GAÚCHA DE CANGUÇU
Vou aproveitar agora para prestar minha homenagem a uma gaúcha: uma pessoa que bem representa o amor pela vida. Trata-se de Zeneida dos Santos Farias, nascida em 22 de novembro de 1954 na cidade de Canguçu-RS.
Terceira filha de uma família de quatro irmãos, f...Continuar leitura
GAÚCHA DE CANGUÇU
Vou aproveitar agora para prestar minha homenagem a uma gaúcha: uma pessoa que bem representa o amor pela vida.
Trata-se de Zeneida dos Santos Farias, nascida em 22 de novembro de 1954 na cidade de Canguçu-RS.
Terceira filha de uma família de quatro irmãos, formou-se na escola da vida mais do que na própria profissão que escolheu, telecomunicações. Essa técnica aposentada da Companhia de Telecomunicações Riograndense (CRT) tem disposição para dar e vender. Tanto assim que a conheci em meio aos festejos do folclore do Amazonas, na festa dos Bois Bumbás de Parintins.
Seus irmãos estão todos na região sul (Exceto Iva, em Curitiba): Ivo dos Santos Farias (Porto Alegre) , o mais velho, Iva dos Santos Farias, a mais velha das mulheres, e Vera dos Santos Farias (Em Pelotas), a caçula da família. Todos criados pelo casal de comerciantes Antônio dos Santos e Maria Joaquina dos Santos Farias. A mãe de Zeneida era católica apostólica romana, notabilizando-se por meio de uma alegria contagiante que usava no seu pequeno comércio, deixou de herança o temperamento alegre, parte da sua personalidade da sagitariana Zeneida.
Naqueles anos iniciais a menina Zeneida divertia-se com as tentativas maternas de afugentar possíveis dificuldades.
Ela mesma conta que a mãe arrastava as três meninas para ver o carnaval de Pelotas. Um dos melhores do interior do Rio Grande do Sul.
Dona Maria Joaquina dos Santos Farias tinha uma fé fervorosa na religião cristã e mandou logo construir a sua casa, que antes era de madeira.
Então
fixou a imagem em forma de cerâmica da santa Maria Imaculada Conceição por sobre o frontispício da porta da frente, na rua São Manuel, nº 577 no bairro Santa Terezinha em Pelotas (hoje residência de sua irmã Vera). Foi lá que dona Maria Joaquina criou seus filhos, com seu pequeno hortifrúti no cômodo ao lado da sala de estar de sua residência. O pai também se foi muito proativo em seu negócio, e juntamente com dona Maria Joaquina, deixou seus exemplos de vida.
Vendia frutas na feira, na tentativa de melhorar de vida e oferecer aos filhos tudo de bom.
ADOLESCÊNCIA
Zeneida estudou no Colégio Santa Terezinha até os 11 anos, depois foi fazer o ginásio em Escola pública e por fim inscreveu-se na Escola Técnica de Pelotas, tendo concluído o técnico em Telecomunicações. Nesse período conheceu Wolney, seu namorado e futuro marido. Casaram-se depois que ambos tiveram sucesso na busca de suas colocações no mercado de trabalho em expansão, ela na Siemens em Curitiba, ele na Varig (Viação Riograndense).
Zeneida conhece bem a região sul, e Curitiba, pelo frio que faz na Capital do Paraná, parece ser o lugar que menos gosta (Morou com o irmão Ivo por essa época, mas não suporta o frio). Tanto assim que na primeira oportunidade, deixou a casa do irmão e retornou para o Rio Grande do Sul.
Em Porto Alegre a carreira desta mulher corajosa decola, pois foi aceita na Companhia de Telecomunicações do rio Grande do Sul.
Cabia a ela agora agarrar com unhas e dentes o tão almejado posto de Supervisora de Equipe de instalação de rede na rua; os prazos eram fixados e ela adaptava seu conhecimento técnico para liderar o seu grupo de pessoas.
Colaborou decisivamente para expansão da rede de telefonia pública da capital, num período decisivo da história da CRT. Nos anos 70/80 a expansão da rede de telecomunicações foi de vital importância para dar vasão à crescente demanda por serviços, criava-se um crescente mercado consumidor, reprimido pela pouco investimento em décadas anteriores.
A CRT tinha uma corpo técnico formado em sua grande maioria por homens. Zeneida, no entanto, ajudou a quebrar este preconceito que os homens tinham de serem liderados por uma supervisora de rede de rua.
Ela foi uma das primeiras a serem aceitas em uma atividade, por assim dizer, visceral para aqueles que tinham disposição para aprender e desenvolverem seu campo de aprendizagem profissional.
É bem verdade que seu ramo, altamente técnico, a fez absorver o tecnicismo. Assim, a assistência técnica que era implementada pelos operários sob sua organização, Zeneida acrescentou alguns dotes que soube aplicar corretamente, no tempo certo, no seu ramo específico.
Investiu em telecomunicações e em imóveis, soube aproveitar o momento, restava somente a aposentadoria.
Ao passar o bastão, ingressa no Fundo de Aposentadoria da CRT. Até hoje mantém as suas amizades, diga-se de passagem, com homens e mulheres de sua geração que, segundo consta, formam um grupo de pessoas bem estruturadas. Dedica-se a viajar pelo Brasil e pelo exterior.
É neste ponto que as nossas histórias se cruzam. Conheci Zeneida dos Santos Farias em Parintins, no Festival de Parintins, ela estava lá com Zilá, Iná, Marisa, Jaci, Rose, Júlia e Jandira, a mais experiente do grupo.
E não foi difícil de reconhecer naquela turma as “gurias” extrovertidas, foi apenas uma questão de tempo. A gaúcha de Canguçu gosta de fotografias, e para a minha surpresa, fotografamos juntos o Festival dos Bois de Parintins.
Não é fácil encontrar disposição para tanta alegria. O espetáculo do Bumbá meu boi é o ápice de um folclore das tradições indígenas: o Boi. Na dança do Boi Caprichoso, nas cores azul e branca a menina Zeneida se identificou, pois ela curte as manifestações de folclore popular e as tradições do Rio Grande do Sul.
Numa das noites, me chamou para ir ao Curral do Boi Garantido. Lá fomos nós, desvendando o interior do curral ao som da toada contagiante. Passou-se a festa dos bois, e quando menos esperava… Lá estava Zeneida de novo, na cidade do Rio de Janeiro, onde os nossos caminhos se encontrariam outra vez, desta feita nas Olimpíadas de 2016.
Não foi fácil de se desvencilhar da agora companheira de viagem. Ao aceitar o meu convite para irmos ao Uruguai, Argentina e Santiago em outubro de 2017, Zeneida dos Santos Farias se transformou numa grande parceira. Alguém que se supera a cada instante, e que tem fôlego suficiente para muitas outras jornadas, não sabemos até onde vamos, mas que está divertido, não resta dúvidas.Recolher