Projeto Centro de Memória CTBC
Depoimento de Archimedes Marquez
Entrevistado por Luiz Egypto de Cerqueira e Rosali Henriques
Uberlândia, 20 de abril de 2001
Entrevista: CTBC_HV055
Realização Museu da Pessoa
Transcrição de Neuza Guerreiro de Carvalho
Revisão de Carolina Cervera Faria
P/1 - ...Continuar leitura
Projeto Centro de Memória CTBC
Depoimento de Archimedes Marquez
Entrevistado por Luiz Egypto de Cerqueira e Rosali Henriques
Uberlândia, 20 de abril de 2001
Entrevista: CTBC_HV055
Realização Museu da Pessoa
Transcrição de Neuza Guerreiro de Carvalho
Revisão de Carolina Cervera Faria
P/1 - Senhor Archimedes, o senhor conheceu os seus avós?
R - Conheci os avós. Menos a avó paterna.
P/1 – Podia dizer o nome deles, por favor?
R – Carloto Marquez de Araújo, por parte de meu pai, e Joaquim da Silva, por parte de minha mãe, e Constantina Maria Umbelina, minha avó materna.
P/1 – O senhor sabe da atividade de seus avós?
R – Trabalhadores rurais, todos eles mexiam com área rural.
P/1 – Onde?
R – Município de Prata, Uberlândia, essa região mesmo. Veríssimo.
P/1 – Trabalhavam em terras próprias?
R – Não, sempre de empregados, administradores, mexendo com gado, leite, essas coisas.
P/1 – O senhor chegou em algum momento a acompanhá-los, vê-los trabalhando?
R – Muito pouco, porque quando fui crescendo já estavam de bastante idade, praticamente se aposentando.
P/1 - E a atividade de seu pai?
R – Meu pai começou acompanhando os pais na região rural, depois foi pro exército, voltou, continuou mais uns tempos e depois veio pra Uberlândia e entrou pra a CTBC. Trabalhou com serviços gerais praticamente a meia vida dele, até aposentar.
P/1 – E a sua mãe?
R – Minha mãe do lar, sempre do lar.
P/1 - Qual é a lembrança mais remota da sua casa aqui em Uberlândia? Como era essa casa?
R – É uma casa simples. Essa casa, ela existe até hoje. Minha mãe mora lá, inclusive moram duas irmãs no mesmo terreno e praticamente é aquela casa que a gente foi criado, a gente veio da roça com oito, nove anos, e foi criado estudando e está lá a casa até hoje, no bairro da (____?), aqui em Uberlândia.
P/1 – O senhor saberia descrevê-la? Como ela é, como é o desenho dela?
R – Uma casa simples, sem forro, com três dormitórios, sala, cozinha, banheiro. Casa simples mesmo.
P/1 – Nessa sua infância, qual foi a impressão que o senhor teve quando chegou na cidade? Chegou em Uberlândia?
R – Sempre com vontade de estudar, de arrumar um trabalho, uma profissão. Sempre lutei para isso. E sempre dei sorte graças a Deus e sempre consegui os objetivos.
P/1 – E sua primeira escola, qual foi?
R – Escola rural, na fazenda, no município do Prata e depois Uberlândia, que eu fiz o SENAC, aqui em Uberlândia.
P/1 - Nessa escola rural, o senhor se lembra de alguma professora especial?
R – Dona Mariquinha. Famosa.
P/1 – Por quê?
R – Mariquinha. Única escola da região, ela estudou toda molecada da região, muito querida. É viva até hoje, mora em Uberlândia.
P/1 – Brava?
R – Não, não muito. Muito meiga, carismática.
P/1 – E aqui em Uberlândia?
R – Aqui já a escola, a gente tinha um pouco de diferença, porque já eram vários professores e não tinha aquele negócio de formar amizade com os professores. Um pouco diferente. Fazia escola noturna, logo veio o Tiro de Guerra junto também. Uma correria até completar o curso. Foi bem.
P/1 – Como era a Uberlândia da sua meninice?
R – Uberlândia era bem menor do que é hoje, Uberlândia cresceu muito. Era Uberlândia uma cidade que já prometia como polo, como atrativo inclusive para outras cidades da região de Goiás. Uma cidade com uma certa evolução, mas cresceu. A gente cita até um exemplo, que Uberlândia e Uberaba, era uma grande disputa entre si, e hoje Uberlândia cresceu muito mais que Uberaba.
P/1 – Nesse tempo de menino e nessa escola aqui, como é que eram os seus colegas, as brincadeiras? Como é que o senhor se divertia?
R - Naquele tempo era bola, cinema e trabalho. Eu trabalhava e estudava e não tinha muito tempo não, a vida era um pouco dura.
P/1 – Iam a que cinema?
R – Tinha o Regente, o Cine Uberlândia, Rebem(?), tinha um tal de Paratodos.
P/1- O senhor disse que não tinha muito tempo, o senhor começou a trabalhar cedo?
R – Comecei a trabalhar cedo.
P/1 – Qual foi o seu primeiro trabalho?
