Vera Aguiar, 62 anos, aposentada, dedica sua vida aos projetos sociais. São mais de 30 anos de engajamento em trabalhos voluntários. Antes da aposentadoria, trabalhava como auxiliar de enfermagem, especializada na área berçário/pediatria. Desde essa época, ela ajudava moradores de comunidades ...Continuar leitura
Vera Aguiar, 62 anos, aposentada, dedica sua vida aos projetos sociais. São mais de 30 anos de engajamento em trabalhos voluntários. Antes da aposentadoria, trabalhava como auxiliar de enfermagem, especializada na área berçário/pediatria. Desde essa época, ela ajudava moradores de comunidades carentes próximas a sua casa, no bairro Belém Novo, Zona Sul de Porto Alegre. Recebeu o convite de uma colega para se candidatar ao cargo de conselheira tutelar na primeira gestão dos conselhos tutelares de Porto Alegre, época em que não existia remuneração para o cargo. Ao vencer as eleições, Vera se tornou conselheira tutelar da microrregião 7. Após cumprir seu mandato, recebeu um convite para ser vice-diretora de uma das unidades da ex-FEBEM (Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor), atual FASE (Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Sul). Ocupou o cargo por oito anos, onde coordenava e cuidava de todas as crianças e adolescentes da casa. Após esse período, Vera se aposentou por apresentar quadros de depressão. Começou a se tratar e, mesmo assim, entrou em uma depressão profunda, não apenas por problemas profissionais, mas também por problemas de cunho pessoal.
Uma vida de doação
Vera sempre esteve envolvida em serviços comunitários, seja como voluntária, seja como fundadora.
Ela foi uma das criadoras da Defesa Civil Comunitária. Grupo criado para prestar o primeiro auxílio as vítimas de alagamentos que ocorriam em seu bairro, antes até que a Defesa Civil chegasse ao local. “Nós tirávamos as pessoas daquele local inundado e abrigávamos eles, geralmente, no salão paroquial da igreja”. Também auxiliavam a vítimas de incêndio.
Criou o Natal Comunitário, evento que visava dar um melhor Natal as pessoas pobres. Para arrecadar brinquedos e alimentos promovia, juntamente com outros voluntários, bailes beneficentes. Com os materiais arrecadados foi possível atender aproximadamente 4000 crianças na Praça Inácio Antonio da Silva, em Belém Novo.
Foi voluntaria no Núcleo Comunitário de Belém Novo, ajudando crianças carentes da região, fornecendo alimentos, roupas e oficinas de canto e dança.
Ela também fez parte equipe que auxiliava as vítimas dos alagamentos que atingiram o estado em outubro do ano passado e deixou mais de 3 mil desabrigados em Porto Alegre. O Ginásio Tesourinha, na Capital, abrigou 250 pessoas da Ilha Grande dos Marinheiros. Vera, juntamente com aproximadamente 100 voluntários, dedicou 28 dias de total amparo as vítimas.
Atualmente, presta assistência aos filhos de presidiários. “Eu presto assistência para filhos de presidiários e me sinto bem. Sou respeitada porque trato bem essas crianças, além da doação material eu também dou carinho, uma palavra amiga, acho que Deus me abençoou com isso”.
Vera afirma, “Eu tenho certeza que esse trabalho é o combustível da minha vida, não me vejo fora disso, esse trabalho me move, me encaminha para tudo”.
"Foi o que me devolveu a vida"
Segundo Vera, continuar ajudando as pessoas foi o que lhe devolveu a vida após a depressão. Ela ainda utiliza medicamentos que auxiliam no tratamento, porém sua forma de encarar a vida faz com que ela não aparente ter a doença.
“As pessoas não acreditam que eu sofro de depressão porque minha vida sempre teve envolvimento com a comunidade. Hoje eu comentei com uma pessoa sobre os medicamentos que eu consumo e ela disse, não acredito que tu tomas tudo isso”.
Apesar de seu problema de saúde, ela afirma, “Nunca passou pela cabeça deixar de ajudar as pessoas. Se você abrir o porta malas do meu carro agora, você verá roupas e calçados. As pessoas me conhecem e falam, Vera, eu tenho roupas para doar ou Vera, não tem um casaquinho ou uma blusinha para me dar? Eu sempre respondo, vamos dar uma olhada, acho que eu tenho dentro do meu carro”.
A história mais marcante da vida de Vera AguiarRecolher