Hoje me vem a lembrança a minha história, minhas memórias. Vou contar a vocês. Eu nasci em um sítio, de uma cidade chamada São Berto estado de São Paulo. Onde me deram o nome de Alice, igual a da história. Uma infância pobre, mas, feliz. Os brinquedos daquele tempo não eram como os de hoje...Continuar leitura
Hoje me vem a lembrança a minha história, minhas memórias. Vou contar a vocês. Eu nasci em um sítio, de uma cidade chamada São Berto estado de São Paulo. Onde me deram o nome de Alice, igual a da história. Uma infância pobre, mas, feliz. Os brinquedos daquele tempo não eram como os de hoje, não tinha dinheiro, nem onde comprar, fazia meu próprio brinquedo. Usava o que tinha no sítio, panos velhos, pedaços de madeira, folhas de árvores, frutinhas silvestres, penas de galinha, sabugo de milho. Com os panos velhos e o sabugo fazia bonecas iguais o Visconde de Sabugosa, aquele do sítio do pica-pau amarelo. Me recordo também das brincadeiras com meus irmãos e as crianças da vizinhança, eram brincadeiras onde todos participavam, ninguém ficava de fora. Nós brincávamos de pega-pega, passa anel, subíamos em árvores, era muito divertido. Passávamos o dia brincando, interagindo e nos divertindo com as brincadeiras e os brinquedos feitos por nós, o que dava mais prazer ás brincadeiras. Esses brinquedos eram nosso tesouro. Vocês já brincaram de passa anel? Não vejo as crianças brincando de passa anel hoje em dia. Vou contar para vocês como é: É legal, porque quanto mais crianças brincam, mais divertido fica. Vamos lá! Vocês devem escolher uma criança que ficará com o anel, as outras ficam sentadas uma do lado da outra com as mãozinhas juntas como se estivessem orando ao papai do céu. A criança com o anel fica em pé em frente ás outras e faz a mesma coisa coloca as mãos juntas, mas, com uma diferença com o anel escondido entre as duas mãos. Começa, passando a mão entre as mãos das outras crianças sem que elas percebam se esta deixando o anel com aquela criança ou não, tem que ser feito com todas. Depois, ela escolhe alguém, alguém com quem ela não deixou o anel, essa criança tem que adivinhar com quem está o anel, se ela adivinhar ela será a próxima a passar o anel, se, não adivinhar a criança que passou o anel continuará passando o anel ou poderá escolher alguém do grupo. Legal, não é! Façam a brincadeira, vocês vão gostar. Depois vocês me contam. Quando eu tinha sete anos eu escolhi o garoto que ia ser meu marido, como eu era muito criança ninguém acreditava em mim, mas, contradizendo a todos foi ele com quem me casei. Querem saber o nome dele? Frederico, meu primeiro e único amor. O dia que me casei, foi o dia mais feliz da minha vida. Tive 8 filhos, lindos e maravilhosos. Nunca trabalhei fora, meu trabalho foi criar meus filhos, cuidar da minha casa e do meu amor. Tudo ia caminhando, eu estava acostumada com minha vidinha em São Berto. Quando derrepente minha filha cisma de ir morar em outra cidade. Adivinhem onde? Alumínio estado de São Paulo. Nunca tinha ouvido falar nessa pequena cidade. Bem para contar o resto de minhas memórias vou compará-la um pouquinho com a da minha xará, Alice, aquela do país das maravilhas. Conhecem a história? Assim como a Alice da história foi atrás de seu cachorrinho e caiu num buraco que a levou ao país das maravilhas, assim também eu vim atrás de minha filha e caí aqui na cidade de Alumínio. Nesse mesmo dia que cheguei tive uma tristeza muito grande e alegrias também. Minha tristeza foi um fato que aconteceu com meu filho, tínhamos esquecido um documento muito importante na cidade de São Berto e meu filho voltou para buscá-lo, no caminho sofreu um acidente. Não precisam se preocupar ele ficou bem, mas, perdeu uma das vistas e isso me deixou muito triste. A alegria foi á recepção que me deram nesta cidade, principalmente, pela família do Sr. José Tisêo, Nunca me esqueci desse dia. Lembram do chapeleiro “loco” da historia que tinha o ofício de fazer chapéus, o oficio do meu marido aqui em Alumínio foi igual a de muitos. Trabalhou na fabrica de alumínio CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), trabalhou até se aposentar. Enquanto isso eu criava meus filhos que cresceram com saúde e a boa educação que dei a eles. Todos se casaram e vivem aqui na cidade, perto de mim. Há onze anos perdi meu marido, foi outra tristeza muito grande. Mas, como Deus não nos desampara, tenho o carinho de meus filhos, noras, genros, netos e até bisnetos, vocês acreditam!? Bisnetos! Sinto muita falta do meu primeiro e único amor. Também tenho apoio de alguns moradores da cidade que participam comigo do grupo da terceira idade. Esse grupo é muito legal, participamos de bailes, viajamos muito, o que me dá oportunidade de conhecer novos lugares, novas pessoas e experimentar novas comidas. Me sinto amparada por esse grupo maravilhoso. Assim como a Alice que conheceu novos lugares e novas pessoas no país das maravilhas. A vida tem suas tristezas e suas alegrias. Ás vezes comparo a vida a alguns personagens da história da Alice. Os momentos tristes e difíceis comparo a rainha de copas, lembram dela?! E os momentos bons e felizes ao chá de desaniversário do chapeleiro “loco”, lembram dele também!?. Não vou fazer como Alice que foi embora do país das maravilhas. Vou ficar aqui. No meu país chamado Alumínio. O passado não volta, eu bem sei, mas, não me arrependo de nada que fiz, tudo valeu á pena. Se tivesse que fazer tudo de novo, faria tudo exatamente igual. Era essa vida e essas pessoas que me cercam que escolheria para viver comigo por toda minha vida. Ainda tenho mais história para contar, mas fica para um outro dia. Até breve! Fiquem com Deus!
Alice Bagalhi Ferucci 2014Recolher