O dia estava raiando quando nasci, o dia era 24 de agosto de 1997, às 05:30 da manhã. Sou a filha mais nova do casal de filhos que meus pais, Julio Geraldino e Maria Do Carmo, tiveram e cresci na mesma casa em que vivo até hoje em Rio Branco, estado do Acre. Durante toda a minha infância, sempre...Continuar leitura
O dia estava raiando quando nasci, o dia era 24 de agosto de 1997, às 05:30 da manhã. Sou a filha mais nova do casal de filhos que meus pais, Julio Geraldino e Maria Do Carmo, tiveram e cresci na mesma casa em que vivo até hoje em Rio Branco, estado do Acre. Durante toda a minha infância, sempre fui uma criança muito ativa, “apresentada”, gostava de estar envolvida em tudo e ser o centro das atenções, tudo isso se transferiu também para minha trajetória escolar.
Na pré escola, estudei em uma pequena escola do bairro, lá comecei minha caminhada na jornada educativa que traço até hoje. Se pudesse descrever minha personalidade na escola, diria que eu era aquela que sempre toparia qualquer atividade proposta pelas minhas professoras, danças, apresentações do dia das mães e dos pais, canto, festa junina, rainha caipira, concursos de redação e de poemas, são todas as situações de que eu me lembro de ter participado por de fato gostar de todas elas.
Todas essas situações foram mais frequentes durante os anos iniciais e finais do ensino fundamental, e, em meio a essas aventuras na escola, ao chegar em casa, depois de um dia de aula, minha brincadeira preferida era dar aula às minhas bonecas. Lembro nitidamente de levar todas as bonecas que eu possuía para uma área que ficava na lateral da minha casa, essa lateral era cercada por uma parede de cor laranja que eu usava como meu quadro, com pedacinhos de giz que eu colhia da caixinha da minha professora na escola. Hoje, eu tenho a noção de que aqueles foram meus primeiros passos como futura professora, mas, na época, era comum achar que toda criança dava aula aos seus bonecos somente por brincadeira.
Nos anos iniciais do ensino fundamental, continuei em uma escola de bairro onde participei ainda de muitos eventos que envolviam a dança e os concursos de escrita de textos, mas foi nos anos finais do ensino fundamental que eu adquiri asas. Minha escola ficava na área central da cidade, era minha primeira vez desgarrando dos cuidados de minha mãe e indo à escola de ônibus sozinha; essa escola também foi a mais marcante da minha vida, tão marcante que até hoje eu consigo sentir o cheiro da cera que encerava os chãos que pisei por 4 anos, onde fui da infância à pré adolescência, onde fiz amizades que mantenho até hoje e onde eu consegui sentir e perceber pela primeira vez a importância da escola e de ser professor.
Durante minha passagem pelo colégio Acreano, muitas coisas mudaram na minha vida, minha avó paterna faleceu e meus pais se separaram, tudo isso aconteceu no auge da minha puberdade, onde os adolescentes acreditam que tudo dá errado e que eles são o grande problema do mundo. A escola, então, me ajudou bastante, tive o apoio dos amigos e, principalmente, dos professores e de todo o corpo que compunha aquela grande família escolar, pude perceber ali o quanto a educação transforma e inspira nossas vidas.
Venho de uma família que não teve tanto acesso à educação, minha mãe estudou apenas até a 4° série do ensino fundamental e meu pai até a 8°, não tinha muitos exemplos em casa para me inspirar, porém, minha mãe sempre fez questão de que minha educação fosse prioridade e que eu estivesse envolvida de verdade nela. Por muitas vezes ia até a casa de parentes para desenvolver minhas atividades da escola pois minha mãe não tinha conhecimentos suficientes para me ajudar e também porque não tínhamos acesso a computadores ou à internet para fazer pesquisas.
E, assim, eu caminhei até o ensino médio, nos três últimos anos da educação básica eu já era praticamente uma adulta, porém, ainda com a essência adolescente de não saber o que gostaria de seguir na vida profissional, e, agora, com uma timidez recém adquirida que já não me deixava participar mais de tantos eventos na escola e que carrego até hoje. Nessa parte de minha caminhada eu já possuía acesso a praticamente tudo que pudesse me auxiliar nos trabalhos e estudos, então, considero que foram anos mais fáceis para mim.
Decidi então, por inspiração em um primo e pela ânsia de seguir os amigos, que eu cursaria Engenharia Civil no ensino superior. Eu não tinha muita afinidade com os números, e, mesmo sempre gostando do universo escolar, acabei não seguindo esse sonho de primeira, não me arrependo de ter iniciado a graduação de Engenharia Civil, pois é um curso muito interessante e, inclusive, até voltaria só pra finalizá-lo, a questão era que eu não me via trabalhando naquela área e, portanto, decidi parar. Foi somente três anos depois, em 2019, que ingressei na pedagogia pela Universidade Federal do Acre e estou aqui até hoje. Logo de cara pude sentir que ali era realmente o meu lugar, me identifiquei muito com o curso e com a perspectiva do que eu encontraria no futuro, depois de formada e atuando na área.
O começo foi mais complicado com certeza, tudo era novidade, havia textos e mais textos complexos para serem lidos e a ideia de que futuramente eu iria lidar com a educação de pessoas reais dava um frio na barriga. Porém, na metade do curso só confirmei o que eu já sabia, estava no caminho certo para me consagrar na profissão que nasci para exercer. Hoje, chegando na parte final do curso e com tudo que já aprendi, desejo ser uma profissional que marque a vida dos meus alunos como muitos professores marcaram a minha, desejo conseguir formar pessoas que vão contribuir e participar de uma sociedade mais justa, livre de preconceitos e desigualdades e que possam enxergar a educação como a ação transformadora que ela é. E, quem sabe, inspirar muitas pessoas a serem também professores da mesma forma que eu fui inspirada.Recolher