Meu primeiro contato com o mundo espiritual foi ainda quando pequeno, por volta dos meus sete anos, quando minha mãe levava-me para receber os benzimentos de Dona Emilia Valentim Barbosa, uma senhora com deficiência visual e dificuldade de locomoção, em função do uso de uma perna mecânica. O ...Continuar leitura
Meu primeiro contato com o mundo espiritual foi ainda quando pequeno, por volta dos meus sete anos, quando minha mãe levava-me para receber os benzimentos de Dona Emilia Valentim Barbosa, uma senhora com deficiência visual e dificuldade de locomoção, em função do uso de uma perna mecânica. O mundo espiritual começava através daquela Senhora, a me passar o maior exemplo a ser seguido, de quem com todas as dificuldades possíveis mantinha-se totalmente disponível á caridade, sem enxergar praticava com fé e seriedade sua religião. Conheci a utilização das velas, o contato e respeito com os espíritos e a concentração necessária para manter a energia.
Aos treze anos conheci o Terreiro de Umbanda Caboclo Ezequiel, comandando pela saudosa Dona Irma Soledad Marquese, onde fui apresentado aos Orixás e a uma corrente mediúnica, lembro-me que de imediato fiquei fascinado com tudo. Fui me envolvendo com aquele mundo, e quando me dei conta, era cambone de cinco entidades. Estava caracterizado meu comprometimento com a religião. Durante vários anos trabalhando neste Terreiro tive sinais das entidades que eu camboneava, e somente muito tempo depois é que vim perceber, que me era reservado um futuro mediunicamente afortunado.
Em 2001 conheci o Terreiro de Umbanda Pai Maneco, comandado pelo Pai Fernando de Ogum. Visitei todas as giras e acabei por optar pela gira de sexta-feira, dirigida pelo Pai André de Xangô, onde vivi momentos de revelação e aprendizado. Durante os três primeiros anos não senti vibração alguma, e como num passo de mágica, novamente estava eu, envolvido: com a curimba, com o fogo para defumação, com a limpeza do jardim dos Orixás, com o controle dos cambones e consultas e com a firmeza da gira juntamente com o Pai Pequeno Jorge de Ogum. Somado a tudo isso ainda era cambone.
Sem imaginar tive uma grande surpresa, fui levado ao meio do terreiro pela entidade que eu camboneava, a Preta Velha Vovó Catarina. Sem entender, pois julgava eu, que não aconteceria nada, já que há três anos na corrente nada sentia, fui surpreendido pela energia do Preto Velho Pai Tião do Cruzeiro, que se manifestou de uma forma tão linda e simples a ponto de me remeter a uma emoção tamanha.
Aquela gira foi um marco na minha vida espiritual, a partir daquele momento minha mediunidade aflorou assustadoramente, devido à velocidade. Fui liberado logo em seguida para dar consultas com o Preto Velho Pai Tião do Cruzeiro, O Exú Senhor Tranca Ruas das Almas, o Cigano Herculano e o Caboclo Cobra Coral. Minha vida espiritual estava toda alterada. E para completar, ainda fui cruzado capitão de Terreiro.
Num determinado momento o Pai André de Xangô abriu sua própria casa, o Terreiro de Umbanda Tio Antonio, onde fiz minha coroa e vivenciei novas emoções. Agora eram as entidades que trabalham comigo que começaram dar sinais de que minha caminhada era longa e certa, que havia entre nós, um comprometimento a ser seguido e que não demoraria.
Levado por intuições e fatos busquei meu caminho. Juntamente com minha esposa Caroline, fomos fazer parte da corrente da Cabana do Preto Velho Pai Tobias de Guiné, comandada pelo Pai Caetano de Oxossi, onde fiz minha camarinha de Pai de Santo no dia 22 de setembro de 2007.
No dia de Cosme e Damião (Erê), 27 de setembro de 2007, eu,
juntando os ensinamentos que absorvi nas experiências vividas nas cinco casas em que passei e pautado no propósito de levar a fé, fundei, o Terreiro de Umbanda Cruzeiro das Almas – TUCA.
Não fazia idéia de como seria a minha caminhada, mais tinha a certeza de que em todo o tempo fui conduzido por dois espíritos que tinham, junto comigo, o propósito de levantar um novo pilar para nossa religião. Tive já na primeira gira uma prova do que me reservava o mundo espiritual, pois acreditava que seria uma gira com poucas pessoas, afinal era a abertura dos trabalhos, e fui surpreendido com a casa cheia, e 16 consultas.
Foi um momento inesquecível, naquela noite obtive a confirmação de ter dado o passo certo, pois chegamos exatamente onde precisamos chegar, porque a Mão de Deus guia aquele que segue seu caminho com fé.Recolher