Projeto 50 Anos do SENAC de São Paulo
Depoimento de José Carlos Fernandes
Entrevistado por Márcia Ruiz e Rosali Henriques
Instituto Museu da Pessoa
São Paulo, 22/08/1995
Código: SENAC_HV021
Transcrito por Rosália Maria Nunes Henriques
Revisado por Ligia Furlan
P/1 - Boa tarde, eu gostaria q...Continuar leitura
Projeto 50 Anos do SENAC de São Paulo
Depoimento de José Carlos Fernandes
Entrevistado por Márcia Ruiz e Rosali Henriques
Instituto Museu da Pessoa
São Paulo, 22/08/1995
Código: SENAC_HV021
Transcrito por Rosália Maria Nunes Henriques
Revisado por Ligia Furlan
P/1 - Boa tarde, eu gostaria que inicialmente o senhor nos dissesse o seu nome, local e data de nascimento.
R - Meu nome é José Carlos Fernandes, nasci em três de novembro de 1944.
P/1 - O local e a data de nascimento?
R - Novo Horizonte, três de novembro de 1944.
P/1 - Eu queria que o senhor falasse o nome dos pais do senhor e o que é que eles faziam, qual era a atividade deles.
R - Meu pai se chamava João Fernandes, trabalhou na prefeitura de Novo Horizonte até se aposentar e vir pra São Paulo. Minha mãe, Júlia Maria, trabalhava em casa.
P/1 - Quantos irmãos o senhor tem?
R - Nove.
P/1 - Nove. O senhor é o mais velho, mais novo?
R - Eu sou o mais novo dos dez.
P/1 - Eu queria que o senhor falasse um pouquinho da sua infância em Novo Horizonte, até quando o senhor ficou em Novo Horizonte, quando o senhor veio pra São Paulo... Que o senhor falasse um pouco da casa que o senhor viveu em Novo Horizonte e da casa que o senhor veio a morar aqui em São Paulo.
R - Bom, de Novo Horizonte eu pouco lembro, porque saí com aproximadamente quatro anos, e não lembro quase nada. Então a minha infância foi na Mooca, na Rua da Mooca, onde eu cresci e vivi até me casar. Quando eu sai, fui morar no Tatuapé.
P/1 - E nesse local que o senhor morava, na Rua da Mooca, era uma casa, o que é que era, um apartamento? Eu queria que o senhor descrevesse um pouco da residência, das brincadeiras, como é que era o dia-a-dia dentro da sua residência, da sua casa, com seus pais, com seus irmãos.
R - Bom, era casa térrea. Morava meu pai, duas irmãs e eu, minha mãe já havia falecido. A brincadeira na época era mais futebol na rua mesmo, a rua ainda não era calçada, estava calçando na época, na rua de trás era terra, então era futebol, e na época de vento − agosto, setembro −, muita pipa, chamado papagaio, quadrado, na época. Não tínhamos outro tipo de lazer lá.
P/1 - E o senhor disse que teve nove irmãos, e nos disse que morava só com as suas irmãs; os outros irmãos do senhor já haviam casado?
R - Já haviam casado, todos eram casados.
P/1 - O senhor começou a estudar e entrou em que escola? Que escola o senhor iniciou os seus estudos?
R - Eu fiz − na época chamava primário − os dois primeiros anos na Escola Piratininga na Rua da Mooca, depois passei pro Grupo Eduardo Carlos Pereira, na Rua da Mooca, onde concluí o primário. O ginásio eu fiz no Colégio São Judas Tadeu, que hoje é universidade, fiz o segundo grau também, Técnico em Contabilidade, e a faculdade eu fiz de Economia, na Faculdade de Economia e Finanças do Estado de São Paulo.
P/1 - E o que o senhor lembra, por exemplo, quando entrou na escola? Como é que era a escola, o senhor lembra o ensino, como é que era naquela época? O que o senhor se lembra dessa fase?
R - Como era uma escola muito pequena, havia uma sala de aula pra cada ano. Não vou dizer que era uma extensão da casa, mas era muito bacana, era bem aconchegante, pra época a gente tinha muita liberdade, era interessante, diferente de outras escolas onde tinha vários primeiros anos, segundo, terceiro, quarto anos. Do primário eu só tenho boas recordações.
P/1 - O senhor estudava... Era uma classe mista? Tinha meninos, meninas?
R - Mista. No primeiro colégio, que foram dois anos... No outro também, eu sempre estudei em colégio de salas mistas.
P/1 - E quando o senhor resolveu fazer o segundo grau, fez um segundo grau técnico, Técnico em Contabilidade, como o senhor havia nos dito. Por que é que o senhor escolheu Técnico em Contabilidade?
R - Eu acho que foi no sentido de escolaridade minha, foi a única vez que eu não pensei muito, eu estava trabalhando em contabilidade, já tinha trabalhado numa outra empresa, e eu achei que era uma profissão. Eu fiz porque me parecia ser o estudo mais prático que eu poderia encontrar, de momento.
P/1 - O senhor falou que nessa fase do curso de Técnico em Contabilidade o senhor já estava trabalhando. Qual foi o seu primeiro emprego?
R - Foi numa empresa de transporte, onde eu exerci a função de mensageiro durante uns seis meses. Depois trabalhei internamente como calculista.
P/1 - O senhor fazia que tipo de cálculo?
R - Eu calculava o preço de toda mercadoria que saía da empresa, que era transportada pra algum lugar. O chamado, na época... Hoje eu não sei mais, o conhecimento... Então eu calculava o frete.
P/1 - E depois que o senhor trabalhou lá, saiu dessa empresa de transporte por quê?
