No tempo que meu pai e meu tio fazia a festa, eu vir eles fazendo um Banco de Tauba serrado enfeitado para os rapazes pintando sentar, para ser banco deles. Meu pai pintava assim o banco num tem, comprimento daqui até aquele pau, em cada parte fazia um quadrozinho de todas as cores, dentro daquele ...Continuar leitura
resumo
Na sua entrevista José Inácio, nos fala sobre os laços familiares que o ajudaram bastante aprendendo cada ensinamento, rituais, cantos, histórias, caçada. Relata também a migração da aldeia Iboá para a aldeia Januária junto com sua família, em seguida viu seus pais fundar sua própria aldeia e depois mudaram pra lá, ele também conta das lembrança que ainda tem de seus pais e familiares, que desde cedo começou ajudou seu pai na roça, contação de histórias, falando sobre os pajés, as mudanças que ocorreram ao longo do tempo nas festas tradicionais e rituais, fala também sobre a língua materna sempre falada pelos seu país, quem eram os cantores da aldeia, cantos seus significados, como aprendeu a cantar, invasão de madeireiros. Por fim, conta um pouco como era feita a festa de moqueado na sua época e as pinturas.
história
história na íntegra
-
Vídeo na íntegra
(não disponível) -
Áudio na íntegra
(não disponível) - Texto na íntegra
- Ficha técnica
Entrevista de José Inácio Guajajara
Entrevistador(a): Leila Guajajara, Yuna Guajajara, Marcos Vila Bela
Aldeia Alto do Angelim, 23 de fevereiro de 2022
Projeto vida indígena Guajajara
VIM_HV013
00 : 53
Primeiramente nós queremos agradecer né, pela sua oportunidade de receber nós nessa manh...Continuar leitura
Entrevista de José Inácio Guajajara
Entrevistador(a): Leila Guajajara, Yuna Guajajara, Marcos Vila Bela
Aldeia Alto do Angelim, 23 de fevereiro de 2022
Projeto vida indígena Guajajara
VIM_HV013
00 : 53
Primeiramente nós queremos agradecer né, pela sua oportunidade de receber nós nessa manhã, é vamos começar.
01 : 09
P – Primeiro quero perguntar seu nome completo, Qual seu nome completo?
R – É, José Inácio Guajajara .
01 : 25
P – Sua data de nascimento o senhor lembra?
R – Oh, eu tinha até que ter no documento, aí a genda levou o documento.
01 : 42
P – Onde Você nasceu?
R – Rapaz eu nasci aqui no rumo de, desse, buriti-cupu, assim.
01 : 55
P – Você tem alguma lembrança de lá, da onde o senhor nasceu ?
R – Rapaz eu não tenho não, pois é.
02 : 09
P – Qual aldeia você morava na sua Infância? Você tem alguma lembra de lá ou não tem?
R – Tenho.
02 : 15
P – Você pode contar pra gente?
R -
Aldeia, primeira aldeia que eu morei que eu morava, era uma aldeia que ficar por de trás aqui que chamava Iboa, bem aqui assim Iboa, primeira aldeia. Que meus pais, meus pais morava né mas a mãe meus tios e as tias também, minha avó, pois é.
02 : 47
P – Você tem alguma lembrança dos seus pais, dos seus avós, do seus tios?
R – Tem.
P – Pode contar um pouquinho pra nós?
R – Eu tenho um pouco, eu tenho uma lembrança do meu ti que é irmão de meu pai e da minha avó também, eu digo assim avó, o nome dela também
eu sei ainda e o nome dela era Joana, pois é aí sim.
03 : 40
P – Como foi a sua Infância seu José Inácio, o que é que o senhor lembra da sua infância, o quê que o senhor pode contar, como era sua infância, o que o senhor fazia, o que gostava de fazer?
R
- Como era que tipo de coisa assim?
P – Assim quando o senhor era criança o que você gostava de fazer em casa, fazer na rua, quando o senhor era criança o quê que o senhor gostava de fazer?
R – Rapaz eu nunca fiz assim, muitas coisas quando era criança aí quando eu, quando eu fui saber das coisas, já foi sabendo já ajudar meu pai a fazer alguma coisa, algum serviço num tem, pois é né. E aí desse serviço eu fui pra frente eu mais ele, pois é.
04 : 31
P – Que tipo de serviço assim, o senhor acostumava fazer com seu pai?
R – Ham.
P – Que tipo de serviço você costumava fazer com seu pai ajudar ele?
R – Rapaz, eu comecei a fazer logo, ajudar a fazer logo, foi negócio de roça não tem, aham, pois é quando eu fui cheguei aprender né, saber fazer né, ajudar a fazer roça Aí já, eu garanti de ajudar a fazer roça eu mais ele, pois é.
05 : 12
P – Na sua aldeia tinha Pajé, como eles eram, o que faziam?
R – Não, no, no , no tempo que, a vez que cheguei a conhecer, eu não vir pajé assim dos lados dele não, onde eles morava, onde nos morava assim né, não vir não. Somente eles mesmo o meu pai, meu ti, pois é, só.
05 : 49
P – Alguém lhe contava história na sua Infância?
R – Contava história sim, assim de , história de outa coisa assim né, agora o que ele ia fazendo, o que eles fazia né, eu vir primeiro coisa que eu vir na minha vida eles fazendo foi esse negócio de cantoria, como esse significa esse negócio de muquiado não tem, aham, foi esse primeira vez que eu vir eles fazendo.
06 : 25
P – Como é que eles faziam?
R -
Eles fazia, eles fazia. Eles ia na mata né, fazer caçada, mata caça né, e muquiar né assim, pra fazer essa festa né aí desse lugar da Mata eles ia agora pra casa, com esse negócio de muquiado, negócio de festa de muquiado eu vir, e vir
assim uma moça que é pintada não tem, que disse que é dona do muquiado, que vai ser dono né, como é, aí ela essa moça que é pintada que é dona do muquiado, ela acompanhava também né pra ir na mata também, assistir a caçada, a matança de caça e a, e negócio de muquiar né, pois é, ela ir nessa companha pra essa assistir essa muquiada são que pra ela ficar no rancho na mata pa ir cuidando da caça que tava em cima de Girau muquiano assano num tem, pois é né e o outas pessoas lá também junto com ela
também lá né, ela não ficava só não aí as turmas saia na mata caça e ela ficava ali no rancho mais as outras também que lá ia também gente na companha também né, pois é pra ela não fica lá só, pois é isso né.