R –Destilaria Atlântida. Uma fábrica de guaraná, que no começo era aqui na Praça Rui Barbosa e depois passou para Padre Feijó. Depois pararam de fabricar guaraná e ficou engarrafamento de pinga, fabricação de conhaque e venda de bebidas, cerveja, essas coisas. Eu comecei como lavador de garrafas, passei a gerente interno, depois fui para entregas, para vendas, e depois desliguei.
P/1- E estudando ao mesmo tempo?
R – Estudando.
P/1- Quanto tempo o senhor ficou lá nesse lugar?
R - Três anos e pouco, não chegou a quatro anos.
P/1 – O senhor saiu por quê?
R – Saí porque saiu a vaga na CTBC. Comecei a trabalhar na CTBC, de ajudante de oficina, na oficina interna que tinha lá com o Sebastião Gomes.
P/1 – Nesse momento que estava na destilaria e estudando, era o curso do SENAC? De que era esse curso exatamente?
R – Era um curso comercial básico. Era uma escola do segundo grau, matérias iguais, História, Geografia, Geografia Geral, História Geral... Normal.
P/1 – E como é que foi sua aproximação com a CTBC?
R – Foi através dos parentes que trabalhavam lá. Meu pai, meu primo, que é o Sebastião Gomes, eles que indicaram a gente.
P/1 – Sim, mas o senhor estava fazendo um curso de técnicas comerciais e foi cair na oficina? Como que é?
R – Completamente diferente, mas me dei bem em trabalhar lá. Fui pra rua trabalhar de ajudante na construção de redes, rede externa, e me dei bem. Aí vieram várias modificações, a gente foi assimilando, aprendendo, e comecei a tocar serviços sozinho...
P/1 – Nesses primeiros tempos, como era a pessoa que ensinava, que ia lhe mostrar o caminho das pedras?
R – Na oficina era o Sebastião Gomes. Depois, quando eu fui trabalhar uns tempos na parte rural, na parte de rede interurbana, era o Chiquinho, o famoso Chiquinho. Trabalhei com Chiquinho, com Durvalino, depois eu fui trabalhar de cabista, que mexia com cabos telefônicos, com o Sebastião do Prado, o Sebastião começou a engatilhar lá. Já era um serviço na parte mais difícil, mais técnica, e foi onde eu aprendi e comecei a trabalhar sozinho. Logo logo a CTBC comprou Canápolis alí e o Doutor Luis era meio atirado, “Archimedes vai lá fazer lá.” E fui pra lá fazer, sozinho, contratar ajudante de lá mesmo e tocar. E assim foi onde abriu um caminho. De Canápolis foi várias cidades. Eu me orgulho de ser um dos funcionários da CTBC que trabalhou em todas as cidades da CTBC, todas elas. Quando a CTBC comprava, logo já tinha um melhoramento de rede, uma ampliação, e das primeiras pessoas que iam pra lá era o Archimedes.
P/1- O senhor falou que era um serviço complicado esse de cabista? Em que consistia o serviço? Vamos descrevê-lo.
R – Complicado, porque... Não sei se você já viu aqueles cabos com bastante fios juntos. A gente tem que identificar aqueles fios, ligar tudo certinho, senão o Pedro fala com Manuel, o Pedro virou Manuel. Então você tem que identificar aqueles fios todos, ligar certo. E remover defeitos, que é muito complicado, localização de defeitos, era o mais complicado. Porque os outros serviços, praticamente você vê a olho nu e aquele lá depende até de equipamentos para localização.
P/1 – E qual é o segredo pra não botar o Manuel falando com uma pessoa que ele não...?
R – É aí que está. A identificação. Tem os métodos próprios pra identificação dos fios, ligar os pares certos, as conexões certas e as reservas certas, porque o cabista, o cara que constrói a rede, vai lá e põe aquela caixinha lá no poste, aquele determinado par, ele tem que estar designado, ligado com outro par que funciona no distribuidor geral, que fica dentro do prédio da CTBC, que é onde liga o número daquele par, e quem vai fazer o serviço na rua pega lá na caixinha e leva lá para a casa do assinante.
P/1- Certo. Na verdade, pra fazer esse serviço de levar lá para a casa do assinante, você precisa conhecer todo o conjunto?
R – Não necessariamente. Se ele conhecer da caixinha para frente, ele faz. É o serviço mais simples, inclusive. O mais difícil é aquele intermediário: da caixinha ao distribuidor geral.
P/1- Na verdade, é um serviço que não pode ter erro, não?
R – Não pode ter erro, esse não admite erro. Hoje já existe a fibra ótica também, é o mesmo caminho. Passa uma fibra hoje, com um aparelho ela multiplica, transforma a luz em voz e multiplica várias vezes, uma fibra substitui os fios. Mas continua não admitindo erro de forma alguma.
P/1 – Esse seu tipo de serviço, ele está mais localizado dentro das áreas urbanas, não é? Ou na área rural também?
R - Áreas urbanas e áreas rurais próximas, porque a rede com fio, ela tem uma determinada distância. Principalmente esse fio muito fino, tem as impedâncias, que o som vai perdendo à medida que a distância aumenta.