R - Não, antes, nessa mesma empresa eu trabalhei na contabilidade lá também. E onde eu comecei a ter um pouco de interesse pela contabilidade. Depois eu saí por uma questão que eu... Meu irmão e um cunhado fomos trabalhar por conta. Vendemos cereais durante seis a oito meses, mais ou menos. A gente apanhava a mercadoria na Santa Rosa e vendíamos pra feirantes e empórios da época.
P/1 - E que tipo de mercadoria, eram grãos? O que o senhor vendia?
R - Era em sacaria; era feijão, arroz, cebola, batata. Foi a época que ganhamos um certo dinheirinho, eu ganhei duas hérnias de disco, porque era garoto, tinha 16, 17 anos, eles já aguentavam com a sacaria, e eu não. Então tive um problema também na coluna, um dos motivos da minha íngua, locomoção toda hora com as pernas e mexer. Mas foi uma época interessante, porque começamos a entender que por conta é diferente (do que?) como empregado. Tinha mês que entrava muito dinheiro, aí vinha o que era a entressafra, não é? Tinha época que não entrava um tostão, então se a gente tinha poupado alguma coisa a gente tocava o barco, senão ficava sem dinheiro.
P/1 - E nessa época o senhor ainda morava com o seu pai?
R - Morava.
P/1 - Quando é que o senhor começou a trabalhar no SENAC?
R - Em 30 de abril de 1963.
P/1 - Foi logo após esse trabalho que o senhor fazia vendendo cereais?
R - Cereais.
P/1 - E o senhor já tinha ouvido falar do SENAC? Por que a escolha do SENAC, enquanto empresa?
R - Não, a escolha foi a seguinte: eu tinha feito alguns currículos e eu estava enviando pra algumas empresas, porque eu havia passado num teste na Caixa Econômica Federal em fevereiro, fui aprovado e me disseram que me chamariam no fim do ano. Eu, como bom brasileiro, não acreditei, falei: Se eu passei agora no início do ano, vão me chamar no fim do ano. Até comentei em casa que eu tinha sido reprovado e que não tinha passado no teste. E eu estava mandando, enviando currículos para algumas empresas quando o atual Diretor Regional, o Salgado, trabalhava na gráfica do SENAC, e ele disse que estava precisando de alguém pra trabalhar na gráfica como calculista. Eu enviei um currículo pra cá, participei da seleção e comecei a trabalhar.
P/1 - E como foi esse processo de seleção, o senhor lembra como é que o SENAC selecionava os funcionários?
R - Eu lembro, porque como a pessoa havia saído da gráfica, havia uma necessidade de ter alguém lá, porque essa gráfica atendia SESC, SENAC e Federação. Então precisava alguém de imediato, e eu sei que eu comecei a trabalhar... Pra época não poderia ocorrer isso, eu trabalhei e fui prestar os testes uns três meses depois, geralmente... E até hoje os testes são feitos antes. Então isso me marcou bem. O pessoal falava “bicho de sete cabeças” do teste na época, mas deve estar arquivado aí, pra mim foi tranquilo.
P/1 - Em que consistia esse teste? Era um teste escrito, ele tinha português, matemática, no que consistia esse teste?
R - Tinha uma parte de português, uma parte de matemática, e a que todo mundo comentava era a parte de psicotécnico, quadradinhos e mais quadradinhos pra gente grifar, e umas perguntas que eu não me lembro bem, mas que levava você a responder uma outra coisa, digamos assim, umas perguntas assim meio capciosas, no sentido de te conduzir pra um caminho e ser outro. Mas sem problema nenhum.
P/1 - O senhor lembra como é que foi o seu primeiro dia na gráfica e como é que era o cotidiano dentro desse trabalho que o senhor fazia na gráfica?
R - Agora eu vou comparar, dar um pulinho pro futuro. Hoje, na gerência que eu estou, a gente preocupa muito com integração, e isso me marcou, porque eu cheguei lá e, talvez pela necessidade, me deram uma pilha de papel: Olha, calcula o preço de tudo isso aí. Eu nunca tinha entrado numa gráfica na minha vida, nem como usuário de gráfica, então eu senti uma certa dificuldade. Eu falei com um e com outro, até que quem sabia calcular chegou e me orientou o serviço. Mas fui pego de surpresa na forma que houve a minha integração, embora um grupo pequeno, mas eu achava que devia haver uma preparação, uma orientação, sei lá, você vai fazer isso assim, uma certa orientação, mas não. Talvez a necessidade da época tenha feito a pessoa agir de uma forma meio assustadora pra mim.
P/1 - E como é que era a relação do trabalho, dentro da empresa, entre os funcionários da gráfica? O senhor tinha contato com toda a estrutura do SENAC ou era só com o pessoal da gráfica? Como era essa relação com os funcionários do SENAC?
R - Não, a minha relação era interna, era só com o pessoal da gráfica, desde o papel que chegava até o produto ficar pronto e sair, raríssimas exceções eu ligava para alguma unidade, porque não era a minha função avisar que tal material estava pronto para eles passarem e retirar. Mas o contato era pequeno com as outras unidades.
P/1 - E que tipo de material a gráfica produzia? Porque nessa época o SENAC ainda estava no sistema de escolas? Ela preparava o material pras escolas ou era material pra uso externo do SENAC. Que tipo de material vocês preparavam lá?