08 : 13
P – O senhor percebe que tem alguma mudança assim das festas do muquiado, percebe que tem alguma mudança assim nos dias de hoje?
R – Assim, assim a diferença?
P – É, se tem alguma diferença como era antigamente?
R – Eu sei, sei , sei, sei, tô entendo, Rapaz é seguinte, teve uma mudança, pois é. No meu tempo num, num, no, eu tinha um ti que é irmão de papai do meu pai, aham, ele cantava, ele comandava Aí eles, eles tinha outros companheiro também né que ajudava não tem aí eles no. A mudança que eu vir, que eu conheci agora esses dias passado que ficou ai eles meu ti dizia assim po pessoal né, pros companheiro que, que ficava mais eles ali naquela brincadeira ali né, ele dizia assim: olha seus meninos agora é só ensaio, nos vamos cantar até umas horas, até madrugada né aí de madrugada vamo encerrar um pouco né, aí vamos espera o resto da noite passar né e aí quando é, quando é, no dia da manhã e de sábado né, por que começar aqui, começar assim no dia de sexta feira né, pois é né, aí o ensaio e dia de sexta feira né, aí eles paravam aí quando amanhecia agora pa sábado, sábado de manhã por essa hora assim né, antes dessa hora umas 7 horas por ai da manhã, de manhã aí eles começavam agora quebrar muquiado né e bota na panela agora pa cozinha né, pá cozinha, pá amulecer né assim, pois é né, esse aí eu vir desse jeito assim né. Hoje eles faz essa brincadeira eles canta dia de sábado, começa dia de sexta feira de tarde boca da noite aí passa a noite todinho, sexta feira a noite todinho amanhece pra sábado esse aí no meu tempo eu não vir não né, cheguei a conhecer ver esse daí não, pois é né, e a mudança que eu vir foi essa mudança bem aí assim, pois é né, desse jeito.
11 : 35
P – Você falou que venho do Buriti né, pra cá, quando você veio pra cá do Buriti de qual aldeia você morou?
R – Essa que eu falei. Primeira aldeia que eu falei, que meu pai fez mais meu tio fizeram essa aldeia lá né, e lá nos passemos uns tempo lá nessa aldeia que eles tinha feito, de lá nos se mudamos, pois é.
12 : 09
P – Você mudou pra cá né, pra Pindaré?
R – Fica perto logo ali né, de lá nos se mudamos para o Januára que hoje é chamada de Januára agora
12 : 21
P - Como era na Januára antigamente quando você morava lá?
R – Como era!
P – É. Você tem alguma lembrança assim como era?
R – Tenho sim, o Januára ali, não era como é agora, pois é , muita morador agora no Januára. No tempo que eu cheguei conhece esse Januára era umas casinha assim, é só umas casinhas assim né, não dava nem um 10 casa não, pois é, era menos pois é, os que morava lá eu conheci eles também, esses já morreram são o véi, primeiro índio véi que morava ali, pois é.
13 : 15
P – Sempre teve esse nome de Januário ou foi colocado agora?
R – Não, Ali, Ali o pessoal chamava posto dos índio, pois é, posto dos índio e também tinha outro nome também que chamava esse, como é, esse, posto Gonçalves di, esse aí, tudos, tudo,
era conhecida esse nome até fora, pois é.
14 : 06
P – É, assim como você falou dos seus pais né, o senhor assim teve algum aprendizado assim dele, sobre a história de vida dele, teve algum aprendizado?
R – Como é?
P – Assim sobre a história dele que você conheceu, é que conheceu eles né aí, assim os principais ensinamentos que seu pai lhe passou, que seus pais lhe passaram?
R – Se eles contavam?
P – É, se eles ensinaram algumas histórias?
R – Rapaz eles contavam né, pois é. Eles contavam que eles viram muito coisa também errado na vida deles da onde eles viam também né, lá onde o, lá onde eles viviam primeira vez, Primeiro antigamente né, primeiro lugar né, eu não cheguei a conhecer lá não né, cheguei conhecer quando eles chegaram por aqui agora com a gente né, pois é, aí eles não contaram muita coisa assim em história Assim, muito ruim não assim, pois é, eles contavam umas histórias assim bom, legal como diz o pessoal assim, pois é.
15 : 49
P – Você tem lembrança assim dessas história legais que ele contava, você pode contar uma delas, que você lembra ?
R – Eles dizia pra gente, pra pessoa, quando a pessoa vevi assim a vida da gente, com a vida da gente assim, pra gente vive como a gente tá vivendo agora, a pessoa tem que viver normal junto com as pessoa né, com outras pessoas pois é, não fazer o maldade com as outras pessoas, pois é. Assim meus pais contaram essa história né, hoje nós nunca fizemos essas coisas assim que a pessoa não deve fazer não tem, nos nunca fizemos não, hoje mesmo que é, agora que a gente não faz, pois é, eu tenho mais netos aí, eu acho, eu digo que eles nunca fizeram essas negócios de maldade, negócio de outa coisa que a pessoa deve fazer né, eu nunca vir eles fazendo não, pois é, por que a gente repassa pra eles também né, como meu pai repassava também pra gente né, a gente repassa também pra eles né, por ai, pois é.
17 : 30
P – Qual língua era falada na sua aldeia ? Era só na língua materna ou português?
R – Qual língua?
P – língua, é. Era falada na Língua ou português?
R – Rapaz, mais, mais, meus pais, minha mãe, meus ti. Quando, eles era, quando eles era vivo mais era na Língua, na linguagem né, pois é, mais, mais, mais.
