PREFÁCIO
Meu avô faleceu no dia 24 de dezembro de 2010, véspera de Natal. Passei a virada para o dia 25 de dezembro, aos pés de seu caixão, em seu velório. Quando o relógio apontou meia noite, eu e toda minha família presente, cantamos a música Noite Feliz, como todos os anos. Dessa...Continuar leitura
PREFÁCIO
Meu avô faleceu no dia 24 de dezembro de 2010, véspera de Natal. Passei a virada para o dia 25 de dezembro, aos pés de seu caixão, em seu velório. Quando o relógio apontou meia noite, eu e toda minha família presente, cantamos a música Noite Feliz, como todos os anos. Dessa vez, com muitas lágrimas nos olhos.
Após o ano 2010, quando pensava em Natal, um aperto em meu coração se aproximava. Como não lembrar daquela triste noite em que perdi meu avô? Talvez vocês não saibam, mas esta pessoa, Jair Delcorso, não foi apenas meu avô, foi uma pessoa muito além de minha imaginação que eu não sei se conseguirei descrever em palavras tudo o que ele significa para mim.
Nunca tive uma pessoa por perto como ele. Meu avô sempre esteve ao meu lado em todos os momentos. Até naqueles momentos em que eu estava errada, lá se encontrava meu avô para me defender, para defender a sua Belle. Ele sempre tinha uma palavra de conforto para me dar. Sempre com muita firmeza, sem titubear. Foram 22 anos em que pude contar com sua presença. Privilégio e honra são as palavras que definem o que sinto. Mas, esta obra não é para contar a minha vida.
Apenas hoje, oito anos após sua morte, é que estou conseguindo fazer o que ele me pediu em seus momentos finais: escrever a sua história. Tudo porque, apenas hoje, essa história me fez sentido.
Aprendi que o Natal, assim como a Páscoa, é uma das festas mais importantes que existe, pois celebramos a vinda do Deus vivo ao mundo. Os últimos anos me traziam tristeza no coração nesta data por lembrar da passagem de meu avô para a vida eterna. Porém, descobri que é graças a ele, meu vô, que eu sei de tudo isso. Sou cristã e celebro o Natal graças aos ensinamentos de minha família, que só puderam se concretizar por conta da dedicação e empenho de meu avô.
Posto isso, vô Jair, deixo aqui o meu eterno “obrigada”. Por me ensinar a ser quem eu sou, por me ensinar a nunca desistir, por me ensinar que a vida em Cristo é maior do que qualquer vida que eu poderia levar.
Obrigada por me ensinar a celebrar o Natal.
É difícil pensar na morte, porque a morte é uma coisa muito relativa. Mas também é a única certeza de nossa vida. Quem sabe quando vai morrer? Amanhã eu posso morrer de câncer, hoje outro pode morrer atropelado, em acidente... Quem sabe? O importante é viver bem, apenas.
Vô Jair – novembro de 2010
Ao longo do último semestre de 2010, meu avô foi me contando a história de sua vida. Entristece-me que não a tenha gravado, na época, isenta dos recursos necessários para tal. Dessa maneira, fui digitando as coisas que ele ia me contando, do seu jeitinho, com as mesmas palavras que ia proferindo.
Ele também quis escrever a maior parte das coisas, para que não esquecesse de me contar nada. O arquivo com seus manuscritos encontra-se sob minha proteção.
Muitas coisas que ele foi me contando, pediu para que não colocasse nos escritos. Como é bom guardar esses segredos comigo. Havia uma grande preocupação de sua parte para que as pessoas vissem as coisas positivas de sua vida. Para que conseguissem enxergar toda a sua trajetória e luta. Mal sabe ele que era conhecido justamente por isso, por ser uma pessoa que lutou a vida toda.
Capítulo 1 - A VIDA
A vida. Para que vivê-la? Como vivê-la? São perguntas que normalmente deveríamos respondê-las lá atrás, quando ainda adolescentes ou jovens. Infelizmente essa não é a regra geral. Há ainda um número relativo de jovens que planejam o seu futuro e lutam para alcançar seus objetivos. Existe, entretanto, também um número substancial de pessoas que não pensam no “amanhã” e levam a vida de acordo com os acontecimentos do dia-a-dia.
A sequência dos dias vividos, planejados ou não, é uma verdade incontestável. A idade avança para todos e, quando a velhice vem chegando, mais cedo para uns, mais tarde para outros e não há regra geral, a pessoa começa a assistir, quase que diariamente, o filme da sua vida. Todos os momentos, agradáveis ou não, são projetados pela nossa consciência.
É uma prática relativamente gostosa essa busca da nossa história. O saudosismo parece perder a sua melancolia natural e leva-nos aos primórdios de nossa existência como pessoa. É prazeroso reviver cada momento vivido e as pessoas que fizeram ou fazem parte da nossa história. Como diz o poeta, “A saudade vem chegando e a alegria me acompanha”. É a alegria que me acompanha. Já vou me aproximando dos 80 anos e tenho 59 de vida profissional. Muita história para contar... Lembro-me com bastante nitidez de passagens e fatos a partir dos meus 4 anos de idade.
Leia o próximo capítulo dessa história aquiRecolher