R - Preparava o material pra escola, todo o material que uma escola possa utilizar, como para as unidades aqui da sede também, desde correspondência, envelope, tudo era feito na gráfica. E na época que eu entrei tinha Olimpíadas, era a menina dos olhos dos antigos senaquianos, não é? Havia muito documento, ficha de controle, e toda essa documentação era feita lá e tinha dentro da Olimpíada, além da parte, vamos dizer, atlética, física, havia também a Olimpíada cultural, onde tinha até um peso maior que os outros esportes. Então toda essa documentação era feita lá, rodada com supervisão, lacrado para não terem acesso às questões, porque valia ponto. Ou seja, todo o impresso que o SENAC usava era feito lá.
P/1 - Isso (tanto?) para o SENAC São Paulo como para o SENAC do interior também?
R - SENAC e SESC. A gráfica era um convênio das duas entidades, ela atendia os dois: SESC e SENAC.
P/1 - E o senhor trabalhou até que ano na gráfica?
R - Até 66. Depois eu passei pra uma divisão, na época era chamado divisão, Divisão de Cadastro e Pesquisa, onde eu fiquei até 67. Porque qual era a função lá? O cargo era fiscal de cadastro. Havia uma obrigatoriedade na época... Como você mesmo falou, o SENAC eram escolas, e pensava como uma escola, bem escolado, a gente visitava empresas e dentro de um número de empregados que as empresas tinham registrado, ela tinha obrigatoriedade de colocar menores meio período no SENAC. Então essa era a função nessa divisão de cadastro.
P/1 - E o senhor, durante essas visitas, enquanto fiscal do SENAC, pra inclusive verificar se estava sendo cumprida uma obrigatoriedade imposta, uma obrigatoriedade do governo... Desculpe, o senhor chegou a perceber se alguma empresa fraudava essa lei, o senhor teve algum caso?
R - Eu tive dois casos interessantes que até hoje eu lembro. Um, se não me engano, era a Pirelli, aqui perto da Folha de S. Paulo. Não marcou tanto a empresa, marcou porque eu estive lá, e era talvez um segundo escalão da empresa. O diretor que eu ia falar, e a gente tinha que se apresentar como fiscal de cadastro, só que eles orientavam: Vocês não digam a multa. Porque a multa foi fixada em valor numérico em 46, só que mesmo com a inflação pequena até 63, era insignificante a multa. Então a gente tinha que dizer que era fiscal, porque era um meio de pressionar um pouco mais. E quando eu cheguei lá, falei: “Olha, senhor está com uma certa irregularidade, eu sou fiscal de cadastro.” Apresentei o meu nome, achei umas certas irregularidades, e nada mais era do que ele colocar dez meninos no SENAC. Deu uma tremedeira no homem e ele passou mal, foram buscar água com açúcar! Mas eu falei: gente, outras empresas a gente vai, eles assinam o documento, não quer pôr, não coloca nada, fica por isso mesmo, porque a gente não tinha força de lei, porque só podia multar, e a multa eles pagavam, era insignificante. E a outra, na Rua José Paulino, eu passava e ele não me mostrava os livros, várias mocinhas trabalhando, e a rua era grande, um dia não dava pra fazer, passava de manhã e à tarde: “Está no contador.” “Me dá o endereço que eu vou lá.” “Não, eu passo.” “Você passa aqui mais tarde, eu apronto os livros.” E pra surpresa minha, um dia eu cheguei lá e tinha umas caixas de camisas, meia, gravata. “Eu não estou entendendo, eu tenho estado aqui, falei com aquele senhor que é o dono, eu sou fiscal de cadastro.” “Não, é pro senhor mesmo.” “Não, eu não fiz compras.” Eu tinha 17 anos, meio ingênuo, e ele estava me dando uma série de coisas pra não constar nos nossos livros que ele estava com irregularidades. Mas agradeci, voltei e comentei pra todo mundo aqui, aí tempo depois eu soube que algumas empresas faziam isso mesmo. E custava muito, porque ele teria que pôr o menor estudando, pagando salário de menor e não tendo o menor meio período.
P/1 - Depois que o senhor saiu dessa função de fiscal, o senhor foi transferido pra que área?
R - Eu fui pra Contabilidade, num setor da contabilidade que era a Tesouraria do SENAC, minha função era emitir cheque o dia todo.
P/1 - Nessa época o senhor já estava formado, o senhor já tinha o curso Técnico de Contabilidade?
R - Estava me formando.
P/1 - E o senhor ficou quanto tempo dentro... O senhor foi trabalhar na Tesouraria do SENAC?
R - Na Tesouraria.
P/1 - Essa tesouraria era central, era uma tesouraria que englobava toda a estrutura SENAC existente na época, ou não?
R - Ela era central, englobava tudo. Evidente que tinha um repasse de valores pequenos na época, ainda estava mudando de escola pra unidade, mas os grandes pagamentos todos eram feitos por lá, por isso a emissão de cheques era diária.
P/1 - Então na verdade essa tesouraria cuidava de tudo?
R - Ela centralizava todas as outras tesourarias, as outras repassavam.
P/1 - Seria um caixa pequeno.
R - Seria os outros caixas. E a gente repassava numerário, dinheiro pro pessoal administrar o seu pedaço.
P/1 - E o que significava grandes compras para aquela época no SENAC? Quais eram as grandes compras?
R - Olha, tirando comprar um lápis, giz, borracha, acho tudo era centralizado. Era uma época que a mentalidade de administração era centralizar mesmo, não só em valores, mas em decisões. Eu me lembro que na Tiradentes... Eu ainda não cheguei lá, mas tinha um restaurante, precisávamos comprar um caldeirão pra crianças, e não houve autorização. Nós compramos, só que fizeram o Diretor da época e eu pagarmos o caldeirão, porque era chamado imobilizado, e nós não poderíamos comprar o caldeirão. Então era centralizado, 90% das tomadas de decisões eram feitas aqui pela sede.