Hoje, hoje tem pouco, pois é, tem pouco mais ainda tem ainda, tem muita deles aí que sabe falar a língua, pois é, por ai é assim aí ficam sabendo. Muitos deles, muito deles chegar aqui em casa nos procurando assim desse jeito, pois é aí a mãe dela bem aí né, que é Uzenira, aí ela chega aqui em casa ela pergunta muca de coisa, muca de nome de coisa aí, como é que chama indígena né o nome que dá coisa assim né, o Seu, o Seu, o nome que ela pegou, anotou de outa pessoa né, ela veio em casa né, perguntar pra mim se tá certo aquele nome ou não né, pois é né, aí se não tiver certa aí vou e digo, Rapaz o ponto bem aqui tá errado, ta certo não aí ela vai endireitar, pois é muita vezes que ela vem em casa ai, pois é, muita vezes, fez assim.
20 : 21
P – É, o senhor tava falando que o senhor morou na Januára né também depois da Januária qual aldeia o senhor morou ?
R – Depois do Januára, aí meu pai mais os otos ali né, ta ai o avó, como é avó. Ali o véi Maneviano chama ele, chama o nome dele, eles era assim, ele mais meu pai e meu tio é lá vai chamou eles, chamou eles, pra eles vir pra cá né fazer um aldeia aqui fora de lá e fazer aqui né, aí Vieram e fizeram essa aldeia bem aí, pois é, aí passamos pra cá pra morar agora até chegou essa data que nos estamos, nos estava ali né, pois é.
21 : 52
P – O senhor lembra de como, como era, como foi, como era antigamente, quando vocês mudaram pra lá se como era a aldeia?
R – Ali.
P – Aham.
R – Ali, ali a aldeia ali foi feito e também com pouca casa, ano era muita pessoa né, não era muita gente, era assim uns 6 casas assim por ai, pois é, aí tinha uns também que acompanharam também né aí fizemos essa aldeia lá e fiquemos ali, trabalhando de roça, só ele né, de roça mesmo pois é né, aí daí pra frente nós viemos até nós tamo ainda por aqui pois é.
23 : 25
P – E o senhor lembra como era, quando vocês chegaram aqui, como era a aldeia, como era a região aqui?
R – Como era a região, como era assim, como é agora né?
P – É. Como era antigamente?
R – Antes, antes, Rapaz aqui, aqui, aqui, não era assim né, eu já vou dizer que aqui nos tivemos muita fartura aqui também assim como de caça , mata assim, aqui não tinha palmeiras não aqui assim, era só mato assim pé de árvore assim né, só puro, puro pois é né, não tinha cocal assim, não tinha palmera assim tinha não pois é, muita caça tinha hoje só uns peladinha res que tem por ai né.
24 : 55
P – É o senhor falou que o irmão Maneviano chamou vocês pra ir tomar a aldeia lá você tem alguma lembrança assim dele do Maneviano? Como era assim ele ?
R – Tem, aí ele era muito legal, ele era bom pessoa né, com meu pai, com meu ti né Só que eles que falava muito bem também né Só que eles, eles eram amigão, amigo, amigo mesmo, papai mais ele meu ti que chamava mané Luiz pois é, esses 2, esses se consideravam muito bem, muito, muito, muito, pois é. Aí ele viveu um pouco né, aí ele faleceu pois é, aí meu ficou mais a minha mãe mais o meu ti também, aí já foram também né pois é assim, trabalhava de junto, fazia roça de junto assim, pois é. Muita fartura eles fazia né , mandioca, plantava mandioca, fazia farinha, tirava tapioca, fazia Bananal né pois é né, fazia plantava, essas planta na roça que se planta na roça assim, comia inhame que chama akara né, abóbora né, tudo. Eles fazia fartura né pois é.
27 : 01
P – Você teve alguma dificuldade para aprender a falar sua língua? Fala na Língua, você tem alguma dificuldade?
R – Como é?
2P – você teve alguma dificuldade para aprender a falar a língua?
R -
Se eu tinha.
P – É, o senhor teve alguma dificuldade para aprender a falar na Língua?
R – Não. De jeito nenhum, eu nunca tive pois é.
27 : 31
P – É, e sobre os cantos?
R – Hum..
P – Sobre os cantos?
R – O quê que é? Como é?
P – Sobre os cantos?
R – Canto?
P – É.
R – Rapaz, agora esse aí eu no cheguei, eu no cheguei aprender, eu mesmo canta não, cheguei assim a ajudar não tem pois é, eu mesmo não canta, no cheguei a aprender não, saber não pois é.
28 : 15
P – Qual foi sua primeira caçada, como foi assim caça?
R – Assim, pra mim mesmo?
P – Aham, o senhor mesmo assim, sua primeira caçada, quando você foi pro mato caça?
R – Assim, uma pergunta que eu vou perguntar. Pra, pra me fazer essa caçada, como assim?
P – Assim ir pro mato caça, mata caça pra você mesmo.
R – Pra gente mesmo, comer né, Rapaz aí, antes a gente saia pro mato né caça, a gente encontrava caça, a gente matava né pois é, a gente trazia pra casa pois é, minha mãe, papai meu pai né tratava tomava de conta né pra tratar não tem pois é, se eu mata um veado né, chegava em casa com o veado né, tirava coro pois é, é assim.
29 : 45
P – Senhor lembra assim de um, de uma caçada que o senhor mais gostou de ir, de participar?
R – Como ?
P – O senhor tem, assim gostou de uma caçada que o senhor foi, que o senhor gostou mais de um assim, que queira contar pra gente, o que o senhor mais gostou ?
R – Rapaz, eu acho que, a caçada que eu gostava mais era essa caçada aí de caça né, nós pois é. Caça, mata caça né pois é.
30 : 26
P – O senhor já teve alguma situação assim de se deparar como uma onça?
