Projeto Memória dos Trabalhadores da Bacia de Campos
Entrevistado por Larissa Rangel
Depoimento de José Libanio Cruz Silva
Campos dos Goytacazes 02/07/2008
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB468
Transcrito por Denise Yonamine
P/1 – Boa tarde.
R – Boa tarde.
P/1 – Pra começar a entrevista gostaria que o senhor falasse o seu nome completo, local e data de nascimento?
R – José Libanio Cruz Silva, Campos dos Goytacazes, 22 de janeiro de 1942.
P/1 – E qual é a sua formação?
R – Eu fui até o Terceiro, até o Terceiro ano incompleto, né?
P/1 – Em que área?
R – Cheguei fazer faculdade até o terceiro ano incompleto, Administração de Empresas.
P/1 – E como e quando ingressou na Petrobras?
R – No dia 03 de junho de 1974.
P/1 – E como ingressou?
R – Fiz o concurso, né? Mas eu era contador do Banco Predial, em Belford Roxo na rua Rocha Carvalho e lá nós fazíamos o pagamento parcial, né, dos empregados da Petrobras da (Reduc?) e eu como contador era quem autorizava os empregados a transferir da listagem que a Petrobras nos mandava para a conta de cada empregado. Então aquilo ali também me causou grande interesse, não por estar numa função no banco, mas também olhando, né, o salário também que era muito superior ao meu, né? Eu como contador de uma agência eu ganhava um terço do menor salário que existia naquela listagem, e aí eu pensei, bom um dia ainda vou entrar nessa empresa! E dali do banco eu fui transferido para agência de Paracambi e lá assumi as funções também, fui até a sub-gerente e eu tinha um costume de, aos domingos, de ler O Globo, tomava lá uma dosinha de uísque, fazendo uma horinha pra hora do almoço, né? E num desses domingos eu vi a inscrição que tava aberta para Petrobras, foi quando eu me preparei, fiz a minha inscrição e graças a Deus fui bem sucedido.
P/1 – Além do salário, né?
R – É.
P/1 – O que você esperava da Petrobras? Como é que você vê a...
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Entrevistado por Larissa Rangel
Depoimento de José Libanio Cruz Silva
Campos dos Goytacazes 02/07/2008
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB468
Transcrito por Denise Yonamine
P/1 – Boa tarde.
R – Boa tarde.
P/1 – Pra começar a entrevista gostaria que o senhor falasse o seu nome completo, local e data de nascimento?
R – José Libanio Cruz Silva, Campos dos Goytacazes, 22 de janeiro de 1942.
P/1 – E qual é a sua formação?
R – Eu fui até o Terceiro, até o Terceiro ano incompleto, né?
P/1 – Em que área?
R – Cheguei fazer faculdade até o terceiro ano incompleto, Administração de Empresas.
P/1 – E como e quando ingressou na Petrobras?
R – No dia 03 de junho de 1974.
P/1 – E como ingressou?
R – Fiz o concurso, né? Mas eu era contador do Banco Predial, em Belford Roxo na rua Rocha Carvalho e lá nós fazíamos o pagamento parcial, né, dos empregados da Petrobras da (Reduc?) e eu como contador era quem autorizava os empregados a transferir da listagem que a Petrobras nos mandava para a conta de cada empregado. Então aquilo ali também me causou grande interesse, não por estar numa função no banco, mas também olhando, né, o salário também que era muito superior ao meu, né? Eu como contador de uma agência eu ganhava um terço do menor salário que existia naquela listagem, e aí eu pensei, bom um dia ainda vou entrar nessa empresa! E dali do banco eu fui transferido para agência de Paracambi e lá assumi as funções também, fui até a sub-gerente e eu tinha um costume de, aos domingos, de ler O Globo, tomava lá uma dosinha de uísque, fazendo uma horinha pra hora do almoço, né? E num desses domingos eu vi a inscrição que tava aberta para Petrobras, foi quando eu me preparei, fiz a minha inscrição e graças a Deus fui bem sucedido.
P/1 – Além do salário, né?
R – É.
P/1 – O que você esperava da Petrobras? Como é que você vê a Petrobras?
R – Como eu vejo?