P/1 – O senhor se referiu a esse fato de estar sempre indo para as cidades, e citou especificamente Canápolis...
R – Essa foi uma das primeiras cidades que eu fui. Depois fui em várias, Capinópolis, Campina Verde, Iturama, Paranaíba, Aparecida do Taboado, Buriti Alegre, Centralina, e assim por diante. Depois fui pra rede (____?) de Minas, aquela região de Pequi, Pitangui, Papagaios, Campos Altos, Patos de Minas, Carmo de Paranaíba, Lagoa Formosa. Depois fui pro Estado de São Paulo, em São Joaquim da Barra, Ipuã, Ituverava, Guaíra, Guará... Tudo por aí, tudo eu passei e fiz ampliações nessas cidades.
P/1 – Vamos contar um pouquinho, em detalhes, como foi a primeira, como foi a primeira vez, em Canápolis.
R – A primeira vez foi até interessante, porque os cabos telefônicos na época eram com capa de chumbo, e quando surgiu Canápolis, estava surgindo o cabo de plástico. Então, o Doutor Luís comprou esse cabo de plástico e falou: “Nós vamos montar com cabo de plástico.” Não tinha um sistema específico pra vedar as emendas dos cabos. Foi onde nós tentamos várias experiências, com vários tipos de emendas para vedação. Umas deram certo, outras não, até que chegou a um denominador comum que deu muito trabalho pra chegar no final.
P/1 – Qual foi a solução?
R - A solução foi fazer uma emenda tipo foguete, que eles chamam. Um foguetinho: os cabos chegam no poste, dobram e é enfiada uma luva de chumbo por cima. Fica uma cobertura tipo proteção de cima pra baixo, sendo que as emendas e o cabo de chumbo, que é vedado com solda, eles aceitam o serviço horizontalmente, e o cabo plástico não tinha um molde de vedação das emendas. Como é do conhecimento de todo mundo, água é o inimigo número um dos fios, até hoje.
P/1 - A quê o senhor atribui nesse momento, ainda falando de Canápolis, porque o Doutor Luís foi atrás exatamente do senhor e não de outra pessoa?
R - A cidade era pequenininha. Tinha o quê? Não tinha mão de obra grande, interna. Contratação de mão de obra também, como era serviço pequeno, também eu não quis, fazemos nós mesmos. Foi servir de orgulho pro próprio seu Alexandrino: “Nós fazemos tudo, não empreitamos nada”. Filosofia de empreiteiro, empreitar, repassar serviço, terceirizar serviços, vem de uns anos pra cá. Há uns anos a empresa tinha essa filosofia, de não ter repasse, faziam tudo, desde transmissão, comutação, rede, com mão de obra própria.
P/1 - Principalmente a parte de comutação, de rede, que era mais a sua área?
R – Mais da minha área, de rede.
P/1 – No momento que começou a sair uma cidade atrás da outra, o senhor...
R – Eu ia de cidade em cidade, ficava muito pouco em Uberlândia.
P/1- E a família?
R – Eu era solteiro na época, uns seis ou sete anos solteiro. Depois me casei, morei em Uberlândia, mas ai eu fiquei um ano em Uberlândia, depois me transferiram pra Itumbiara, de Itumbiara voltei pra Uberlândia, de Uberlândia fui pra Frutal, de Frutal fui pra Uberlândia, de Uberlândia pra Itumbiara, de Itumbiara pra Jales, de Jales pra Uberlândia, de Uberlândia pra Franca. Quer dizer, sempre, onde precisava, Archimedes estava indo.
P/1 – E levando mala e cuia? A família?
R - Depois que eu casei eu levava para essas cidades que eu estou falando, eu morei nessas cidades. Quando o serviço era maior, ficava mais de um ano, mas quando era de três, quatro meses, ia sozinho.
P/1 – Que é um serviço maior, por exemplo?
R – É a ampliação em uma cidade que esteja com uma demanda maior para instalação de terminais. Cidade que tem que instalar aí quinhentos mil terminais de ampliação, você tem que fazer uma rede maior, onde demora um pouco mais.
P/1 – E você levava uma equipe? Contratava? Como é que era?
R – Não, nessas obras menores ia eu sozinho. Chegava e contratava gente que nunca tinha visto telefone na vida e eu que tinha que fazer praticamente tudo. Aí, quando a pessoa estava aprendendo um pouquinho, já estava terminando naquela cidade e eu tinha que partir para outra. Sempre deixava uma pessoa, ensinava um pouquinho uma pessoa que ficava na cidade para a instalação de telefone, remover um pequeno defeito...
P/1 – Mas isso não atrapalhava mais do que ajudava seu serviço?
R – O que, o pessoal...
P/1 - Não entender nada do seu riscado.
R – Não, porque tem serviço que você não consegue fazer sozinho. Serviço que exige força física, você não consegue fazer sozinho, então você tem que ter alguém pra ajudar. Como a mão de obra da CTBC era pequena, a gente fazia praticamente sozinho essas ampliações pequenas.
P/1 – Quando você ia para um lugar desses, ficava alojado onde? Como é que você pagava o pessoal?