R – Não, eu nunca topei não né, pois é. Eu nunca topei não, agora eu, uma vez bem qui assim do outro lado ali, em cima era mata como eu tô falando né , era mata nesse tempo. Tinha toda caça, tinha Anta né, uma vez eu fui, uma vez eu sai dali da piçarra né pra vir dar uma caçada aqui, aqui assim, por aqui assim né aí lá eu vir rastro de uma Anta, tinha passado naquela horinha aí eu acompanhei o rastro né, aí quando descuidei um pouquinho né a bicha tava assim de lado né ai lá eu me espantei pelo ponta pé dela agora né, aí não deu de eu ganhar ela não né pois é ai deu fora pois é. Agora a onça, aí fi agora na onça eu nunca, mas tinha aqui, tinha, aqui tinha onça pois é, por essa região aqui pra trás, onde tem esse campi ali esse lado agora rum, tinha onça que nem, o cara não dava conta não né, pois. É assim.
31 : 50
P – Teve algum companheiro do senhor que tem histórias com onça?
R – Oi?
P – O senhor conhece de alguma história dos seus companheiros do seus colegas que tem história com onça?
R – Não, não, não, nunca teve não pois é, só era. Só era eu só mesmo, pois é.
32 : 18
P – O senhor falou que antigamente tinha fartura, que tinha peixe né, é assim sobre pescaria qual foi sua primeira pescaria, que você foi?
R – Rapaz, a pescaria que eu gostei também, agora, hoje num se faz isso mais não. Pescaria que eu gostei também né, quem é bom, a pessoa pesca né assim, pega peixe né. É, era pega peixe botano essa planta que chama timbo não tem, pois é né. Batia esse timbo e sacudida na agua né, espalhava ela pra colá a água todinha né aí era do tamanho, era do, do, do tamanho da água também, da Lagoa assim, pois é né. Agora hoje, hoje num, acho que não tem mais timbo não né, hoje não, hoje em dia não tem mais não. Eu digo que não tem por que eu nunca mais vir, pois é, nos também nunca mais plantemos timbo também né, hoje existe mais agora essa aba de pegar peixe, como é essa rede que engachar que é de Karayw não tem, pois é aí pegar peixe agora com essa coisa assim pois é, de flecha nesse tempo, nesse tempo de inverno, no inverno, a água ia lá por dentro do Mato né aí os peixes era bastante também né, bastante peixe que a gente dava uma volta na beira do lago na mata, pois é a água lá na mata na beira e entrando lá no mato né, os peixe a gente via peixe bebendo, bebeno assim igual Juano não tem pois é, a gente pegava também peixe de flecha também né, bem aí assim nesse campo agora que chama agora campo do veado bem ali né, ali eu peguei uma dúzia de Curimatá na mata, na mata, o peixe goajando embaixo da Mata assim, na beira aí nesse tempo eu usava mais era flecha eu mesmo fazia a flecha né ai peguei, essa pescaria que eu inventei na volta na beira do lago eu peguei uma dúzia de Curimatá, só Curimatá criado assim pois é de frecha na beira pois é, peixe era mansinho nesse tempo, hoje num, num vir esse peixe assim mais não pois é, assim.
35 : 56
P – É, o senhor tava falando sobre as festa né, como era antigamente, é você tem algum lembrança assim da festa, assim uma que o senhor mais gostou de participar quando tinha ?
R – Como é?
P - Assim falando das festas né, é teve uma assim que você mais gostou de poder participar, da nossa festa cultural, teve uma assim que o senhor mais gostou de ter ido participar, tu lembra de alguma assim que aconteceu que teve?
R – Da festa ?
P – É, da festa mesmo?
R – É, sei... Rapaz todas dela a gente diz que não é, a gente gostaria não tem pois é, como da festa muquiada, a saída da muquiada a botada assim digo que ficou ora frente em sim ai também as dança das moçada também né, a gente gosta também é bom também é bonito também né, dos Rapaz também né, tem umas moça que são pintada e os rapaz também pintados também né, pois é né a gente gosta de todas delas assim né, saída das moçada dançando sai de dentro pra fora é bonito também né, assim desse jeito que é né.
38 : 10
P – É, quem era os cantores da sua aldeia, cantores que cantava na Língua, cantava assim os cantos?
R – A onde em qual aldeia, qual aldeia?
P – Na aldeia mesmo que, morava assim?
R – Assim, ali como eu falei, ali na piçarra quem cantava ali era finado meu ti que era irmão de papai, do meu pai e ali também depois dessa de lá aí participemos pra cá, pra assistir agora essa brincadeira pra cá pro Januára agora né, como é agora ai. Os primeiro Cantor Indígena na Muquiada não tão mais vivo também não né pois é, aí chegou um novato aí, ai segurou pois é, ele teve cantando também, hoje já tem muito, muito novos também que já aprenderam também né, esse tomaram de conta estão tomando de conta não tem ai aquele o que chegou agora o novato, esse que chama Nelson, esse chegou agora, agora e é novo ele, mais os primeiro não tem mais nenhum pois é, cantava ali, os primeiro Não tem mais nenhum mais pois é. O pai da Maria Helena que é esposa do Domingão o pai dela, era cantor na Muquiada, pois é não tem a mulher dele que é a mãe da Maria Helena acompanhava também né e tinha as outras também né que ajudava também, ele cantava né , ele parava o canto dele né, ai os outros tomavam de conta também um cantava, botava a parte dele, o outro também botava a parte também, o outro também era assim né, eles era muito nesse tempo, muito cantor só índio véi, pois é. Hoje tem esses novatos aí esses novos aí que cantam também, eles cantam também esses novos cantam também né, parece que num dia 26 vai ter um ali no, no, ali no coisa como é? Na Macauba né dia 26, que a minazinha a neta do Rael vai ser pintado lá e a de lá também vai ser pintado também nesse dia e aí quem vai cantar é eles, é esses lá, esses novo Que aprenderam também agora pois é, mas os primeiro os antigo né tem mais não de jeito nenhum né. Pois é desse jeito né.
41 :
51
P – E os cantos que são cantado, eles têm algum significado?
R – Como ?
P – Os canto, é cantado assim nas Cantoria eles têm assim algum significado?
