Professora Maria de Lourdes – EMEF Prof. José Querino Ribeiro
A CAIPIRINHA SAPECA
Inverno de 1967, meu 1º ano na escola, Grupo Escolar Rui Bloem, a professora D. Dagmar anunciou a Festa Junina que haveria na escola, precisávamos iniciar os preparativos. E também falou-nos da Quadrilha que h...Continuar leitura
Professora Maria de Lourdes – EMEF Prof. José Querino Ribeiro
A CAIPIRINHA SAPECA
Inverno de 1967, meu 1º ano na escola, Grupo Escolar Rui Bloem, a professora D. Dagmar anunciou a Festa Junina que haveria na escola, precisávamos iniciar os preparativos. E também falou-nos da Quadrilha que haveria na festa. Uma quadrilha imensa, composta por alunos de todas as classes; D.Dagmar precisava escolher algumas alunas da nossa classe, que era só de meninas,
não havia salas mistas.
Apesar de eu ter levantado a mão, a professora não me escolheu.
Eu fiquei inconformada com o fato. Mas fiquei quieta, não reclamei e não falei nada em casa.
Na semana da festa avisei minha mãe que eu precisava de um vestido caipira, pois iria dançar Quadrilha. A minha mãe, lembro até hoje, ficou apavorada, meio brava, meio preocupada; mas foi comigo a uma loja de tecidos e comprou um pedaço de chita . Era uma chita de cor avermelhada com bolas desenhadas, as bolas grandes tinham o desenho parecido com uma laranja cortada ao meio.
O vestido ficou pronto no dia da festa, a minha mãe corria contra o tempo para terminá-lo. Ficou bonito. Fizeram duas tranças no meu cabelo e minha irmã me maquiou.
Chegando à festa, fiquei maquinando como eu iria entrar na dança e andava de um lado para outro a procura de um par. O pátio estava cercado, fechado apara a Quadrilha.
Quando começaram a anunciar a dança, vi um menino bonitinho e perdido. Estava bem vestido, de lencinho vermelho amarrado no pescoço, camisa xadrez, chapéu de palha e bigode e costeletas pintados, com um cachimbo na boca; cheguei perto dele e perguntei:
_ Você tem par? Ele respondeu só com a cabeça. Eu mais que depressa passei o meu braço no dele, sem perguntar, é lógico, se ele queria dançar comigo, coisas de mulherzinha, né?
E o menino aceitou sem reclamar, entramos na fila da Quadrilha, sem sabermos o nome um do outro, sem nos falarmos
A minha irmã posicionou-se, orgulhosa, para assistir ao espetáculo.
D. Dagmar só percebeu a minha presença
na fila quando a dança já se iniciava. Vendo a minha irmã, foi saber porque eu estava na Quadrilha, afinal eu não havia ensaiado. Minha irmã ficou surpresa e contou a minha mentira para a professora. Naquela altura dos acontecimentos, D. Dagmar entregou à
Deus e assistiu a Quadrilha. Eu?...
Eu ia observando os pares
da frente e fazia o mesmo e me sai muito bem.
No final fui parabenizada e fiquei muito feliz
Por ter participado da primeira e única Quadrilha da minha vida.
Em casa, minha irmã contou a minha proeza e minha mãe acabou achando graça.Recolher