Bertioga, 29 de Agosto de 2024
Quando pequena, sempre sentia e via coisas que outras pessoas não conseguiam ver. Assim, evitava contar para não me verem como louca, mas morria de medo de ficar sozinha em casa, e isso não escondia de ninguém. Segue uma história do motivo do medo de ficar sozinha, mas antes preciso contar como era a estrutura de minha casa.
Havia uma casa no fundo, onde foi dividida a sala, quarto, e o banheiro do fundo ficou para minha irmã. A cozinha da casa ficaria conosco, e a casa da frente ficou de forma lateral, com dois quartos. Antes de chegar à cozinha, tinha um espaço que era uma área/sala. Na cozinha, havia uma janela que dava para a área do fundo, antes de chegar ao banheiro de minha irmã.
Em uma madrugada, tive daqueles momentos em que se tem a consciência de estar dormindo, mas ainda assim vivencia tudo como se estivesse acordada. Tinha três crianças brincando de pular do beliche de cima para o guarda-roupa, fazendo a maior algazarra, onde até a cama de baixo ficava balançando. Quando pedia para elas pararem, somente riam mais alto e continuavam. Quando tentei levantar, senti como se estivesse entrando em um vácuo escuro e gelado, fui empurrada de volta e ouvi a voz de uma das crianças dizendo que eu não poderia ir até eles e que era para ficar onde eu estava. Então, pedi mais uma vez que ficassem quietos, pois eu precisava descansar. Finalmente, eles pararam e eu pensei que haviam ido embora, mas era engano. Ao amanhecer, todos da casa tiveram que sair, me deixando sozinha. Tentei fingir que estava tudo bem, comecei a cantar (desafinadamente) para espantar o medo e fui lavar a louça. Quando, de repente, comecei a ouvir barulhos de crianças correndo do quintal para os quartos e a batida de portas. Mas, quando eu olhava para trás, para onde dava a visão dos quartos, as portas estavam abertas. Tentei ignorar e continuei lavando a louça. Quando tive a sensação de estar sendo observada da janela da...
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Bertioga, 29 de Agosto de 2024
Quando pequena, sempre sentia e via coisas que outras pessoas não conseguiam ver. Assim, evitava contar para não me verem como louca, mas morria de medo de ficar sozinha em casa, e isso não escondia de ninguém. Segue uma história do motivo do medo de ficar sozinha, mas antes preciso contar como era a estrutura de minha casa.
Havia uma casa no fundo, onde foi dividida a sala, quarto, e o banheiro do fundo ficou para minha irmã. A cozinha da casa ficaria conosco, e a casa da frente ficou de forma lateral, com dois quartos. Antes de chegar à cozinha, tinha um espaço que era uma área/sala. Na cozinha, havia uma janela que dava para a área do fundo, antes de chegar ao banheiro de minha irmã.
Em uma madrugada, tive daqueles momentos em que se tem a consciência de estar dormindo, mas ainda assim vivencia tudo como se estivesse acordada. Tinha três crianças brincando de pular do beliche de cima para o guarda-roupa, fazendo a maior algazarra, onde até a cama de baixo ficava balançando. Quando pedia para elas pararem, somente riam mais alto e continuavam. Quando tentei levantar, senti como se estivesse entrando em um vácuo escuro e gelado, fui empurrada de volta e ouvi a voz de uma das crianças dizendo que eu não poderia ir até eles e que era para ficar onde eu estava. Então, pedi mais uma vez que ficassem quietos, pois eu precisava descansar. Finalmente, eles pararam e eu pensei que haviam ido embora, mas era engano. Ao amanhecer, todos da casa tiveram que sair, me deixando sozinha. Tentei fingir que estava tudo bem, comecei a cantar (desafinadamente) para espantar o medo e fui lavar a louça. Quando, de repente, comecei a ouvir barulhos de crianças correndo do quintal para os quartos e a batida de portas. Mas, quando eu olhava para trás, para onde dava a visão dos quartos, as portas estavam abertas. Tentei ignorar e continuei lavando a louça. Quando tive a sensação de estar sendo observada da janela da cozinha, olhei e vi um homem de quase 1,50 m, com o rosto que lembrava um duende e com um semblante de deboche, junto dele havia uma mulher muito linda, de pele clara, traços delicados e cabelos negros e ondulados, que também sorria para mim. Lembro que ele mexia a boca, mas eu não conseguia entender o que ele dizia. Quando virei com a intenção de sair correndo para o quintal, a moça já não estava mais na janela, e sim na porta da cozinha. Apesar do que estava sentindo, não fiquei surpresa, pois sabia do que se tratava. Ela simplesmente olhou e disse para não ter medo, mas que, se eu quisesse, poderia passar. Disse isso com um sorriso gentil e debochado. Quando olhei para o local onde havia um poço que foi subterrado, saiu uma moça de camisola comprida, branca e antiga, com o cabelo comprido totalmente ensopado, andando em direção aos quartos e deixando um rastro de água que saía da roupa e de seu corpo. Já estava quase chorando quando escutei a voz de meu namorado chamando no portão. Saí correndo e, sem dizer nada, tentei segurá-lo pelo maior tempo possível, já que ele não queria ficar, pois eu estava sozinha em casa. Ficamos conversando no portão até que minha avó apareceu, achando que iríamos fazer alguma coisa a mais (coisas que casais fazem). Ela ficou ali segurando vela até que ele foi embora, e ela ficou comigo até que outro membro da família chegasse.
Nunca esqueci desta história. Hoje, com mais entendimento sobre o porquê disso ocorrer comigo, não consigo mais ver, entretanto, continuo sentindo e, às vezes, até ouvindo. Em consultas com pai de santo e até mesmo nas vezes em que foram jogados os búzios para mim, sempre ouço a mesma resposta: que os dons não se perdem. A minha capacidade de ver os espíritos continua comigo, só está bloqueada temporariamente até que eu realmente fique pronta para seguir com a minha missão aqui na Terra.
Adriana B. Santos
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