R – Eles falam todos os pássaros que eles canta,
eles fala, ele canta como, os pássaros que chama tucano, eles canta esse pássaro também que existe no campo que é Siricora, esse pássaro também que existe no mesmo campo também né colo-colo, assim como macaco, assim como arara, assim como papagaio né assim, pois é. Tudo isso é, aí eles canta pois é.
42 : 59
P – Os mesmo Canto que era cantado antigamente eles são cantado agora ?
R – Também, aham. Também mesmo, mermi
43 : 15
P – Tem assim algum canto que o senhor mais gosta?
R – Rapaz, quando a gente tá assistindo a gente gosta de todas delas muito, muito.
43 : 35
P – Mais tem um canto específico que emocionar o senhor, que traz lembranças boas?
R – Tem, tem canto assim.
P – O senhor sabe dizer
algum desses cantos?
R – Rapaz, agora no momento eu no, não pois é.
43 : 58
P – O senhor lembra de algum canto assim de um pedacinho assim do canto?
R – É, rapaz, oi o tem, tem uma arara, tem esse arara vermelho não tem, tem arara preta também que chama né, pois é né, esse aí eu não vou cantar não. Eu vou só dizer, eu não vou cantar não, eu vou só dizer como é que se canta assim diz pois é. O cantor ta cantando né diz assim né, ele diz que é, essa arara preta que eu falei agora que ele se chama araruna né pois é né, esse ai ele canta, ele diz que araruna wá ai sou araruna que karayw diz né, que são seis tipo de arara né, araruna wá’ra é né pois é, aí ele vai de novo, canta de novo né, canta assim de novo né, olha, ele diz pro Araruna né, ele vai dizer pro Araruna Eru'ka né ku’mana Araruna, araruna wá ra’é né, aí sou Araruna né, aí o cara que medir pá, o cara fica escutando né, e é né o cara que grava né, e pode gravar assim pra ele aprender e cantar também né depois pois é né, tem muito, tem muito canto aí que invocado né pois é, que ele canta né rum, rapaz. Assim Ku'maná que ele diz né, e diz que não tem fava, pois é, é isso que ele chama Ku'maná, ele diz para esse arara cuidar de quebrar, de quebrar né, é de quebrar a fava dela né, pois é né. Ezuka né Ku'maná araruna pois é, desse jeito que ele é né.
47 : 19
P – Como você tava falando sobre os canto né, tava falando sobre os canto. Co1mo você se tornou um cantor, alguém ensinou a você a cantar?
R – quem ?
P – É, perguntando, é você tava falando sobre os canto né, é, como você aprendeu a cantar o canto, teve alguma pessoa que te ensinou?
R – Não, esse aí a gente tava Assistindo e escutando não tem. A gente assistia né, escutando eles cantar a gente tá ali também; gravando também né, na gravação da gente como diz né, pois é.
48 : 15
P – Assim quando o senhor era mais novo, o pai do senhor ou avó do senhor falava sobre os canto, que cantava, ensinava o senhor a cantar?
R – Rapaz, sem negação nenhuma né como diz os cara, pois é né, ele nunca passou, ele nunca passou, ele nunca repassou pra gente não, num tem, pois é e aí a gente mesmo que acompanhou, assisti de lá pra cá né, assisti agora essa que tão tendo né, pois é, mais ele nunca repassou assim pra mim cantar não né, oi eles, o que cantava mais era meu ti , meu ti que cantava mais né, papai mesmo, meu pai mesmo num chegou a cantar muito não né, pois é.
Aí passei pra assisti também esses outros aí ajudar eles cantando assim, pois é.
49 : 43
P – Assim, é, como a gente tava conversando com o senhor sobre as festa, o senhor contou como era, como era antigamente, o senhor poderia falar um pouco pra nós sobre.
R – Como é?
P – Naquele dia que eu falei pro senhor ali, sobre a entrevista que o senhor contou um pouco da história né, o senhor poderia contar um pouco pra nós, daquele vez que você tava contando
R – De, De, de qual? Diz aí.
P – Do geral!
R – É.
P – Se o senhor quiser contar ?
R – Oia Eu vou contar uma aqui, de João aqui. No tempo que meus pai, meu ti fazia essa festa, eu vir, eu vir meu pai fazendo um banco de tauba serrado, serrado e enfeitando pois é, enfeitado por rapaz pintado sentar pra ser banco deles, pra eles sentar né, ele, ele pintava assim o banco num tem, se a tauba era daqui, comprimento daqui lá por perto
daquele pau ali, não sei se é cajueiro aí ele ia pintar, em cada ideia fazia um quadrozinho assim de toda cor né, assim né, dentro daquele quadrinho pintado um rapaz ia sentar né, sentava assim, outo assim, outo assim, se era dez, era dez lugarzin né, pois é né, dez, dez lugarzin pra eles sentar né naquele tauba né Só, e era só pra eles também né, não era esse banco, agora as muié pras moçada sempre, sempre pa moçada a cadeira pra moçada sentar foi esse mirral que chama esteira né, sempre, sempre, desde do começo vem vindo esse daí e ainda hoje existe ainda pras moça sentar né que é a esteira minha saba né, pois é né, hoje já existe ainda né, no meu tempo eu vir papai fazendo esse aí né, é bonito rapaz ele enfeitava um banco eu disse armaria tá beleza né, hora pois é né. Cada um com a frecha na mão, a frecha também enfeitada também pintada de urucu, atravessado de jenipapo também né a frecha também é desse jeito né , eu, ali mesmo no Januára um tempo eu vir mesmo desse jeito também né, lá se acabou esse feiti, a pessoa que faz esse feiti né, nunca mais fizeram também né, pois é, meu pai já fez esse aí a bancada assim enfeitou essa bancada assim muitas vezes, aqui na cantoria aqui na Piçarra né, nesse tempo, aí piçarra preta não tinha ali casa assim, não tinha dez casa, não, não, tinha não de jeito nenhum hora, assim também ali no Januára foi assim também né, eu assisti começo desse Januára ali pois é, eu não asisiti, eu não vir foi no comeci, no comeci né, eu cheguei ali no Januára conheci, cheguei a conhecer o Januára ali foi quando eu tava com um, uns oito anos por ai assim né, por que eu cheguei ali no