R – Hotel, pensão. Quanto ao pagamento do pessoal eu trazia o ponto, a folha de pagamento era feita aqui por dona Adelaide, dona Ilce, esse pessoal dos Recursos Humanos, Departamento Pessoal na época. Nem de Recursos Humanos era chamado. Vinham os envelopes.
P/1 – Como é que o senhor informava as pessoas daqui?
R – Fazia um ponto no caderno.
P/1 – O que é um ponto?
R – Ponto é o diário do funcionário. Dia que ele faltou, quantas horas ele trabalhou, qual o salário combinado...
P/1 – E como é que informava? Por telefone?
R – Por telefone. De quinze em quinze dias, a cada três semanas a gente tinha que vir, inclusive pra pegar mais material e trazia isso em mãos, ou passava por telefone.
P/1 – E o salário ia...
R – Ia em mãos também, ou alguém levava. Sempre o Doutor Luís ou seu Alexandrino estavam visitando as obras e levavam. Fazia os pagamentos em posto de gasolina, hotel... A gente pagava.
P/1 - Como é que era o Seu Alexandrino quando ele ia fazer essas visitas, ver como é que estavam andando as coisas.
R – Excelente o seu Alexandrino. Fora ele era até diferente daqui de Uberlândia. Aqui, quando ele chamava a gente de senhor, sai fora. Quando ele chegava de mansinho “Oh, Archimedes” podia esperar que vinha bronca. A hora que chamava Archimedes...
P/1 – Por que essa diferença? Explica melhor essa diferença de Uberlândia pra...
R – Não sei. Parece que quando ele saia assim, ele ia com espírito diferente de chegar lá e ver coisas novas. Ele queria saber como estava o serviço, se dava... Porque normalmente, quando ele comprava, e comprava sempre das prefeituras essa concessões, ele fazia uma promessa: tal dia funcionam os telefones. “Como é que é? Dá pra nos entregar dentro do cronograma? Está faltando alguma coisa pro senhor? Está faltando material? Está faltando gente? O que está faltando?” Então, era completamente diferente. Muito bom. Doutor Luís também, excelente.
P/1 – O senhor tem uma lembrança muito forte do seu Alexandrino no seu tempo?
R – Tem, tenho muito. Até briga com ele, jJá briguei com ele.
P/1 – Então conta essa história.
R – (risos) A briga, que eu briguei com ele? Foi num período entre uma cidade e outra, que eu estava aqui em Uberlândia e eu estava com um caminhão. E ele pediu para arrancar uns tocos de umas árvores lá na granja e a gente começou a arrancar essas coisas. Depois que acabou de arrancar isso aí ele queria que eu fosse fazer um outro serviço lá no quintal. Eu falei: “Eu não vou fazer isso mais não, seu Alexandrino. Eu não vou trabalhar em fazenda, não. O senhor (____?)” Ele falou: “Não, o senhor trabalha para mim, tem que fazer o que eu mando.” Eu falei: “Não é assim.” E aí nós brigamos, brigamos feio, discutimos. “Então o senhor vai embora.” “Então o senhor me manda embora.” Isso foi lá num mata burro, chegando na granja lá, ele estava até com um Gordini, Doutor Luís tinha um Gordini vermelhinho. Ele estava nesse carrinho, aí ele veio pra cá, ele já estava meio doente. Doutor Luís falou: “Archimedes - pedia para todo mundo - você não discute com meu pai. Qualquer coisa vocês falam comigo.” Aí cheguei e falei: “Oh Doutor Luís, discuti com seu pai.” Ele falou: “Foi brigar com meu pai, Archimedes... Faz o seguinte, vou te dar férias. Pega as férias e fica um tempo fora daqui. Aí eu fale: “Seu pai me mandou embora, porque a discussão foi feia.” Ele falou: “Não...” (risos) Seu Alexandrino tinha ido lá pro Prado, não ficou aqui não. Discutiu comigo e foi lá paro Prado. Aí eu peguei férias, voltei e não teve mais nada.
P/1- Mas ele era uma pessoa também que...
R – Ele não guardava raiva de ninguém. Seu Alexandrino discutia agora e daqui a dez minutos estava de bem.
P/1 – Mas era muito exigente também, não era?
R – Muito. Eu, por exemplo, trabalhava na área de rede. Se ele via uma coisa errada, um lugar sujo... “Isso não pode acontecer.” “ Seu Alexandrino, isso não é problema meu.” “ É sim.” Tinha que ser e tinha que ser mesmo. Você tinha que mais é... E outra coisa, ele não gostava de… se você respondesse a ele, ele achava ruim e se você não respondesse, ele achava mais ruim ainda. “Responde moço. Você não tem vergonha não?” (risos)
P/1 – O senhor pegou uma época de muito movimento. Os próprios deslocamentos seus mostram isso.
R – Foi a época que a CTBC começou mesmo. Ela cresceu rapidinho. De cinco ou seis cidades que começou, logo ela foi para trinta e tantas cidades.
P/1 – E como é que as pessoas se sentiam, as pessoas que estavam construindo isso? O senhor, sua equipe, seus colegas?