P/1 - E depois que o senhor saiu dessa tesouraria o senhor foi pra onde?
R - Eu fui para uma unidade na Avenida Tiradentes que era, na época, a única que abrangia várias áreas. Ela tinha Hotelaria, áreas de Vendas... Os cursos mais procurados na época eram de Manequim Profissional... Tudo que o SENAC fazia ela tinha, ela possuía lá, então era bem movimentado. E lá, pelo fato do movimento ser grande demais, foi criada uma contabilidade seccional em vez de prestação de contas, e eu era o contador de lá.
P/1 - E nessa época já haviam sido substituídas as escolas, já estava tendo cursos nas unidades? Quer dizer, já deixou de ser o SENAC, foi a época do SENAC sair da escola, ele passou a ser unidades?
R - Nessa época o SENAC começou a ter metas; não eram financeiras ainda, metas quantitativas. Então cada unidade se propunha a atingir metas, onde saía com as campanhas mais diferentes possíveis em busca de alunos. Já não era mais escola, aqueles cursos de longa duração; nós tínhamos cursos de três, quatro anos, foram substituídos por cursos menores, e agora me deu branco, não me lembro.
P/1 - Não, tudo bem. Então aí desses cursos, que eram cursos regulares, passaram a ser cursos...
R - De curta duração.
P/1 - De curta duração. E eles eram direcionados, eram cursos voltados pra determinadas áreas.
R - Isso.
P/1 - E me diz uma coisa: nessa fase a unidade passou a ter uma contabilidade própria e vocês tinham uma contabilidade da unidade. Vocês tinham, também, vamos dizer assim, uma contabilidade orçamentária? Vocês também faziam um orçamento para a unidade?
R - É, foi por volta de 1970, 69, 70 que o SENAC começou a trabalhar com o chamado orçamento programa, todas as unidades do SENAC faziam as suas previsões, menos, se não me engano, despesas de capital e onde ia administrar esse volume depois durante o ano seguinte.
P/1 - Passou a existir uma liberdade das unidades para que elas pudessem trabalhar com o seu orçamento ou ainda continuava a haver uma centralização?
R - Não. Já estava havendo uma descentralização não só na criação e elaboração do orçamento como na administração do orçamento também. Então o SENAC... O mundo, na época, já estava mudando daquela administração centralizada, se estava delegando mais poderes para as outras unidades.
P/1 - E o senhor ficou trabalhando como contador dessa unidade até quando?
R - Até meados de 77.
P/1 - E o que o senhor enviava pra sede, eram os balancetes mensais, balancetes anuais, como é que era feito isso?
R - A receita, o dinheiro que entrava na unidade, as despesas, os gastos, alguns compromissos mesmo, antes do pagamento mesmo era enviado um balancete mensal, e depois um anual.
P/1 - E qual era a principal renda do SENAC, nessa época?
R - Era a receita compulsória.
P/1 - Ainda era a receita compulsória?
R - A receita compulsória. Posso fazer um parêntesis?
P/1 - Claro.
R - Eu divido o SENAC, nos meus 30 anos de casa, em três fases: a primeira, eu diria assim, por volta... Vamos procurar uma década. Cada uma era uma manutenção das escolas que tinha um pensamento bem escolar, cursos de longa duração, a Olimpíada era muito importante para o pessoal do SENAC naquela época. E a segunda fase, que eu chamo, foi quando começou a haver uma participação de todos, começou a descentralizar o poder no SENAC, o SENAC deixou de ser escola, começou a haver metas quantitativas, e paralelamente um trabalho em busca de qualidade, embora eu diria que uma preocupação bem maior foi na terceira fase. Mas houve uma grande mudança no que eu chamo de segunda fase, onde os chamados cursos de longa duração foram substituídos por outros cursos, onde atendia a demanda muito maior e melhor do que antes. E a terceira fase, que eu colocaria nos últimos dez anos, foi onde o SENAC intensificou mais as unidades especializadas, o SENAC busca uma auto sustentabilidade. Nessa fase o SENAC enxugou a sua administração − essa fase eu digo nos últimos dez anos −, a parte central do SENAC, pra ter uma ideia, há 15 anos atrás esse prédio todo era administração, e hoje a administração geral do SENAC, se não me falha a memória, é sete, oito e nove; são três andares, não é? Então outra mudança: se a primeira se manteve as unidades, a segunda deu uma força maior em unidades do interior, e essa terceira eu diria que no interior e na capital. O número de unidades que o SENAC construiu nos últimos dez anos, não são dados talvez corretos, mas a memória sim, talvez seja igual ou maior que o SENAC construiu no período anterior.
P/1 - Depois dessa fase que o senhor trabalhou como contador dessa unidade ligada a Avenida Tiradentes, o senhor foi transferido pra que setor do SENAC?
R - Pra Gerência de Finanças, como Assistente do, na época, Diretor, e ajudava junto com ele no sentido de finança, administrar o Estado todo nas aplicações, investimentos. Foi a época que começamos a pensar em aumentar a arrecadação própria. Foi o começo dessa preocupação, embora alguns anos depois que foi dado ênfase à receita própria, deixando a compulsória, não querendo ser tão dependente dela.
P/1 - Então nessa fase começou a ter uma preocupação: os cursos começaram a ser cobrados, as unidades começaram a criar cursos, uma maior quantidade de cursos, e com preços...
R - De mercado, vamos dizer assim.
P/1 - De mercado.