Januára também né junto com o papai, minha mãe, minha avó, meus ti também foi que eu conheci esse Januára de lá pra cá eu vir conhecendo esse Januára ali, eu vir assisti esse Januára ali todinho desde de lá, desde desse tempo que eu cheguei a conhecer, que eu cheguei ver, o começo, o começo não né assim, conhecer esse Januára ali pois é, pessoal de dentro , Primero morador de dentro eu vir eles também né, pois é. De índio véi eu vir eles, conheci eles também né, hoje não tem mais nenhum deles, que conta essa história aí não tem não, o que se passou aí dentro daquela aldeia ali no começo desse tempo que eu conheci, não tem não, tem não, tem não, num conto não por que não sabe e por que não viu, num chegou ver, pois é. Esse pessoal aí, essa turma que tem aí agora num Januára tudo são novato, novato, novinho, novinho, foi chegado agora, agora,
por esses dias pra mim, acho que chegaram agora , ontem né, ontonte ne, pois é. Pra mim acho que foi assim, ligeiro, ligeirin, chegou gente daqui dessa estrada ali, da estrada de Santa Luzia por ali dentro daquelas aldeia que fica por ali, pra cula do, do Grajaú de, de Sapucaí tem aldeia Por aí, do Ipu por ali né, tem essas aldeia Por ali né, veio mucado de lá pra cá né, Pois é bem aí na Lagoa comprida chamado né, chegou um pessoal, uns índio de lá né, morar tudinho ali né, ali no Januára né. Hoje esse, esses parentes também né , hoje parece que tem bem pouquinho, pouquinho né, eles morreram quase tudo também né, pois é ne. O resto aqueles mininada ali, aqueles novato ali, aquele rapaizada diz que é rapaz por que ainda é novo né, mas tudo que vai olhar dentro da casa, que vai olhar na casa deles, vai tá assim de minino deles, é a gente pensa que nem tem muié né, rapaz a gente olha pra menina, pa menina muié né, a gente pensa que nem tem marido, que nem tem fi né, não tem não, pois é né, é sério eu vir esse aí todinho né e hoje tô vendo ainda. Quando eu era menino desse tempo, nos era muito menino do meu tempo também né, pois é, os chefes brincava com nós, nos brincava com ele, pintava nós tudin pois é, ele mandava nos ir lá pra beira do rio agora naquele barracão lá pra beira do rio né ai lá né, ele ficava agora olhando pra nós né, ele.baria assim com mão nós via agora todo pintado né, nos ia via caminhando agora por rumo dele, e ele tirando foto né, não sei oque foi feito com esses foto que ele tirava né, sei não né, umas pinta assim umas lista de pintado assim, uma lista de comprida em pé assim, pois é né, assim parecido com jenipapo, mas não era jenipapo não. Nesse tempo rapaz e tinha índio também, eu conheci os primeiro morador, primeiro morador né, no têm o domingão ali a família dele, o pai dele, a mãe dele, os ti dele, tudo morava aí né. Morava lá onde fica a casa do Loirin agora lá no finalzin ali né, pois é a casa deles ali ficava pra lá né aí depois de lá né fui se mudar pra cá no tirical né de lá né se mudará pra cá agora, lá morreram mucado o restim escapuliram pra cá agora né, Como o domingão o irmão dele também né aí ficaram por ali agora, que tem as irmãs, tem as irmãs dele ali também que é Maria do Carmo lá do Tabocal pois é né, aí só que escapou só foi eles, eu conheci eles tudin né os pais a mãe tudin eu conheci também né. Essa aldeia ali não tinha aquela estrada, não tinha aquela estrada ali não, tinha não e nem essa Br aqui, tinha de jeito nenhum, eu vir o começo o picado dessa estrada passar eu vir, pois é a entrada do caminho que ia lá pro Januára sai tinha um vareta que saia de lá né e ia sair aqui nesse campo, esse campo do buxin que se chama agora ali né, por ali atravessava, ali era só um caminho que passava lá né, ali era Marajásal ali né naquele baixo ali né, pois é aí a vareta saia lá pra dentro da aldeia né nas casinha as paredes tampada de panha as corbetas de panha também né, pois é era assim só e aquele barracao a onde o chiquim mora agora naquele lugar ali, naquele casa ali que era pois é, ali era o barracão dos chefes, dos chefe de posto da aldeia pois é, era ali né. Ali que se juntava os chefes né. Eu vir eles também, o jeito deles também eu vir, eu vir a moda deles também né, pois é. Não tinha essa Br aqui tinha vareta aqui oh, passava bem aqui assim oh, passava por acula né, outros dias a Uzenira tava me dizendo, me perguntando papai, o senhor aquele, aquela, aquela vara que tem ali né que fundo era caminho papai era caminho, ali que era vareta caminho dos índio que saía dali da piçarra
por aqui, pa lá no Januára né, essa vareta ia sair lá no fundo daquele da enfermaria agora que tem ali né pois é né, e saia ali né, por aqui passava, ia de lá né, era assim né, aqui essa Br não tinha , era só mata, mata, mata de verdade né pois é, eu vir essa aí. Pois é né. Os índio ia fazer comprar, eles ia no Santo Inês, aquele santo Inês ali cresceu e foi rapidin Pois é né. Eu conheci essa Santa Inês ali com um, acho que com um três rua só, aquela rua grande, rua do comércio que chama agora né e aquela outra que passa lá por de trás e essa rua da raposa ali né n só que eu conheci, Pindaré eu conheci também né, eu conheci também eu era um pixote assim, tinha uns 8 anos por ai assim agora, já tava, eu vir, eu vir essa coisa aí tudin aí oh, aham. Os índio primeiro dali já forma embora tudin, pois é, aí se o outro se não tivesse o meu irmão aquele oh, oh, o cumpade pinema acho que ele não tivesse morrido também agora aquele dia acho que ele contava a mesma história também né. Que ele viu também, ele é mais véi do que eu, ele viu também foi, rum, eu vir coisa ali pois é. O índio sair ali do Januára, que agora Januára né de canoa pra atravessar né, pá ir, pá sair da conoa desembarcar da canoa lá do outro lado.
