Nasci em Uru, interior de São Paulo, mas minhas primeiras lembranças são em Santos, na casa de meus tios e, depois, em São Paulo onde sofri um acidente quando corria de medo de um cachorro. Não foi nada grave, mas ganhei uma cicatriz na testa. Meu pai estava doente e decidiu se fixar em São ...Continuar leitura
Nasci em Uru, interior de São Paulo, mas minhas primeiras lembranças são em Santos, na casa de meus tios e,
depois,
em São Paulo onde sofri um acidente quando corria de medo de um cachorro. Não foi nada grave, mas ganhei uma cicatriz na testa. Meu pai estava doente e decidiu se fixar em São Paulo. Viemos com recursos da colheita, porém sem experiência da cidade grande. Meus pais foram enganados e tiveram que recomeçar sem nada. Depois de muito trabalho e dificuldades, compraram uma casinha, que infelizmente era próximo de um rio, que sempre transbordava em época de chuvas e atingia nossa casa. Apesar de tanta dificuldade, éramos felizes.
Fui alfabetizada pelos meus pais e aos 7 anos, quando voltamos para Uru, tive meu primeiro contato com a escola. As crianças em Uru eram diferentes de mim.Cheguei na escola de capa e guarda-chuva e fui piada para todos eles. A saída, fui me esconder no banheiro até todos irem embora, mas o pior estava por vir, minha professora, junto com a da 4ª. Série me treinaram escrever a palavra exceção. Disseram para eu escrever
na lousa da sala da 4ª. Série, para tentar forçar os alunos da 4a. série se esforçarem mais. E lá fui eu, obediente. Resultado: sofri muito bulling foi difícil ser aceita naquela escola e acabei tor na escola e me tornei
bastante tímida.
Eu tinha uma irmã menor que eu e quando estava com 9 anos, nasceu meu irmão caçula. Meus pais resolveram mudar de cidade e me deixaram com meus avós. Sofri com a separação e lembro de uma viagem que fiz para vê-los. Acredito que vem daí minha vontade de viajar sempre e conhecer Paris.
Estava com 11 anos quando voltamos a São Paulo, onde fiz um preparatório para o 5ºano. Ingressei em um colégio estadual e,
desde a 6ª. série, estudei à noite e trabalhei durante o dia. Meu pai continuava doente. Comecei a trabalhar aos 11 anos, como babá, mas também tinha que cuidar da roupa e outros afazeres na casa.
Eu não conseguia passar roupa e cuidar do garoto, acabei derrubando o ferro, que quebrou e perdi o emprego.
Procurei outro e na década de 60, trabalho infantil não era problema, quase que de imediato comecei a trabalhar em uma fábrica de embalagem, depois em uma farmácia. Não era muito fácil, às vezes, eu deixava as coisas caírem, se bem que até hoje sou meio "desastrada". Percebia que meu pai estava cada vez mais doente, minha mãe costurava o tempo todo, mas não era o suficiente. Meu 1º emprego formal, em 1968, foi como embaladora de materiais plásticos e só me lembro da montagem de brinquedos. Se pensarem que foi difícil para uma adolescente que nunca teve brinquedos, enganam-se. Consegui me adaptar rapidamente, observei a linha de montagem e propus que a montagem dos brinquedos fosse terceirizada. O processo foi implantado e eu fiquei com a responsabilidade de coordenar, preparar as peças, encontrar famílias que pudessem trabalhar na produção. Como resultado, assumi a coordenação da área. O meu sonho era ser médica e expliquei isso para o dono da fábrica, quando decidi procurar outro trabalho. Pedi para ele acertar o cargo na minha carteira profissional,
como ao menos ajudante de supervisão e, com isso, procurei nova colocação no mercado e fui contratada pelo Banco União Comercial (hoje Itaú).
Eu sabia que para estudar medicina teria que trabalhar à noite e decidi fazer Licenciatura em Matemática, em uma escola próxima ao Banco. Fiquei pouco tempo no Banco.
