Os olhos não escondem o orgulho e o amor por ter a possibilidade de ser mãe, mas não foi fácil chegar até aqui não. Nair Rackow, hoje com 44 anos, é funcionária pública, contadora e tem três filhos adotivos. Quando jovem, Nair morava no interior da cidade de Camaquã, onde o acesso ao estu...Continuar leitura
Os olhos não escondem o orgulho e o amor por ter a possibilidade de ser mãe, mas não foi fácil chegar até aqui não. Nair Rackow, hoje com 44 anos, é funcionária pública, contadora e tem três filhos adotivos. Quando jovem, Nair morava no interior da cidade de Camaquã, onde o acesso ao estudo era muito difícil, a locomoção até a cidade era complicada pois não havia nenhum ônibus escolar. E entre idas e vindas até a cidade, o seu trabalho no interior era o cultivo do fumo, e mesmo com muita dificuldade, conseguiu se formar no segundo grau. O seu próximo passo que era a faculdade se tornou mais difícil ainda, tanto sobre a locomoção quanto por questões financeiras, então, seus planos de estudo acabavam por ali.
Teve um casamento, onde viu a oportunidade de ir para a cidade e realizar a faculdade, porém, não foi como planejado. Nair só conseguiu ingressar na faculdade após sua separação e foi atrás da tão sonhada faculdade de Ciências contábeis. E foi nessa época, enquanto cursava a faculdade que conheceu seu atual esposo e começaram uma vida juntos. Aos 33 anos, ainda não formada, a tentativa de gravidez já havia se iniciado, achando que seu sonho de ser mãe seria mais fácil. Mas, desde seus 33 anos tentava engravidar e não conseguia, então, decidiram investigar a partir de exames, e nos resultados Nair nem seu parceiro possuíam qualquer problema.
As tentativas
Os dois já tinham o sonho de adoção, independente de terem filhos biológicos ou não, e foi aí que se inscreveram para a fila da adoção. Ao longo dessa tentativa, descobriu que estava grávida aos 37 anos, mas, ocorreu o aborto espontâneo. Porém, nada impediu que seguisse a investigação do porquê e os tratamentos para concretizar a gravidez, incluindo fertilização e inseminação. E um ano atrás, na última fertilização realizada, Nair conseguiu a gravidez novamente. Durante essa gravidez, começou a passar mal e foi constatado que ela estava com hemorragia interna e foi levada às pressas para o hospital, onde durante a cirurgia foi constatado que a gestação estava ocorrendo nos ovários, era um gravidez ectópica, então, fizeram a remoção. Na época o casal voltou para casa mas, Nair seguiu passando mal, e novamente foi levada às pressas para o hospital e foi quando ficou sabendo que havia outro bebê sendo gerado na trompa direita, o que resultou na remoção da trompa direita. Porém, na primeira cirurgia o médico não havia identificado esse segundo bebê na trompa. O que virou um caso que os médicos até hoje estão estudando, jamais viram uma situação como essa.
Passando isso tudo, o casal tinha desconfiança diante seu processo de adoção, achando que havia sido arquivado ou algo do tipo. E no outro dia liga uma comarca do RS dizendo que havia dois bebês para eles, porém, com a Nair tão debilitada,após um aborto que quase custou sua vida, não foi possível ir atrás das crianças, foi adiado mais um pouco. Passando o ano de 2017, a cunhada de Nair indicou uma instituição de Porto Alegre chamada Amigos de Lucas que dava um suporte aos pais e para as crianças do processo de adoção. E no dia 3 de novembro, no primeiro encontro ocorreu uma busca ativa sobre três irmãos, onde tudo que falavam deles era apenas nome e idade, e após apresentá-los questionaram quem se habilitava e prontamente Nair levantou a mão. Porém, tiveram que editar seu perfil, pois nele constatava uma idade máxima de sete anos, e entre os irmãos havia uma menina de 11 anos. Conseguiram ajustar a idade do perfil e ficaram aptos, mas para a surpresa do casal as crianças não estavam mais para o processo de adoção, ficaram frustrados com a situação, mas, passando um tempo os encontraram novamente na busca ativa e foi
aí que Nair percebeu que esses eram os filhos certos.
O encontro com as crianças
Foram atrás das crianças, enviaram e-mail constatando o interesse do casal. Houve uma ligação sexta-feira do fórum, falando que o abrigo entraria em contato e desde já ficaram ansiosos, o fim de semana parecia uma eternidade aguardando uma ligação e nada. E então, na segunda-feira ligaram, questionaram sobre quando o casal poderia ir ver os três irmãos, e Nair prontamente disse “amanhã estamos aí”. O casal saiu de madrugada pois era longe de sua cidade, mais de 600 km. Eles já foram totalmente preparados, com a intenção de já trazê-los para casa, levaram cadeirinha para os dois pequenos e tudo mais. Chegando lá, sem ideia de como as crianças seriam fisicamente, conheceram primeiramente o bebê de 1 ano e 10 meses, depois a menina do meio com 4 anos e por último a mais velha, com 12 anos. O pequeno mais reservado, até porque para ele eram dois estranhos dando colo, a do meio já super ativa e ao invés do casal fazer perguntas, ela quem fazia para o casal, e a mais velha também era mais resistente e era ela que tinha mais responsabilidade diante os irmãos.
Foi aí que finalmente Nair virou mãe, passando por diversas gravidezes que colocaram sua vida em risco, a adoção conseguiu que seu sonho fosse concretizado. “ Os três bebês que eu não consegui gerar, Deus me entregou de outra forma, e hoje somos uma família completa, temos a casa cheia não só fisicamente”, ressalta Nair com os olhos cheios de lágrimas.Recolher