Rapaz ali tem um lugarzinho que eu conheci que os índios encostava a canoa né ai desembarcava pá ir agora, pá ir pra cidade agora fazer compras pois é né. Por terra também, por dento também né e sai lá.na rua da raposa a onde fica agora aquele, aquele povoado ali agora que é bom preço ali agora né. Há ali não tinha aquela cidade ali, não tinha aquela morada ali, o povoado ali né, era só mato também nesse tempo né ali pois é, conheci tudo por ali assim. É, eu vir esse meu ti mané Luiz levando um Caititu, um Caititu desse tamanho novin, disse que ia levar pro Pindaré pá ele vender lá pra um conhecido dele, rapaz, me esqueço do nome do moço lá né , faz tempo, faz tempo, faz tempo, ai lá um karayw encontrou e eu na companha pois e, ele e a mulher dele e eu na companha né, sabe como a gente o jeito de menino né, aí lá matou, passou um bichinho, um motorzinho desse daí né Santa Inês pra Pindaré na estrada ali né aí né parou né, ele viu o Caititu assim né, o índio puxando né o Caititu na corda aí ele parou né. Karayw nesse tempo não chamava índio, pelo índio não né, chamava cumpade, é cumpade e aí senhor, que vender, é pra vender esse bixo aí é, aí meu ti foi responder é claro que é pra vender, era quinhentos cruzeiros, não sei se era cruzeiro ou res, acho que era por ai assim né, pois é. Quinhentos mil res, mês e tempo era dinheiro aí o Karayw foi responder né ele disse que dava , me lembro, aí o Karayw disse que, ele disso pó meu ti né, karayw disse que ele dava trezentos e não sei quanto né, há não meu ti pulou lá fora né, não, não, dar não, dar não, oh cumpade não faz isso não, nos somos amigos né não, não, não , amigo não faz assim não com outo não, com outro amigo não pois é ai o cara deu fora, aí ele chegou lá na cidade Pindaré né. Pindaré também é pequeno aquela cidade ali é véi também ai chegou lá na casa do, desse conhecido dele né, lá ele deu esse quinhentos de dinheiro pra ele agora né pois é pro meu ti né, e lá fizeram uma comprar por lá ainda ficou com um trocado ainda aí nós tiremos e voltemos pra casa de lá pra casa agora de novo, pois é desse jeito cheguemos na Santa Inês de novo né aí de lá, entremos na vareta agora de novo né, pá vir aqui pá piçarra né passando por aqui por uma vareta que tinha bem aí, ficava bem por aí assim né e eu sair lá por acula na aldeia ali na, onde eu oh, o seu Malaquia morava ali né Essa vareta saia ali né, nesse tempo, faz tempo, faz tempo, tá com mucado de ano né, pois é. O negócio é assim né, o cara Veio de longe né. É sério moço.
1 : 08 : 09
P – Você pode falar sobre as pintura ?
R – Há, A pintura né?
P – É, da pintura.
R – Aí como o, como por quê, como por quê, há, há, a moça se pinta é, como o rapaz também né, esse aí, é pra enfeitar assim arguma coisa assim, é por que, é por que a Cultura ela veio desde do começo também assim né pois é, pra evitar uma menina nova, depois dela, da adulta, depois ela é adulta né, o mesmo tanto um rapaz também né, depois de ela adulta não acontecer de uma coisa assim de mal não tem , de mal nem com ela, mesmo tanto também o rapaz também né. Do mesmo jeito também o rapaz também, pra não acontecer, evitar essas coisas assim né, pá não acontecer arguma negocio, argum mal né assim com ela ou com ele né, é assim né, pra não fazer também, pra não acontecer também, a comida também pá, pá alguma coisa, a comida não fazer mal a ela também, pra fazer mal a ela também né. Acontecer esse daí assim, por causa disso não é, pois é. Por isso que se pinta, por isso que a moça se pinta né e tem a dieta também né, pois é a moça tem que aguardar a dieta também até em quanto ela tá com aquela pintura no corpo dela, ela não pode tá saindo por ai, por, entrar num mato assim, fazer uma coisa na mata, não pode não. É por que tem bicho que se agrada naquele cheiro não é, ainda mais principal que Ainda mais que é jenipapo não é, o cheiro dela vai longe o bicho que faz o mal ela sente, ela pode tá a onde for né ela sente o cheiro e vai bater a onde aquela pessoa né e vai fazer o mal a ela ou com ele é assim, pois é. Olha, antigamente papai contava, mamãe contava assim sobe esse negócio bem aí né Essa pinta, eles viram assim uma moça pintada, rapaz também pintada, um assim, mês e tempo, eu acho que existe ainda, faz ainda, uma cobra , a cobra se transformava com um gente, com uma pessoa assim né, pá aquela menina moça pintada se agradar dele pra ele fazer o mal não tem, pois é, esse aí papai contava, mamãe contava, a finada minha avó também contava isso aí né. Mesmo tanto como acontecer com menina moça, com a menina muié pintada com o rapaz pintado também acontecer, com ele também né e faz do mesmo jeito, por isso que a pessoa não pode tá desacreditando não, é nada isso ai não acontecer não, não acontecer, não pode acontecer uma vez né mais outra vez pode acontecer com outra pessoa pois é, é isso aí. É por ai, eu não vou dizer que é mentira, não vou desacreditar não de jeito nenhum, vou nada.
