Desde criança sempre tive o sonho de conhecer a Alemanha, país este de onde vieram meus tataravós tanto por parte de mãe quanto por parte de pai. Aprendi em casa o dialeto falado em Blumenau e na escola sempre optei pela língua alemã. A Alemanha e suas paisagens, cultura, história, castelos s...Continuar leitura
Desde criança sempre tive o sonho de conhecer a Alemanha, país este de onde vieram meus tataravós tanto por parte de mãe quanto por parte de pai. Aprendi em casa o dialeto falado em Blumenau e na escola sempre optei pela língua alemã. A Alemanha e suas paisagens, cultura, história, castelos sempre me fascinou e no ano de 2012 tive a oportunidade de conhecer esse país.
Em março de 2012 comecei a frequentar as aulas de um curso intensivo da língua alemã, o curso API (Alemão Preparatório Intensivo). Era uma jornada intensa de quase cinco horas diárias de gramática, cultura e fala da língua alemã. Além do alemão, também havia na grade curricular aulas de inglês, Economia Europeia e Responsabilidade Social. Mas o mais importante, era que entre os meses de outubro e novembro haveria um intercâmbio de vinte dias na Alemanha, para aperfeiçoar o idioma. Se alguém, naquele ano tivesse me dito que eu viajaria para a Alemanha, eu chamaria essa pessoa de louca, pois essa viagem não estava em meus planos.A cada dia que
eu me aproximava da viagem, percebia que era real e que eu iria conhecer mesmo a Alemanha. O intercâmbio aconteceria no Instituto Goethe da cidade de Hamburg, norte da Alemanha e eu ficaria hospedada na casa de uma família alemã. Além disso, conheceríamos Berlin, a capital alemã.
O medo e a ansiedade tomaram conta de mim nas semanas que antecederam a viagem. Não era minha primeira viagem de avião, mas só de pensar em encarar vinte quatro horas de viagens com todas as escalas e praticamente doze horas diretas no avião entre São Paulo e Europa, me assustara um pouco. Também me perguntava como seria a família, meus conhecimentos na língua seriam suficientes para que eu me comunicasse claramente com eles. O que levar, organizar o roteiro dos passeios, os musicais que iria prestigiar, os museus a conhecer, fazer o passaporte, etc.; tudo estava a mil por hora. Sem falar os inúmeros exercícios a estudar antes da viagem.
O dia finalmente havia chegado, 27 de outubro de 2012. As malas estavam prontas, o friozinho na barriga e o coração a mil. Éramos em quatorze apianos, todos com o mesmo objetivo: mergulhar na língua, história e cultura alemã. Embarcamos no início na tarde no aeroporto de Navegantes, com escala no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) e de lá embarcamos no início da noite rumo a Amsterdam (Holanda) e de lá Hamburg-Alemanha. Minha host-family iria me aguardar no Aeroporto Internacional de Hamburg, pois já havíamos nos falado via e-mail. E na hora combinada, lá estava a Família Hepp a me receber. Passava das dezesseis horas quando chegamos na Alemanha e cada um de nós tinha uma família na qual moraria nos próximos quatorze dias de intercâmbio. Alguns, as famílias também vieram buscar, outros já tiveram sua primeira aventura: pegar o ônibus ou metrô até chegar em sua residência.
Do Flughafen, como é denominado aeroporto em alemão, segui com minha família até minha casa; um encantador apartamento onde não havia elevador. Naquele mesmo dia, eu e minha Host fomos conhecer as redondezas e ela me mostrara onde pegar o metrô na manhã do dia seguinte para ir até o Goethe Institut, onde faria meu curso. Na manhã do dia seguinte, acordei cedinho, tomei um banho de banheira, daquelas antigas, a qual eu tivera o prazer de me banhar na minha infância em minha casa; tomei meu café e fui caminhando até a estação de metrô da Osterstrasse. Comprar o ticket havia sido a minha primeira aventura do dia. Aguardei pelo trem que me levaria até o Haupbahnof de Hamburg e o que me impressionou foi a pontualidade do transporte público alemão. Algo inacreditável. Já no Instituto Goethe, eu e meus colegas do API nos reencontramos, conversamos sobre nossas famílias, fizemos nossa Prova de Nivelamento para sabermos em qual turma iríamos ficar e juntamente com intercambistas de outros países, fizemos nossa primeira imersão pela cidade: Fizemos um passeio com o ônibus turístico da cidade.
