Dia 17 de maio de 2011, para muitos um dia normal, para mim um dia trágico. Nesta manhã de outono acordei muito gripada, mas uma prova de espanhol me esperava na escola, na época estudava na escola Diva Costa Fachin que ficava um pouco longe de minha casa. Antes de sair pedi para que meu pai foss...Continuar leitura
Dia 17 de maio de 2011, para muitos um dia normal, para mim um dia trágico. Nesta manhã de outono acordei muito gripada, mas uma prova de espanhol me esperava na escola, na época estudava na escola Diva Costa Fachin que ficava um pouco longe de minha casa. Antes de sair pedi para que meu pai fosse me buscar, pois na tarde daquele mesmo dia tinha um compromisso no qual não poderia me atrasar, mas como sempre, ele nunca me dava certeza se iria ou não.
Fui para escola com minha mãe, no caminho passamos na farmácia onde comprei remédio para ameninar o meu estado, dali eu segui para a escola e minha mãe para o serviço, mal saberíamos que após algumas horas nos encontraríamos em uma situação desesperadora. Quando cheguei na sala de aula, já um pouco atrasada, a professora tinha adiado a prova. Lembro-me que por a minha gripe estar tão visível em meu rosto ela ainda comentou que eu não precisava ter ido, mas já que eu estava ali, resolvi ficar.
No meio da manhã uma colega veio até mim e disse que era pra mim ir embora, pois estava muito abatida, confesso que pensei duas vezes no que ela disse, mas fui teimosa e continuei. Perto das 11 horas o remédio tinha surtido efeito, eu já estava bem menos abatida e a hora de ir embora se aproximava. Meio dia, meu horário favorito, ir embora era tudo que eu mais queria. Opa, mas meu pai não estava me esperando na frente do colégio, pois bem pensei comigo: ele deve estar um pouco atrasado, vou indo certamente encontrarei ele no caminho. Mas quanto mais eu andava mais ódio eu tinha dele, e pensava: poxa vida, ele sabe que eu tenho que sair e não veio me buscar.
Neste momento a ambulância SAMU passou por mim, até hoje quando a ouço lembro-me deste momento. Quando eu já havia perdido as esperanças de que ele iria e já com o meu discurso pronto para quando chegasse em casa, eu avistei um acidente. Não apressei o passo, apesar de ver muitos curiosos correndo para ver o que havia acontecido. Mas cada vez que eu ia chegando mais perto mais, mais agoniada ficava e finalmente quando chego no local do acidente vejo a moto do meu pai e ao lado ele deitado, desacordado, com muito sangue.
Nossa, foi horrível, confesso que achei que ele estava morto, pois estava com as duas mãos no peito e foi aí que a minha primeira reação foi chegar gritando perguntando o que havia acontecido, só lembro que os policiais me tiraram do local e disseram que tudo ficaria bem. Até hoje não sei quem me levou pra casa, sim, peguei carona com um total desconhecido e não imagino quem seja. A partir daí foi praticamente um mês no hospital, e o pior de tudo: a 300km de Cachoeira do Sul.
Foram diversas fraturas, uma na perna e três na face. Minha mãe foi muito corajosa ficou mais de 15 dias direto, sem sair do hospital. Com os efeitos dos medicamentos, como a morfina por exemplo, meu pai “variava” muito e não há deixava em paz um momento, por isso, digo que ela foi muito guerreira por passar por esta situação sozinha e tão longe de casa.
Com o tempo tudo foi melhorando, eles voltaram pra casa e assim começou a grande fase da recuperação. Infelizmente após alguns meses descobrimos que ele não voltaria mais a caminhar sem o auxílio de muletas, pois teve perda de +/- 7cm de osso na perna. É o funcionário de quase 30 anos da empresa Tchiller também não voltaria mais a trabalhar.
Com a graça da nossa união superamos isso, hoje ele se encontra aposentado, fez um curso de informática e virou adepto das redes sociais para passar o tempo, assumiu a cozinha de casa, também gosta de brincar e passear com o neto e sempre que possível faz favores pra quem lhe pede. No início eu me culpava, e me perguntava: porque que eu pedi pra ele me buscar naquele dia? Porque eu não ouvi a minha colega e fui embora? Mas com o tempo eu amadureci e aprendi que tudo na vida tem um propósito, se aquilo aconteceu é porque era para ter acontecido. Lamento por tudo que aconteceu, mas levo isso como aprendizado, pois na época eu jamais iria aceitar um não e talvez tudo isso tenha acontecido para que eu pudesse aprender que não podemos ter tudo que queremos na hora que queremos.Recolher