Luiz Woelke, filho de José (*) Woelke (*Nome adotado pelo oficial do exército prussiano para viver no Brasil, onde chegou por volta de 1922, após sair da Alemanha depois da devastadora I Grande Guerra Mundial) e de Nair Nogueira Woelke, nasceu no Rio de Janeiro, mas somente foi registrado em Baur...Continuar leitura
Luiz Woelke, filho de José (*) Woelke (*Nome adotado pelo oficial do exército prussiano para viver no Brasil, onde chegou por volta de 1922, após sair da Alemanha depois da devastadora I Grande Guerra Mundial) e de Nair Nogueira Woelke, nasceu no Rio de Janeiro, mas somente foi registrado em Bauru, alguns anos depois, como tendo vindo ao mundo em 22 de Dezembro de 1929. Seus irmãos e irmãs: Bento Woelke, Tereza Woelke, Maria Woelke, José Woelke Filho, e Aspásia Woelke.
Histórias da Infância: Naqueles anos ‘1930’, no interior de São Paulo, a vida não era fácil, principalmente para filhos de um ex-herói daquela que é considerada a mais sangrenta e cruel guerra da humanidade, e os meninos sofriam nas mãos de alemão, excessivamente rigoroso. O prussiano trabalhava como marceneiro na ferrovia, e, em casa, as crianças, principalmente os garotos, e a mãe sofriam os rigores da disciplina e das exigências muitas vezes descabidas. Uma história que Luiz contou é que eles moravam em uma área afastada da cidade, e, para ir à escola, que ficava na cidade, as crianças tinham que passar por um longo trecho rasgado em meio a eucaliptos e árvores de grande altura. O lugar era ermo, e, na volta, as árvores balançavam e faziam barulhos, ao sabor do vento forte, que eram terrivelmente assustadores para o grupo de meninos de, que faziam o percurso sozinhos diariamente. A mãe, Nair, falecera em 1933, e apoio e carinho materno era totalmente ausente naquela casa.
Período da Guerra: De novo, outro grande conflito mundial, desta vez a II Grande Guerra, e o mundo lutava contra Alemanha, Itália e Japão. Os filhos do Seu José Woelke, alemãezinhos, pagavam alto preço pela sua ascendência, e Luiz, junto com Bento e José Filho, eram apedrejados nas ruas de Bauru, quando iam para a escola. Vida no orfanato: Para o viúvo alemão, a solução foi colocar os três irmãos para serem criados em um abrigo, uma espécie de orfanato, o Batuíra, localizado na cidade de Poá, nas periferias de São Paulo. Lá, Bento, Luiz e José Filho passaram o restante de sua infância e entraram na adolescência, obtendo educação e formação profissional. Luiz Woelke tornou-se mecânico de automóveis e caminhões e motorista. A vida social tornou-se tão intensa quanto possível em meio às dezenas de crianças reunidas naquela casa de caridade.
Casamento: Também no abrigo, Luiz conheceu aquela que seria sua esposa e futura mãe de seus filhos: Edite Veloso. Em 1954, casaram-se. Tiveram quatro filhos: Kleber Woelke (nascido em 1955), Sandra Woelke (nascido em 1957), Wagner Woelke (nascido em 1959), e Patrícia Woelke (nascida em 1972). Luiz e Edite montaram um núcleo da família Woelke na região de Mogi das Cruzes e Suzano, que foi onde ele afinal levou sua vida. Em Mogi, morou inicialmente no centro da cidade, nas proximidades da Rua Francisco Rodrigues Filho, onde mais tarde instalaria e funcionaria por décadas a Faculdade de Direito Brás Cubas, e posteriormente também no recém instaurado bairro de César de Souza, no Jardim São Pedro, antes de mudar-se, em 1965, para a vizinha cidade de Suzano, onde se estabeleceu em casa própria no Jardim Santa Helena, à Avenida 9 de Julho, no número 650. Quando se mudou com a família para César de Souza, houve um problema: no bairro não havia energia elétrica. Uma empresa do bairro, a Cerâmica Vila Suíssa, assim, com dois “esses”, mesmo, acabou por “emprestar” a luz para algumas residências dos novos moradores. As casas, na época, eram escassas, ficavam distantes umas das outras. A qualidade da energia fornecida era, óbvio, sofrível, e os equipamentos que o jovem trabalhador Luiz adquirira, como televisão e geladeira, sofreram com a incrível e intensa variação de energia. Quando conseguiu, à custa de estabilizadores de energia, ligar os aparelhos, a família descobriu que era proprietária dos dois únicos aparelhos de televisão do bairro, naquele início dos anos 1960: a outra família era justamente a dos Marcatto! Antes de ir para Suzano, a família ainda morou um tempo na Avenida Ricieri José Marcatto, quase na então saída do bairro, nas proximidades da empresa Indústria Belgo Brasileira, na Vila