Era 1960, eu ainda estudava no Colégio Vitor Viana, que estava localizado lá na Rua Leite de Morais, entre as ruas Voluntários da Pátria e Cruzeiro do Sul. Lembro-me muito dos professores: Neide Bavini Reis (irmã do cantor Sérgio Reis), La Torre, Nicolau, Amauri, Vitória, entre outros. Alguns...Continuar leitura
Era 1960, eu ainda estudava no Colégio Vitor Viana, que estava localizado lá na Rua Leite de Morais, entre as ruas Voluntários da Pátria e Cruzeiro do Sul. Lembro-me muito dos professores: Neide Bavini Reis (irmã do cantor Sérgio Reis), La Torre, Nicolau, Amauri, Vitória, entre outros. Alguns colegas ficaram mais vivos na lembrança, como: Sergio, Marina, Ana Maria Scandiuzzi, Alberto, Álvaro, Alzenir, Montserrat, Idelmo, Leda, Salete, Ivete, Ângelo, Acir, Ana Maria Russo, Eugênia, Marilene, Ivone, e outros tantos que seria impossível lembrar o nome. Naquele tempo ainda não havia a estação do Metrô
Era mês de junho, e as festas juninas eram muito concorridas. Os colégios pareciam competir para ver quem faria a melhor, então nós do Colégio Vitor Viana preparávamos a nossa. Seria realizada na quadra de esportes lá mesmo no colégio, apesar do frio intenso – pois naquele tempo havia inverno de verdade, e era a “São Paulo da Garoa” tão comentada.
Eram contratados os sanfoneiros e músicos para o evento, decoração alegórica... O grupo da quadrilha era muito grande; ensaiávamos todos os domingos à tarde durante uns dois meses antes da festa. Na maioria das vezes, os participantes eram alunos do colégio, todos muito motivados e entusiasmados para o dia da solenidade. Que alegria Além dos familiares dos alunos, convidávamos os amigos como o Odair, Joãozinho, Fernando (do Bairro do Imirim), o Nelson, Toninho e Arnaldo (que trabalhavam na Padaria do Comércio, sobrinhos do Sr. Benjamim Ferreira), e também convidávamos nossos namorados... claro
Eu namorava com o José Luiz, portanto, dançava a quadrilha com ele. Imaginem que ele mandou fazer um terno de “saco de linho” (aqueles em que se ensacavam cereais) que ficou
muito chique e adequado para a ocasião, porém diferente dos demais componentes do grupo.
Alugávamos uma charrete para darmos voltas no bairro (ruas Voluntários da Pátria, Alfredo Pujol (onde havia a linha do Trem de Ferro – Maria Fumaça), Chemin Del Pra, Dr. César e, novamente, Leite de Morais) com a noiva que “estava muito linda” e portava um buquê de couve-flor. A turma toda acompanhava o cortejo, soltando foguetes. O povo achava muito interessante e nos seguia.
Chegando lá no Colégio, tudo muito organizado, realizava-se o “casamento”, dançávamos a quadrilha que era marcada com perfeição pelo professor (não me recordo o nome), e depois era o baile. A Ivone tirou foto dançando com o José Luiz, e eu que era a namorada não consegui. Fiquei louca da vida, mas como éramos muito amigas não liguei. Ah Que saudade
Depois do “casamento” e da dança da quadrilha, os músicos iam embora, então passávamos a usar o toca discos (LPs) – hoje chamamos [quem toca os discos] de DJ, naquela época era “encarregado do som”. As músicas mais tocadas na época eram “Besame Mucho” (com a Orquestra do Ray Connif), Celly Campello, músicas da Turma da Jovem Guarda, Nat King Cole, Orquestra Henry Jerome (“Homem do Braço de Ouro”), Lucho Gatica (boleros), rock’n’roll (Elvis e outros), etc. Havia comida típica de festas juninas com fartura, quentão, etc...
Um detalhe muito importante era que as moças não podiam ir sozinhas: seus pais deveriam acompanhá-las, o que fazia com que a festa fosse muito respeitada pela comunidade do bairro. Isto não quer dizer que não podíamos dar uns beijinhos (escondidos) nos namorados, porém, na maior responsabilidade e respeito. Os vestidos caipiras eram muito elaborados, lindos
Quem nos acompanhava nestas festas eram nossas mães, a D. Luiza (mãe da Ivone), D. Maria (mãe da Marilene) e D. Ivêta (minha mãe). Elas achavam muito bom participar de tanta alegria e, porque não dizer... pureza Naquele tempo não havia uso de drogas, pelo menos em nosso ambiente – não chegava ao nosso conhecimento que algum de nós as usasse.
O bairro de Santana foi berço de grandes celebridades artísticas, esportivas e políticas e religiosas. Um exemplo: o famoso Padre Marcelo Rossi nasceu e morou na Rua Dr. César, no Edifício Amambahí.
Amo São Paulo como se ali eu tivesse nascido. Morei muitos anos nessa cidade magnífica, e olhem, existem muitas histórias interessantes para serem contadas. Você que está lendo esta história pobrezinha que contei, conte uma boa lembrança sua. Até a próximaRecolher