R - Sempre numa correria danada, a gente acostumava com aquilo, acostuma. Férias é quando dava. Tanto o seu Alexandrino como o Doutor Luís: “Não, o senhor vai tirar férias mas depois de terminar tal obra.” A gente acostumava.
P/1 – (____?)
R- Sempre, sempre.
P/1- Dessas localidades, por onde o senhor andou, não teve uma assim especial, que tivesse lhe agradado mais?
R – Que marcou mais? Não. Teve Iturama, que eu achei a mulher lá. E casei. (risos)
P/1 - Conta essa história.
R – Estava trabalhando e encontrei essa moça lá. A gente começou a namorar e casamos.
P/1- Quanto tempo o senhor ficou lá?
R – Eu fiquei em Iturama uns seis meses, fazendo a rede. Depois uns nove meses namorando e mais uns seis meses casamos.
P/1 – Como é que é o nome de sua esposa?
R - Genesi.
P/1 – Ela sabia que ia acompanhar um meio nômade assim?
R – Sabia. Quando a gente namorava eu contava para ela as cidades que eu tinha passado e o que vinha pela frente, porque mais ou menos a gente estava sabendo. “Olha, se quiser casar comigo, é vida meio de cigano mesmo. Uns tempos aqui, uns tempos ali”.
P/1 – E ela?
R – Não, ela é super compreensiva.
P/1- A família dela também topou?
R- Topou.
P/1 – Seu Archimedes, como é que é, o senhor levava também o fio na casa das pessoas? Dos assinantes?
R- Quando eu ia para uma cidade fazer ampliação, deixava prontinho. Os telefones funcionando, lá na casa.
P/1- Como é que era assim, bater na porta: “Oh, dá licença, eu vou instalar seu telefone”?
R - Vou te contar. Nessas cidades pequenas, é uma bruta de uma novidade. Normalmente a gente, quando estava construindo a rede, para adiantar a gente já estava puxando instalações... As vezes só estava faltando colocar o aparelho na ponta da linha. Quando funcionava era uma alegria, porque o pessoal ficava alegre com a novidade na cidade. Tinha cidade que já tinha telefone, mas poucas. Grande necessidade e muita falta. Outras as vezes nem tinha telefone. Teve cidades aí, como Aramina, outras menores, como Iturama, nem telefone tinha, casa nenhuma tinha telefone. Canápolis, cidades pequenininhas, era novidade mesmo.
P/1- O senhor, quando instalava, chegava a ver as pessoas falarem pela primeira vez no telefone?
R – Normalmente falavam primeiro comigo, que eu tinha que testar a linha, ensinar como é que.. Tinha gente que tinha até medo de falar.
P/1- Como assim?
R- Parece que sentia que era um troço diferente, “Como é que fala nisso? Como é que é?” A gente chegou a ver muitos casos assim. Gente simples, de cidadezinha pequena, tinham até medo.
P/1- Como é que se manifestava esse medo?
R- Ia atender telefone tremendo, tipo assim.
P/1 – Atendia e não falava nada?
R – Atendia e “Como é que é? Como é que eu faço?”.
P/1- Mas, de todo modo, em cidades maiores isso era diferente?
R- Um pouco diferente. O pessoal já tinha um conceito mais apurado sobre o que era o telefone.
P/1- E essa idéia de fazer instalação, de fazer rede em cidades pequenas, isso não causava prejuízo pra Companhia?
R – Não, acredito que não. O investimento… O retorno do investimento não era a curto prazo, não, mas em compensação, a hora que pingava o retorno...
Que o telefone, se gasta para instalar, mas depois é vender conversa. (risos) A manutenção, boa companhia telefônica, em comparação com o faturamento...
P/1 – É vender conversa.
R – É vender conversa.
P/1 – Seu Archimedes, o senhor disse que quando chegava nessas cidades, geralmente era para instalar uma rede nova, porque a rede que existia quando a Companhia absorvia e incorporava as outras companhias, a rede que existia não prestava mais pra nada?
R – Era uma rede obsoleta. Prova é que como diz: “Em time que está ganhando não se mexe.” Quando as prefeituras e as companhias telefônicas pequenas vendiam, ou repassavam para a CTBC a concessão, era porque elas precisavam urgentemente de ampliação, de comprar equipamentos novos, e eles não tinham condições de fazer isso, ou não queriam mexer com isso. Então, passavam para a CTBC. E é onde todas as cidades, praticamente todas as cidades, de qualquer nível, de qualquer porte, maior ou menor… CTBC comprou Franca, cidade maior e passou por ampliações fortes. Uberaba e tudo.
P/1 – O que o senhor encontrava era muito calamitoso?
R – Virgem! Tinha coisas que... Tinha cidades que...São Joaquim da Barra, por exemplo, a rede que existia lá... Orlândia... Hoje são duas cidades de porte médio, rede que existia lá, foi tudo sucateada, tudo jogado fora. Não tinha mais onde aproveitar nada.
P/1 – E funcionava assim até então?
R – Precariamente, muito precariamente. Orlândia, por exemplo, eu cheguei a trazer caminhão cheio de telefones magnéticos, telefones antigos. Inclusive
aqueles telefones hoje valem uma nota, aqueles telefones antiquíssimos mesmo.
