Meu nome é Thiago Pinto Dantas, tenho 20 anos e sou estudante de direito. Sempre me interessei por história, principalmente aquelas contadas por quem a vivenciou. Morei, até os 17 anos, no município de Olindina/BA, mas passei a minha infância no município vizinho de Itapicuru, onde comecei a e...Continuar leitura
Meu nome é Thiago Pinto Dantas, tenho 20 anos e sou estudante de direito. Sempre me interessei por história, principalmente aquelas contadas por quem a vivenciou. Morei, até os 17 anos, no município de Olindina/BA, mas passei a minha infância no município vizinho de Itapicuru, onde comecei a entender um pouco da história da região e da minha família.
Minha família era possuidora de muitas terras, descendendo do latifundiário e político Cícero Dantas Martins, Barão de Jeremoabo.
Cresci ouvindo histórias e admirando o portentoso casarão de "Camuciatá", sobrado onde viveu o barão e sua família e onde, certamente, muitos acontecimentos marcantes se deram: como a chegada de Lampião, que foi pessoalmente se vingar da família do barão que lhe negou dinheiro através de carta escrita por seu fiel seguidor Corisco. Carta esta ainda existente, dentre centenas de documentos, mobília, quadros, santos que compõem o acervo do casarão de Camuciatá.
São muitas as histórias, impossível citar todas, mas a mensagem que quero passar é que todo o acervo cultural e histórico está se deteriorando no tempo. O casarão foi tombado em 1994, foram muitos os visitantes, desde a sua inauguração em 1894, dentre eles o peruano Mário Vargas Llosa. Estiveram presentes também, ao longo do tempo, equipes de reportagem, governadores, membros de universidades, pessoas das mais diferentes esferas da sociedade. Mas nem a família, bem como nenhum dos seus visitantes puderam fazer nada pelo velho casarão. O custo de restauração é altíssimo e os governantes não se interessam pelo fato do referido casarão ser situado em pleno agreste. Ou seja, longe dos grandes centros urbanos.
No Camuciatá, atualmente, só existe o casarão. A senzala e o engenho já caíram. Se nada for feito, o casarão será o próximo a cair e todo o acervo que lá se encontra será perdido.
De lá, o barão acompanhou e trocou centenas de correspondências com nomes atuantes da política baiana, principalmente nos conturbados anos da Guerra de Canudos, como foi registrado no livro “Canudos: Cartas para o Barão”, de Consuelo Novais Sampaio.
Do Camuciatá, o avô do barão, o capitão-mor João Dantas dos Imperiais Itapicuru, comandou, junto com o General Pedro Labatut, dois mil soldados rumo à Batalha de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, para expulsar os portugueses da Bahia, que eram liderados por Madeira de Melo, e declarar a Independência da Bahia. No recente livro “O Barão de Jeremoabo e a Política de seu Tempo”, de Álvaro Pinto Dantas de Carvalho. As principais histórias, fotos e publicações são abordadas com minuciosidade. A quem prefira ler “A Guerra do Fim do Mundo”, de Vargas Llosa, que cita o Barão de Canabrava, para não usar o barão de Jeremoabo.
Muitas das histórias que ouvi quando pequeno e durante a adolescência já foram publicadas em livros e artigos, mas há muitas ainda que permanecem desconhecidas. Para mim, é muito triste ver a história viva da minha família e da região desaparecer no tempo, sem que nada tenha sido feito para preservar o acervo histórico e cultural do Camuciatá.
Muito já foi especulado, mas nada foi feito. O tempo está passando e o centenário palacete do engenho Santo Antônio do Camuciatá vai se acabando. Logo ele, que fez história de tantas pessoas, tantas famílias. Logo ele, que fez a minha história, a história da região nordeste, da Bahia... (História enviada em junho de 2008)Recolher
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