R - Talvez houvesse exceção na nossa unidade, na época, não me lembro qual era o nome dela, que lida com o pessoal de baixa renda, igual hoje nós temos o CCT [Convenção Coletiva de Trabalho]. Então as unidades que lidam com esse pessoal, ou na periferia, às vezes é subsidiado. Mas na época, nesse período, o SENAC começou a trabalhar com preço de mercado.
P/1 - O investimento do SENAC nessa época teve uma preocupação com o avanço tecnológico, onde começou, nessa fase... O senhor que trabalhou no financeiro, qual era a preocupação, o objetivo do SENAC enquanto aplicação desses recursos públicos? Era em construção de prédios, era em melhorias?
R - Como eu falei. Eu peguei o que chamo de final da segunda fase, construções no interior, e aí surgiram também muitos convênios internacionais, que temos alguns até hoje. A parte financeira foi uma época que não tinha um objetivo só, nós tínhamos vários objetivos: construção, convênios, ampliação, investimento. Começaram os grandes laboratórios de línguas... Então eu não diria que foi canalizado para um determinado objetivo, as finanças do SENAC.
P/1 - E depois dessa fase, depois que o senhor deixou de ser Assistente do Diretor de Recursos Financeiros, o senhor passou pra que área? O senhor foi designado pra exercer qual função?
R - Aí eu fui trabalhar na secretaria geral, era quase uma extensão da diretoria regional, no sentido de documentação. Não seria uma unidade de comunicação porque ela cuidava só da comunicação escrita, então correspondências internas, externas, porque na época era centralizada ainda pelo Diretor Regional, nós que administrávamos, nós trabalhávamos também na documentação passada, onde foi dado, vamos dizer assim, um grande passo na microfilmagem, pra guarda da memória do SENAC mesmo, documentos, alguns por lei, obrigado, e outros não obrigados, mas que pareceu-nos interessante guardar, e criamos o setor de microfilmagem. Essa unidade teve esse perfil até volta de 85, mais ou menos, depois ela acoplou outro serviço. Mas o que marcou mais seria alguns objetivos assim diferentes que ela passou a ter como divulgação de terceirização, divulgação de descentralização,
passou a ser uma unidade que a diretoria regional usou pra divulgar ou colocar internamente algumas ideias, ou alguma mudança que estava havendo no mercado e que parecia interessante pro SENAC.
P/1 - E foi nessa fase que o SENAC utilizou-se assim, vamos dizer, desse corpo do organograma do próprio SENAC ligado diretamente ao Diretor Regional? Pelo que o senhor estava explicando dentro do organograma ele respondia diretamente ao Diretor Regional?
R - Certo. Embora no organograma houvesse uma coordenadoria, nós tivemos no passado diversas coordenadorias: de administração, de recursos humanos, de planejamento, de desenvolvimento, mas o dia-a-dia era direto, despacho, tudo era com o Diretor Regional, porque toda... Noventa por cento de toda documentação era assinada por ele.
P/1 - Era uma coisa centralizada na mão do Diretor Regional?
R - Até 83, 84, depois começou essa mudança que estava mencionando.
P/1 - E foi nessa fase que começou essa ideia de terceirização. O SENAC deixou de contratar funcionários?
R - Não. Aí foi um pouquinho mais. Depois da metade da década, 86, 87, que o SENAC começou a trabalhar mais com terceiros, com consultores, com outras empresas, principalmente naquilo que não era, talvez, o objetivo maior do SENAC. Então nós tínhamos aqui no quadro do SENAC mulheres de limpeza, vigilância, e terceirizamos no intuito de melhora, ao invés de nós desenvolvermos esforços para administrar essa parte, nós passaríamos pra terceiro e usaríamos o nosso trabalho pra administrar outras atividades mais ligadas com o próprio SENAC.
P/1 - E o senhor deu exemplo de pessoas, de setores que foram terceirizados. Quer dizer, seria de limpeza, de segurança?
R - De divulgação, na época.
P/1 - De divulgação. E qual foi assim, aquele que ainda continuou sendo e que hoje diferencia, que o senhor vê como diferenciação, como responsabilidade do SENAC administrar? Porque o senhor deu alguns exemplos de alguns setores que o SENAC viu como deveria terceirizar, e outros não.
R - Olha, eu diria o seguinte, o que deve estar terceirizando, passando pra consultoria, empresas, eu acho que é o ideal, porque não dá para ter um parâmetro até onde vai, até onde é, porque a hora que a gente passa pra terceiros, é porque eu acho que não é prioridade do SENAC. Então eu acho interessante contratar empresas, contratar... Não precisa ser só empresa jurídica, pode ser pessoas físicas, autônomas. O fato de passar pra alguém é sinal que nós não temos prioridade em administrar esse serviço.
P/1 - E o senhor ficou quanto tempo? Nessa época o senhor estava na Secretaria Geral, o senhor ficou até quando?
R - Eu fiquei até 89... Perdão, até 94, até o ano passado.
P/1 - E aí o senhor passou a assumir que função dentro do SENAC?
R - Gerente da Gerência de Pessoal.
P/1 - E hoje basicamente no que consiste a Gerência de Pessoal?
R - Bom, de modo mais... Melhor assim dividindo, eu diria que uma é aquela que a lei obriga, que é administrar, cuidar da documentação voltada ao pessoal do SENAC, que nós temos um departamento, um setor de administração de pessoal e benefício. E outro é desenvolvimento. Então o SENAC, o produto que ele vende, direta ou indiretamente, são pessoas que procuram. O SENAC não tem produtos, eu diria que tem mais serviços. Então a preocupação da Gerência de Pessoal eu acho que deve ser no sentido de maior desenvolvimento do pessoal, desde quando eles entram, de uma integração cada vez mais aperfeiçoada, um acompanhamento com o quadro de pessoas, depois que já passaram pela integração, e ainda temos hoje um acompanhamento... Nós conhecíamos o que, como a pessoa está se desenvolvendo naquilo que nós colocamos a pessoa, nós chamamos, mas nós não sabemos naquilo que ela procura, então a gente está pensando em criar um banco de dados pra gente ter informações completas de cada empregado do SENAC.