No outro dia, as aulas começariam pra valer. Em minha turma haviam franceses, italianas, espanholas, norueguesas, sul-coreana entre outras nacionalidades e para nos comunicarmos, somente em alemão. Sentir o carinho que eles têm pelo Brasil e pelos brasileiros
também foi algo que chamou a minha atenção. O interessante do Goethe Institut, é que praticamente todo dia tinha algo cultural que eles ofereciam para os alunos e ia deste idas a Museu, restaurante e um passeio pela cidade de Bremen. Tudo com preços mais acessível. Como minhas aulas eram no período vespertino, aproveitava a manhã para desbravar a cidade, conhecer os parques lindos, caminhar por ruelas, fotografar, andar de navio pelo Rio Elba, degustar comidas típicas, etc. O interessante era que Hamburg, por mais que seja uma cidade cosmopolita, com um dos maiores portos da Europa, também é uma cidade repleta de monumentos e história. Tive a oportunidade de conhecer o Museu Histórico e de Emigração, o BeatlesPlatz, mas com certeza o que mais me marcou nos dias que estive nessa cidade, foi ter tido a oportunidade de ver o Musical "Der König der Löwen" (O Rei Leão). Foi uma emoção sem palavras.
A família onde fiquei hospedada também foi essencial para que eu me sentisse bem e acolhida a tantos quilômetros de casa. Eles me acolheram como uma filha. Com certeza isso fez toda a diferença. Infelizmente nem todos tiveram a mesma sorte com suas famílias. Durante minha estadia em Hamburg, o Instituto Goethe organizara uma ida a cidade de Bremen. Iríamos passar um domingo inteiro lá. Saímos cedinho da Estação Central e chegamos ainda na parte da manhã. Como era outono na Europa, tínhamos que aproveitar cada segundo, pois o dia amanhecia mais tarde e escurecia cedo. Dezoito horas era escuro como se fossem dez horas da noite. Ao chegarmos em Bremen, caminhamos da Estação de Trem até o Centro Histórico, onde a guia nos aguardava. Eu nem acreditava que iria conhecer a estátua dos "Músicos de Bremen", famosa história dos Irmãos Grimm. Mas o que mais me deixou feliz, foi que naquele domingo, era o último dia de um Mercado Medieval que acontece há mais de novecentos anos. Era como se eu estivesse voltado no tempo e desembarcado em plena Idade Média. Estudiosa da área medieval, eu estava nas nuvens; sem mencionar que o centro histórico e suas ruelas apertadas com casinhas em estilo arquitetônico enxaimel de mais de quatrocentos anos me fascinaram. Sem mencionar da Catedral de mais de mil anos e onde dentro havia um pequeno Museu Arqueológico voltado para artefatos cristãos. Ao final do dia, retornamos para Hamburg e na segunda seguinte, iniciamos nossa última semana na cidade.
Mas isso não seria o fim da viagem, ainda. No sábado de tarde, 11 de novembro de 2012, embarcamos no trem bala na Estação Central de Hamburg, com destino a Estação Central de Berlin. Lá ficaríamos em um hostel até o dia 13 de novembro, quando aí sim, retornaríamos ao Brasil. E o que dizer de Berlin... É uma cidade que respira história. Não que as outras não respirem, mas em Berlin é vívida principalmente as memórias referente ao Holocausto e a II Guerra Mundial. Ao caminhar pelas calçadas, de repente você dá de cara com pedaços do Murro de Berlin, com Memoriais, sem mencionar o Parlamento, Checkpoint Charlie e o Portal de Brandenburgo.
Tive dois momentos marcantes nessa cidade: Conhecer o Portal de Brandenburgo e visitar o Campo de Concentração Sachsenhausen. Nada se iguala a experiência de pisar em um Campo de Concentração. Até hoje, não tenho palavras para descrever o que eu senti nas mais de quatro horas que eu fiquei em Sachsenhausen. Com certeza a gente sai uma outra pessoa de um lugar como esse, uma vez que esse foi um dos primeiros de uma série campos de concentração. Na tarde de 13
de novembro de 2012, embarcávamos de volta para o Brasil, saindo de Berlin com escala em Paris. E foi no aeroporto Charles de Gaulle que aconteceu a cena mais inusitada de toda a viagem. Estávamos na fila para carimbar nosso passaporte, quando um segurança de todo o tamanho olhou para o passaporte de meu colega que estava a frente de minha outra colega e disse "Brasil!!! Oh, yeah!!" e em seguida começou a cantar "Ai se eu te pego" do Michel Teló que estava no auge naquele ano. Após o último de nossa turma passar, ele retomou sua postura série de antes. Fechamos a viagem com chave de ouro. Essa viagem havia sido a realização de um sonho de infância e na bagagem trouxe novas amizades, inúmeras histórias e memórias (além dos DVDs da Série Xena) e o sentimento de que um dia eu voltarei novamente, pois ali é o meu lugar. Ah, e quanto a língua; me saí muito bem. Passei com louvor no teste. Hoje afirmo com certeza absoluta que sou fluente em alemão.Recolher