O dom da vida é algo mágico, realmente um presente de Deus e foi assim que surgi, um pouco inesperada; porém, acolhida com muito amor. Filha de Pedro Ferreira do Couto e Ivaneth Souza Siqueira, pais estes muito jovens e que nem possuíam uma estrutura ou estabilidade social para a chegada de um b...Continuar leitura
O dom da vida é algo mágico, realmente um presente de Deus e foi assim que surgi, um pouco inesperada; porém, acolhida com muito amor. Filha de Pedro Ferreira do Couto e Ivaneth Souza Siqueira, pais estes muito jovens e que nem possuíam uma estrutura ou estabilidade social para a chegada de um bebê, mais que se alegraram e se prepararam para o acolher com muito amor.
No dia 22 de dezembro de 1997, minha mãe entrava em trabalho de parto, em nossa cidade Taguatinga-TO, mais teve que ser transferida imediatamente para uma cidade vizinha, Aurora-TO, devido ao parto de risco. Ao chegar ao hospital, o médico que estava de plantão estava de saída, pois sua esposa também estava prestes a entrar em trabalho de parto, mais diante da emergência, ele ajudou a me trazer ao mundo e depois foi às pressas ver a sua esposa.
Às 21 horas da noite eu nasci, mais tarde ganhava o nome de Sibelle Ferreira Souza Couto, por que enfatizar o nome que ganhara? Talvez porque aí minha história se desprendesse da normalidade e começasse a ser escrita realmente, logo depois aquele mesmo médico que me ajudou a vir ao mundo foi me visitar e se encantou comigo, ao ver meu pai falando sobre nomes, pediu que colocasse Sibelle, como a filha dele que havia nascido naquele mesmo dia, meu pai muito grato por ele ter nos atendido tão bem aceitou e assim ficou, amo meu nome, quando meu pai me contou essa história fiquei muito curiosa e as vezes me pego pensando: será que a vida me dará a oportunidade de conhecer essa família um dia?
Realmente não sei, esse mundo é tão grande, mais ao mesmo tempo tão pequeno, talvez isso nunca aconteça, e mesmo sem os conhecer sei que fizeram parte da minha história. Uns meses depois, já em nossa cidade, onde fui registrada como uma cidadã Taguatinguense, minha mãe começa sentir fortes dores e levada ao hospital diagnosticou-se uma hemorragia, ainda decorrente do parto e ela teve que ir para outra cidade novamente, então eu fiquei com a minha madrinha, irmã do meu pai, Sebastiana Ferreira do Couto e meus avós, João Batista Ferreira do Couto e Josefa Torres do Couto, no começo foi tudo muito difícil, eles tiveram que achar até mãe de leite para mim, uma mulher que teve filho quase na mesma data que nasci, me fornecia um pouco de leite materno.
Passado essa fase, minha mãe se recuperou e voltou para casa, fui morar com ela, o tempo passou e por amar muito o meus avós, principalmente o meu avô, com quatro anos de idade comecei a ir regularmente para casa do meu avô e muitas vezes não queria mais voltar para casa dos meus pais, até que com cinco anos de idade acabei indo morar com meus avós e minha madrinha, onde estou até hoje. Sempre amei muito o meu avô, ele sempre foi muito sábio, mesmo tão pequenina conseguia sentir isso, e parece que havia sentido que deveria ficar o mais perto possível dele, mesmo tão vagamente, lembro de algumas brincadeiras, de como ele foi importante para mim, para o que sou hoje, sempre tão religioso, honesto,
católico apostólico romano, ele vivia concretamente, sempre moramos em uma fazenda, por causa da doença dele tivemos que morar um tempo com minha tia na cidade, não foi uma experiencia tão boa, mais esse dois anos estive mais que nunca perto dele, no dia 15 de dezembro de 2003, sete dias antes de eu completar sete anos de idade, meu querido avô partia para junto de Deus, nunca o havia visto tão sereno e confiante, como quem dizia "minha missão terrestre foi cumprida".
Mesmo após a partida dele, continuei morando com minha madrinha, meus pais moram perto da minha casa e vou sempre visitá-los e tenho meu irmão que mora com eles, João Pedro Ferreira do Couto, que também veio ao mundo de parto de risco, mais que hoje vive bem com meus pais. Só comecei a estudar aos sete anos de idade, após a morte do meu avô, pois naquele momento todos nós cuidávamos dele, também porque meu pai havia parado de trabalhar para cuidar dele e o dinheiro que entrava era tudo destinado aos medicamentos e alimentação, não dava para comprar materiais escolares, mais quando comecei a estudar já sabia ler e escrever; pois toda noite quando meu avô descansava um pouco, minha madrinha pegava pedaços de caixa de papelão e ia me ensinando, tudo tão simples, mais que hoje fazem toda a diferença na minha vida e possui total importância, quando comecei a estudar logo me destaquei na sala de aula, mesmo morando longe do colégio ia quase todos os dias a pé com minha madrinha, de sol a sol, algumas vezes meu pai me levava de bicicleta quando não estava trabalhando tão longe, eu sempre fui muito animada, logo comecei a fazer catequese, depois crismei, participava do grupo de jovens, mesmo longe não faltava um dia - sempre seguindo os ensinamentos do meu avô - só faltava mesmo quando tinha crises de bronquite, doença que meu avô também tinha.
Fiz também uns três anos de curso de informática, logo meu pai conseguiu comprar uma moto e ficou um pouco mais fácil. Conclui o ensino fundamental, participando de encontros na Igreja Católica, fui escolhida para ser coordenadora de um grupo de jovens, Anjos de Maria, mais um presente de Deus em minha vida, mais que daqui a dois meses passarei a frente a coordenação, pois como estou no terceiro ano do ensino médio, se meus sonhos se concretizarem, passarei no ENEM ou em um vestibular e irei fazer uma faculdade em outra cidade ano que vem, logo mais conquistarei um diploma e terei uma profissão, um trabalho e uma família que terá Deus no centro sempre, como vovô gostaria que fosse, e assim, vou caminhando em busca de a cada dia ser melhor para mim e para os outros ao meu redor. A simplicidade em que se encaminhou minha história me ensinou que devo sempre ter Deus no coração, persistir nos meus sonhos e valorizar tudo que tenho hoje e agradecer a Deus por tudo, pois não foi fácil conquistar, e ao meu avô só tenho a agradecer por tudo, e também a todas as pessoas que fazem parte da minha história.Recolher