P/1 - Quantos funcionários o SENAC tem hoje?
R - Tem por volta de 1.500 pessoas no estado todo.
P/1 - E essa gerência que o senhor ocupa, ela administra, é uma gerência de pessoal, como um todo, da rede?
R - Como um todo, mas lembrando o seguinte: algumas orientações nós repassamos, seria impossível administrar o Estado de São Paulo todo, então há uma descentralização, e alguns eventos, por questão de a gente administrar um volume maior de recursos, foram reportados à gerência de pessoal, os demais cabe à unidade na elaboração da sua PTU, já orça um valor pra desenvolvimento. A gerência, o que ela procura fazer é procurar colocar as unidades mais a par do que têm, do que nós temos a oferecer no sentido de desenvolvimento de pessoal.
P/1 - Qual é a política para o funcionário, hoje, do SENAC?
R - No sentido de benefício ou desenvolvimento?
P/1 - Exatamente, a nível de benefício, e depois eu gostaria que o senhor falasse também a nível de desenvolvimento.
R - Bom, de benefícios, além de uma assistência médica que nós já temos há alguns anos, temos colônias de férias, que são do SESC, temos um pavilhão, até de uma forma mais democrata, o pedido é um programinha no computador pra indicar quem vai pra colônia pra não repetir sempre as mesmas pessoas e as outras ficarem de fora. Temos o benefício mais recente que é o PREVISENAC que a pessoa contribui, aí tem umas orientações no sentido de idade, tempo no grupo, e após a aposentadoria ela recebe 60% do seu último salário no SENAC.
P/1 - Isso o senhor está dizendo a nível de benefícios.
R - Benefícios.
P/1 - E a nível de planejamento?
R - De desenvolvimento?
P/1 - De desenvolvimento.
R - Só ainda em benefícios o SENAC, por ter hoje em dia, comparando quando eu entrei. Quando eu entrei havia bolsa de estudo, então fazendo uma faculdade, segundo grau, você recebia alguma coisa, mas hoje o SENAC também tem vários cursos onde o dependente − não só o servidor, como o dependente − também pode usufruir sem custo pra ele. Também é um benefício, né?
P/1 – Então, voltando um pouquinho: quando o senhor fez a faculdade de Economia, o senhor já estava trabalhando no SENAC. O senhor teve uma bolsa de estudo?
R - Não tive integral, mas tive um valor que eu diria que me ajudou muito, não só na faculdade, no curso técnico também. Quando eu fiz o curso de segundo grau o SENAC também me ajudou bem.
P/1 - E a nível de desenvolvimento, como é trabalhada essa política, hoje, pro funcionário?
R - Bom, como eu falei, tem aqueles eventos que a própria unidade indica o seu elemento e ele vai e participa, alguns casos eles têm verba da própria unidade. Outros casos usam da gerência de pessoal, quando é um valor maior, outros casos nós indicamos mais a nível técnico e gerencial, a gente sabendo do perfil de cada um a gente orienta alguns eventos. E temos também participações em congressos, seminários, em alguns eventos internacionais. Porque a gente, tendo o evento e tendo alguns nomes que a gente acha que está de acordo com o que é requisitado pelo evento, a gente submete ao Diretor Regional e alguém do SENAC participa desse evento.
P/1 - E quais são esses convênios internacionais que o SENAC mantém a nível, por exemplo, de desenvolvimento do funcionário do SENAC?
R - Não tem bem acordo, nós tivemos no passado um exemplo, o IMED. O IMED, na Suíça, o elemento ia pra lá e ficava sete meses direto estudando, havia um acordo IMED-SENAC. Agora nós temos alguns aí, não sei de cabeça, na San Diego parece, temos com a França, na Esmod, que é junto com a nossa unidade de modas. Mas nós temos usado mais congressos, seminários que a gente... Que o SENAC acha interessante. E alguém representa o SENAC participando, né?
P/1 - Eu queria que o senhor fizesse uma análise da estrutura do SENAC dentro da área que o senhor está hoje, como Gerência de Pessoal. Como é que o senhor vê, por exemplo, as mudanças dentro SENAC, e como é que isso afetou a relação do SENAC com os seus funcionários? Eu queria que o senhor fizesse uma análise nesse sentido. Exatamente pegando os macros do SENAC, como o senhor mesmo falou. Por exemplo, o SENAC saindo da escola, naquela época a maioria eram funcionários do SENAC, eram todos contratados do SENAC. E os cursos, depois, continuaram a ser funcionários exatamente por essa questão da terceirização. Eu queria que o senhor fizesse uma análise a nível de... Se o senhor acha que melhorou ou piorou. Como é que o senhor vê essa mudança dentro da estrutura do SENAC?
R - Bom, essa resposta tem que ser bem pessoal, porque numa empresa que tem 1.500 pessoas, é evidente que é a minha, e eu nunca poderia responder por elas. Agora, por experiência de mais de 30 anos na casa, eu diria que tanto no sentido de benefícios − sempre reportando a área que eu estou −, benefício e desenvolvimento, em nenhuma época nós tivemos tantos benefícios e tanta oportunidade pra quem trabalha no SENAC como atualmente.
