofia do fundador da Fundação, que era o senhor Amador Aguiar, era implantar uma escola em cada estado do Brasil. Existia já todo um trabalho de se ter uma escola em cada estado, mas não a toque de caixa, sempre obedecendo-se... [por etapas] Isso, de construção, de levantamento, de onde é melhor a escola, nesse ou naquele estado, nesse ou naquele lugar dentro do estado, enfim. Não adianta fazer uma escola ali, já tem muita, a nossa escola não vai atender aquela comunidade carente. O interesse era atender a comunidade que não tinha recursos.
Eu acho que a concepção da escola como coisa física já era diferente. Dentro da comunidade em relação às outras escolas ela se impunha pelo tamanho, se impunha e se impõe pelo tamanho, pela estrutura arquitetônica da escola, pela limpeza, pelos cuidados que os funcionários, a direção da escola têm com a própria escola. Conseqüentemente os alunos também, vendo que aquilo está funcionando, vendo que aquilo é para o bem deles, eles também cuidam. Isso fica sendo uma troca, um marco dentro da comunidade. Vocês conhecem alguma escola da Fundação fora aqui? Aqui eu não conheço. Eu saí daqui essa escola estava sendo feita, então faz uns quatro, cinco anos, mas você vai notar que é diferente a escola, dentro de que comunidade ela está? Eu não conheço, mas eu tenho certeza que vocês vão observar a comunidade, vão observar a escola e vão ver que a escola parece que faz seis meses que ela está montada porque ela está limpa, ela está gramada, ela está arborizada, se tiver árvore, ela não tem vidro quebrado, ela não tem sujeira no pátio, enfim, ela é uma escola que você entra, e fala: está limpa hoje, está limpa amanhã, está limpa a qualquer hora que você for. Dentro das cidades, dentro das comunidades onde eles estão. Em qualquer escola da Fundação Bradesco que eu conheci, é assim.
Não importa [a região]. Você vai lá em Bodoquena, vai em Canuanã ou vai em Conceição do Araguaia ou vai no Rio de Janeiro, que é também um prédio lindíssimo, diferente também de todos, lá é o antigo Instituto Lafayette [no Rio de Janeiro], tombado pelo Patrimônio Histórico, é uma coisa. Você anda, vidro no chão, de um andar para o outro entra claridade, é coisa linda Você vai lá é uma limpeza, um cuidado e o respeito que os alunos têm porque eles vão usar aquilo lá. Ele, o irmão dele, o colega dele.
Pode ser que o pai já tenha usado, não sei se, nem tanto o pai usou, mas talvez o irmão mais velho, dependendo do local, do tempo que a escola está lá. Aqui tem Têm funcionários aqui que a gente sabe que usou, o filho está acabando de usar, capaz daqui a uns dias o neto usar. Vocês conhecem a escola, essa escola daqui de Osasco, a matriz da Fundação, ela também é diferente de todas as outras escolas porque não parece uma estrutura de escola, porque ela foi concebida, foi crescendo também meio que desordenado; mas onde tem um projeto, onde já tem...
FUNDAÇÃO BRADESCO História [Começou como grupo escolar] Chateaubriand, que o senhor Carlos foi o diretor... [Nesse prédio] É lá em cima, as últimas quatro salas de aula lá do fundo que começou lá. Depois foi crescendo, fizeram... [a tal escola de emergência do estado] Exatamente naquela época, que os professores eram cedidos pelo estado, se não me falha a memória, e o Banco dava a estrutura, e o senhor Carlos entrou, entrou mais as professoras, a Ana e a outra irmã dele e a outra professora, montaram o grupo escolar, era o Grupo Escolar Embaixador Assis Chateaubriand e ali começou. [O Estado resolveu fechar a escola, mas o Amador Aguiar resolveu manter]. Exatamente. E a idéia dele, já tinha a Fundação lá, em 56. [Fundação] São Paulo de Piratininga, depois houve uma mudança, acho que em 60 alguma coisa, de São Paulo de Piratininga, 67? 66, 67 ficou Fundação Bradesco, deixou de ser São Paulo de Piratininga, Fundação Bradesco, e esse é um marco também que o senhor Aguiar – é que a gente não conhece a história dele, a gente conhece a nossa história –, como era esse marco, como era a idéia dele?
