Alagoano, nascido na histórica e ribeirinha Cidade de Penedo em 28 de janeiro de 1889, Fernando da Silva Peixoto era filho do Comendador Manoel da Silva Peixoto (1847 – 1910), comerciante português, de Vila do Fafe, e da penedense Anna da Silva Peixoto (1855 – 1932).
Empreendedor, empresári...Continuar leitura
Alagoano, nascido na histórica e ribeirinha Cidade de Penedo em 28 de janeiro de 1889, Fernando da Silva Peixoto era filho do Comendador Manoel da Silva Peixoto (1847 – 1910), comerciante português, de Vila do Fafe, e da penedense Anna da Silva Peixoto (1855 – 1932).
Empreendedor, empresário da indústria têxtil e da navegação fluvial, ele se casou em 2 de abril de 1910 com a sergipana Laura Galvão Peixoto (1889 – 1973), de Brejo Grande, com quem teve quatro filhos: Danilo Galvão Peixoto (1911 – 1981), engenheiro civil, Murilo Galvão Peixoto (1912 – 1935), promotor de Justiça, Perilo Galvão Peixoto (1913 – 2002), médico, radialista e jornalista - naturais de Salvador, Bahia - e Zurica Galvão Peixoto (1914 – 2005), a caçula - a única penedense -, que cuidou de toda a família e ainda encontrou tempo de escrever e fazer poesias – que estão sendo publicadas postumamente.
Fernando da Silva Peixoto morava na Ladeira da Barra, 16, em Salvador, na Bahia (onde geria os negócios do escritório), até fixar-se em Penedo, no Chalé dos Peixotos - que adquiriu, em 1914, do comerciante José Vieira de Figueiredo -, no Cajueiro Grande, hoje Avenida Getúlio Vargas, nº 172. “Seu” Fernandinho ou “Coronel” Fernandinho - como era chamado – reformou e ampliou internamente o chalé, de estilo eclético e influência francesa, para maior conforto da família.
Construído pelo engenheiro Joaquim Loureiro, um símbolo do apogeu econômico da cidade e palco de festas da sociedade penedense nos anos 1910/1920, considerado o “o esplendor da Belle Époque”, o Chalé dos Peixotos recebeu hóspedes ilustres, como Getúlio Vargas (por intermédio de Amarílio Sales, organizador da recepção presidencial em Penedo), que se dirigia em campanha a Sergipe, em 1931/32.
Um prédio de vanguarda então, que se encontra abandonado pela incúria de quem o comprou em 1992 com a pretensão de transformá-lo em um museu-memorial de preservação da tradição cultural da região do Baixo São Francisco. E ainda tentou apagar da história os que nele viveram e lhe deram notoriedade e fama, trocando-lhe o nome com que era tradicionalmente conhecido]
Culto, refinado, elegante, Fernando da Silva Peixoto escrevia poesias – no idioma pátrio e em francês -, desenhava e tocava piano de ouvido.
Muito espirituoso, era emérito contador de piadas, jogava tênis e adorava viajar com os seus.
Em 1933, por perseguição política e/ou disputas pelo controle acionário da fábrica de tecidos, pressionado, vendeu a casa por um valor irrisório - o anúncio com a oferta saiu no jornal “O Luctador”, de Amaranto Filho, em fevereiro daquele ano - e rumou com a família para Maceió.
Depois, em 1937/38, mudou-se para o Rio de Janeiro - a Capital Federal - e residiu o resto de sua longa e honrada vida no bairro de Copacabana. Sempre soube cultivar amizades ilustres, como o general Altamiro da Fonseca Braga, o médico oftalmologista Luís Augusto de Medeiros - cunhado de Graciliano Ramos -, os senadores Arnon de Mello e Nelson Carneiro, o governador Carlos Lacerda, o presidente Juscelino Kubitschek e o doutor Octávio Pinto Guimarães.
Fernando da Silva Peixoto faleceu em 7 de junho de 1980, aos 91 anos de idade, vítima de uma pneumonia. Alegre, terno e carinhoso com os netos, leitor voraz de livros e periódicos, estava a par de tudo, da economia ao futebol, passando, claro, pela política.
Em seu exílio voluntário não deixou de pensar - ou de falar - na terra natal, a “Mui Nobre e Sempre Leal” Penedo, a cidade dos sobrados, situada na margem esquerda do Rio São Francisco, em Alagoas. Foi esquecido, mas nunca esqueceu o belo lugar em que nasceu.
Após a morte do genitor, sua filha Zurica Galvão Peixoto (1914 – 2005) - à época com 65 anos - escreveu “Evocando Meu Querido Pai”:
“Quando os homens da loja de material hospitalar retiraram do quarto e levaram de volta a cama de Fawler (leito metálico retrátil e de manivela), que ali permanecera durante vinte dias, retornei para ver o derradeiro ambiente que ainda guardava forte a imagem querida de meu Pai.”
“Verifiquei, com surpresa, que os velhos chinelos usados por meu Pai ficaram esquecidos a um canto do aposento.
Num gesto de carinho e tristeza, tomei-os nos braços, abraçando-os vigorosamente e evocando o andar lento de meu Pai caminhando pela nossa casa.”
“Quanta emoção! Não mais iria escutar os seus passos, nem ouvir a sua voz. Não mais sentiria a presença física dessa pessoa tão amada que andara pela vida afora.”
“Homem de trabalho, inteligente, honesto, corajoso, tivera a existência cheia de percalços. Sofrera injustas perseguições e experimentara muitas decepções.”
“Mas, apesar de tudo, soubera chegar aos 91 anos bem vividos, não obstante as dificuldades enfrentadas e os achaques da velhice. Ao lado da família, com dignidade e altivez, meu Pai nunca esmoreceu, e superou bravamente as adversidades que lhe foram impostas pelo destino.”Recolher