P/1 - ____________________________________(SOM MUITO BAIXO)
R – Não, eu já via a Petrobras como uma empresa, né, de grande porte e eu me sentia também, uma vez dentro da Petrobras, eu me sentia assim fortalecido, né, porque o banco eu me sentia duvidoso. Então foi uma época, inclusive quando eu entrei na empresa, na Petrobras, o banco era um período de grande demissão, né? E a gente dormia sem saber o dia seguinte o que ia acontecer. E foi uma época, também que o Banco Moreira Salles comprou o (Predial?), aí já era Unibanco e a gente se sentia ainda mais, entendeu, assim sem condições de crescer na empresa, né, porque a maioria dos gerentes e chefes de seções saíram de São Paulo pra assumir no Rio. E a gente como era um banco que tinha sido assumido, né, a gente podia até manter na posição que estava, mas a qualquer momento podia ser demitido, porque a preferência era do banco comprador, né? E isso aconteceu, eu fiquei um período no banco, aí também foi quando eu passei na Petrobras e fui demitido, né, que eu conversei com a Superintendência na época e tal e assumi a Petrobras e fui até o final, sempre lutando e gostando de trabalhar na empresa.
P/1 – E qual foi a sua primeira função dentro da Petrobras?
R – Auxiliar de escritório.
P/1 – Como que era o cotidiano? Como que era trabalhar naquela época dentro da Petrobras?
R – Ah, naquela época eu fui trabalhar no setor de engenharia, o (SEGEN?) na (anterior?) ao (Edise?) __________. Então o setor era o (SEGEN?), mas eu trabalhava no (SEFOB?) – Setor de Fiscalização de Obra, chefiado pelo engenheiro José (Lima?) Cesarino. Então como eu assumia serviços que eram feitos em obras, por exemplo, _______ construção do oleoduto Sergipe-Alagoas e outras obras também que tinha em Salvador, então eu tinha conhecimento do que estava acontecendo até fora da sede, né? Então eu abrangia aquela parte todinha do trabalho ali e sempre gostando, né, porque eu sentia que um dia eu ia crescer na empresa.
P/1 – Como é que foi esse crescimento _____________?
R – Com o próprio trabalho, né, e sempre tirando ‘s’, né, que é o superior, né? Cada ano era (líder?) né, aí fui a promoção também pra ajudante administrativo, assistente administrativo e fui chegando até o final, sempre lutando e sonhando, né, para os dias melhores.
P/1 – E no Rio, você sempre foi no Rio, mas você foi pra (fora?) da sede?
R – Fui, quando eu saí do Rio eu trabalhei um período em Campos Elíseos, né, que é próximo a (REDUC?), mas eu fui trabalhar em Japeri, onde passava, naquela época, era o oleoduto, né, hoje é gasoduto. Então era o oleoduto que abastecia a CSN, Barbará em Barra Mansa e ali eu trabalhei na função também de ajudante administrativo, olhando também pela área de suprimento, né? Quando você trabalha assim fora da sede então o serviço ele abrange muita coisa e dando férias aos colegas também, fazendo área de serviço deles de escritório e a fiscalização e dali então eu vim pra trabalhar em Macaé, porque foi quando terminou o oleoduto e passou a ser gasoduto.
P/1 – E quando foi? Qual a data?
R – Eu assumi Macaé em fevereiro de 1985, que eu vim pra Macaé. Mas quando eu saí de Japeri eu trabalhei um período em Campos Elíseos, de lá então que eu me decidi naquela época o chefe do setor era o engenheiro Nelson (Nengrubia?) e ele me perguntou “Libânio você quer continuar aqui ou quer ir pra Macaé?”, aí como a família da minha esposa é campista, então eu resolvi vir Macaé que ficava mais próxima, né?
P/1 – E como é que estava Macaé em 1985?
R – Na Petrobras ela estava engatinhando, né? Eu trabalhei em Cabiúnas, né, na gerência lá do engenheiro Brito, então era um setor também que estava crescendo e eu atuei em várias... trabalhei na área operacional, né, dando apoio aos operadores, trabalhei na área de compras e abrangi, entendeu, vários setores ali. É muito comum você sair do seu setor, dá férias ao outro, acumular funções e assim foi a minha função em Cabiúnas até a aposentadoria.
P/1 – Sempre a mesma função em Cabiúnas, que era de...?
R – É a continuação do que eu trouxe do Rio, né, a bagagem era a mesma, né?