P/1 - Eu queria que o senhor falasse um pouquinho agora, dentro da sua área, dentro da função que o senhor exerce, dentro da unidade que o senhor está ligado no SENAC, quais as perspectivas de crescimento e modernização do SENAC pro futuro?
R - Bom, isso aí agora eu acho que as 1.500 pessoas, aproximadamente, do SENAC vão concordar. O SENAC está investindo muito, principalmente, hoje em dia, na tecnologia moderna que nós temos mais, que é a informática, não é? E tanto é a unidade nova, a mais nova unidade que nós temos, que é a TV SENAC, também a ideia é colocar os novos equipamentos que tem, já temos retransmissão em algumas unidades do interior. Então eu diria, quanto ao investimento, eu acho que poucas empresas estão investindo tanto quanto o SENAC, atualmente.
P/1 - Agora vamos falar um pouquinho... O que o senhor faz nas horas de lazer?
R - Bom, como bom corintiano, quando não tem jogo do Corinthians, eu pago três vezes por semana, mas nado duas vezes por semana, e jogo o meu futebolzinho quase todo sábado.
P/1 - E o senhor trabalha com alguma atividade social, alguma atividade, assim, beneficente? O senhor faz parte de alguma sociedade beneficente, alguma coisa assim?
R - Eu e a minha mulher trabalhamos uma vez por semana numa creche beneficente com as crianças de mães pobres, onde nós damos uma contribuição. Não daria pra explicar aqui pela complexidade do trabalho, embora não muito, mas uma vez por semana a gente dá uma força.
P/1 - Eu queria que o senhor falasse um pouquinho... O senhor é casado, como já citou. O senhor tem quantos filhos?
R - Eu tenho três filhos, uma filha de 24 anos, casada, Fernanda Matarelli, um de 22, João Carlos, e um pequeno Felipe Diego, de dez anos.
P/1 - E o senhor mora hoje só com os dois filhos mais novos?
R - Os dois filhos mais novos.
P/1 - O senhor não tem netos?
R - Não. Está para chegar, mas ainda não tenho.
P/1 - E eles mantêm algum vínculo com o SENAC, algum deles já manteve algum vínculo com o SENAC, estudando no SENAC?
R - A minha filha parou o inglês por causa da gravidez, e o do meio fez inglês, informática, fez todos os cursos, quase todos os cursos da área de escritório e informática. O pequeno está fazendo inglês no SENAC Tatuapé.
P/1 - A gente já está encerrando, mas eu gostaria de fazer umas perguntas: se o senhor pudesse mudar alguma coisa na sua trajetória de vida, o que o senhor mudaria?
R - Profissional?
P/1 - Profissional ou pessoal.
R - Olha, aqui não tem madeira aqui pra eu poder bater três vezes, mas eu vou ser sincero, pessoal e profissional eu acho que eu não mudaria nada, não. Eu ajo como se eu fosse viver 200 anos, então acho que tudo que aconteceu até agora me foi importante, somou na minha vida até agora, eu espero que continue assim, eu sempre gostei do que eu fiz e do que aconteceu na minha vida, não mudaria não.
P/1 - E o que o senhor ainda gostaria de realizar?
R - Agora eu almejo com detalhes. Eu entrei para uma gerência nova pra mim, onde boa parte do trabalho lá eu nunca tinha tido contato, então eu tenho lido muito, tenho conversado muito, eu espero que por um bom tempo eu possa desenvolver da melhor maneira possível esse trabalho na área de pessoal.
P/1 - O senhor tem alguma ideia específica pra fazer esse desenvolvimento dentro do trabalho do SENAC? O que é que o senhor gostaria de estar inovando dentro dessa área?
R - Olha, muitas coisas, muita ação. Eu acho que não dá pra gente prever, porque ela acontece no dia-a-dia, mas o que nós temos trabalhado muito é sobre qualidade. Se deu certo na Europa, no Primeiro Mundo, no Japão, nós estamos com um trabalho de qualidade ligado ao desenvolvimento das pessoas, e até na própria confecção do serviço, dos produtos do SENAC. Então no que me diz respeito, a gente fica muito preocupado com essa parte, essa área de qualidade.
P/1 - Bom. Você está querendo falar alguma coisa?
P/2 - Só gostaria de saber o seguinte: o senhor completou, ano passado... Não, 93, 30 anos de trabalho no SENAC. Como é que foi essa cerimônia, o que significou pro senhor esse reconhecimento por esse trabalho no SENAC?
R - É, como eu comentei, eu sempre gostei do que eu fiz no SENAC. Agora, nos 30 anos, o que me marcou é que foi um dia muito agitado, eu não sei se eu fiquei tenso, ansioso, nervoso, embora eu sabia tudo como era. Solenidades eu participei de várias, em todas as gerências que eu tive, sempre teve colega comemorando os 30 anos, e eu participei. Mas do que eu me lembro que eu fiquei ansioso, não vou dizer nervoso, pela festividade, vamos dizer assim, que depois, além dos cumprimentos, do comentário, há um coquetel, não é?
P/1 - E dentro dessa comemoração dos 15 anos, 30 anos que é uma coisa que faz parte já do, vamos dizer, da mentalidade, da estrutura do próprio SENAC, o Gerente de Recursos Humanos, o Gerente de Pessoal está sempre ligado a essa festividade. É uma coisa que parte do departamento ou é uma coisa que parte do Diretor Regional ou das outras...
