Meu nome é Mariney da Silva Ribeiro. Sou educadora de Serra do Salitre (MG) e vou contar a influência da educação na minha história.
Nos grandes almoços de domingo da minha família, que chegam a reunir até 40 pessoas, um assunto domina totalmente as conversas: a vida escolar. E não é ape...Continuar leitura
Meu nome é Mariney da Silva Ribeiro. Sou educadora de Serra do Salitre (MG) e vou contar a influência da educação na minha história.
Nos grandes almoços de domingo da minha família, que chegam a reunir até 40 pessoas, um assunto domina totalmente as conversas: a vida escolar. E não é apenas porque estou Secretária de Educação, Esporte, Cultura e Turismo do município de Serra do Salitre, Minas Gerais. Em torno da mesa, estão reunidas gerações de professoras. A matriarca, Dona Geralda Dias de Oliveira, hoje com 93 anos, foi a pioneira. Na época da sua juventude, na zona rural do município não havia escolas. Era comum juntar as crianças da região em um grupo e alguém da comunidade assumir o posto de educador, o chamado professor leigo. Foi dessa forma, com uma vocação natural para o ensino, que foi responsável pela formação de alunos nas fazendas da região.
Ela foi a inspiração para seis das sete filhas mulheres seguirem pelo caminho do magistério, sendo eu uma delas. E batalhou muito para ver eu e minhas irmãs formadas. Dos seus fornos de barro saíam pães de queijo, biscoitos e outras quitandas que as meninas saíam para vender e garantir os recursos para pagar a escola particular. "Ela também fazia festas de casamento e aniversários. Foi dessa forma que estudou a gente", conta Mariney. "No passo seguinte, a faculdade, era cada um por sua conta".
Após me formar no magistério, tive minha estreia como professora em uma escola na comunidade de Catulés, zona rural de Serra do Salitre. Mesmo sempre acompanhando o trabalho da minha mãe e irmãs, que já davam aula, quando entrei na sala pela primeira vez foi um choque, depois não queria mais sair. Foram três anos nessa escola até passar no concurso para tornar-me professora em Serra do Salitre. Fiz faculdade de História e, após 11 anos na Educação Infantil, assumi as aulas dessa disciplina.
Para conduzir os alunos pelas datas e fatos marcantes do Brasil e do mundo de uma forma atrativa, apostei em aulas que envolviam recursos como filmes e recortes de revista. Mesmo quando cheguei à direção da escola, segui investindo em atividades educacionais criativas. É o caso do projeto que elaborei para melhorar a relação das alunas da oitava série com a escola e a família. Montei uma cozinha completa no colégio e dava aulas de gastronomia para as estudantes. Produzíamos as receitas e elas levavam os pratos para o almoço em casa, fortalecendo os vínculos familiares. O projeto foi um sucesso e estampou a capa de uma revista especializada, além de ganhar um prêmio internacional.
Em 2009, veio o grande desafio da minha carreira: assumir a Secretaria de Educação, Esporte, Cultura e Turismo. Minha primeira reação ao receber o convite foi dizer 'de jeito nenhum', mas acabei aceitando e me apaixonei. Entre os meus maiores orgulhos nas duas gestões no cargo (2009-2012 e desde 2016) estão a construção de duas novas escolas, uma no município e outra no distrito de Catiara, e a elaboração do Plano de Carreira para os funcionários da educação. Durante o período que estou à frente da Secretaria, conheci o projeto de Fortalecimento da Gestão Pública, desenvolvido pelo Instituto Lina Galvani junto à Prefeitura. Com as orientações de especialistas da Agenda Pública, juntamente com os demais secretários municipais recebemos tutorias sobre captação de investimentos públicos e gerenciamento de recursos. Eles abriram nossos olhos para muitos pontos relacionados ao planejamento e elaboração de projetos.
Outra iniciativa importante que pretendo concretizar é transformar em política pública o projeto Comunidade de Aprendizagem, cujo objetivo é criar uma rede colaborativa para a melhoria do ensino. Serra do Salitre foi pioneiro em Minas Gerais na adoção desse programa capitaneado pelo Instituto Natura e desenvolvido na cidade com o apoio do Instituto Lina Galvani. Acompanhei de perto sua implantação e as transformações que trouxe na rede municipal de ensino. Fez os professores repensarem a maneira de atuar em sala de aula e buscarem formas mais dinâmicas de ensinar e envolver os alunos e incluir os pais na vida escolar.
A motivação dos educadores também chamou minha atenção quando compus o corpo de jurados do edital Agenda de Futuro, idealizado pelo Instituto Lina Galvani para apoiar iniciativas com foco na melhoria da qualidade de vida no município. A maioria dos projetos era da área de educação, com ideias criativas como a que trabalhava a música nas escolas. Foi muito bacana ver isso.
Outro projeto selecionado que a surpreendeu foi o de mapeamento das cachoeiras da região. Haviam ainda iniciativas relacionadas ao turismo. Um dos meus planos nesse setor é estruturar a cidade para receber visitantes e organizar roteiros que valorizam atrativos na da região, como as fazendas de café, a produção colonial de queijos e os sabores da gastronomia mineira – perfeitos para reunir a todos em torno da boa mesa nos grandes almoços de domingo.Recolher