Em 1973, fui inscrevi na CTB/Telesp e fui contratada. Em menos de 1 ano, já tinha recebido uma promoção, mas ainda continuava tímida. Nessa época, resolvi entrar para um coral
Madrigal, que além de cantar em igrejas, eventos, casamentos, hospitais, asilos, trabalhos sociais em geral, também viajávamos.
Esse coral, por meio da música, acabou por fixar mais em mim, a característica de trabalho em equipe e me abriu para o mundo.
Na Telesp,
trabalhei em áreas técnicas, onde o ambiente era muito voltado para engenheiros e homens. Tive que estudar muito. Da empresa, ia direto para a Faculdade e lembro do meu pai, esperando-me no ponto do ônibus e minha mãe com uma comida quentinha. No término do curso, dei aula por um mês e entendi que meu lugar era a Telesp e não na sala de aula, mesmo que tivesse que abandonar o sonho de ser médica. O curso de Matemática contribuiu para o trabalho, já que comecei a dimensionar redes. Mas só vivenciar números me incomodava e, nessa época,
conheci o Flávio, que tem sido meu incentivador e decidi prestar vestibular para Economia na PUCSP, que tinha uma grade curricular mais voltada para a sociedade. Acabei escolhendo disciplinas bem distintas, como reforma agrária e economia do trabalho. Tivemos uma festa de casamento maravilhosa. Eu estava linda, em um vestido Roberto Issa, alta costura em 1980. Tudo perfeito e via no rosto das pessoas, um misto de satisfação, alegria e admiração. Infelizmente, logo depois do casamento, perdi meu pai e sofri muito. Como eu o admirava! O Flávio foi essencial para que eu pudesse me recuperar.
Terminei o curso e um mês após meu filho Tiago nasceu. Mais uma vez a vida me revelou surpresas: o Tiago foi operado com 40 dias. Passei a entender que nem tudo está sob nosso controle. Depois de 7 anos, nasceu a Débora. Tínhamos uma família maravilhosa e, por isso, decide recusar um convite importante para a minha carreira: implantar a Telesp Celular em São Paulo. Após um tempo, recebi convite para assumir a gerencia de dimensionamento de tráfego. Eu era economista e não foi fácil trabalhar em uma área só de engenheiros, realizando dimensionamento das redes, a partir dos dados de faturamento.
Surgiram novos trabalhos como plataforma de serviços, startup da longa distância, implantação de CSP, preparação da empresa para privatização e era divertido ouvir alguém falar que o trabalho era resultado dos melhores engenheiros em Telecom. Atuei em praticamente todas as áreas da Telefônica e a empresa recompensou-me assumindo os custos do MBA em gestão empresarial na FGVSP, em 2002.
Em 2006, por orientação da diretoria, fiz o MBA em serviços de telecomunicações na UFF.
Foi um período de muito esforço, onde eu trabalhava em média 14 horas por dia e essa situação estava atrapalhando a minha vida e meu bem maior, a família. Decidi sair da empresa em 2008, quando fazia 10 anos que os serviços de Telecom tinham sido privatizados.
Não foi fácil ficar em casa. Procurava ocupar meu tempo: cheguei a fazer um curso de grego. Ainda em 2008, iniciei um trabalho de voluntariado com a equipe LiberAcolhe, com pessoas em situação de rua. Participo desse trabalho até hoje e é gratificante. Temos voluntários de igreja e de diversas empresas (ex Honda, Ambev , Criteo, Netshoes, Estudio Tiago Curioni e outras).
Em 2009, surgiu a possibilidade de trabalhar na área comercial da STELL, empresa pequena, sem processos e sem clientes. Foi um grande aprendizado e os meus primeiros clientes foram Instituto Adolfo Lutz, Prefeitura de Ourilandia, Prefeitura Curitiba e Neto Advogados . Outros surgiram como USP, JF, Sabesp , Elo7, Alpargatas, AIG , Promon , ZTE, Zaraplast, Secretaria Seg Publica, Memorial A.latina, Acadepol, Seade, Secretaria Defesa P c/ Deficiencia, Sabesp , AIG. O faturamento em 5 anos multiplicou por 20, porém a empresa teve sérios problemas de gestão e acabou entrando em recuperação judicial.