P/1 – De manivela?
R – De manivela, aqueles importados.
P/1- A política da CTBC era chegar e padronizar toda a rede com equipamentos dela?
R – Com equipamentos mais modernos.
P/1 – Isso gerava um aumento de tráfego, de qualidade?
R- Com certeza. Porque uma das primeiras coisas que chegava era a rede interurbana, que o Seu Alexandrino não descuidava mesmo. O Chiquinho já estava levando a rede, e quando funcionava era com interurbano já, em condições.
P/1 -
Funcionava bem mesmo o suporte da linha física no interurbano?
R – Funcionou. Você pode perguntar isso aí. Por uns tempos foi uma correria tremenda, Walter Machado, Leônidas, esse pessoal aí, quando uma linha física esgotava, eles jogavam um DQ-12 em cima da linha e multiplicava o circuito doze vezes. Um circuito, eles multiplicavam doze vezes e instalavam e davam manutenção. Uma correria tremenda, mas funcionava sim. Seu Alexandrino, nesse ponto, e o Doutor Luís, muito exigentes. A prova é que até hoje... Hoje a
CTBC atinge um dos índices melhores do Brasil. Hoje ela perde um pouquinho para a Telepar, mas o resto ela fatura um índice melhor. Em tudo. Hoje é tudo medido pelo governo.
P/1
- O senhor se refere a esses índices de completar chamada...
R- SNR [relação sinal-ruído], é SNR.
P/1 – O que é isso?
R – Serviço Nacional Regional de... Órgão do governo que mede essas qualidades.
P/1 – Avaliações de qualidade?
R – É.
P/1 – Agora, me diga uma coisa, com essa “andação” para tudo quanto é canto, pra todas essas cidades, o senhor Archimedes era um só. Como é que é? Teve que começar a criar uns discípulos?
R – É, com certeza. Muita gente que aprendeu com a gente continuou trabalhando nas localidades, as vezes até as vezes acompanhando a gente. Então, a gente fez muitos profissionais que aprenderam com a gente.
P/1- Fala de algumas pessoas que marcaram assim a sua vida profissional, das quais o senhor se lembra com mais afeto.
R – Pessoas que trabalharam comigo? Tem várias pessoas. Em Frutal, por exemplo, entrou meu cunhado. Depois ele ficou numa área técnica, já aposentou dentro da CTBC também. Tem várias localidades, em quase todas as localidades ficava uma pessoa sempre deixada pela gente, treinada pela gente na rede.
P/1 – E aqui em Uberlândia?
R – Aqui em Uberlândia eu trabalhava menos, porque por uns tempos ficou o Sebastião do Prado, Francisco... Francisco trabalhava na Engeset. Vocês já chamaram ele aqui?
P/1- Ainda não.
R – Francisco Prado, o Sebastião morreu. Eles que davam mais manutenção aqui e ampliação também. Tinha uma turma aqui, aqui em Uberlândia tinha uma equipe grande.
P/1- O senhor falou do Seu Alexandrino. Toda essa estação, de uma certa medida, foi pilotada pelo Doutor Luís. Como ele era no trato, nessa urgência?
R – Doutor Luís? Ele foi sempre exigente em matéria de assumir compromisso e cumprir aquele compromisso. Tanto ele quanto Seu Alexandrino. E com a gente, correria. “Seu Archimedes vamos trabalhar.” No domingo, feriado, à noite, para cumprir o tal compromisso.
P/1 – Quando o senhor entrava nessas baladas de sábados, domingos e feriados, a sua senhora não reclamava muito não?
R – Não, mesmo porque ela estava acostumada.
P/1 – E os filhos? Quando chegaram?
R - Só tenho uma filha, que acostumou também.
P/1 Como é o nome dela?
R – Mara.
P/1- Ela nasceu quando?
R – Nasceu... Ela está com trinta e dois anos.
P/1 – Então, pegou a sua fase de (____?)?
R – Pegou.
P/1 – Quando essas redes foram aumentando, se expandindo, sofisticando, o cabista, aquele tal cabista que fazia o serviço complicado, continuava a ser uma pessoa importante alí no...
R – Com certeza. Até hoje ele continua sendo uma pessoa importante dentro da rede externa.
P/1 – O que mudou fundamentalmente em relação ao equipamento do trabalho que estava segregado ali, daquele tempo para cá?
R – Até hoje tem várias técnicas. A introdução da fibra óptica, os cabos com isolamento de alumínio, em vez de plástico, em vez de chumbo. Tem várias coisas que mudaram, sempre visando melhoria, mais leve.
P/1 – O impacto maior de mudança, eu suponho, se eu estiver errado me corrija, por favor, tem a ver com a transmissão.
R – Com a transmissão, principalmente nos últimos tempos, agora com o... vamos chamar sem fio, os celulares da vida. Que começou pelo microondas, que era sem fio, trabalhavam numa frequência muito alta. Esses rádio rurais, trabalhavam numa frequência também que começou a se misturar. E agora com esses celulares que revolucionou. Já vai também complicando. Você vê que tem aí banda A, banda B, banda C, banda D, já vai partindo pras outras bandas aí.