AMADOR AGUIAR Eu conversei várias vezes com ele [Amador Aguiar], conheci ele, algumas oportunidades na Fundação, mais na gráfica quando eu trabalhava. O senhor Aguiar deixou o banco em 86, 87, se não me falha a memória. Qualquer coisa assim, mas eu entrei em 71, tinha ele, o senhor Mário Aguiar, que era irmão dele, tinham outros diretores que fundaram isso daqui. Sempre teve [muita atenção com a Fundação]. Depois, com o crescimento e o atendimento que a Fundação Bradesco fazia com os alunos, mais ainda; hoje acho que tem um relacionamento e uma preocupação muito grande da Fundação porque a presença do Estado é difícil, então a Fundação está lá, na ausência do Estado. Você está formando pessoas, você está dando a sua contribuição e você tem que dar de forma que garanta realmente uma coisa de qualidade porque se for só para substituir sem pensar na qualidade e no futuro, não adianta.
Avaliação Fundação Bradesco Foi isso que eu quis colocar, que ela, a Fundação percebeu que ela fazia-se necessária em determinados lugares e foi ao longo do tempo implantando porque também achava que tinha necessidade demais daquela escola naquele lugar, naquele outro. Aqui em São Paulo não é só aqui, tem em Campinas, em Registro, tem em Marília. São Paulo é um estado muito populoso, pode ser até que necessite de mais, já tem quatro. Em outros estados é uma ou duas, no máximo, escolas, mas eu acho que a Fundação sente também a necessidade de implantar mais escolas, eu acho. Eu não sei qual é a diretriz da diretoria, mas eu penso que sim. Pessoalmente. A Fundação Bradesco me trouxe uma transformação de vida. É, minha própria vida. Tanto é verdade que eu estou aqui hoje. Agora, falando da Fundação para a comunidade, para os seus alunos, houve um trabalho, um projeto, alguns anos atrás, que levantou um percentual de alunos, não todos, não sei se foi falta de oportunidade de colocar todos, mas alguns saíram em uma pesquisa dessa transformação de vida. Qual a contribuição que a Fundação Bradesco trouxe para a vida deles, a trajetória de vida tanto no campo profissional, pessoal e poderia dizer até intelectual, de formação acadêmica, de formação de cidadão mesmo. A gente tem encontrado, tem sabido de alguns ex-alunos que estão hoje em situações de vida profissional muito benéfica em relação a outros. Isso foi uma trajetória, foi um marco na vida deles. Eu não saberia dizer quais, que posições que eles ocupam, mas sei que tem esse trabalho.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Eu saí da Fundação no ano 2000. Eu saí, não porque eu queria sair, nem me mandaram embora. Houve um imprevisto, minha mulher fez um concurso, aí tinha que assumir um cargo fora de São Paulo, ou eu ia ou eu ficava. Aí ficou aquela confusão, passou o tempo e eu resolvi que tinha que sair. Mas eu não queria sair, tanto é verdade que eles impediram que eu saísse, eu saí porque fui obrigado a sair, mas saí de São Paulo, fiquei um tempo fora, retornei e a vida continua. (risos) [Foram] Outros caminhos, não na área de educação. Eu aposentei, saí, aposentei pelo INSS, recebo previdência privada, aí fiz concurso público, passei no concurso público, trabalho no Estado, estou há três anos trabalhando no Estado. E vou tocando a minha vida. Da Fundação, eu venho eventualmente aí. Eu, inclusive, liguei, antes de você me ligar, liguei para a Fundação para falar com a Ana Luísa, para saber se ela ia sair de férias ou não. Ela já tinha saído. Eu sei que ela vai voltar dia 15 ou 16, mas eu estou marcando 15 ou 16 para deixar, dar um tempinho para ela, porque eu venho, assim, no final do ano, dar um feliz Natal para o pessoal, duas ou três vezes por ano eu apareço aí. É, interessante que é, é uma família. Muita gente que eu não conheço, que entrou novo aí, outros que já saíram, mas aqueles que permanecem aí, a gente costuma cultivar. Posso até nominar eles: a Sandra Marques, o Jefferson Romon, o Antônio Carlos, o Nivaldo Marcusso, a Cristina Teles, as meninas do atendimento, os subordinados à gente lá, que eu tive ligação mais direta, então a gente sempre mantém. De outras áreas não, porque às vezes mudou e eu não conheço, mas a gente está sempre lá, cumprimentando e falando. Não teve uma quebra de vínculo, continua o vínculo.