P/1 – E você trabalhou embarcado?
R – Não, nunca trabalhei embarcado.
P/1 – Nunca teve a experiência, também, de (ir?) ______ uma plataforma?
R – Não, não, nunca trabalhei embarcado, não.
P/1 – E como é que foi a mudança física em Macaé? A mudança física da Petrobras (pra?) Macaé? Como é que ela foi desenvolvendo em prédios, (modernização?) do espaço? Como é que _________?
R – É, Macaé ela, com a chegada dos petroleiros, né, e empresas também terceirizadas, então Macaé foi crescendo, né, e, inclusive aluguéis, essas coisas o preço logo subiu, né, porque a procura era grande, né? Mas eu sei que, eu convivi naquele meio ali, né, e pra mim foi motivo de crescimento também, profissional e tudo que a gente vai vendo a evolução tanto na área do município que foi crescendo, chegando pessoas, né, diferentes, cada um com o seu conhecimento, vindo de outros estados e isso mostra também a gente um conhecimento que a gente vai obtendo em função daqueles que trabalham junto, né?
P/1 – E você sabe me dizer qual foi o momento mais difícil dentro da sua trajetória de trabalho? (Algum tipo?) de dificuldade?
R – Na Petrobras eu não tive nenhum. A minha função, o período que eu passei um pouco de dificuldade foi quando foi nessa saída do banco, né, para a Petrobras que os meus pais moravam no município que você (você tem aí?) que o Santa Maria Madalena e eles estavam doentes, foram morar comigo, então tava começando também na empresa, né, o salário ainda estava também um pouco baixo em função das despesas que eu tinha, mas isso também foi passageiro e foi muito bem aplicado, que eram pessoas que realmente eu sempre admirei muito que foram sempre meus pais.
P/1 – E qual que é o seu maior desafio? Também dentro da sua trajetória de trabalho.
R – Ah, o meu maior desafio foi exatamente crescer assim na empresa e lutar para promoções e o convívio muito bom com os meus colegas de trabalho, com a chefia, eu nunca desentendi com ninguém lá dentro, então isso pra mim era um crescimento e desafiando a cada dia que passa. E os trabalhos que passavam pra eu fazer e eu creio que foram bem sucedidos, porque eu só recebia elogios.
P/1 – E quando você foi pra Macaé...?
R – Em 1985.
P/1 – A produção ela estava começando a ser expressiva, né?
R – Certo.
P/1 – O que você, naquele momento, quando é que você percebeu que a Bacia deu certo? O momento que o senhor poderia dizer “ah, agora a Bacia de Campos vai ser _____”, quando você sentiu que a Bacia de Campos...?
R – Quando eu comecei a tomar conhecimento isso aí já foi mais ou menos assim em 1990, entendeu? Mais de 1990 pra cá, porque é um período também que eu tinha contato, trabalhando na área operacional, dando apoio aos operadores, então eu tinha contato com o pessoal que trabalhava embarcado e pessoas, também, da Bacia de Campos que eu tinha contato com eles pra receber, né, o que tinha chegado de petróleo, gás, então eu fui sentindo que em cada período que eu passava, com relação ao trabalho com eles, a quantidade ia aumentando e bem acelerada, então eu passei a sentir também que realmente tava evoluindo. Foi quando construíram também mais uma, mais duas esferas em Cabiúnas, né, e os caminhões também que (traziam?) a transferência de gás que levavam pra Vitória ou pra outros estados e, também, a freqüência das carretas eram bem maiores, então aquilo mostra pra gente que realmente tem alguma coisa que ta mudando, né, e era exatamente a evolução.
P/1 – E como é que era essa relação com o pessoal da produção, ____________? Como é que era o cotidiano de vocês? Era próximo?
R – Não, esse relacionamento de trabalho era mais por telefone, né, porque a Bacia de Campos, né, é sediada ali pela Imbitiba não é isso, e então a gente em Cabiúnas já pertencia a outro setor, então era mais por telefone mesmo, né, mas quando a gente se encontrava e devia ter um setor de treinamento também em Cabiúnas e era sempre um bate papo, um conhecimento para com o colega e isso também mostrou satisfação, né, em ter aquele contato de sempre.