A situação ficou insustentável e preferi sair. O aprendizado nessa empresa foi incrível, principalmente de como levar uma empresa ao caos. Em 2016, minha filha Débora casou, dediquei-me a ela e o resultado disso tem sido maravilhoso. O Tiago recebeu uma premiação em Como, Itália e pude estar com ele, na cerimônia de premiação e depois conhecer a Itália. Tenho dado atenção a minha mãe, que está com 82 anos. O Flavio e eu, estamos cada vez mais próximos : a vida nos reserva surpresas maravilhosas.
Mas é difícil para alguém que começou trabalhar aos 11 anos,
ficar parada. Em 2016, trabalhei em um evento na ALESP, sobre segurança, contribui com diversas Empresas em projetos na Sabesp, Justiça Federal e outros de forma colaborativa. Tomei a decisão em trabalhar na Emerginet, pois atuavam com algo novo para mim (Big Data) e,
além disso,
tinham um braço focado em voluntariado,
para suporte à jovens que necessitam ingressar à universidade. Infelizmente os sócios decidiram paralisar as atividades.
Há momentos na vida, que as situações o paralisam, mas
por pouco tempo. Por que esmorecer, se o principal é o Cliente e essa carteira eu tenho. Direcionei os clientes para a Extract e fiz minha primeira venda, agora em 2017. Da experiência com soluções Elastisearch e em conversa com um dos clientes surgiu a proposta do projeto Dataforce. Ainda não tenho o projeto implantado, mas a proposta está sendo discutida com uma empresa em Israel e caso cedam a tecnologia, vou partilhar a receita com eles. Tive oportunidade de discutir o Dataforce com alguns
profissionais
e daí surgiu um convite para participar de um curso de Mentores para Startups. Conversando em universidades e alguns empreendedores, decidi coltar a estudar e tive as oportunidades dos cursos FIA (gerencial)
e na FATEC (GNI). Fiz a opção pela FATEC e estou gostando muito. Alguns convites de trabalho chegam, mas nenhum deles é tão atraente para que eu renuncie essa caminhada. Relembrando os dias passados, vejo que apesar das dificuldades, lutas e,
em algumas vezes a sensação de perda, sempre é possível recomeçar.
Dos sonhos que ficaram: andar de bicicleta, fluência no Inglês, conhecer Paris , viajar, estar ocupada com pessoas e gerando alguma renda : todos eles poderão ser realizados.
Ser médica agora não mais, mas estar com pessoas, também, pode fazer bem para elas e a mim e nos dias de hoje, com toda a complicação de uma cidade grande, trabalhar pessoas não é também exercer parte da medicina? E como tem espaço para trabalhar pessoas e despertar seus sonhos. Pretendo implantar o EJA , através do Liber Acolhe e
porque não ensinar mulheres que estão em situação de risco, a empreender? Fico maravilhada quando vejo os colegas da CRITEO, que estão conosco no LiberAcolhe, querendo ensinar Inglês para as pessoas que estão em situação de rua, para melhorar a autoestima deles. Começo a sonhar quando vejo colegas da Fatec trabalhando com doces e confecção de blocos : minha vontade é trazê-las para mais um braço do Liber Acolhe e ser um agente transformador. Tenho a certeza que tomei a decisão certa em começar um novo curso e é emocionante
ver talentos tão jovens no curso de GNI. Já sonho com grandes parcerias na área de vendas. Há muito tempo tenho uma frase, que é verdade ainda nos tempos atuais: O mundo para, para deixar passar, aquele que sabe aonde quer chegar. Que venham netos, que venham novos projetos, novas amizades e muita felicidade. Deus é lindo!!Recolher