P/1 – Mas, nesse contexto, pensando na rede fixa...
R – Ela ainda vai muito tempo, a rede fixa, a rede líder, que nós chamamos, ela ainda vai muito tempo, porque ela é um equipamento que atende e que é muito caro pra sucatear. Num próximo, com certeza, ela desaparece. Vai entrar um parzinho de fibra dentro da sua casa e vai te levar sinal de televisão, de telefone, de fax, vai te levar tudo. Mas a curto prazo é para ter mesmo o par telefônico.
P/1 – E do ponto de vista do seu trabalho aplicado agora, se Seu Archimedes tivesse saído daquele tempo e estivesse nesse tempo agora?
R – Olha, eu tinha uma empresa que tocava o serviço até um ano atrás. E tem várias empresas aqui em Uberlândia mesmo. Tem bastante, prestando serviço na mesma área. Possuem laser, manutenção em laser.
PO/1- E esse tipo de trabalho não é hoje mais assumido pela CTBC?
R – A CTBC hoje terceirizou tudo. A Engeset pega e repassa para outras empresas.
P/1 – E como garantir aqueles índices de qualidade?
R – A fiscalização, a fiscalização da CTBC, eles exigem o máximo de qualidade. Tem fiscal de aceitação, para teste, para tudo. Uma empreiteira aí executa determinada tarefa, e está terminando a obra, os testes são muito rigorosos para aceitação.
P/1 – O senhor fica na Companhia até quando?
R –
Se eu fico...
P/1 – Na CTBC, a sua trajetória na CTBC, na parte de rede. O senhor foi fazendo mais o quê?
R – Eu fiquei toda vida na área de redes mesmo. Depois passei pra Engeset, redes também. Sempre na área de redes. E comporta gente para caramba, é uma das divisões técnicas da CTBC que comporta muita gente.
P/1 – E como foi a sua passagem da CTBC para a Engeset?
R – Foi quando a Engeset mexia em Franca(?), aqui em Uberlândia, só com rádio rural, equipamentos de transmissão. E resolveram... rede. Então, por livre e espontânea pressão, eu fui obrigado a me desligar da CTBC e ingressar na Engeset, para ajudar na administração e na formação de pessoal de equipes, que ela começou pequenininha, depois cresceu.
P/1 – Nessa época o senhor já tinha quanto tempo de empresa?
R – Trinta anos.
P/1 – E aí foi com a missão de construir, de montar essas equipes?
R – De montar, juntamente com outros engenheiros que vieram também da CTBC. Engenheiro Toti, Zé Humberto, João Trinta e Dois, o Cassiano… essa turma aí. Nós entramos... Aliás, era até para ser Engeredes [Redes Multimídia S.A.], mas Engeredes ela não virou, morreu e virou Engeset. A Engeset, hoje, a atividade, o princípio dela desapareceu. Rádio rural praticamente desapareceu. Hoje ela está mais é com fibras, com redes enterradas, redes urbanas.
P/1 – E presta assistência toda à área e...
R – Assistência da área e pega serviço fora também.
P/1 – Que tipo de serviço?
R – Instalação de fibra, faz no Brasil inteiro.
P/1 – Quer dizer, o caminho, a tendência, o futuro, está desenhado exatamente para a fibra, é isso? Pela sua experiência?
R – A fibra é uma coisa que veio para resolver, veio para ficar, com certeza. Só de falar que ela não transporta energia, ela transporta luz, isso já veio acabar com o problema da umidade, veio acabar com vários problemas que existiam. A multiplicação dela é muito mais prática, sem cruzamento sem nada.
P/1 – E o que isso muda no trabalho, no que foi o seu trabalho de rede?
R – Ela muda alguma coisa. Por exemplo, um cabo de dois mil e quatrocentos pares, que eu tinha que fazer a ampliação, suponhamos, daqui até lá pra Santa Mônica, hoje era um cabo de dois mil e quatrocentos pares, dois funcionários iam pra lá pra fazer uma emenda numa caixa daquelas lá e se gastava dois dias. Hoje passa uma fibra da grossura de uma caneta, que substitui com folga esse cabo, e que uma emenda se faz em quarenta minutos. É muito mais prático.
P/1 – Não é mais caro?
R – Não. Pode ser um pouco mais caro, mas se torna mais barato, contando todas as coisas.
P/1 – Durabilidade?
R- Mão de obra... A própria construção, da canalização da rede suporte, é mais barata, você passar um cabinho a um cabão.
P/1 – E o que será feito dessa rede existente?
R – Isso que eu estou te falando, ela ainda tem uma vida por um determinado tempo, porque ela é muito cara para ser sucateada.
P/1 – Mas pode-se imaginar que uma rede de fibra ótica já teria um suporte ideal nessa rede existente?
R – Com certeza. Inclusive ela está sendo mesclada já. Hoje já se faz ela paralela ou junto. Você vai com ela até determinado lugar, alí ela morre no terminal e começa... encontra com a outra.
P/1 – Isso é o futuro que o senhor vê?
R – Com certeza.