Uma vez, um tempo, papai contava também, mamãe, avó também contava. Um bicho carregou uma menina, moça pintada, num viram pra onde essa menina pintada foi mais esse, esse negócio aí, não sei que negócio era pois é. Uma vez disse que foi, num tem o negócio chamado da água, que chama mãe d’água esse aí disse que carregou uma menina pintada também né, levou pro fundo da água aí pronto, a onde ele mora,
onde o cara mora não tem pois é né aí pronto, acabou se, num viu não, não vir mais não, voltou mais não pois é desse jeito.
1 : 14 : 23
P – Dos lugares que o senhor já morou, algum deles foi invadido pelos madeireiros ou fazendeiro, você lembra de algum?
R – Aqui mesmo aconteceu esse aí, que nos mora aqui né, ali nos morava ali na piçarra aconteceu isso aí. Próprio índio fazendo isso né ali, pois é, nessa vez pois é. O índio fazendo isso tirando a madeira passando pra o Karayw, aí karayw carregando pra fora né, tirando pra fora né pois é ai quando acabou né melhor que tinha acabou fazer o que eles queria acabou e aí depois, ai passou agora pra renda de roça, aqui mesmo no Januára foi um ponto ali, que foi um ponto né, que foi feito esse daí mucada de vez, o que acabou esse aqui, esse aqui foi eles mesmo né, não foi karayw mesmo entrando por conta não isso aí foi mandado pelo, assim pelo chefe eu digo que eu vir pois é nesse tempo, antes de vocês chegar né. Eu vir essa parada bem aí como diz o cara né pois é, Karayw mesmo tirando agora nesse tempo pois é, essa mata aqui todinha pra cá na mata da cigana como era, como chama agora, o chamam pois é né.
Aí madeireira entrava agora, tirava por conta agora né, aí o chefe largava de mão né, aí madeireira entrava agora por conta própria pois é até quando acabou né aí pronto, acabou, acabando, aí passou também pra renda agora pá roça, pra renda de roça agora né, aí essa rede agora que acabou com a mata mesmo acabou, acabando também e pronto, pois é foi assim que aconteceu assim desse jeito né, o meu pai nunca rendou mata, nunca rendou roça não, papai não, meu pai não de jeito nenhum pois é, agora que fazer isso daí era os outros que tinha o oi mais regalado como diz o cara né, pois é né aí foi feito assim né acabar essa mata foi assim. Com o chefe enrolando os índio pois é, é sério, eu vir essa parada aí rapa, é sério, dizendo que era pos índio né, a maior parte dizia que era pro índio né acabaram nadinha, acabaram pra ele mesmo hora, eu vir e se aí né.
1 : 18 : 14
P – Com relação assim desses
acontecidos invasão assim que eles entrava na terra, o quê que vocês indígenas faziam? Assim quando eles entravam nas terra sem a permissão ?
R – Fazendo esse aí que eu falei?
P -
Fazendo assim entrando caçado, tirando madeira, o quê que vocês indígenas faziam?
R – É o seguinte Como eu falei agora , terminei de dizer agorinha né, os maior mandando o que é era que, como era que, os menor ia fazer, no ia fazer nada como eu não fazia, pois é, por que os maior entrava na frente ai pronto pois é, desse jeito né. Foi assim, era assim, ninguém ia, ninguém ia dizer pra eles para de fazer né que tava mandato pelo outra pessoa. Sim.
1 : 19 : 28
P – Acontecia isso no passado né, vamos dizer assim e hoje o senhor vê que acontece isso ainda essas invasões, você tem conhecimento que acontece ou era só antigamente?
R – Rapaz pra mim eu acho que, eu digo que foi só essa vez né, hoje não tem mais o que fazer, pois é não tem mais pra fazer isso não pois é.
1 : 20 : 14
P – O que mudou na sua aldeia de lá pra cá? Já percebeu que teve alguma mudança?
R – É, rapaz mudou por que, mudou por quê, nos tamo aqui, nos tamo bem pois é.
P – Então tem alguma pergunta, tem uma história Assim que o senhor não contou pra nós, que o senhor quer contar pra nós. O senhor que fala alguma história?
R -
Rapaz, eu digo que não, não tem mais não, pois é..
P – Como o senhor se sentiu contado essa história pra nós?
R – Eu me senti bem, não foi difícil não.
P – O quê que o senhor achou assim, o senhor tá aqui contado a história, a história do que o senhor viveu, o senhor chegou Aqui, o quê que o senhor achou de conta pra nós?
R – Eu tô dizendo que tá tudo bem, fui bem, eu agradeço muito que vocês vieram né pra saber, o que a gente contou , como a gente contou, que a gente falou pois é né. Aí vocês estão sabendo, ficam sabendo o que a gente contou Que a gente viu, contou né pois é, é tudo bem, tá mal não, como diz o cara pois é. É um prazer, pois é, na hora.
P – Seu Inácio que lembrança assim maia especial você tem na sua Vida, que o senhor imagina levar pros reinos dos encantados ?
R – Rapaz eu digo que vai beleza ainda Como diz o cara né, bom A gente tem que se senti em paz né Assim, bom. É isso....
P – Bom, então nós gostaríamos de agradecer a sua generosidade, a sua atenção!
R – OBRIGADO! Mesmo tanto também,
Agradeço também, vocês também né, você mais pois é, todos, aliás todos os três aí né pois é..
P – Só agradecer.
R – Obrigado também.Recolher
Título: Banco de tauba serrado
Data: 23/02/2022
Local de produção: Brasil / Maranhão / Aldeia Alto Do Argelim
Personagem: José Inácio Guajajara Revisor: Geclesio Vituriano Faustino Guajajara Entrevistador: Yuna Guajajara Entrevistador: Leila Guajajara Autor: Museu da Pessoahistórias que você pode se interessar
Vocação para o gol
Personagem: Gino OrlandoAutor: Museu da Pessoa
Tricolor hermano
Personagem: José PoyAutor: Museu da Pessoa
O zagueiro que marcava Pelé
Personagem: Roberto Dias BrancoAutor: Museu da Pessoa
A esperança de uma sociedade mais bonita
Personagem: Paulo Reglus Neves FreireAutor: Museu da Pessoa