Nasci em uma família muito especial. Pais que me mostraram durante toda sua existência os valores essenciais. Também fui muito amada por eles. Minha mãe dona de casa, estudou até o 4º ano, mas tinha um conhecimento fabuloso, pois lia muito e procurou sempre se inteirar de tudo que acontec...Continuar leitura
Nasci em uma família muito especial. Pais que me mostraram durante toda sua existência os valores essenciais. Também fui muito amada por eles. Minha mãe dona de casa, estudou até o 4º ano,
mas tinha um conhecimento fabuloso, pois lia muito e procurou sempre se inteirar de tudo que acontecia no mundo e assim sempre auxiliando-me nas tarefas diárias e em dificuldades ocorridas. Meu pai supervisor de ensino e entalhador em madeira “um artista”. Tiveram três filhos: dois homens (meus queridos companheiros) e eu a única mulher (a do meio)
e única neta, xodó? Que nada!, não me lembro de ter sido paparicada.
Nasci em Botucatu, mas ficamos por lá até os meus 6 anos, em seguida nos mudamos para Ribeirão Preto onde permanecemos até os meus 9 anos e após essa idade em Franca. Tive um problema sério de coluna aos 12 anos, escoliose, e apesar da dificuldade usei aparelho por dois anos na tentativa de não operar, mas infelizmente não resolveu muito no meu caso e tive que operar aos 15 anos. Ali rodeada de tantas crianças com problemas diversos comecei a analisar a vida diferente. Sempre fui muito brincalhona e comunicativa. Depois da cirurgia usei gesso no corpo por um ano e aparelho por dois, mas isso nunca foi problema pra mim que encarei de uma forma bem tranquila, apesar da idade.
Desde pequena já era apaixonada por lousa, brincava com amigas de “escolinha” e dizia que ia ser professora. Depois mudei dizendo que ia ser médica pediatra, logo desisti porque não era tão estudiosa a esse ponto. Mas minha paixão sempre foram as crianças. Quando prestei o concurso na Prefeitura Municipal de Franca já trabalhava em outra área administrativa e depois de uns 7 anos prestei o concurso para professora e estou até hoje.
Sempre tive muitos amigos, adoro “gente”, conversar, ouvir e ajudar o próximo quando tenho oportunidade. Comecei a namorar com 17 anos. Primeiro namorado sério até os 19. Depois alguns poucos relacionamentos. Sempre gostei de viajar, conhecer lugares e carnaval então? Que delicia!!! Fiquei durante muitos anos só assim curtindo a vida. Minha mãe fazia tudo pra mim e eu só trabalhava e passeava. Em casa só cuidava de minhas roupas, lavava e às vezes ajudava na casa, porque sempre que surgia uma oportunidade nos finais de semana para passear, minha mãe era a primeira a me incentivar. Dizia que eu trabalhava muito, porque me via sempre preparando aula em casa ou reunindo na casa de amigas. Quando ela faleceu há 7 anos, fiquei sem chão. Achei que o mundo tinha desabado na minha cabeça. E apesar de ter uma visão espírita, o sofrimento parecia ser eterno. Mas felizmente o trabalho me ajudou muito, a equipe toda de trabalho, meus alunos queridos, todos foram muito importantes. Tive que aprender a cuidar de tudo, casa, secretária, cachorra, responsabilidades que nunca tive. Depois de alguns meses meu pai que tinha Alzhaimer, bem moderada, teve uma queda e foi uma luta. Mais aprendizagem de como cuidar, trabalhar a paciência, aprender a dar banho, continuar administrando a casa, levá-lo na fisioterapia etc. Meus irmãos apesar de terem a vida deles e outra moradia me ajudavam muito. Um deles inclusive em outra cidade. Decidimos então como iríamos administrar tudo isso e ai foi uma nova etapa na minha vida. Ele se recuperou, voltou a andar teve altos e baixos e eu já me sentindo mãe, apesar de nunca ter dado a luz.
Em 2013, fui levá-lo para visitar parentes e distrair um pouco e conheci um rapaz na casa da minha tia. Conversamos bem pouco, ele corretor, falamos de imóveis e nada além disso. Ele pediu meu telefone, eu disfarcei porque pensei que pudesse estar querendo vender imóvel, não dei tanta importância e continuamos assuntos de família. Tirou algumas fotos nossa e ficou de mandar, passei então o telefone.
Voltei a Franca e no outro dia já tinha mandado as fotos por e-mail. Depois conversas por e-mail e por fim telefone todos os dias. Conversamos durante uns 20 dias e já estávamos quase namorando (eu achava). Decidi então já que ele parecia querer vir à Franca, ir antes e conversarmos melhor. Fui recebida no local combinado por ele e pelas lindas rosas. Quase morri de tanta vergonha, parecia que todo mundo me observava, demos um “selinho” e assim foi o nosso inicio de um relacionamento que já dura pouco mais de 3 anos.
Ele trouxe brilho pra minha vida, me deu ânimo, seu otimismo me ajudou e muito, no meu dia a dia, nos cuidados com meu pai, me incentivava e me apoiava sempre. Quase que me intimou a fazer
uma festinha de aniversário para meu pai quando comemorou 90 anos. Fiquei muito brava, porque não queria... já estava bem cansada com as preocupações e tarefas diárias. Ainda bem que ele mais uma vez me incentivou apesar de minha resistência, porque no dia de Natal daquele ano ele desencarnou com 90 anos e 5 meses.
Algumas idas e vindas ao hospital e problemas sérios com cuidadores nos seus últimos 3 meses de vida. Tive, sim, no início muita gente boa, carinhosa, comprometida e com amor na profissão e são esses que estarão na minha lembrança e no meu coração pela eternidade.
Enfim agradeço a Deus a cada minuto da minha vida, a cada oportunidade que tive de amadurecer, de estar com amigos, de amar e ser amada. Oportunidade de poder estar com minhas crianças à tarde e meus adultos à noite que me incentivam e me elogiam tanto até hoje
Eu sempre digo que ”ser professor” é maravilhoso, porque apesar de horas na preparação das aulas,
o “reconhecimento” é quase que um piscar de olhos. Ele acontece quando ouvimos “agora entendi”,
“professora eu te amo”, “professora eu tô conseguindo ler” “professora eu amo vir na escola”, “eu quero ser professora“, “professora porque só tem aula até na 4ª feira, eu adoro vir na escola” .
Tudo que vivi e vivo valeu a pena!!!Recolher