P/1 – Qual sua atividade hoje, seu Archimedes?
R – Hoje eu aposentei. Toquei a empresa, agora vendi a empresa e há pouco tempo estou parado.
P/1 – Essa empresa que o senhor montou, foi para fazer a mesma coisa que o senhor fazia?
R – É, construção de rede e manutenção de rede, mas é muito difícil. Entrou muita concorrência e deu uma paralisada no serviço. Então hoje, para você manter uma empresa sem obra, não dá. Minha empresinha estava indo muito bem enquanto tinha obras. Obra começou a paralisar, fracassar, tive que parar com a empresa.
P/1 – Mas as redes não estão em expansão ainda?
R – Muito pouco, caiu bem as instalações. E é aquilo que eu te falei, quando eu montei a minha empresa, dentro da área da CTBC, eram três ou quatro prestadoras de serviços, hoje tem sessenta, oitenta.
P/1 - Porque há também uma tendência forte de universalização das redes fixas, por isso que eu fiz a pergunta anterior, supondo que ainda houvesse muita obra pra ser feita.
R – Muito campo? É um pouco diferente hoje. Hoje, essa obras de universalização é fazer mais com fibra, essa coisas. Até de uma cidade para outra você pode ver que é tudo fibra enterrada, tudo diferente.
P/1 – Ficou mais fácil.
R – Com certeza.
P/1- Como é que o senhor vê, com essa experiência toda acumulada, como é que o senhor vê o futuro de uma companhia como a CTBC, com essas características que ela tem?
R – A característica dela em relação às outras empresas? Ela sempre esteve na frente, a CTBC. Ela nunca foi, por ser uma empresa particular, uma empresa que deixou cair qualidade. Ela sempre quer estar na frente, quer sempre estar inovando. Então, eu vejo ela com bons olhos e acho que a Anatel vê também. É uma empresa que não tem problema não.
P/1 – Como o senhor avalia também, com essa experiência de ter ido a tantas cidades, tanto lugar, tanta localidade, essa identificação que a CTBC tem com as localidades. Como o senhor avalia isso e por que é assim?
R - É o tratamento, é a prestação de serviço. Porque hoje o povo reclama mesmo. Na nossa região lá, o exemplo agora atual, a Telefônica entrou em Ribeirão, que era particular, Telefônica é a Telefônica, a famosa, e tem muita reclamação. CTBC presta um serviço de primeira qualidade na nossa região, não tem tanta reclamação. Existe reclamação, claro, como água tem, como luz tem, mas não é tanto.
P/1 – Consumidor descobriu seu lugar ao sol.
R – Ele descobriu que aqui é ruim, mas o compadre dele que mora na outra cidade também lá tem os defeitos.
P/1 – Alguns são maiores que outros.
R – Com certeza.
P//1 – Seu Archimedes, o que o senhor diria para uma pessoa que fosse começar a trabalhar na CTBC amanhã, e que estivesse aqui na sua frente, o que o senhor diria pra ela?:
R – Eu diria que a CTBC, ela hoje... Quem conseguiu emprego, está lá dentro, está muito bem. Mas hoje ela praticamente terceiriza tudo, ela tem simples fiscalização, praticamente. Eu diria: “Se você conseguiu um emprego na CTBC é ótimo. É uma empresa excelente.” Como empresa patronal, ela foi uma empresa patronal. Hoje ela é uma empresa que presta serviço, mas tudo terceirizado. Ela praticamente cobra os serviços das parceiras.
P/1 – O senhor acha que isso é uma tendência?
R – Não. Todas as empresas fazem isso, não só no ramo da telefonia, mas todas as empresas grandes fazem isso hoje.
P/1 – Há alguma coisa que o senhor gostaria de ter dito e eu não lhe pedi pra dizer?
Que fosse importante?
R – Não, acho que é isso mesmo. A única coisa que eu gostaria de dizer é o seguinte: tem alguns amigos meus que saíram da CTBC, se aposentaram - teve uma época na CTBC, que se aposentavam e continuavam a trabalhar. Em outra época, a política da empresa era que se aposentava e tinha que desligar -
teve que desligar e ficou sentido com a empresa. No entanto eu, por exemplo, não tenho mágoa, não tive nada, não tenho nada contra ninguém. Sempre tive que elogiar e agradecer. Foi de lá que saiu o meu pão, foi de lá que saiu minha experiência de vida.
P/1 – Como é que o senhor se sentiu dando esse depoimento pra nós?
R – Senti bem. Agora uma sugestão é que vocês promovam, numa nova etapa, promovam, eu sei que isso não tem fim, um encontro desse pessoal, pessoal antigo, que é gostoso. A última vez que nós fizemos isso, não foi com muita gente. Fomos lá na pousada e encontramos uma porção de gente antiga. É muito bom estar entre amigos. E até um entrosamento de famílias também.
P/1- Nós estamos pensando nisso e o senhor só fez reiterar uma coisa que a gente já tem esboçado e vamos tentar fazer este ano ainda.
R – Então está ótimo.
P/1 – Muito obrigado, foi um prazer.
R - Eu que agradeço.Recolher