P - Rosângela, vou pedir para você dizer seu nome completo, data e local de nascimento. R - Rosângela Morgado Matar, eu nasci dia 11 de março de 1983, em São Paulo, capital P - Sua família também é de São Paulo? R - É. P - E onde você mora? R - Eu moro na zona norte. P - ...Continuar leitura
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Rosângela, vou pedir para você dizer seu nome completo, data e local de nascimento.
R - Rosângela Morgado Matar, eu nasci dia 11 de março de 1983, em São Paulo, capital
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Sua família também é de São Paulo?
R - É.
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E onde você mora?
R - Eu moro na zona norte.
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Qual a sua atividade?
R - Eu sou atriz formada, mas eu não estou atuando no momento, eu estou estudando, fazendo faculdade de publicidade.
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E como é que é você ter estudado para ser atriz, trabalhando, fazendo faculdade de publicidade...
R - A vontade era de trabalhar só como atriz, mas a gente sabe que é difícil, então o jeito é ter uma profissão paralela. A publicidade é um meio de conseguir esta idéia da criatividade com a arte.
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Onde você fez o curso de atriz?
R - Fiz no Macunaíma.
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Como é que foi essa experiência ?
R - No começo a idéia era mais de eu perder, assim, a timidez, só que eu comecei, eu tinha 13 anos, então... A criança com o sonho de ser atriz, e aí eu levei a sério, terminei, e gosto muito.
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Você chegou a fazer algum trabalho?
R - Fiz, eu fiz os trabalhos como aluna, e depois que eu me formei eu acabei fazendo Vestido de Noiva, que é uma peça do Nelson Rodrigues; aí eu fiquei um ano em cartaz. É difícil um grupo jovem se sustentar, muita gente ainda fazendo faculdade, tendo que trabalhar, aí é dificuldade ensaiar. Teatro exige muito e muita gente acha que não.
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O que te motivou a vir para o fórum?
R - Eu adoro arte, queria me informar muito mais sobre o que estava acontecendo, até no Brasil, e principalmente no mundo. Me informar mais até sobre a parte burocrática que envolve a cultura, que é uma boa parte burocrática e política, que muitos artistas acabam se alienando, aí eu queria entender mais.
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E você encontrou essas coisas no fórum?
R - Tô encontrando, porque hoje é o segundo dia, deu para ter uns debates bem interessantes, só que tem algumas coisas que eu ainda não encontrei; nessas palestras que eu vou assistir agora eu espero encontrar.
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E de um todo do fórum, o que você esta achando das pessoas, dos trabalhos?
R - Aí tem muitas coisas que eu acho. Tem coisas boas e ruins. O legal é você ver esse multi culturalismo que é maravilhoso; você está andando e você está ouvindo várias línguas diferentes, várias pessoas vestidas diferentes. A parte dos palestrantes, que eu estava comentando lá fora que são muito carismáticos, parece que estão falando com você, e estão ali pela primeira vez na sua frente, é muito legal. Num todo, assim, tem algumas coisas que estão meio desorganizadas, mas para um evento grande acho que é difícil estar tudo dando muito certo.
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O depoimento que você esta dando para gente faz parte de um projeto do Museu da Pessoa, de preservar a memória das pessoas. Eu gostaria de saber se conhece algum outro projeto de memória que você pudesse passar?
R - No lugar em que eu estou trabalhando agora - que é na RMC, Renan Marketing e Comunicação -, tem um projeto em que meu chefe está trabalhando com muito afinco que trabalha com a terceira idade; é muito engraçado, por isso me chamou a atenção este Museu da Pessoa. Ele já entrou em contato com um projeto muito parecido, de fazer livros, e eu não lembro o nome do projeto, mas é muito parecido, só que eu acho que é uma coisa maior, parece, com o Museu da Pessoa, porque tem a ver com a Internet, CD-rom, além de livro. É bem maior.
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Você quer deixar registrado algum evento importante que marcou você, que tenha a ver ou não com o teatro? Na sua carreira ou na sua vida?
R - Pode ser alguma coisa engraçada? Mas de teatro é muito difícil escolher um só, porque faz oito anos que eu faço teatro, então tem muita história, difícil escolher uma, e ainda iria demorar se eu fosse contar alguma história.
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Mas pode contar alguma.
R - De teatro é difícil escolher uma, mas eu vou contar. Eu sempre fui muito certinha com estudar o texto e decorar, muito certinha. Só que uma vez um diretor virou para mim para apresentar a peça, ele pediu para eu aprontar com um colega meu, a eu falei: "Ai meu Deus, será que eu apronto, será que eu não apronto, vou estragar a peça inteira, ai meu Deus, essa cena é trágica, vai que eu falo, fica engraçada..."; fiquei morrendo de medo de estragar. Era uma cena que era um conto popular em que o pai abusava da filha, e antes dele abusar da filha eu falava para o meu pai que eu ia embora, só que eu tinha que falar isso para ele com medo. O meu diretor pediu para eu falar uma coisa, que eu tinha que contar um coisa para o meu pai que ele não ia entender e não sei o quê, até a metade do espetáculo eu não tinha decidido se eu ia falar ou não; vai que estraga, eu morrendo de medo. Eu falei: "Não, tá bom." Na hora de falar para o meu amigo eu falei: "Vou falar." Ai eu falei: "Pai, eu preciso te falar uma coisa: eu sou homossexual." Aí eu me mantive firme, eu falei: "Isso não vai mudar", pensei comigo, "não vai mudar; vou manter firme e vou manter a história igual, só mudei isso." Mudou muita coisa, só que eu me mantive firme: "Eu sou homossexual", seria por isso, "eu tenho que sair daqui." Tinha gente da platéia que já tinha assistido, não entendeu nada, meus amigos atores também não entenderam nada, meu apelido e também nome artístico é Rosa Matar, "Ai meu Deus, o que a Rosa está fazendo, meu Deus, o que ela fez?" Sai de cena, encontrei com o meu amigo fora de cena, ele: "Rosa, o que você fez?" Aí eu: "Desculpa." Ele: "Eu adorei." "Você se saiu muito bem", eu falei para ele. E um outro detalhe é que eu querendo zoar com meu amigo, eu não tinha percebido uma coisa que eu tinha feito, só que também não atrapalhou a cena, ainda bem. Na cena anterior era um outro conto popular em que eu fazia um caipira, então eu estava caracterizada de caipira e também sujava os dentes, e eu tinha esquecido de limpar o dente, então eu fiz essa cena com o dente sujo de caipira; nossa, maior vergonha quando eu fiquei sabendo. Pelo menos eu sabia que esta personagem, cabia nela o dente sujo, ela era simples, morava no interior, eu falei a deixa. Foi a primeira coisa; eu dificilmente ouso e quando eu ouso, também, agora...
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Agradeço sua presença.
R - Obrigada. Não sei se deu para entender tudo, porque a gente conta maior empolgada e às vezes é difícil de entender.
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Obrigada.(FIM)Recolher