Suíssa (assim, com dois “esses”, mesmo!). A família empreendia longos passeios domingueiros pela área rural do bairro, idas ao Rio Tietê para pescarias, passeios pelos confins das imensas plantações de mexerica ponkan que então existiam naquele distrito de Mogi das Cruzes. Em Suzano, o bairro do Jardim Santa Helena tabém não disponha de energia elétrica em 1965, tampouco de qualquer infra-estrutura como água e rede de esgotos, ou ruas calçadas, e idem a família teve que aguardar alguns anos para poder novamente “ligar” seus equipamentos elétricos. Profissão: Profissionalmente, Luiz Woelke, trabalhou de mecânico de caminhões para o Júlio Simões, depois, especializou-se na Escola SENAI como Mecânico de Manutenção de Máquinas, trabalhou, nos anos 1960, por longo período na empresa Elgin Máquinas S/A., saindo de lá por volta de 1972. No meio tempo, trabalhos como serralheiro e afins: Luiz havia fabricado o portão de ferro que por décadas protegia o antigo Cine Parque, na Rua Ricardo Vilela. Desemprego: Dois fatos se unem para determinar uma grande derrocada na vida de Luiz, nos anos 1972: o vício na bebida, que intensificara-se naquela época, e um terrível incidente, o desaparecimento da filha Sandra. Luiz largou do emprego para procurar a filha (acabou encontrando-a meses depois, mas precisou de anos para entrar nos eixos novamente), de dia, buscas intensas, às noites, madrugadas de choros e clamores. De 1973 a 1975, Luiz começou a trabalhar em empresas construtoras, nas montagens de grandes empresas, como a General Motors de São José dos Campos, e várias outras, inclusive no estado do Rio de Janeiro. Porém este período de afastamento da família e da esposa, que permaneceram morando em Suzano, não foi nada saudável para ninguém, nem para ele, nem para a esposa, tampouco para os filhos.
Reencontro com a Família: Luiz “abandonou” os trabalhos em montadoras, e, após um tempo em empregos de pouca expressão em ganhos (trabalhou, por exemplo, na antiga empresa de ônibus SAMAVISA, a Santa Maria Viação, esta, já em franca decadência, recebendo salários baixíssimos e em condições de trabalho bastante precárias. Luiz voltou a Bauru, e lá começou a trabalhar com seu irmão José Woelke Filho, que acabara de instalar uma pequena empresa de equipamentos elétricos, como reatores e luminárias. Logo esta nova ocupação revelou-se idem infrutífera. O ano já era 1976, e Luiz retornou à região de Suzano e Mogi das Cruzes. Luiz acabou por trabalhar na antiga Hoechst, e, posteriormente na Valmet, atual Valtra, uma grande multinacional fabricante de tratores de rodas. Entrou lá em 1977, de mecânico de manutenção de máquinas, e posteriormente foi promovido para Supervisor de Manutenção. Finalmente experimentou estabilização financeira e profissional. Doença: Os anos dedicados ao culto ao álcool, que perduraram até por volta de 1973 (ele nunca soube disso, mas a esposa Edite fez, em segredo, um “trabalho” com uma mãe de santo para que ele largasse o vício e... ele subitamente parou de beber!!!) vieram cobrar sua conta: Luiz viu-se acometido de diabetes que manifestou-se no início de 1978. A doença foi devastadora: Luiz passou de um peso sempre em torno de 80 quilogramas, para menos de cinqüenta quilos, e as internações, para recuperação dos níveis de glicose no sangue, tornaram-se freqüentes e torturantes
Morte: O resultado carrega a marca de uma tragédia: Luiz foi internado mais uma vez, em uma madrugada de uma terça-feira do final do mês de Outubro de 1978, na Santa Casa de Mogi das Cruzes. Estavam na recepção a esposa, e os filhos Sandra e Wagner. Naquela época, os recursos de saúde nos hospitais não eram tão desenvolvidos como o são nos dias atuais, e a doença venceu rapidamente a batalha contra o jovem trabalhador. Na manhã do Sábado da mesma semana, a esposa Edite foi visitar o marido no hospital, e lá recebera a terrível e inesperada notícia: O esposo havia falecido naquela madrugada. Luiz Woelke falecera aos 48 anos de idade, e na certidão de óbito, a causa mortis: pancreatite aguda. Provavelmente uma seqüela dos anos de ingestão de bebida alcoólica. Os filhos todos no hospital para a liberação do corpo do pai, quando, de repente, uma grande surpresa: chegam inesperadamente vários de seus irmãos de Bauru: José Woelke e sua esposa Elza, , mais a irmã Tereza Woelke, e irmã mais nova, Aspázia Woelke. O corpo foi enterrado no cemitério São Salvador, na Vila Lavínia, em Mogi das Cruzes.Recolher