R - Não, a responsabilidade é da Gerência de Pessoal. Então ela é que organiza, ela que verifica quem faz parte da comemoração dos 15 anos, dos 30 anos, propõe... Os 30 anos há um prêmio, ou em dinheiro ou em objeto, a mesa, como vai ser posta, a entrega do certificado, a cerimônia em si, o coquetel. Então são as duas gerências de pessoal, SENAC e SESC que preparam e coordenam toda a atividade, né?
P/1 - E vocês têm... Qual é o outro tipo, por exemplo, de integração que é feita entre os funcionários, por exemplo, a nível de festividade? Tem essa preocupação também?
R - Não, devido ao SENAC ter várias unidades espalhadas no Estado de São Paulo, vamos dizer assim, integração no sentido de uma festa, como você está colocando, é a de Natal, onde cada unidade tem uma verba por conta do SENAC pra desenvolver a sua própria atividade. Só que aqui na Grande São Paulo é feita aqui, é centralizada ou aqui na Dr. Vila Nova. O ano passado foi no SESC Pompéia, mas é uma festa só.
P/1 - Quer dizer, as unidades especializadas da cidade de São Paulo...
R - Especializadas não, todas as unidades da Grande São Paulo são convidadas a participar da nossa festa.
P/2 - Em que consiste essa solenidade? Quer dizer, todos os funcionários participam? É um churrasco, é um show, o que é que é essa festa?
R - Não, geralmente é um show com música ao vivo. Aí o prato varia. Já tivemos churrasco... Tivemos outros tipos de comida, mas cada ano é elaborado alguma coisa. Agora, o importante é que há vários sorteios, desde viagens à Ilha do Boi, onde há um hotel do SENAC no Espírito Santo, um fim de semana lá, um fim de semana no Grande Hotel Águas de São Pedro, a colônia, e outros prêmios que nos são ofertados. O Presidente geralmente doa alguma coisa pra ser sorteado na hora. Então durante o evento, a festa, a gente interrompe, faz os sorteios e depois retorna.
P/1 - Essa confraternização, assim, é compartilhada por todos os funcionários, a maioria dos funcionários vão, estão lá, ou eles são obrigados a ir?
R - Não, não são obrigados, mas eu diria que quase todos comparecem, porque a gente envia um convite e pelo número de convite, eu não sei responder de cabeça, mas eu sei que assim, da Grande São Paulo, talvez 95%, 96% dos convidados participam. E esse sorteio, tem um momento do sorteio pra capital e pro interior também, pra prestigiar o pessoal do interior.
P/2 - E eles levam as famílias ou só vai o funcionário?
R - Não, a princípio é pro funcionário. É evidente que, agora estava até... Isso é administrado pela antiga gerência que eu trabalhei, a orientação é individual, só que se chega com a mulher, com filho, com a namorada, é festa, a gente não fica bem, pelo menos a orientação até o ano passado era essa, a gente não barra.
P/1 - Bom, pra encerrar, eu queria que o senhor falasse qual o seu maior sonho. Pode ser no SENAC, pessoal...
R - Eu quero falar no SENAC, já que eu trabalho aqui há 32 anos. Eu acho que no SENAC seria eu poder concluir sempre bem as tarefas que eu me proponho a fazer, e não sei se a extensão do sonho: nunca ter uma decepção no SENAC. Porque eu elogiei tanto o SENAC em 32 anos, como muitos que trabalham aqui, gostam, é uma empresa boa pra trabalhar, é uma empresa que investe, não sei se é porque eu tive dificuldades no estudo no começo e o SENAC sempre me ajudou e continua ajudando a todos, eu acho que é uma empresa que investe nos seus empregados, e isso é importante pra quem trabalha. Eu acho que para os empregados, a maior vantagem de trabalhar no SENAC seria isso. Eu não vou dizer salário porque salário é uma coisa pessoal, por mais que a pessoa ganhe, talvez ela não esteja contente. Mas digo assim, a preocupação que o SENAC tem no investimento, no desenvolvimento do seu corpo de pessoas...
P/1 - O grupo de funcionários do SENAC hoje tem mais... Uma quantidade de tempo na casa, assim, bastante, existem muitos funcionários com muito tempo de casa?
R - Não, existem com muito tempo de casa, mas hoje a maior parte acho que são novos. Novos se considerar que temos colegas de 45 anos de casa. Eu diria que a maior parte talvez não tenha até 5 anos, 5,6 anos. Mas eu não me lembro de ter visto dados muito específicos sobre isso. Isso é por relações que passam com nomes de pessoas de entrada e saída. Eu calculo que maior parte dos senaquianos não têm, vamos dizer, dez anos de casa.
P/1 - E eu gostaria agora, para encerrar, que o senhor falasse o que achou dessa experiência de ter contado a sua história de vida e a sua trajetória no SENAC.
R - Olha, isso eu poderia responder daqui uns dois meses, porque eu fui pego de surpresa. Eu acho que fui o único de todos que sentaram aqui, eu fiquei sabendo na semana passada, não me lembro bem, quinta ou sexta, era só do SENAC, trazer algumas fotos do SENAC, quando ontem a Lígia esteve lá comigo dizendo que até era vida pessoal, tal. Eu falei: Mas o que é que tem que ver a minha vida pessoal com o SENAC? Então foi surpresa para mim, mas como do signo de escorpião é curioso, eu paguei pra ver. Eu dormi até meio intranquilo pra ver... Eu falei: falar do SENAC eu já estou acostumado a falar, mas falar de mim, acho que é a primeira vez que eu falo de mim. Mas foi... Para mim foi interessante.
P/1 - Então nós gostaríamos de agradecer a sua presença e dizer que pra gente foi um prazer tê-lo com a gente.
R - Eu é que agradeço a oportunidade.
P/2 - Obrigado.Recolher