Clair Daud Nicolas Hadi nasceu em 14 de agosto de 1955 em Ain Arab - Líbano. Filha de Joseph Daud e Odette Skaff, que ainda são vivos. Seus avós, que já são mortos, chamavam-se Salem Daud e Zarife Daud, pais do pai dela e Rachid Skaff e Neife Skaff, pais da mãe dela. Tem seis irmãos, cinco mu...Continuar leitura
Clair Daud Nicolas Hadi nasceu em 14 de agosto de 1955 em Ain Arab - Líbano. Filha de Joseph Daud e Odette Skaff, que ainda são vivos. Seus avós, que já são mortos, chamavam-se Salem Daud e Zarife Daud, pais do pai dela e Rachid Skaff e Neife Skaff, pais da mãe dela. Tem seis irmãos, cinco mulheres e um homem: Lídia, Nádia, Laila, Rinei, Eva e Jorge. Seu nome é de origem francesa, porque seu pai gostava muito de nomes franceses, então, ele escolheu este para ela, que em português significa Clara.
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A família de Clair é de origem libanesa. A cidade em que morava lá no Líbano era pequena, por isso, podia ir sozinha à casa da avó, mãe da mãe dela. A avó contava muitas histórias para os netos ao redor da lareira e servia para eles uvas passas, pipocas, castanhas, figos secos e doce de cereja.
Clair brincava muito de boneca de pano, que ela mesma confeccionava junto com suas primas. Pulava amarelinha e jogava cinco pedrinhas, quando ia jogar, sua prima sempre ganhava porque tinha a mão maior que de Clair, conseguia catar tudo de uma vez se fosse preciso.
Os seus pais se conheceram nas missas, festas, passeios até que se casaram. Clair sempre se lembra de sua casa quando sobe a “Ladeira da Concórdia”, porque sua casa ficava no alto e tinha escadas para chegar até ela, era uma casa simples, humilde e que tinha arcos.
Quando era pequena, havia um moço chamado Merhege que brincava dizendo que se casaria com ela. Clair tinha medo dele querer se casar com ela daquele tamanho que estava, então, quando o via se escondia.
Clair tinha muitos amigos porque sempre gostou de conversar. Tinha uma amiga que sempre apostava corrida com ela e sempre ganhava. No dia em que Clair estava quase ganhando a corrida, seu pai apareceu bem na hora e ela parou, ficou olhando para o pai e perdeu a corrida.
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A primeira escola que Clair estudou era um prédio térreo, mas tinha pequenas escadas. Sua primeira professora foi marcante porque gostava muito de Clair. Como ela adorava cantar, fazer teatro, dançar, a professora sempre a chamava por primeiro para participar.
Clair estudou até a 5º série na cidade em que nasceu, fez a 6º série em outra cidade. Mas como era muito nova, o pai preferiu esperar para morar com uma pessoa adulta.
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Certo dia, Clair estava cantando na igreja, quando Merhege a viu moça, bonita, se apaixonou, namoraram um ano e sete meses até se casarem. Merhege tinha feito uma promessa que, se conseguisse se casar com Clair, a levaria até a imagem de Nossa Senhora do Líbano e ele cumpriu a promessa. Clair se casou com quase 15 anos e Merhege tinha 28 anos.
Tiveram três filhos: Lora, Suzana e Jorge. As meninas nasceram no Líbano, vieram para o Brasil uma com três e outra com dois anos. Jorge nasceu aqui no Brasil.
Vieram para o Brasil em 1976, por motivo da guerra e como já tinham parentes morando aqui, ficou mais fácil. Clair estranhou no começo, por causa do calor e também pelo tamanho do nosso país, porque lá no Líbano não faz tanto calor e é um país pequeno formado por aldeias.
Morou um ano em São Paulo, mas aconteceu um problema: um dia, uma de suas filhas estava brincando no pátio do prédio que moravam e apareceu um homem convidando a menina para passear, quando viu isso, quis sair de São Paulo. Como o esposo já gostava muito de fazenda, resolveram comprar uma e morar no interior que é mais tranquilo, foi quando vieram para Apiaí, em 1977.
Apiaí daquela época tinha poucas casas, poucos comércios e nem todas as ruas eram lajotadas. O prédio da escola ALA era da Camargo Corrêa, ainda não era uma escola para crianças.
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O pai de Clair foi prefeito da cidade quando ela era pequena. Aos oito anos, começou ajudar seu pai no armazém da família, sempre acompanhada de um adulto. Às vezes, ficava cuidando junto com suas irmãs, só que elas ficavam pegando doces para dividir com as amigas. Clair apenas pegava um chiclete, porque não queria dar prejuízo a seu pai.
Já aqui no Brasil, no começo, Clair ficou mais cuidando dos filhos. Depois que estavam maiores, ela decidiu continuar seus estudos, estudou até a 8ª série na Escola Regina e foi nessa mesma época que surgiu a ideia de montar o supermercado.
O supermercado começou funcionar em 1992, ele foi montado com a ajuda dos filhos e do marido. Antes de ser um supermercado, no local, funcionava uma garagem de ônibus. No início, eram poucos clientes, mas depois foi aumentando. O supermercado já passou por três reformas para melhor atender os clientes.
A ideia do nome do supermercado surgiu quando o filho de Clair era pequeno. Ele falava que queria ter um “mercadinho” e ela lhe dizia que um dia montaria um para ele. A promessa foi cumprida Hoje em dia, possuem dois supermercados: “São Jorge” e “São Jorge Express”.
Existe uma funcionária chamada “Kelse” que trabalha desde quando o supermercado começou funcionar. Ela é muito querida por Dona Clair e pelos clientes também.
A rotina de trabalho no supermercado inicia-se às 7h30min. com o pessoal da limpeza, depois chegam os açougueiros para preparar as carnes. Em seguida, chegam as moças dos caixas uma atrás da outra e assim os outros funcionários.
O horário de atendimento ao público é das 8h30min. às 19h30min. E fazem entregas até as 18h. Funciona de segunda a sábado, já o supermercado “São Jorge Express”, funciona também aos domingos até as 13h.
Dona Clair gosta de tudo em seu trabalho, principalmente, do contato com as pessoas, das amizades que faz e do amor que tem pelas crianças, porque ama “muto, muto” as crianças. Descansar só de noite e quando tira férias, uma vez por ano, para visitar sua filha mais velha, seu genro e seus três netos: Anthony, Joseph e Gabriella Maria que moram no Canadá e outros familiares que moram nos Estados Unidos.
Para Clair hoje, seu maior sonho, é ver todas as crianças protegidas, estudando para se formar e ser alguém na vida, para que isso aconteça, é preciso muita dedicação.
“Contar um pouco sobre minha vida foi como um sonho gostei muto, muto”
Ao final, nos ensinou contar de 1 a 10 em árabe e a escrever nossos nomes tambémRecolher