Minha História Meu nome é Maria Lúcia, Lucinha para amigos e para a família apenas Sinha. É assim mesmo que acontece lá pelas beiradas do nordeste de Minas Gerais, todo mundo tem um apelido carinhoso, ou um diminutivo do nome. Ninguém é chamado pelo nome de registro; esse det...Continuar leitura
Minha História
Meu nome é Maria Lúcia, Lucinha para amigos e para a família apenas Sinha. É assim mesmo que acontece lá pelas beiradas do nordeste de Minas Gerais, todo mundo tem um apelido carinhoso, ou um diminutivo do nome. Ninguém é chamado pelo nome de registro; esse detalhe era encontrado apenas na escola durante a chamada ou no médico durante as consultas.
Crescemos assim, minha família formada por meus pais e outros seis irmãos, dentre eles sou a do meio; meu pai lavrador gostava de trabalhar a terra: capinava, plantava feijão, cuidava, esperava o tempo da colheita. Junto dele minha mãe e meus irmãos mais velhos. Lá em casa num tinha disso não, todo mundo tinha que ir para a escola, mas quando chegasse era hora de ajudar no trabalho. Quando era época trabalhávamos também na colheita do café. Em casa não tinha muita coisa de pudéssemos orgulhar a não ser nossa união. Muito pobres, casa humilde, quase sem móveis, e por muitas vezes nos faltou o que comer, mas nunca nos faltou fé para vencer.
Nos momentos ociosos, não perdíamos uma brincadeira na rua, ficávamos até tarde, até a mãe chamar pra dentro, pois estava escurecendo e logo era hora de dormir.
Sempre cremos em Deus, está aí o maior motivo da nossa esperança e alegria. Meus pais nos ensinaram a orar, a sempre agradecer a Deus, nos momentos bons ou ruins, pois como eles mesmos diziam: “Deus sabe o que faz.”.
O tempo foi passando, fomos crescendo... A vida no interior de Minas Gerais ficando um pouco mais difícil. Meu irmão foi o primeiro a sair de lá, a procura de emprego na cidade grande. Minha irmã logo seguiu seu exemplo. E assim foi um a um deixando seu lugar de origem em busca de oportunidades. Meus pais foram os últimos a também deixar a nossa casa e vir para junto dos filhos aqui em São Paulo.
Adaptar aqui não foi fácil, tudo era diferente demais. Minha mãe sentia-se presa, acostumada à liberdade da pequena cidade de Minas Gerais. Mas como tudo nesta vida passa, acostumamos, fizemos amigos, trabalhamos, construímos uma nova realidade da qual muito nos orgulhamos.
Embora a vida tenha tomado tantos rumos diferentes, dos quais alguns nunca planejamos, sentimos felizes em permitir que Deus escrevesse nossa história. Hoje meu pai já é falecido deixando um legado de muita coragem, persistência, honestidade, alegria e muito bom humor.
Escolhi o magistério como profissão, mas faço da minha escolha a minha vocação, amo realizar sonhos, acreditar no sonho das pessoas; sinto-me útil, realizada, ao ver um aluno conhecendo letras, sendo alfabetizado, lendo, escrevendo, progredindo.
Ser professora é um chamado que atendi, colocando nele meu coração, e ao abençoar, sou abençoada, encontro a felicidade distribuindo alegrias, aprendo muito mais que ensino. Só me resta a agradecer a Deus, por tudo que tem me permitido viver até agora. Tudo tem sido crescimento, aprendizado. Lutas. Porém, vitórias garantidas.Recolher