AVALIAÇÃO Trajetória pessoal A vida é para ser vivida, mas vivida com bons amigos, com felicidade, com alegria, com inteligência, com perseverança, e junto àqueles que você gosta, e ajudar as pessoas que precisam de você. Parte sim [a Fundação me trouxe], mas também vai muito da sua criação, mas ela, realmente, provoca isso. Eu acho que a Fundação, ela traz alguns desafios que você percebe nas pessoas, no mundo, na comunidade, a necessidade que elas têm de poder estar sempre melhorando. Não é a mesmice, senão você vai ficar na mesmice, para quem trabalha na Fundação Bradesco não existe isso daí. Você tem que estar sempre perseverando, buscando, agregando valores, senão você não sai daqui. Porque mesmice todo mundo faz, difícil é fazer diferente, não é? É que nem vocês, o trabalho de vocês, vocês têm que procurar melhorar, pesquisar, descobrir... É isso que as pessoas buscam, descobrem e é isso que eu procuro fazer. E eu acho que é esse o espírito da Fundação, sempre estar na frente; se não estiver na frente, sempre ao lado das coisas que são mais importantes na vida das pessoas.
CASAMENTO Quando eu casei já trabalhava na Fundação. Casei com 28 anos. [Minha esposa chama] Maria Helena. Não tenho [filhos]. Perdeu o filho, os dois que teve, perdeu. Ela trabalhou inclusive no banco, no departamento jurídico. Conheci aqui, sem querer conheci ela aqui.
AVALIAÇÃO Projeto Memória Eu acho que esse trabalho que vocês estão fazendo vem muito de encontro com o que a própria Fundação tem como filosofia, de estar buscando, de estar tendo esses pontos, pontuando essa trajetória de luta, de trabalho, de dedicação. Não só a Fundação como o Branco também, fazem muito isso daí, que você falou de fazer, você está preparando isso para o ano que vem, então eu imagino que isso que vai acontecer lá em novembro, não lembro o dia agora, 11 ou 26, acho que vai ser uma coisa simples... Exatamente, porque sempre é feito assim uma coisa bem simples, do ponto de vista de mídia, mas um marco para a história da organização e do trabalho que é feito dentro de casa aqui, e dentro da Fundação, que deveria, eu acho também, ser diferente. Deveria mostrar para os outros, se já não estão mostrando, o que é feito aqui na Fundação.
Não porque eu estou participando, mas porque estão fazendo esse trabalho. Eu acho que até do ponto de vista lá atrás, quando se pensou na Fundação, em desenvolver esse trabalho, nas pessoas que estão dirigindo a Fundação e tendo esse trabalho como, esse trabalho coroando o próprio trabalho da Fundação Bradesco. Eu acho sim [um trabalho importante], não só acho como acho que deveriam outras empresas fazerem isso. Além de outras empresas, a própria Fundação Bradesco expandir mais ainda esse trabalho se tiver condições. É o necessário, é um bem necessário esse daí. Eu não diria se expor, eu diria não se ostenta tanto. Se expor é uma coisa meio, acho que o trabalho não precisa se expor, a Fundação não se ostenta também. Porque ostentar, às vezes ostenta e não faz nada de bom; e se expor também não se expõe, e se expõe também não faz nada de bom. Eu acho que do jeito que ela está fazendo, divulgar o trabalho, é diferente. Divulgar porque é um trabalho consistente, é um trabalho que tem retorno, é um trabalho que muitas pessoas utilizam, muita gente se aproveita desse trabalho em benefício próprio ou de outrem, os pais, o filho, o irmão que participa desse trabalho da Fundação Bradesco, como aluno, como funcionário. Divulgar no sentido de incentivar outros a fazerem, de mostrar o seu trabalho que é sério e que está colaborando com a comunidade, não para se ostentar ou para expor o trabalho, nesse sentido não.
FUNDAÇÃO BRADESCO Valores [Os valores de Amador Aguiar] Para mim ficou, para mim ficou. Eu acredito que para a grande maioria ficou. Quem entendeu, quem conheceu e quem levou adiante. Porque as pessoas que vocês vão convidar, as pessoas que foram convidadas para vir aqui têm um trabalho de algum tempo na Fundação Bradesco, então essas pessoas entenderam e aquelas que estão trabalhando entendem e vão fazer um depoimento muito melhor do que esse que eu dei porque elas estão vivenciando hoje, o atual, o agora. Eu vivenciei já há um tempo atrás. A professora Márcia, que saiu, o depoimento que ela deu, ela também vivenciou um tempo atrás, não agora, e as que vão vir agora acho que vão dar um depoimento mais atual, mais concreto do que aquele que eu dei. Minha história de vida na Fundação já foi.Recolher