P/1 – E como é que era essa vivência com os trabalhadores, que os petroleiros vinham de todas as regiões do Brasil, né, como é que era a diversidade cultural? A convivência de pessoas vindas de várias regiões?
R – Com relação aos outros estados você quer dizer?
P/1 – Isso.
R – Não, esse relacionamento aí eu não tive, entendeu?
P/1 – Só mais o pessoal que é embarcado?
R – É, só mais o pessoal dentro do próprio município, né, e de onde também eu tinha vindo, né, de Campos Elíseos, de Japeri, do (Edise?), sempre a gente por telefone ligava pra pedir uma informação, atendia uma pessoa que realmente já tinha havido contato comigo quando trabalhávamos no (Edise?). Aí, tinha aquele período que batia um papo, saber como estava a situação do outro, se estava tudo bem e tal, então era motivo mesmo de curiosidade maior, né?
P/1 – E o senhor tem alguma história interessante, engraçada que ocorreu em algum (momento?) de trabalho?
R – Em ambiente de trabalho não. Eu tinha assim uma...desde quando eu chegava no trabalho e até o momento de saída, né, final do expediente era um relacionamento assim muito puro, entendeu? E as convivências normais, dizer que tem alguma coisa assim que me despertou que eu poderia guardar pra sempre, né, isso até, infelizmente, não aconteceu, porque era um relacionamento muito puro, entendeu, muito sincero, uma amizade muito sólida.
P/1 – E qual a fase da produção da Bacia foi marcante? Qual a fase na Bacia de Campos foi expressiva em termos de produção? Qual foi essa fase, você teria uma lembrança, momento assim que foi marcante?
R – Não, assim, momento marcante como eu te falei era só o crescimento que eu sentia dentro de Cabiúnas, com as informações que eu obtinha da Bacia de Campos, entendeu, era o dia a dia, informações diferentes, quantidade diferente porque era exatamente a exploração, né, do petróleo que nos mandavam pra Cabiúnas, mas ponto marcante assim eu não tive nenhum.
P/1 – E em termo de tecnologia dos equipamentos, a vinda do computador, como é que foi se modernizando?
R – É, no computador a gente não tinha grande evolução não. Já era um programa instalado que chegava na seção, né, ligava via o que tinha, principalmente no setor que eu trabalhava, setor de compras, viam o que os setores estavam precisando, já estava, né, no computador, eu imprimia e já ia providenciar, né? Mas computador também era (preso?) a gente não tinha Internet, não tinha noticia, não tinha nada era simplesmente o programa de trabalho.
P/1 – E para o senhor o que é ser petroleiro?
R – O que é ser petroleiro? Olha, eu tiro por mim, ser petroleiro pra mim é um máximo, né? Em funções do trabalho, conhecimento, relacionamento, trabalhar na Petrobras, pra quem está lá, eu considero um grande êxito, entendeu? Porque realmente é estimulante, você sabe que os seus compromissos, se você tiver um controle financeiro, você vai assumir todos eles porque não existe falha, não existe atraso de pagamento, não existe nada sobre isso.
P/1 – E como o senhor vê a Bacia no futuro? A Bacia de Campos?
R – Muito promissora, né? Porque o que está acontecendo com a evolução do petróleo, tecnologia avançada, nós podemos esperar muito mais da Petrobras. Eu estou aposentado, freqüento aqui o Sindipetro todas as quarta-feira nas reuniões e dependo dos informativos também que eu recebo, mas eu tenho a Petrobras como um espelho, entendeu, em tudo, de esperança, confiança, estabilidade, pra mim ela é tudo.
P/1 – E o que o senhor achou de ter participado dessa entrevista contribuindo pra memória dos trabalhadores da Bacia de Campos?
R – Que que eu...?
P/1 – O que o senhor achou de ter participado dessa entrevista colaborando, contribuindo pra memória dos trabalhadores?
R – Ah, me sinto muito satisfeito e lisonjeado, porque como você me disse que vão sair algumas fotografias, eu vou localizar alguns colegas, né, que trabalharam comigo que eu tenho grande lembranças deles, né, e que hoje nem sei onde se encontram, né? E alguns eu soube que já faleceram, mas os que estão vivos, com certeza vou me comunicar por email.
P/1 – Ok, obrigada!
R – Por nada.
(Fim da Entrevista)
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